Roberto Benigni fará filme sobre “A Divina Comédia” de Dante

O cineasta italiano Roberto Benigni anunciou que começará as filmagens de um longa baseado na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, no final do verão italiano. A inspiração para o filme veio de um outro trabalho: Benigni está produzindo um programa de TV chamado “Tutto Dante” sobre a vida do poeta e escritor italiano, que vai ao ar na TV italiana entre 20 de julho e 6 de agosto. Em seguida, ele começa as gravações do longa.

A Divina Comédia é o maior trabalho de literatura em todos os tempos, algo que todos devem conhecer e amar”, disse Renato Benigni.

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A L&PM está preparando uma nova edição de A divina comédia com tradução de Eugênio Vinci de Moraes, que deve ser lançada no ano que vem na Coleção L&PM Pocket.

via Folha

Rousseau pelo mundo

Jean-Jacques Rousseau morreu em 2 de julho de 1778. Em seus dois últimos anos de vida, ele realizou longas caminhadas por Paris e seus arredores, observando os passantes, a flora e as construções e refletindo, amargurado, sobre a sociedade. O resultado foi o livro Os devaneios do caminhante solitário, uma de suas obras mais líricas e tocantes.

A partir desse livro, muitos foram os pensadores que se inspiraram em sua obra para tecerem seus próprios tratados sobre a natureza e o homem. As ideias de Rousseau ganharam mundo. Suas ideias viajaram. Sua imagem percorreu todos os continentes. Aliás, não apenas através dos livros, como também em selos:

Rousseau em estampa de selo francês

Rousseau estampa um selo francês

Mais um selo francês. Mas dessa vez, Rousseau está acompanhado de Voltaire

Selo francês de 1978. Mas dessa vez, Rousseau está acompanhado de Voltaire, pois os dois morreram em 1778

Rousseau em selo da antiga União das Repúblicas Soviéticas (CCCP)

Rousseau em selo da antiga União das Repúblicas Soviéticas (CCCP)

Rousseau em selo suíço

Rousseau em selo suíço

Rousseau em versão selo espanhol

Rousseau em versão selo espanhol

Até a Moldávia teve seu selo "rousseauniano"

Até a Moldávia teve seu selo “rousseauniano”

Rousseau também esteve nas cartas que partiram da Romênia

Rousseau também estampou os selos que partiram da Romênia

Jango chegou

Jango vai morrer.
Todos os dias, ele espera. Contempla um ponto no horizonte, que pode ser o Brasil, e espera pacientemente. Espera algo que o fará reviver, ressuscitar, explodir. Talvez isso se reflita, sem que ninguém note, na sua maneira de contemplar as nuvens, como se no seu olhar uma sombra espessa tomasse o lugar de imagens movediças, ou na gota de suor que se imobiliza na sua testa ampla quando sai do sol e encosta a mão na casca rugosa de uma árvore de sombra generosa. Quem pode observar aquilo que não se dá a ver antes de não poder mais ser visto? Ou haverá coisas que só podem ser vistas depois que já se extinguiram, deixando rastros esparsos no ar pesado?

Assim começa Jango – A vida e a morte no exílio, o livro de Juremir Machado da Silva que acaba de chegar. São 376 páginas que contam – em ritmo de novela policial – como foram construídos, com ajuda da mídia, o imaginário favorável ao golpe e as narrativas sobre as suspeitas de assassinato do presidente deposto em 1964. Juremir tinha a ideia de narrar os últimos anos do ex-presidente no exílio, mas ao iniciar suas pesquisas, logo descobriu que mais importante do que a vida, era a morte de Jango.

Jango em 1964, no primeiro ano do exílio, aqui sendo fotografado pela esposa, Maria Thereza

Jango em 1964, no primeiro ano do exílio, aqui sendo fotografado pela esposa, Maria Thereza

Jango fotografado para a Revista Life, durante o exílio no Uruguai

Jango fotografado para a Revista Life, durante o exílio no Uruguai

Jango fuma e lê, do outro lado da fronteira, sem poder voltar ao Brasil

Em 1967, Jango fuma e lê, do outro lado da fronteira, sem poder voltar ao Brasil

Matéria feita pelo Jornal do Brasil, enquanto Jango estava no exílio

Matéria feita pelo Jornal do Brasil, enquanto Jango estava no exílio

Jango era monitorado pelos militares, através da Operação Condor. Ele é o número 3

Jango foi monitorado pelos militares, nos anos que ficou no exílio, através da Operação Condor. Ele é o número 3.

Anarquistas, graças a Bakunin

Bakunin é considerado o mais brilhante entre todos os anarquistas.  Nascido em 30 de maio de 1814, morreu em 01 de julho de 1876. Nos seus 62 anos de vida, tornou-se um revolucionário e participou de rebeliões em Paris, Praga e Dresden. Levado para prisões na Saxônia, na Áustria e na Sibéria, fugiu para os Estados Unidos e Europa. Depois de fundar uma organização política secreta chamada a Aliança da Social Democracia, juntou-se à Internacional em 1868 e liderou a corrente que se opunha a Marx. Expulso da Internacional, fundou uma organização independente, a Internacional St. Imier. Escreveu muitos textos expondo suas convicções. Em Textos Anarquistas (Coleção L&PM Pocket) ele fala, principalmente, sobre a liberdade:

“O homem isolado não pode ter a consciência de sua liberdade. Ser livre, para o homem, significa ser reconhecido, considerado e tratado como tal por um outro homem, por todos os homens que o circundam. A liberdade não é, pois, um fato de isolamento, mas de reflexão mútua, não de exclusão, mas de ligação. (…) Só posso considerar-me e sentir-me livre na presença e em relação a outros homens.”

Nas páginas iniciais de Textos Anarquistas, há um prefácio sobre Bakunin, assinado pelo também anarquista e membro do movimento anarco-sindicalista, James Guillaume. O texto de Guillaume  termina assim:  “(…) Bakunin era, em 1875, apenas uma sombra dele mesmo. Em junho de 1876, na esperança de encontrar algum conforto para seus males, deixou Lucarno para ir a Berna, onde chegou no dia 14 de junho. Disse a seu amigo, doutor Adolf Vogt: ‘Venho aqui para que me cures ou para morrer’. (…) Espirou no dia 1º de julho, ao meio-dia.”

Bakunin em foto de Félix Nadar

Bakunin em foto de Félix Nadar

 

Quem é quem nos Diários de Jack Kerouac

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Os Diários de Jack Kerouac acaba de chegar em pocket. O início do livro traz a “Lista das pessoas citadas” com uma breve e elucidativa descrição de todos que, de alguma forma, fizeram parte da vida de Jack Kerouac. Tem os famosos como Neal Cassady e os nem tanto como Beverly Anne Gordon. Não sabe quem foi Beverly? A gente conta sem que você precise consultar o livro: “uma garota de dezoito anos por quem Kerouac teve um interesse romântico na primavera de 1948.

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O livro e o delegado

Por Ivan Pinheiro Machado

Meu pai era um inimigo da ditadura militar de 1964. Por isso nossa família sofreu vários tipos de intimidações e perseguições. Minha casa foi invadida várias vezes pela repressão. A que mais me marcou foi o dia em que a polícia política (DOPS) invadiu nossa casa e prendeu centenas livros da grande biblioteca do meu pai. “Vamos queimar esta imundície comunista”, dizia o delegado, jogando ensaios de Marx e Schopenhauer numa caixa de lixo.

Ontem eu vi um delegado exibindo na TV um livro publicado pela L&PM Editores: Mate-me por favor dos jornalistas e críticos musicais Legs McNeil e Gillian McCain apreendido na casa de um suposto vândalo.

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“Mate-me por favor” em 2 volumes na Coleção L&PM Pocket

Não me interessa o que o rapaz fez. Mas o que me chamou a atenção foi a naturalidade com que o delegado apreendeu o livro. Um delegado que não serve a uma ditadura e apreende um livro é porque tem a vocação do autoritarismo. E nenhum respeito por um livro. Mate-me por favor é um livro maravilhoso, editado por minha indicação. Não faz a apologia da violência. Muito pelo contrário. Ele trata de jovens que foram abandonados pelo sistema e elegeram a música como uma forma de protesto. E esta música foi uma bofetada no sistema. Esta música fez com que os delegados e os políticos voltassem os seus olhos para uma enorme legião de jovens sem futuro e sem emprego nos idos dos anos 80. A L&PM Editores, meu caro delegado, já foi vítima durante sua história nos anos sombrios da ditadura de vários delegados que odiavam livros.

O que me surpreende é que um bom livro seja alinhado junto a facas e correntes e exibido na TV como se fosse uma arma. E ninguém diz nada. Lembrou-me o tira ignorante que invadiu a casa do meu pai nos anos 70 para prender os “livros comunistas”. Ele não teve dúvidas; atirou-se na estande e pegou o O vermelho e o negro de Stendhal como um símbolo desta “corja vermelha que quer tomar conta do país…”

Galeano e o Dia contra a Tortura

Hoje é o Dia contra a Tortura, data escolhida pela ONU para celebrar o dia que entrou em vigor a “Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes”, em 26 de junho de 1987. E é claro que Eduardo Galeano escreve sobre o assunto em seu livro Os filhos dos dias:

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Carlos Fuentes na mira do FBI

A agência de notícias Associated Press divulgou na última semana que o escritor mexicano Carlos Fuentes (1928-2012) foi monitorado pelo FBI e pelo Departamento de Estado americano durante pelo menos duas décadas.

Nos arquivos, Fuentes foi descrito como um “escritor comunista de destaque”, com uma longa história de “relações subversivas”. Ele foi membro do Partido Comunista Mexicano e o primeiro documento que relata o monitoramento das atividades do escritor data de 1962.

Num documento dirigido ao diretor do FBI em 1970, há recomendações para estabelecer fontes e informantes que pudessem passar “qualquer informação pertinente sobre as atividades do elemento”. Nessa época, o mexicano chegou a dar aulas de literatura em Nova York.

Carlos Fuentes faleceu em maio do ano passado aos 83 anos. Dele, a Coleção L&PM Pocket publica Aura.

Você lê esse anúncio: uma oferta assim não é feita todos os dias. Lê e relê o anúncio. Parece dirigido diretamente a você, a ninguém mais. Distraído, deixa cair a cinza do cigarro dentro da xícara de chá que estava bebendo neste café sujo e barato. Torna a ler. Solicita-se historiador jovem. Organizado. Escrupuloso. Conhecedor da língua francesa. Conhecimento perfeito, coloquial. Capaz de desempenhar funções de secretário. Juventude, conhecimento do francês, preferentemente que tenha vivido na França por algum tempo. Três mil pesos mensais, comida e aposento cômodo, batido pelo sol, estúdio bem instalado. Só falta o seu nome. Falta apenas que as letras do anúncio informem: Felipe Montero. Solicita-se Felipe Montero, antigo bolsista na Sorbonne, historiador cheio de dados inúteis, acostumado a exumar papéis amarelados pelo tempo, professor auxiliar em escolas particulares, novecentos pesos mensais. Mas se você lesse isso, ficaria desconfiado, tomaria tal coisa como brincadeira. Donceles 815. Apresentar-se pessoalmente. Não há telefone. (Trecho inicial de Aura, de Carlos Fuentes).

Carlos Fuentes entre os escritores Julio Cortázar e Luis Buñuel

Carlos Fuentes entre os escritores Julio Cortázar e Luis Buñuel