Shakespeare no Central Park em Nova York até 17 de agosto

Vingança, raiva, tristeza e  ilusão sobre o teatro Delacorte em Nova York. O premiado ator John Lithgow sobe ao palco como um dos grandes heróis trágicos do teatro, “O rei Lear”. Vencedor do Tony Award, Daniel Sullivan dirige o clássico shakesperiano sobre um rei que perde tudo – inclusive sua sanidade – quando ele renega sua filha favorita, e encontra-se traído.

John Lithgow deixou sua barba crescer para o papel

John Lithgow deixou sua barba crescer para o papel

Free Shakespeare in the Park” celebra sua 52ª temporada no famoso teatro Delacorte, no Central Park. Amor e loucura, riso e tragédia combinam para uma excepcional e excitante temporada de performances sob as estrelas no coração de Manhattan.

O “O rei Lear” será apresentado a partir de hoje – 24 de julho, até 17 de agosto sempre às 20h. Amantes de Shakespeare ficam horas na fila para adquirir seu ingresso gratuito.

O recém lançado “Shakespeare traduzido por Millôr Fernandes” traz a peça “O Rei Lear”, assim como “A megera domada”, “Hamlet” e “As alegres matronas de Windsor”.

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Vicky Krieps ganha prêmio de melhor atriz pelo filme A Camareira

O filme “Das Zimmermädchen Lynn”, baseado no romance “A Camareira” de Markus Orths, foi premiado esse ano no Filmfest München – Festival de Cinema de Munique, além de ser nomeado por diversos prêmios do New German Cinema – Novo Cinema Alemão, como o filme Alemão mais comentado.

A atriz Vicky Krieps, conhecida pelo filme “Hanna” – 2011, que atuou como a camareira Lynn, ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Munique.

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A CAMAREIRA como uma reflexão do atual cinema alemão

Uma menina escondida debaixo de uma cama de hotel. No ano de 2014, este já não é um romance, ou até mesmo um erótico. Alguém poderia pensar em um nível absurdo de vigilância e controle. O cinema alemão gira em torno deste assunto no momento. A suprimida, o oculto, que só vem à luz em circunstâncias especiais. Às vezes, ele quer ser arrastado para fora. Sem mais mentiras.

 

O livro foi publicado pela L&PM Editores em 2011 com tradução de Mário Luiz Frungillo. Ele gira em torno da irremediável vontade de viver.

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Trama:

Lynn Zapatek vive desconectada do mundo. Trabalha no Hotel Eden, recolhendo toalhas sujas do chão, limpando vasos e banheiras, organizando os quartos enquanto os hóspedes estão fora. Ela é boa no que faz, e o faz com esmero: não se contenta em limpar a superfície visível dos móveis; com o auxílio de uma faca ela acessa cantos difíceis, redutos de poeira há muito esquecidos, e liquida nódoas aparentemente irredutíveis. Somente por meio dos objetos e pertences de desconhecidos é que ela consegue participar do jogo da vida. Lynn não se apressa ao imaginar se uma hóspede dormiu com ou sem pijama, por que outra trouxe um secador de cabelo, quando cada quarto do hotel conta com o seu próprio.

Um dia, em meio a devaneios voyeurísticos, o hóspede do quarto 303 retorna. Lynn se esconde embaixo da cama. Uma nova possibilidade se abre para sua existência: a partir de então, todas as terças-feiras ela vai se refugiar embaixo da cama de um hóspede. Markus Orths, um dos mais premiados e promissores jovens nomes das letras alemãs, mescla fetiches, manias e suspense num celebrado e inusitado romance sobre a solidão e a incomunicabilidade.

Sétima terça-feira, quarto 304, Lynn está embaixo da cama de um homem. Ele está no banho. É quando batem à porta. As batidas ficam mais fortes. Lynn vê pernas que saem do banheiro, os pés nus deixam manchas de água no tapete atrás de si, o homem abre a porta, diz oi, pode entrar, ele o diz num tom rude, como se quisesse soar especialmente sujo, fecha a porta, Lynn ouve uma voz de mulher. Embaixo da cama não está frio. Lynn põe as mãos sob os quadris, arqueia seu sexo um pouco para cima em direção à cama, busca uma posição confortável, prende a respiração.

– Como você se chama? – pergunta o homem.

– Chiara – diz a mulher.

Esta voz, pensa Lynn, a voz de Chiara, soa quase como se nela tocassem violoncelo.

As caricaturas de Alexandre Dumas

Ele nasceu em 24 de julho de 1802 na região de Aisne, próximo a Paris, e seu nome de batismo era Dumas Davy de la Pailleterie. Filho de uma escrava (ou liberta, não se sabe ao certo) negra, Marie Césette Dumas e do General Dumas, grande figura militar de sua época.

Famoso principalmente por ser o autor de “O conde de Monte Cristo” e “Os três mosqueteiros”, escreveu também “O colar de veludo“, publicado pela L&PM.

Quem quiser saber mais sobre o escritor – pai de Alexandre Dumas filho – pode consultar o site francês www.dumaspere.com. É lá que encontramos várias caricaturas dedicadas a ele, enquanto ainda era vivo.

Por ser mulato, muitas vezes, o escritor era retratado como um negro:

Caricatura de 1848

Caricatura de 1848

Caricatura de 1857

Caricatura de 1857

Caricatura de 1858

Caricatura de 1858

Caricatura também de 1858

Caricatura também de 1858

Caricatura de 1860

Caricatura de 1860

Caricatura de 1867

Caricatura de 1867

Entrevista com o capista de Agatha Christie

Além de ser um dos mais famosos títulos da Rainha do Crime, Assassinato no Expresso Oriente – um dos mais recentes lançamentos da Série Agatha Christie L&PM – é também o livro favorito do ilustrador britânico David Wardle, responsável pela criação das capas. O padrão gráfico, com um design meio retrô, já ficou conhecido pelos fãs de Agatha Christie.

David criou as capas para a HarperCollins, editora que publica Agatha Christie em pocket na Inglaterra. Elas foram compradas pela L&PM Editores e agora chamam a atenção por aqui. Conversamos por e-mail com David para saber como este trabalho começou e qual a sua capa favorita. A preferida do artista – A Mansão Hollow, acaba de ser lançada na Coleção L&PM POCKET, que já conta com 60 títulos da autora.

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David e sua esposa (foto) são fundadores da Bold & Noble, uma empresa de criação.

L&PM: Quando você começou a desenhar as capas dos livros de Agatha Christie?

David: Eu comecei a trabalhar para a HarperCollins assim que saí da Universidade. Trabalhei por seis anos com uma ampla gama de capas, fazendo parte do time “da casa”. Antes de virar freelancer, mudei-me para outra editora. Alguns anos depois de ter virado free, a HarperCollins ligou-me perguntando se eu estaria interessado em fazer as capas da metade dos títulos de Agatha Christie que eles tinham no catálogo.

L&PM: Quantas capas de livros da Agatha você já criou?

David: No total, trabalhei em aproximadamente 45 títulos da autora. Eu já havia trabalhado em brandings para os títulos da Agatha Christie quando ainda estava na HarperCollins, mas eram projetos menores de dois ou três títulos, edições especiais e de aniversário.

L&PM: Você tem alguma capa favorita?

David: Minha favorita é The Hollow.

L&PM: Você certamente leu os livros antes de fazer o design das capas. Você tem algum título favorito?

David: Acho que o meu livro favorito é o clássico Assassinato no Expresso do Oriente.

L&PM:  Você já era um leitor e/ou fã dos livros da Agatha antes de ser contratado para fazer as capas?

David: Não me descreveria como um grande fã, mas sempre estive bem ciente dos livros e das inúmeras adaptações feitas para TV e cinema. Eu também estava bem atento às fantásticas capas feitas para a primeira edição dos livros da Agatha Christie.

L&PM: Você teve alguma inspiração especial para criar o design dessas capas?

David: Eu gosto muito de antigos cartazes ferroviários e pôsteres undergrounds dos anos 1950, que eram muito populares aqui no Reino Unido. Ilustrações de pessoas como Walter Spadberry.

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O dia em que Santos Dumont decidiu voar feito anjo

No dia 23 de julho [de 1932], pela manhã, muitos telegramas de felicitações ainda estavam sobre a escrivaninha de seu quarto, a maioria anda não aberta. Alberto saíra cedo para dar um passeio pela praia, sem desconfiar do triste espetáculo que o aguardava. Um pequeno avião vermelho chamou-lhe a atenção, como uma pipa ou pandorga desgarrada no azul. Mas aquele pequeno filho do 14-Bis e da Demoiselle não estava ali para encantar os olhos de ninguém. Embicado em direção ao porto de Santos, começou a bombardeá-lo. E cada uma das explosões que ouvia foi causando, certamente, mais danos no cérebro de Alberto, fragilizado pela doença.

Hoje podemos avaliar a dor que Santos Dumont sentiu ao ver, e não só imaginar, um avião dedicado à tarefa de destruir prédios e navios, de matar pessoas inocentes, elevando-se ao céu e voltando a atacar como se tivesse sido inventado apenas para isso.

Mais tarde, algumas pessoas depuseram à polícia dizendo que viram, durante o bombardeio aéreo, um senhor bem vestido, muito calvo, pequeno e magro, olhando para o sul com os olhos esbugalhados, as mãos abertas sobre os ouvidos. Realidade ou imaginação? A verdade é que Santos Dumont, naquele mesmo dia, enforcou-se em seu quarto de hotel.

O suicídio do “pai da aviação” foi abafado pelas autoridades, a pedido, inicialmente, do sobrinho Jorge, que encontrou o corpo. Mas a morte do homem mais famoso do Brasil não podia ser escondida. Dois dias depois, sem rancores, Getúlio Vargas decretou luto nacional por três dias (…)

Trecho de Santos Dumont, de Alcy Cheuiche, Série Encyclopaedia L&PM.

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Um Guia que traz tudo sobre as peças de Shakespeare

Este é um guia para leigos e eruditos, para quem pesquisa ou simplesmente tem curiosidade, para os amantes da literatura e do teatro, para os que gostam de palavras e também de números. O Guia Cambridge de Shakespeare, de Emma Smith, traz as tramas, o contexto, a composição, as montagens, as interpretações e até a porcentagem de falas dos principais personagens. Tudo em um texto bem-humorado e que flui feito palavras shakespearianas. Antes do conteúdo propriamente dito, há sempre uma sinopse e os principais dados de cada peça. Veja alguns deles:

A COMÉDIA DOS ERROS
Uma das primeiras comédias farsescas, com dois pares de gêmeos há muito separados correndo desnorteados por Éfeso: uma profusão de confusões

Dados principais:
Data: 1594
Extensão: 1.918 versos
Verso: 85% / Prosa: 15%

HAMLET
Uma tragédia icônica sobre a vingança de um herói ensismesmado preso a um melodrama familiar e a uma crise existencial.

Dados principais:
Data: 1600
Extensão: 3.904 versos
Verso: 75% / Prosa: 25%

MACBETH
Tenso suspense escocês repleto de culpa e violência

Dados principais:
Data: 1606
Extensão: 2.518 versos
Verso: 95% / Prosa: 5%

O MERCADOR DE VENEZA
Comédia romântica ofuscada pela vívida descrição de Shylock, o único personagem judeu de William Shakespeare.

Dados principais:
Data: 1596-1597
Extensão: 2.737 versos
Verso: 80% / Prosa: 20%

NOITE DE REIS
Comédia romântica com leve melancolia, cheia de truques e confusões de identidade.

Dados principais:
Data: 1601
Extensão: 2.579 versos
Verso: 40% / Prosa: 60%

Guia_Cambridge_de_Shakespeare

 

 

Snoopy em grande estilo

Aquela que está sendo chamada de “a maior estátua de Snoopy do mundo” está sendo exibida em uma instalação que faz parte da exposição “Snoopy Art & Life” no Harbor City, Hong Kong. Além desse boneco que vai literalmente surgindo das tirinhas de Peanuts, há uma série de casinhas do Snoopy pintadas por diferentes artistas e outras instalações que incluem caligrafia japonesa sobre este que é um dos cães mais famosos dos quadrinhos.

Um gigantesco Snoopy em Hong Kong

Um gigantesco Snoopy em Hong Kong

Criatividade nas casinhas do Snoopy

Criatividade nas casinhas do Snoopy

Olha que casinha fofa!

Olha que casinha fofa!

A exposição fica que começou em 16 de julho fica até 12 de agosto.

Clique aqui para ver os livros do Snoopy, publicados pela L&PM.

Galeria de escritores

Parece que já não se fazem mais escritores como antigamente. Ou pelo menos não escritores que desenhem e pintem como antes. O belo livro The Writer’s brush – Painting, Drawings, and Sculpture by Writers, de Donald Frieman, traz uma extensa mostra de pinturas, desenhos e esculturas de famosos literatos do mundo inteiro, produzidas ao longo de várias épocas. Selecionamos algumas delas, todas de autores publicados pela L&PM.

Desenho de Franz Kafka

Desenho de Franz Kafka

Pintura de Jack Kerouac

Pintura de Jack Kerouac

De William Faulkner

De William Faulkner

Charles Bukowski também tinha talento para pintura

Charles Bukowski também tinha talento para pintura

Joseph Conrad também desenhava primorosamente

Joseph Conrad também desenhava primorosamente

A pintura de William Blake impressiona

A pintura de William Blake impressiona

Allen Ginsberg também desenhava

Allen Ginsberg também desenhava

Este é de Edgar Allan Poe

Este é de Edgar Allan Poe

Rei Lear em monólogo com Juca de Oliveira

Estreia nesta sexta-feira, 18 de julho, em São Paulo, “Rei Lear”, peça de Shakespeare que, pela primeira vez no Brasil, terá um único ator em cena: Juca de Oliveira.

Juca, que chegou a pensar em cancelar o projeto devido à responsabilidade de encenar sozinho (sem troca de roupas ou objetos cênicos) um texto de Shakespeare, vive seis papéis no monólogo que tem adaptação de Geraldo Carneiro.

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Publicado pela L&PM com tradução de Millôr Fernandes, O Rei Lear pode ser encontrado na Coleção Pocket, no grande livro Shakespeare – Obras escolhidas da Série Ouro e no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr Fernandes. A tragédia foi escrita em 1606 e começa quando Lear, o idoso rei da Bretanha, se vê obrigado a dividir seu reino. É uma peça centrada no desgaste e na decrepitude de um homem em idade avançada.

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SERVIÇO DA PEÇA

Rei Lear

Data: De 18 de julho a 12 de outubro

Horário: sex. e sáb. às 21h e dom. às 19h

Onde: Teatro Eva Herz, av. Paulista, 2073

Classificação: 14 anos

Millôr Fernandes e a arte de traduzir

Sobre tradução

Por Millôr Fernandes

Passei boa parte de minha vida traduzindo furiosamente, sobretudo do inglês. Para ser mais preciso, até os vinte anos, quando traduzi um livro de Pearl Buck para a José Olympio. O livro se chamava Dragon Seed, foi publicado com o nome de “A estirpe do dragão” e, como eu não tinha contato com o editor, foi assinado pelo intermediário, o escritor Antônio Pinto Nogueira de Accioly Netto, diretor da revista O Cruzeiro, mediante 60% dos direitos.

Depois disso abandonei a profissão para nunca mais, por ser trabalho exaustivo, anônimo, mal remunerado. Só voltei à tradução em 1960, com a peça “Good People” (A fábula de Brooklyn), de Irwin Shaw, para o Teatro da Praça. Depois disso traduzi mais três ou quatro peças – entre elas “The Playboy of The Western World”, uma obra-prima, de tradução quase impossível devido à sua linguagem extremamente peculiar.

Com a experiência que tenho, hoje, em vários ramos de atividade cultural, considero a tradução a mais difícil das empreitadas intelectuais. É mais difícil mesmo do que criar originais, embora, claro, não tão importante. E tanto isso é verdade que, no que me diz respeito, continuo a achar aceitáveis alguns contos e outros trabalhos meus de vinte anos atrás; mas não teria coragem de assinar nenhuma de minhas traduções da mesma época. Só hoje sou, do ponto de vista cultural e profissional, suficientemente amadurecido para traduzir. As traduções, quase sem exceção (e não falo só do Brasil), têm tanto a ver com o original quanto uma filha tem a ver com o pai ou um filho a ver com a mãe. Lembram, no todo, de onde saíram, mas, pra começo de conversa, adquirem como que um outro sexo. No Brasil, especialmente (o problema econômico é básico), entre o ir e o vir da tradução perde-se o humor, a graça, o talento, a poesia, o pensamento, e, mais que tudo, o estilo do autor.

Fica dito – não se pode traduzir sem ter uma filosofia a respeito do assunto. Não se pode traduzir sem ter o mais absoluto respeito pelo original e, paradoxalmente, sem o atrevimento ocasional de desrespeitar a letra do original exatamente para lhe captar melhor o espírito. Não se pode traduzir sem o mais amplo conhecimento da língua traduzida mas, acima de tudo, sem o fácil domínio da língua para a qual se traduz. Não se pode traduzir sem cultura e, também, contraditoriamente, não se pode traduzir quando se é um erudito, profissional utilíssimo pelas informações que nos presta – que seria de nós sem os eruditos em Shakespeare? –, mas cuja tendência fatal é empalhar a borboleta. Não se pode traduzir sem intuição. Não se pode traduzir sem ser escritor, com estilo próprio, originalidade sua, senso profissional. Não se pode traduzir sem dignidade.

O texto acima foi retirado de uma entrevista para a revista Senhor em 1962 e está no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr que traz as peças “Hamlet”, “A megera domada”, “O rei Lear” e “As alegres matronas de Windsor” no mesmo volume.

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