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“On the Road” eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2012

Você já parou pra pensar na quantidade de filmes independentes que são feitos no mundo inteiro ao longo de um ano inteiro? A gente garante que são muitos. Isso significa que ser escolhido como um dos melhores de 2012 é um feito e tanto. E “On the Road”, de Walter Salles, conquistou essa posição. O filme baseado na obra homônima de Jack Kerouac foi eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2012 segundo a National Board of Review.

Há mais de cem anos, a National Board of Review, uma organização sem fins lucrativos, “celebra a voz inconfundível do artista individual, honrando a excelência e apoiando a liberdade de expressão no cinema” como diz o seu site. Ao longo do ano, essa ONG promove seminários e oferece subsídios a estudantes de cinema. A cada ano, são assistidos e analisados mais de 250 filmes (de grande estúdio, independente, de língua estrangeira, animação e documentário) por um seleto grupo do qual fazem parte cineastas, acadêmicos, estudantes e entusiastas do cinema em geral.

No final do ano, os membros da National Board of Review recebem uma lista de todos os filmes exibidos, juntamente com as cédulas finais de votação. Depois, os votos são tabulados por uma empresa de contabilidade pública certificada, a fim de determinar os homenageados. Confira aqui a lista dos vencedores de 2012 da qual faz parte o excelente On the Road de Salles.

Garrett Hedlund (Dean Moriarty) e Kristen Stewart (Marylou) ao lado do diretor de On the road, Walter Salles

Patti Smith na Premiere de “On the Road”

A Premiere novaiorquina do filme On the Road, baseado no livro homônimo de Jack Kerouac, que aconteceu na semana passada, teve várias presenças marcantes. Entre elas, Patti Smith, cantora, poeta e artista visual que muito conviveu com os beats Allen Ginsberg e William Burroughs, escritores que aparecem em On the road como Carlo Marx e Old Bull Lee. Patti chegou na companhia de Michael Stipe, ex-vocalista da banda R.E.M e, fãs da obra de Kerouac, dizem que ambos sairam da sala de cinema bastante animados com o que viram.

Patti Smith e Michael Stipe na premiere de On the Road em NY

Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e William Burroughs

A L&PM acaba de lançar Allen Ginsberg e Jack Kerouac: as cartas, livro que traz a correspondência trocada por anos entre os dois amigos.

Começou a Festa do Livro da USP: tudo com 50% de desconto

Começa hoje, na cabalística data de 12/12/12, a 14ª Festa do Livro da USP em São Paulo. É uma grande e imperdível feira onde todos os livros são oferecidos com, no mínimo, 50% de desconto.

Segundo o site do evento, são 135 as editoras participantes. Entre elas está a L&PM que, em seu espaço no prédio da Mecânica, oferece todas as obras pela metade do preço. Os destaques são os títulos da Série Beats, entre eles o recém lançado Amor nos tempos de fúria de Lawrence Ferlinghetti, toda a Série Quadrinhos, títulos de Agatha Christie e muito mais.

Essa grande festa acontece nos dias 12, 13 e 14 de dezembro na Escola Politécnica da USP que fica nos Prédios da Mecânica, da Civil e do Biênio. Se você está em São Paulo, não pode perder.

Essas cartas vão fazer você chorar

É como entrar numa máquina do tempo, como remexer em gavetas alheias, como ser um voyeur olhando por cima do ombro de quem escreve em silêncio. Ler “As cartas” que Jack Kerouac e Allen Ginsberg trocaram ao longo de 25 anos é descobrir os detalhes, invadir as emoções, compartilhar os medos, inseguranças, as euforias. É, ainda, acompanhar o desbrochar de escritores, a ascenção de um movimento literário, o nascimento de seus livros, a intimidade de dois amigos com muito em comum. Allen assina sempre Allen. Já Jack, além de Jack, é Jean, Jean-Louis, Ti-Jean ou simplesmente J. São 500 páginas de pura descoberta. É como escreveu Lawrence Ferlinghetti em uma carta datada de 25 de maio de 1961: “Um dia, as cartas de Allen Ginsberg para Jack Kerouac vão fazer a América chorar. As minhas lágrimas já começaram a rolar. (Paula Taitelbaum)

Caro Allen: (22 de setembro de 60)

Sim, acabo de retornar, grande voo no Ambassador da TWA, dedutível do imposto de renda, com vinho, champanhe, filé mignon e a esposa do embaixador chinês em Taipei na minha frente etc. Nova York parece pequena e grosseira depois da anárquica, louca e espontânea Frisco. Encontrei-me com todo mundo. Neal está mais fantástico do que nunca, muito mais doce, está bonitão, saudável. Caminha até o trabalho em Los Gatos na recauchutadora de pneus – gostaria de fazer o papel de Dean no filme On the Road, qualquer coisa é melhor do que recauchutar. (…) Enquanto isso, em Big Sur, sentei perto do mar todos os dias, algumas vezes numa assustadora e trovejante nebulosa escuridão de escarpas e ondas enormes, e escrevi Mar, primeira parte, MAR: o Oceano Pacífico em Big Sur na Califórnia. Tudo som de ondas, como James Joyce faria. Escrevi quase tudo de olhos fechados, como um Homero cego. Li para a turma à luz de uma lamparina a óleo. McClure etc. Neal etc. todos ouviram mas é como Old Angel, só mais ondas que batem e rebatem plop kerplosh, o mar não fala em sentenças, mas vem em pedacinhos assim:

Não há palavra humana
para tristezas mais antigas
que velha essa onda
quebrando aflige a
areia com o ploch
da ideia renosa
torcida – Ah mudar
o mundo? Ah cobrar
o preço? São corda os
anjos pelo mar?
Ah lontra cordosa
coberta de cracas –

(…)

Jean

Uma das cartas que estão no livro que tem edição de Bill Morgan e David Stanford

“On the Road” segue na estrada

Depois de passar pro Cannes, países europeus e chegar ao Brasil, On the Road (Na estrada), o filme de Walter Salles baseado no livro homônimo de Jack Kerouac, acaba de estacionar no American Film Institute Film Festival. Ao ser apresentado em uma sala lotada no início desta semana, o filme de Salles arrancou aplausos calorosos da plateia.

On the Road estreia nos cinemas norteamericanos em dezembro e aqui você poderá ver o novo trailer que já está sendo divulgado na terra natal dos beats. Na nossa opinião, ele é ainda mais dinâmico e envolvente do que aquele apresentado por aqui. E tem ainda mais cenas: 

Para completar, o Huffington Post publicou uma resenha super positiva sobre o filme. Leia aqui.

43 anos sem Jack Kerouac

Jack Kerouac bebeu até morrer. Em 21 de outubro de 1969, o autor de On the road saiu da estrada e se foi, solitário e decadente, aos 47 anos e com apenas 91 dólares em sua conta bancária. Mal sabia ele que, 43 anos depois de sua morte, seu nome teria um valor incalculável para seus fãs. Para marcar esse dia, separamos aqui algumas fotos raras de Kerouac da infância até alguns anos antes de sua morte.

Jack Kerouac aos 5 anos

Anos 30: o jovem Jack com os pais

Adolescente, aos 14 anos

O primeiro passaporte

Na faculdade, como titular do time de futebol americano

Anos 40: a força de Kerouac também no baseball

Com o grande amigo Neal Cassady e a filha dele

Em 1964, na última visita que fez a Allen Ginsberg, já bem diferente dos áureos tempos de estrada

Tem Curso Geração Beat e contracultura em novembro

Claudio Willer, tradutor de Uivo de Allen Ginsberg e autor do livro Geração beat, ministrará novo curso no Espaço Revista Cult. “Poesia e política: Geração Beat e contracultura” é o tema do evento que o Espaço Revista Cult sediará de 8 de novembro a 6 de dezembro.

NÚCLEO: Altos Estudos
MINISTRADO POR: Claudio Willer
DATA: de 08/11/2012 até 06/12/2012
HORÁRIO: Quintas-feiras, das 20h às 22h
CARGA HORÁRIA: 8h
NÚMERO DE VAGAS: 40
PÚBLICO ALVO: Estudantes, jornalistas e demais interessados no assunto.
VALOR: R$ 320.00

O valor pode ser parcelado em até 6 vezes no cartão de crédito (sem juros) no Espaço Revista CULT.

Programa: 
1 – Poesia e política, do Romantismo até hoje: William Blake, Walt Whitman e Arthur Rimbaud, inspiradores da Geração Beat
2 – A “revolução de mochilas às costas” e os “ideais essenciais do movimento Beat”: liberação, tolerância, “antifascismo cósmico”
3 – O pluralismo Beat; a contribuição de seus integrantes: ambientalismo, militância, anarquismo místico.
4 – Debate: contemporaneidade ou extemporaneidade; contracultura e Geração Beat foram assimilados ou são irreversíveis? Contribuições ao pensamento

Os haicais de Kerouac estão mais perto de nós

Prepare-se para ler os haicais de Jack Kerouac em português a partir de 2013. Quinta-feira, 27 de setembro, Claudio Willer anunciou em seu blog que entregou à L&PM Editores parte da tradução do livro que traz os pequenos poemas de Kerouac. “Não resisti a postar o final do Livro de haicais de Kerouac (acabo de enviar ao editor o copião da tradução, sem revisão). Achei comovente. Ele escreveu até o fim, até seus últimos dias, até morrer. Acima de tudo, foi um poeta.”

Encolhido, arreganhando os dentes
para a nevasca,
Meu gato me encara

Encolhida na
nevasca, a antiga
Miséria do gato

Surpreendente briga de gatos
na sala em uma
Rancorosa noite de setembro

Chuva-na-Cara
olha desde a colina:
Custer lá embaixo

Touro Sentado ajusta
sua cinta: o cheiro
de peixe defumado

A mosca, tão
solitária como eu
Nesta casa vazia

O outro homem, tão
solitário como eu
Neste universo vazio

Willer, que também é o tradutor de Uivo, de Allen Ginsberg, é um verdadeiro expert em literatura beat. Autor do livro Geração beat, ele realiza uma palestra sobre hoje, 02 de outubro, às 18:30 na Livraria Sebinho em Brasília.

Charlie Parker e a grande influência na escrita de Kerouac

Quando Charlie Parker surgiu, no início dos anos 1940, apresentando-se no Minton’s Playhouse, andar térreo do Cecil Hotel, no Harlem novaiorquino, Jack Kerouac estava lá, testemunha ocular e auditiva dessa revolução sonora chamada bebop. Kerouac absorveu a novidade e, ao contrário de alguns que se sentiram confusos, ele imediatamente entendeu o que acontecia ali. Não só compreendeu como percebeu que a literatura poderia ter esse ritmo. Segundo Kerouac, o poeta, da mesma forma que o escritor, deveria escrever como quem sopra um sax, sendo que o texto deveria ser elaborado como a trama de um longo solo improvisado e sincopado.

Charlie Parker em ação. O criador do estilo “be bop” seria a grande influência no estilo literário de Jack Kerouac

O autor de On the road foi fiel ao jazz até o fim. E fez de Charlie Parker sua principal e eterna fonte de inspiração. Não apenas pelos acordes musicais, mas também pela intensidade emocional. Poucos meses depois da morte de Parker, no verão de 1955, Kerouac compôs uma série de 242 refrões imitando a forma de construção musical do sax alto, que deu origem à Mexico City Blues, de 1959.

Na trilha sonora do filme Na Estrada / On the Road, como não poderia deixar de ser, há duas músicas de Charlie Parker, Ko-Ko e Salt Peanuts, esta última uma parceria dele com Dizzy Gillespie, outra lenda do jazz. Ouça as duas músicas aqui:

Nascido em 29 de agosto de 1920, este gênio do jazz foi  um pássaro que planou bem acima da técnica e cuja vida meteórica e caótica foi contada no filme “Bird”, de 1988, dirigido por Clint Eastwood.

Uma caricatura dos beats

Muito antes de Walter Salles lançar On the Road nos cinemas, Hollywood produziu, em 1960, um filme chamado “The Beatniks”. Calma, não se empolgue, ainda não corra para baixá-lo achando que vai encontrar uma ode a Jack Kerouac e sua turma. “The Beatniks” é uma caricatura. E meio grotesca, até. Dirigido por Paul Frees, o filme tem uma trama insípida que opõe uma gang de beatniks degenerados à Universal Records: quando um deles é contratado pela gravadora, seus amigos não poupam grosserias e agressões para fazê-lo perder a chance da sua vida. “Vivendo por seu código de rebelião e motim” dizia o cartaz.

Tão exagerada era a coisa que é impossível não imaginar Jack Kerouac e Allen Ginsberg dando boas risadas ao assisti-lo. Se bem que eles nem devem ter visto “The Beatniks”. Até porque eles tinham coisa bem melhor pra fazer naquela época. Como escrever livros, por exemplo…