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The Marlton: de hotel beat a hotel boutique

O The Marlton Hotel, no coração do célebre bairro de Greenwich Village em Nova York, voltou à vida. Nele, Jack Kerouac escreveu Os subterrâneos e Tristessa. E a feminista e escritora Valerie Solanas planejou matar Andy Warhol quando estava hospedada no quarto 214 em 1968. Neal Cassady e Carolyn Cassady, além de Gregory Corso também passaram um tempo por lá. E o novo The Marlton aproveita tudo isso para se promover.

O atual site do hotel abre com uma foto de Jack Kerouac acompanhada da frase “Jack Kerouac penned The Subterraneans and Tristessa at The Marlton”. E se você clicar em um ícone de raio que aparece na página entram outras fotos de famosos. “Julie Andrews sang on Broadway while staying at Marlton in room 326”. Mais um clique no raio e quem surge é o ex-presidente do Equador que nasceu no hotel: “Galo Plaza, President of Ecuador, was born at the Marlton in 1906.” A perseguidora de Andy Warhol aparece com a legenda: “Valerie Solanas plotted the murder of Andy Warhl at the Marlton in room 214.” Finalmente surge Neal Cassady e podemos ler: “Neal Cassady made love to Carolyn Cassady at the Marlon in 1947.”

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O The Marlton, erguido no ano de 1900, atraiu os beat porque estava bem no centro da efervescência cultural novaiorquina, no bairro que Allen Ginsberg amou e cultuou por toda a vida. Fincado na 5 West 8th Street, ele voltou repaginado e agora é um Hotel Boutique idealizado pelo empresário do ramo hoteleiro, Sean MacPherson.

Mas ao olhar as fotos do luxuoso lobby e da requintada suíte, a pergunta que fica é: será que Jack e Neal poderiam se hospedar nele atualmente?

O lobby e uma das suítes do The Marlton Hotel

O lobby e uma das suítes do The Marlton Hotel

O terraço

O terraço

Jack Kerouac lê seus Haicais

Emocionante escutar Jack Kerouac recitando seus Haicais. Experimente:

O Livro de haicais de Jack Kerouac é publicado pela L&PM em edição bilíngue e com tradução de Claudio Willer. Uma obra que reúne mais de quinhentos poemas escritos entre 1956 e 1966 e que revela um lado quase desconhecido de um dos maiores autores da geração beat.

Desci da minha
torre de marfim
E não achei mundo nenhum

* * *

A chuva passou, martelo na madeira
– esta teia de aranha
Cavalga o raio de sol

* * *

Ao sol
asas de borboleta
Como uma janela de igreja.

* * *

Na cadeira
decidi chamar Haicai
Pelo nome de Pop

* * *

O telhado vermelho do celeiro
fatiado
Como carne familiar

 

Mais beats no cinema

O filme “Kill your darlings”, com Daniel Radcliffe no papel de Allen Ginsberg, estreia hoje, 16 de outubro, na Holanda, com exibição limitada a algumas salas, e nesta sexta-feira, 18 de outubro, em circuito comercial nos Estados Unidos.

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A história de “Kill Your Darlings” narra um episódio conturbado da vida de três autores do movimento beat: em 1944, Allen Ginsberg, Jack Kerouac (Jack Huston) e Lucien Carr (Dane DeHaan) foram acusados de matar David Kammerer (C. Hall), um professor apaixonado por Carr. A estreia no Brasil está prevista para o dia 14 de fevereiro de 2014. Assista ao trailer:

Conheça a Série Beats L&PM, que reúne obras seminais do movimento beat na literatura como o Uivo, de Allen Ginsberg, o célebre On the road, de Jack Kerouac, entre outros.

Carolyn Cassady morre aos 90 anos

Carolyn Cassady, que foi casada com Neal Cassady (companheiro de viagem de Jack Kerouac), morreu na última sexta-feira, 20 de setembro. Ela tinha 90 anos e estava internada em um hospital perto de sua casa, em Bracknell, sudeste da Inglaterra. A causa da morte não foi revelada pela família.

A loira, linda e inteligente esposa de Neal teve três filhos com ele e é uma das personagens de On the road. No Manuscrito original, em que os nomes verdadeiros foram mantidos, Jack Kerouac descreve a primeira vez que a viu, quando foi visitar Neal com Allen Ginsberg:

Chegamos à pensão onde Neal estava dando uns amassos em Carolyn. Era um velho prédio de tijolos à vista circundado por garagens de madeira e velhas árvores fincadas atrás das cercas. Subimos escadas acarpetadas. Allen bateu na porta; então voou para se esconder, não queria que Carolyn visse que era ele quem havia batido. Parei em frente à porta. Neal atendeu nu em pêlo. Vi Carolyn na cama, uma linda coxa lustrosa recoberta por uma lingerie de renda preta, uma loira, olhar com serena perplexidade.

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Além de suas coxas, os belos desenhos de Carolyn – que estavam nas paredes – chamaram atenção de Kerouac neste dia. Abaixo, Neal Cassady desenhado por ela em 1951:

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Neal Cassady em desenho feito por Carolyn Cassady em 1951

Incentivados por Neal, Carolyn e Jack Kerouac acabariam tendo um affair.

Durante as filmagens de “Na estrada”, filme de Walter Salles, Carolyn ajudou a equipe a esclarecer algumas dúvidas. “Ela respondeu a todas as nossas questões por e-mail, relembrando de bom grado sua aventura com Jack Kerouac e nos dando, no caminho, uma lição de gramática inglesa” disse a produção do filme na época.

Os pops poéticos de Jack Kerouac

KerouacHaikaisAcaba de chegar o esperado Livro de Haicais de Jack Kerouac. Em edição bilíngue, o livro traz pequenos poemas em três linhas criados pelo autor de On the road. Kerouac entrou em contato com o haicai durante seus estudos sobre o budismo, sob a influência do poeta Gary Snyder que, no começo da década de 50, havia viajado para o Japão. A partir daí, o escritor beat preencheu dezenas de blocos de notas com quase mil “pops”, e também os incluiu em livros como Os vagabundos iluminados, em cartas e em seu diário.

O Livro de Haicais de Jack Kerouac tem tradução de Claudio Willer e é dividido em “Livro de Haicais”, “Pops do Darma”, “1956: Pops da Desolação”, “1957: Haicais de estrada”, “1958-1959: Haicais da Geração Beat” e “1960-1966: Haicais de Northport”. Além disso, tem introdução de Regina Weinreich, especialista em Geração Beat e professora da School of Arts de Nova York, mais notas e fontes dos haicais originais.

Então eu inventei
O haicai do tipo americano:
O simples trio rimado: –
Dezessete sílabas?
Não, como digo, Pops Americanos: –
Simples poemas de 3 linhas

(Anotações de leitura de Jack Kerouac, 1965)

Página de um dos caderninhos de Jack Kerouac, com seus desenhos e haicais

Página de um dos caderninhos de Jack Kerouac, com seus desenhos e haicais

Nos picos do entardecer,
eu vejo
A esperança

(Um dos “Pops da Desolação”)

Dylan e Ginsberg visitam Kerouac

Bob Dylan está completando 72 primaveras hoje, 24 de maio de 2013. Dylan, que  já se declarou influenciado por Arthur Rimbaud, ThoreauBaudelaire e Jack Kerouac, era amigo de Allen Ginsberg. E é com o autor de Uivo que ele aparece neste vídeo, visitando a última morada de Kerouac, em 1975: 

Pockets de luxo a caminho

Eles estão quase chegando. Os primeiros volumes da Coleção Pocket Premium L&PM darão o ar da graça no início da semana que vem. A Premium terá pockets em capa dura, com títulos especialmente selecionados que certamente vão encantar colecionadores. Todas as capas seguirão o mesmo padrão: fundo preto, nome do autor em branco e título sobre faixa amarela. Um luxo só!

Os primeiros quatro títulos são “On the road”, de Jack Kerouac; “O príncipe”, de Maquiavel, “A arte da guerra”, de Sun Tzu e “Morte na Mesopotâmia”, de Agatha Christie.  

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Os lançamentos serão sempre de quatro em quatro títulos, depois destes primeiros, virão “Mulheres”, de Bukowski; “O coração das trevas”, de Joseph Conrad; “Quintana de bolso”, de Mario Quintana e “Orgulho e preconceito”, de Jane Austen.

Entre panelas

10 de maio é o Dia da Cozinheira. Para homenagear essa alquimista dos sabores, aqui vão algumas fotos de gente famosa junto às panelas.

O que será que tem dentro da panela de Marilyn Monroe?

O que será que tem dentro da panela de Marilyn Monroe?

Os amigos e cozinheiros Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Mais amigos do que cozinheiros...

Os amigos e cozinheiros Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Mais amigos do que cozinheiros…

Bukowski fazendo pose junto ao fogão

Bukowski fazendo pose junto ao fogão

 musa do jazz Billie Holiday fritando um bife ao lado de seu cão Mister na cozinha do apartamento onde morou no Harlem, em Nova York. A foto é de Herman Leonard

musa do jazz Billie Holiday fritando um bife ao lado de seu cão Mister na cozinha do apartamento onde morou no Harlem, em Nova York. A foto é de Herman Leonard

Picasso em sua cozinha. Talvez esperando a cozinheira lhe servir

Picasso em sua cozinha. Talvez esperando a cozinheira lhe servir

E o filme “On the Road” segue na estrada

Depois de rodar por vários lugares do mundo, começando pela França, passando pelo Brasil e estacionando por um tempo nos EUA, “On the road”, o filme, acaba de chegar a Barcelona. O Le Cool, que traz o melhor da programação da cidade catalã, publicou um texto em que convida a todos para assistir ao filme baseado no romance homônimo de Jack Kerouac e dirigido por Walter Salles: 

Desde que foi divulgada a notícia de que o lendário romance de Kerouac sairia no cinema, foi como se batessem com um pau em um vespeiro. Expectativa, desconfiança, polêmica, boatos e vários tremores cercaram o filme muito antes de sua estreia. Agora que você está aqui, pode verificar por si mesmo a razão de toda balbúrdia. Bem, falem o que falem, “On the Road” é um must-see. E vem pelas mãos de Walter Salles, um dos diretores de filmes de estrada mais interessantes do cinema. Como em “Diários de Motocicleta”, Salles tenta capturar a humanidade, inocência e aquele brilho nos olhos dos que não se detém por nada. Os “loucos” de Kerouac – que não são colocados nem no pedestal, nem no divã – parecem acreditar na pureza da alma e na força da amizade muito mais do que em fórmulas épicas e manuais psiquiátricos. Em sua melancolia, “On the Road” é uma mistura imperfeita, mas bonita, que não quer ser mais do que um olhar sincero sobre esta inquietude indefinível que tanto marcou os beatniks.

No Brasil, o Blu-Ray e o DVD de On the Road/Na Estrada já chegaram às locadoras e, breve, estarão disponíveis para venda. Para deixar o DVD mais atrativo para o público, a distribuidora Playarte vai colocar, entre os extras, o primeiro capítulo de On the Road/Pé na estrada, publicado pela L&PM e com tradução de Eduardo Bueno, para ser lido na tela.

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O “fantástico, belo e inigualável Gregory Corso”, por Jack Kerouac

Em 26 de março de 1930 nascia Gregory Corso, um dos maiores poetas da geração beat, amigo de Jack Kerouac e Allen Ginsberg, e que, por isso, aparece inúmeras vezes nas cartas trocadas entre os dois. Nesta correspondência, de 18 de outubro de 1957, Kerouac conta a Ginsberg como recomendou as poesias de Corso a Lawrence Ferlinghetti, o editor e dono da City Lights:

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A L&PM publica esta e outras preciosidades no livro As cartas.