Arquivos da categoria: Sem categoria

Arsène Lupin seduziu até os japoneses

O charme, elegância e bom-humor de Arsène Lupin, o célebre personagem criado por Maurice Leblanc, há mais de 100 anos vem seduzindo não apenas leitores como cinéfilos do mundo inteiro. A primeira película que se tem notícia com o “ladrão de casaca” foi feita em 1908. A partir de então, ele foi filmado, legendado e dublado nos mais diferentes idiomas. E um dos países que se mostrou apaixonadíssimo pelo personagem foi o Japão. Desde 1923, com o filme “813 – Rupimono”, os japoneses investem em produções próprias que contam as aventuras de Arsène Lupin. A mais recente delas foi lançada no ano passado e chama-se “Lupin no Kiganjo”.

O primeiro Arsène Lupin japonês, de 1923, foi dirigido por Kenji Mizoguchi

Não basta ser japones, tem que ser psicodélico: cartaz do filme "Lupin the third: strange psychokinetic Strategy" de 1974

"Lupin no Kiganjo", de 2011, é o mais recente filme japonês com o personagem de Maurice Leblanc

Agora só falta você se deixar seduzir por ele. Depois de 30 anos fora do Brasil, Arsène Lupin acaba de voltar à ativa (e às livrarias) em Ladrão de casaca (Coleção L&PM Pocket).

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

14 de Abril
Domingo

19h30min

Tempo bom, mar calmo. Já anoiteceu. A temperatura baixa rapidamente: 4º C. A queda indica aproximação de campos de gelo. Na Sala Marconi, o turno é de Phillips, mas Bride o substitui para que possa jantar. Ele ouve e anota a quinta advertência de gelo, expedida pelo cargueiro Californian, navegando de Liverpool para Boston, e dirigida ao Antillian: três grandes icebergs em 42º3´N – 49º9´O, posição 146km à frente do Titanic. O Californian repete a mensagem, agora para o Titanic. Bride responde:
Ok, ouvi quando você a passou ao Antillian.
A mensagem é encaminhada à ponte. Aparentemente, quem a recebe não é Lightoller, mas o Quarto Oficial Boxhall, cuja reação é meramente burocrática: assinala os icebergs na carta náutica. O capitão não toma conhecimento, ele está no restaurante à la carte, no convés B, onde será homenageado. Ismay, por sua vez, ainda se encontra no salão de refeições da Primeira Classe, jantando com o médico William O´Loughlin.

Cardápio do último jantar dos passageiros da Primeira Classe:
Hors-d´ceuvre do bufê
Sopas: Consomé Olga e creme de cevada
Pratos principais: salmão com molho mousseline e pepino, frango salteado com molho lyonnaise, pato assado com molho de maçã, pernil de carneiro assado com molho de menta, filé-mignon Lili, contrafilé grelhado com batatas chateau, prato misto Romana, abobrinha amassada com agrião e aspargos frios à vinagrete, paté de fígado de ganso e talos de salmão.
Sobremesas: pudim inglês Waldorf, pêssegos em geléia de licor, carolinas de chocolate e baunilha e sorvete francês.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Quem é mais beat?

Um traduziu On the road e apresentou a obra de Jack Kerouac ao Brasil. Outro tranformou o clássico livro beat em um esperado filme que estreia no mês de junho. Em encontro ocorrido ontem (10 de abril), no Rio de Janeiro, parece que eles quiseram mostrar quem é mais fã dos beats. Se bem que, se você reparar na foto, verá que a camiseta de Eduardo Bueno conta pontos para ele…

Walter Salles e Eduardo Bueno em clima beat

A volta de Arsène Lupin, o charmoso rival de Sherlock Holmes

Arsène Lupin é um dos personagens mais populares da literatura francesa. Criado por Maurice Leblanc no começo do século 20 com enorme sucesso, suas aventuras transcenderam a literatura para se tornarem filmes, séries de TV e peças de teatro. Foram 20 livros protagonizados por Arsène Lupin. Irônico, cético e bem-humorado, o grande escritor decidiu criar um personagem para fazer uma brincadeira com o Sherlock Holmes de Conan Doyle, cuja precisão e “boas maneiras” o incomodavam profundamente. Hoje, Sherlock seria um personagem “politicamente correto”, enquanto Arsène Lupin seria o “bad boy”, o homem que assumia vários papéis, e o mais célebre foi o de super-ladrão, capaz dos roubos mais impressionantes sem jamais se beneficiar pessoalmente deles. Assim, tornou-se uma espécie de Robin Hood do “grand monde”. Ladrão e detetive ao mesmo tempo, Arsène Lupin é o misterioso personagem que faz justiça a qualquer preço.

Sagaz como Sherlock, brilhante, inteligente e culto, Leblanc acrescentou a este personagem fascinante o charme e a elegância que fazia com que as mulheres mais cobiçadas da Riviera francesa e de Paris se apaixonassem por ele.

Arsène Lupin está de volta!

Ausente por mais de 30 anos das livrarias brasileiras, a Coleção L&PM Pocket traz de volta este charmoso personagem e suas aventuras mirabolantes com o lançamento de Arsène Lupin – Ladrão de casaca, um verdadeiro presente para quem gosta de ler. (IPM)

Andy Warhol, arte e tecnologia

Em 1985, Andy Warhol provou que sua arte não se curva diante dos limites da técnica. Sem usar uma só gota de tinta, ele fez um retrato ao vivo da musa Debbie Harry usando o Paint (quem nunca?) do Amiga OS, o computador mais moderno da época que estava sendo lançado na ocasião. Isso sem perder o estilo inconfundível que consagrou suas obras nos anos 60 e 70, quando ele usava nada mais do que tinta e processos manuais de serigrafia. Eis o resultado:

Pra quem duvida, a façanha foi registrada em vídeo:

Warhol morreu pouco tempo depois, em 22 de fevereiro de 1987, e não pode ver os caminhos impressionantes pelos quais se embrenhou a arte digital a partir dos anos 90. Já pensou no que o rei da pop art seria capaz de fazer com as maravilhas da computação gráfica e do 3D?

Titanic, uma tragédia anunciada

Em 10 de abril de 1912, há exatos 100 anos, o poderoso Titanic recolheu suas âncoras e deixou o porto de  Southampton. Tinha início a viagem de estreia do maior navio de passageiros construído até então, sob o comando do Capitão Edward J. Smith. Mal sabiam eles que aquela primeira viagem seria também a última: dias depois, o invencível Titanic se chocaria contra um iceberg em alto-mar, num dos maiores acidentes da história da navegação.

Fascinado por esta história, o escritor Sérgio Faraco reconta a tragédia do Titanic minuto a minuto no livro O crepúsculo da arrogância. Fruto de um trabalho minucioso de apuração e da análise de depoimentos e documentos sobre o acidente, o livro revela, além da cronologia do naufrágio, informações sobre os passageiros, a rotina do navio e até a receita dos pratos do último jantar da primeira classe.

Entre outros detalhes, Faraco mostra como, desde o dia da partida, a primeira viagem do Titanic era uma tragédia anunciada:

10 de abril
12h15min

O navio levanta âncora e, após apitar três vezes, afasta-se do cais puxado por cinco rebocadores, entre eles o Vulcan. Já propulsionado por seus motores, desce o canal de Southampton. O destino é Nova York (…). Perto da embocadura do rio Test, a sucção de seu poderoso deslocamento, o chamado “efeito canal”, faz balançar o vapor New York, que rebenta seis cabos de amarração de 15cm de diâmetro e se movimenta, com a popa em sua direção. O Titanic reverte os motores, mas a colisão é iminente. No derradeiro instante, é evitada pelo Vulcan, que alcança um cabo da embarcação à deriva e a sustenta. A popa do New York deixa de abalroar o casco do Titanic por escasso 1,20m. Passado o susto, um menino de 11 anos, filho do milionário William Carter, ouve um homem dizer:

– Não é um bom começo para uma viagem inaugural.

E de fato não o é. O prático é apenas um auxiliar, não comanda. Quem comanda é o Capitão Smith, e o incidente com o New York, somado à colisão entre o cruzador Hawke e o Olympic, também sob seu comando, sugere sua inaptidão para manobrar navios de maior porte – into sem contar seu lastimável histórico de acidentes marítmos.

Ainda não foi debelado o incêndio na carvoeira. Tamanho é o descaso do capitão em relação à grave ocorrência que nem ao menos manda registrá-la no diário de bordo.

De uma carta de Murdoch aos pais, escrita no dia seguinte, perto de Queenstown:

Quando deixamos Southampton, passando pelo New York e pelo Oceanic que estavam amarrados um perto do outro, eles se balançaram de tal modo que o New York ficou à deriva e chegou tão perto que, tanto nós quanto ele, corremos um grande risco.

(…)

20h10min
O Titanic levanta âncora rumo a Queenstown. Vai atravessar novamente o canal da Mancha e contornar a costa sul da Inglaterra a uma velocidade de 20 nós = 37km/h. Prossegue o incêndio na carvoeira.

Nesta aproximada hora, no Atlântico, menos de 200km ao norte da rota do Titanic, o vapor francês Niagara bate num iceberg, que lhe deforma o casco abaixo da linha d’água, e emite pelo radiotelégrafo a mensagem de CQD [CQ: a todos os navios. D: perigo. Os operadores interpretam CQ como “come quickly, venha depressa”]. As sequelas do acidente não são fatais para o navio, que demanda ao porto antes da chegada de socorro. É a primeira de uma série de colisões com gelo nos próximos dias. O inverno nas latitudes setentrionais não foi muito severo. Grande quantidade de gelo se desprendeu da calota polar e, à deriva, segue para o sul.

O nascimento de Baudelaire

É um estranho casal que dá à luz Charles Baudelaire, em 9 de abril de 1821. (…) Um pai velho, então com 62 anos, e uma mãe ainda jovem, com 34 anos menos que seu marido. Um pai marcado pelos faustos indolentes de uma época passada e uma mãe que descobre, de um dia para o outro, o amor carnal e, ao mesmo tempo, os caprichos de um velho. Um pai um tanto diletante, preso entre os requintes dos salões mundanos do século XVIII e a gravidade dos gabinetes administrativos, e uma mãe tímida, crédula, temerosa, para quem a maternidade é como um dom do céu, uma espécie de milagre, e o parto, uma revanche contra as adversidades. Um pai idoso que tem amigos idosos e uma mãe na flor da idade que, por sua vez, não tem amigos, a não ser um dos quatro filhos de seu tutor. Esse incrível contraste é percebido pelo pequeno Charles muito cedo, muito rápido. Na sua casa, na Rue Hautefeuille, tudo é antiquado, e aqueles que ele vê ir e vir e com os quais seu pai conversa ou vai ao teatro são todos velhos. Velhos caquéticos. Velhotes. Vovozinhos. Quando ele vai brincar no Jardin du Luxembourg, a dois passos de casa, ele vê que seu pai encontra mais velhotes, seus antigos colegas do Senado, companhias senis e quase decrépitas. Esse não é apenas um mundo velho, mas também um mundo que exala um cheiro de velho – odores terríveis, nauseabundos, repugnantes, pútridos, “florações na natureza”, “lodo repelente”, que ele não consegue deixar de registrar, de armazenar no fundo do seu ser.”

O trecho acima é parte do primeiro capítulo de “Baudelaire“, livro de Jean-Baptiste Baronian (Série Biografias L&PM). Uma das personalidades mais contraditórias da história da literatura, Baudelaire inovou em sua poesia e em sua abordagem da arte e da música. Feroz defensor da liberdade de costumes, teve uma vida ao mesmo tempo luxuosa e miserável, dissoluta e magnífica, deplorável e deslumbrante. Considerado um pária genial, entrou para a história com textos como “Todas as belezas contêm, assim como todos os fenômenos possíveis, algo de eterno e algo de transitório, de absoluto e de particular. A beleza absoluta e eterna inexiste, ou melhor, é apenas uma abstração empobrecida na superfície geral das diferentes belezas. O elemento particular de cada beleza vem das paixões, e como temos nossas paixões particulares, temos nossa beleza particular.”

Baudelaire em 1855

De autoria de Baudelaire, a Coleção L&PM Pocket publica “Paraísos Artificiais – O haxixe, o ópio e o vinho“.

Bibliotecas inspiradoras

Pensando em montar um lugar especial para guardar todos os seus livros da Coleção L&PM Pocket? Pois o site FlavorWire elegeu 20 bibliotecas particulares mais bonitas do mundo. Separamos aqui quatro delas para você se inspirar.

Um loft em Paris onde os livros sobem pelas paredes:

A moderna biblioteca da Villa Dali, perto de Haia, na Holanda:

A biblioteca na casa do estilista alemão Karl Lagerfeld:

Uma escada recheada de livros em Londres:

O site oficial de “On the road – o filme”

A produtora francesa mk2 anunciou hoje o lançamento do site oficial do filme On the road de Walter Salles. Para os fãs do clássico beat, o site é uma verdadeira “meca digital”, onde é possível encontrar informações completas sobre o elenco, o trailer do filme, a sinopse oficial, informações sobre o livro de Jack Kerouac que deu origem ao filme, a ficha técnica da equipe de Walter Salles e uma galeria de fotos pra deixar qualquer um com água na boca para devorar logo o filme que tem estreia prevista para maio.

Tela inicial do site oficial de "On the road"

Em breve, teremos uma versão brasileira do site oficial, que já está sendo preparada pela distribuidora PlayArte. Vamos aguardar!

15 anos sem Allen Ginsberg

Quando Allen Ginsberg morreu, há 15 anos atrás, em 5 de abril de 1997, ele estava cercado pela família e amigos em seu loft no East Village em Nova York. Aos 70 anos, Ginsberg sucumbiu ao câncer de fígado e se foi deixando poemas que marcaram toda uma geração. Seu longo e profético Uivo, por exemplo, deu início ao movimento beat e o transformou em uma celebridade na América dos anos 60.

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura,
morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca
de uma dose violenta de qualquer coisa,
(…)

A mesa de Allen Ginsberg como ele a deixou ao morrer. Entre seus objetos pessoais, estava uma coletanêa de poemas de seu pai, Louis Ginsberg. (Clique para ampliar)

 E por falar em Allen Ginsberg, em junho a L&PM lança o livro com as cartas trocadas entre ele e Jack Kerouac.