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9 de agosto: Dia Internacional dos Povos Indígenas

Como dizia Baby do Brasil (ex Baby Consuelo), havia uma época em que “todo dia era dia de índio”. Mas os tempos mudaram e agora eles têm dias específicos para serem homenageados. O Brasil comemora o Dia do Índio em 19 de abril. Já 9 de agosto é o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Eduardo Galeano dedica uma página do seu novo livro, Os filhos dos dias a esta data:

Página do livro "Os filhos dos dias" de Eduardo Galeano (clique na imagem para ampliá-la)

As outras vocações de Eduardo Galeano

Eduardo Galeano acaba de lançar por aqui “Os filhos do dias”. Neste novo livro, que conta uma bela história real a cada dia (com a poesia e a profundidade que caracteriza Don Galeano), há ilustrações que abrem cada mês. Ao procurar quem é o responsável pelos desenhos, o leitor vai encontrar, na ficha catalográfica, a seguinte resposta: “Ilustrações do miolo: colagens de Eduardo Galeano”. Curiosos em saber mais sobre este talento do escritor, perguntamos a ele como eram feitas essas colagens. Eis a resposta que chegou por e-mail (e em bom português!):

Sim, acontece que essa é uma das vocações minhas não realizadas. 

Em ordem de aparição, as outras são:

– Jogador de futebol, porque fui o melhor nas noites, enquanto sonhava, e o pior durante os dias, na dura realidade;

– Santo, por uma irresistível tentação do pecado, que me empurra aos abraços proibidos desde que era neném;

– e, last but not least, pintor e desenhista.

Acho que o talento não dá, mas reivindico meu direito a sentir prazer desenhando meus livros – escrever me dá prazer, mas eu me sinto livre e brincando como criança quando vou inventando esses colagens, grudando imagens alheias que viram minhas e imaginando cada uma das páginas dos livros que estou escrevendo (os espaços brancos são os silêncios, necessários para que as palavras respirem.

Frida Kahlo no novo livro de Galeano

Julho
7

Fridamania

Em 1954, uma manifestação comunista percorreu as ruas da Cidade do México. Frida Kahlo estava lá, de cadeira de rodas. Foi a última vez em que foi vista viva. Morreu, sem ruído, pouco depois. E se passaram uns quantos anos até que a fridamania, tremendo alvoroço, a despertou. Ressurreição ou negócio? É isso o que merecia uma artista alheia a qualquer exitismo e ao lindismo, autora impiedosa de autorretratos que a mostravam sobrancelhuda e bigoduda, crivada de agulhas e alfinetes, apunhalada por trinta e duas operações? E se tudo isso fosse muito mais que manipulação mercantilista? Uma homenagem do tempo, que celebra uma mulher capaz de transformar sua dor em cor?

Trecho de “Os filhos dos dias”, novo livro de Eduardo Galeano que será lançado no Brasil pela L&PM Editores em julho com tradução de Eric Nepomuceno. “Os filhos dos dias” traz uma pequena história para cada dia do ano, sempre centrada em um fato real que aconteceu naquela data.

Uma super mulher no novo livro de Galeano

Junho
30

Nasceu uma incomodadora

Hoje foi batizada, em 1819, em Buenos Aires, Juana Manso. As águas sagradas a iniciaram no caminho da mansidão, mas Juana Manso nunca foi mansa. Contra ventos e marés, ela fundou, na Argentina e no Uruguai, escolas laicas e mistas, onde se misturavam meninas e meninos, e o ensino da religião não era obrigatório, e o castigo físico era proibido. Escreveu o primeiro texto escolar da história argentina e várias obras mais. Entre elas, um romance que batia duro na hipocrisia conjugal. Fundou a primeira biblioteca popular do interior do país. E se divorciou quando o divórcio não existia. Os jornais de Buenos Aires se deleitavam insultando-a. Quando morreu, a Igreja negou-lhe sepultura.

Trecho de “Os filhos dos dias”, novo livro de Eduardo Galeano que será lançado no Brasil pela L&PM Editores em julho com tradução de Eric Nepomuceno. “Os filhos dos dias” traz uma pequena história para cada dia do ano, sempre centrada em um fato real que aconteceu naquela data.

São João no novo livro de Galeano

Junho
23

Fogos

À meia-noite de hoje, ardem os fogos. A multidão se reúne ao redor das altas fogueiras. Nesta noite, limpam-se as casas e as almas. São jogados no fogo os trastes velhos e os velhos desejos, coisas e sentires gastos pelo tempo, para que o novo nasça e encontre lugar. Do norte do mundo, esse costume se difundiu por todo lado. Sempre foi uma festa pagã. Sempre, até que a Igreja Católica decidiu que essa seria a noite de São João.

Trecho de “Os filhos dos dias”, novo livro de Eduardo Galeano que será lançado no Brasil pela L&PM Editores em julho com tradução de Eric Nepomuceno. “Os filhos dos dias” traz uma pequena história para cada dia do ano, sempre centrada em um fato real que aconteceu naquela data.