Morreu ontem (01 de maio) em Canela, na serra gaúcha, aos 82 anos, Nydia Guimarães, viúva do escritor Josué Guimarães. Tenho de Nydia muitas e ternas lembranças e a mais comovente é o profundo amor que tinha por Josué, a quem carinhosamente chamava de “Jua”. Desde que o grande escritor morreu, em março de 1986, Nydia nunca mais foi a mesma. Recolheu-se a sua bela casa em Canela e foi curtir sua saudades. Eu e meu irmão, José Antonio, conhecemos Nydia, Josué e seus filhos Adriana e Rodrigo quando eles estavam exilados em Lisboa, em 1975. Ambos passamos uma temporada em sua casa em Cascais. Meu irmão estava em Lisboa quando contraiu uma doença estranha e ardia em febre sem que descobrissem a causa. Nydia foi buscá-lo no hotel onde estava e cuidou dele como de um filho. Meses mais tarde, neste mesmo ano de 1975, logo em seguida à Revolução dos Cravos, cheguei em Lisboa e tive o mesmo tratamento afetivo e carinhoso. No ano seguinte, Paulo Lima e eu passaríamos a editar “É tarde para saber” e daí para frente publicaríamos todos os livros de Josué. Foram quase 40 anos de convívio com Nydia. Embora distante nos últimos anos, pois ela morava em Canela, sempre tínhamos notícias suas. Ao seu lado, Josué encontrou a paz que foi fundamental para escrever toda a sua grande obra. Para nós fica a lembrança da sua gentileza, do carinho, da lealdade e da sincera atenção que tinha para com os amigos e, sobretudo, do seu amor inabalável por Josué que durou até o último segundo da sua vida. (Ivan Pinheiro Machado)
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Galeano no Dia do Trabalhador
No livro Espelhos, Eduardo Galeano analisa e comenta de forma sensível e poética sobre diversos assuntos, de futebol aos problemas sociais da América Latina. No Dia do Trabalhador, destacamos este texto para compartilhar com vocês:
Proibido ser operário
Carlitos levanta um pano vermelho caído na rua. Pergunta-se o que será aquilo, e de quem será, quando de repente se vê encabeçando, sem saber como, uma manifestação operária que entra em choque com a polícia.
Tempos modernos é o último filme desse personagem. E Chaplin, seu pai, não apenas está dizendo adeus à sua querida criatura. Também se despede, para sempre, do cinema mudo.
O filme não merece uma única indicação ao Oscar. Hollywood não gosta nem um pouco da desagradável atualidade do tema. É a epopéia de um homenzinho apanhado pelas engrenagens da era industrial, nos anos seguintes à crise de 1929.
Uma tragédia que faz rir, implacável e arrebatador retrato dos tempos que correm: as máquinas comem gente e roubam empregos, a mão humana não se distingue das outras ferramentas, e os operários, que imitam as máquinas, não adoecem: enferrujam.
No começo do século XIX, lorde Byron já havia comprovado:
– Agora é mais fácil fabricar pessoas que fabricam máquinas.
Pelos labirintos das Galerias Pacífico
Sábado passado, meio-dia, Buenos Aires. Do lado de fora, uma chuva fina e fria levava os tantos turistas a procurarem vitrines cobertas. Justamente por isso, as já normalmente cheias “Galerias Pacífico” eram um mar de gente que se apertava pelas escadas rolantes e rolava lojas a dentro. Pouco à vontade (e com pouca plata), resolvi procurar abrigo no único local que poderia me oferecer algum alento por ali: o Centro Cultural Borges. Ele fica no último andar do prédio histórico do século XIX, onde a Galerias Pacífico chegam mais perto do céu e é possível, das janelas, enxergar alguns telhados do centro da cidade. Chegando lá, uma surpresa, ao contrário dos outros andares, não havia um único turista transitando pelos corredores. Aliás, não havia quase ninguém pelos 10 mil metros quadrados do centro cultural. “Nada para comprar”, poderiam explicar alguns. “Mas bastante para ver”, eu responderia… No salão de entrada, por exemplo, o visitante pode contemplar uma bela exposição de pinturas Sumi acompanhadas de Hai-kais. E subindo mais um lance de escadas rolantes, chega-se ao acervo de Borges, onde entre frases do escritor, vídeos e imagens, é possível também ver, em uma parede, livros e retratos de seus autores preferidos, aqueles que o influenciaram de alguma forma. Edgar Allan Poe, Kafka, Chesterton, Robert Louis Stevenson, Cervantes e Conrad são alguns deles.
Além desse espaço, há outras três salas de exposições sempre com algo interessante. Por isso, fica aqui a dica para você visitar este labirinto de Borges em sua próxima ida a Buenos Aires. Mas só se você, assim como eu, estiver à procura de uma biblioteca de Babel – e não de uma babilônia do consumo. (Paula Taitelbaum)
A última carta do músico do Titanic
No ano em que a tragédia do Titanic completa 100 anos, vários resquícios da fatídica viagem vêm a tona e ganham ainda mais valor como registro do acidente que marcou a história do século 20. E pelo jeito, o valor monetário cresce na mesma medida: uma carta escrita pelo líder da banda que tocava no Titanic foi vendida por 154.974 dólares em um leilão on-line na semana passada.
O músico Wallace Hartley enviou a carta a seus pais na Inglaterra no dia 11 de abril de 1912 durante a parada do navio em Queenstown, na Irlanda. Dias depois, em 15 de abril, o Titanic bateria em um iceberg e afundaria deixando 1.517 mortos. “Temos uma boa banda e os garotos parecem muito legais”, escreveu Harley na carta, prometendo visitar os pais no domingo seguinte à sua volta.
Ele aparece no livro O crepúsculo da arrogância, em que Sergio Faraco reconta o acidente minuto a minuto. No dia 15 de abril, às 0h15, a tragédia já tinha acontecido, mas o capitão ordenou que a música não parasse:
A bordo, os passageiros circulam como sonâmbulos, e tal atmosfera de irrealidade se adensa quando, por ordem do capitão, o conjunto de Wallace Hartley começa a tocar peças do ragtime na sala de estar da Primeira Classe, entre elas Alexander’s ragtime band e Great big beautiful doll. Mais tarde, vai transferir-se para o convés dos barcos, tocando junto à porta de bombordo da grande escadaria da proa.
Livros para serem DEVORADOS
Um estúdio de design de Hamburgo, na Alemanha, levou ao pé da letra a compulsão de algumas pessoas por “devorar” livros e criou um livro de receitas que o cozinheiro pode comer inteirinho depois de preparar o prato. O “livro” é, na verdade, uma massa de lasanha tradicional e vem com as instruções “impressas” nas “folhas”. Para preparar a receita, o cozinheiro deve folhear página por página seguindo as instruções para o recheio, acrescentando passo a passo os ingredientes indicados. Ficou difícil de imaginar isso? Então dá uma olhada:
via Zupi
E por falar em livro de receitas, já conhece a Série Gastronomia L&PM com 100 receitas de massas light, Comer ber sem culpa, 100 segredos de liquidificador e outros? São livros deliciosos, vale a pena 🙂
Flagra na Store in Store da L&PM
A gerente de vendas da L&PM, Clóris Kluck, flagrou uma cena inusitada em sua última visita à Store in Store da L&PM dentro da livraria Laselva do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Enquanto esperava pelo horário de seu voo, uma leitora resolveu ler para passar o tempo. Ok, muita gente faz isso, mas a diferença é que esta leitora se instalou com malas e tudo dentro da Store in Store, puxou um livro e por ali ficou até a hora do voo.
Agatha Christie por Marlene Dietrich
A Série Agatha Christie da Coleção L&PM Pocket já ultrapassou a marca dos 50 títulos! O recém-chegado O cão da morte é o número 52 desta série que não para de crescer: até o fim de 2012 presentearemos os fãs da Rainha do Crime com cerca de dois novos títulos por mês. O cão da morte reúne 12 contos que têm em comum uma inexplicável e macabra presença da morte. No eixo central de cada enredo estão estranhos fenômenos e elementos clássicos das histórias de contato com o “outro mundo”, como casas mal-assombradas e pesadelos que inesperadamente se tornam realidade.
Um dos contos mais famosos do livro é o “Testemunha da acusação”, que já virou até filme (“Witness for the Prosecution“, de 1957) com Marlene Dietrich no papel de Christine, a esposa alemã de Leonard Vole (Tyrone Power), acusado de assassinato, que entra em cena como testemunha de acusação. No entanto, uma mulher não pode testemunhar contra seu marido e é aí que começa o mistério: Christine revela que ainda era casada com outro homem quando aceitou casar-se com Leonard, e afirma que ele teria confessado a ela o assassinato de Emily French, e que sua consciência a havia impelido a contar a verdade.
Para saber como esta história continua, leia o conto no livro O cão da morte, o mais novo título da Série Agatha Christie, ou vá juntando as cenas do filme espalhadas em pedaços pelo Youtube 😉
Vem aí um novo e imperdível romance de Luiz Antonio de Assis Brasil
De botânico de Napoleão a estanceiro na fronteira do Brasil com a Argentina: este é o protagonista do novo romance de Luiz Antonio de Assis Brasil
Luiz Antonio de Assis Brasil acaba de entregar à L&PM Figura na Sombra, o seu mais recente romance. É o quarto e último livro da série “Visitantes ao Sul”, do qual fazem parte O pintor de retratos (2001), A margem imóvel do rio (2003) e Música perdida (2006). Todos publicados pela L&PM Editores. São variações sobre um mesmo tema, mas leituras absolutamente independentes.
Figura na sombra é o romance de um francês, médico e botânico, testemunha da Revolução Francesa, que alcança as honras científicas mais desejadas por pesquisadores de quaisquer latitudes. Aimé Bonpland, personagem real, protagoniza uma história repleta de episódios, que o faz trilhar o mundo e, de botânico de Napoleão, amigo de Simon Bolívar, prisioneiro do ditador paraguaio Francia, passar a estanceiro em São Borja, na fronteira do Brasil com a Argentina. Mas a obra é, ao mesmo tempo, a história de dois homens – o outro é o célebre Alexander von Humboldt – que, por trilhas antagônicas, perseguem a harmonia da natureza. Um, iluminista, quer conhecê-la para sistematizá-la; o outro, romântico, deseja fundir-se nela. Que esses dois homens tenham sido os naturalistas mais famosos do século 19 é um pormenor, pois o tema do livro é o amor que, entrelaçado às vicissitudes e pautando a longa vida de Aimé Bonpland, comparece em variadas formas: amor à natureza, à razão, às ideias, às leis da ciência, à beleza; o amor erótico, platônico, fraterno. Por fim, o amor da aceitação, que se revela na entrega ao fluxo da vida, e cujas leis e regularidades não estão nunca inteiramente nas mãos de homem algum, nem dos mais sábios. Aimé Bonpland é essa figura na sombra que, hoje, é nome de uma cratera da Lua, de um asteroide, de um pico na Nova Zelândia, de uma rua em Buenos Aires, de um rio na Patagônia, de um liceu na França e de duas cidades na Argentina.
A previsão de lançamento de Figura na Sombra é agosto de 2012. Clique aqui e conheça outros livros do autor já publicados pela L&PM Editores.
Era uma vez um Dia Mundial do Livro…
Foram 100 livros da Coleção 64 Páginas “escondidos” em locais públicos de Porto Alegre, São Paulo, Salvador e Recife e mais dez presenteados em uma promoção feita nas nossas redes sociais. Além disso, adesivos foram distribuídos em lojas da Livraria Cultura de Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Tudo isso ontem, 23 de abril, em comemoração ao Dia Mundial do Livro. Na L&PM WebTV há um vídeo com algumas cenas reais de pessoas encontrando os livros. Clique aqui e assista.
Em Porto Alegre
Os livros foram deixados em diversos lugares da cidade como Parque Moinhos de Vento, Parque da Redenção, Praça da Encol, Mercado Público, universidades, bancos de ônibus e telefones públicos. “Comunico que encontrei O Retrato do Gogol, na Praça Carlos Arnt (Encol) esq. Renato Almeida sobre uma das mesas com tabuleiro de Xadrez, quando retornava para casa após a minha caminhada diária. Obrigado e parabéns pela iniciativa.” dizia o email de Marco Floriano.
Em São Paulo
Estações de metrô, galerias, praças, shoppings, museus, cafeterias e até o aeroporto de Congonhas foram alguns dos locais escolhidos para deixar os livros perdidos em São Paulo. “Estou informando que encontrei o livro ‘’Tchékhov’. A Corista e outras histórias no Metrô Praça da Árvore. Obrigada” informa o email de Maria da Paz que chegou até nós.
Em Recife
Os pernambucanos encontraram livros perdidos nos bancos e estações de metrô, em shoppings como o Tacaruna e por diferentes ruas e esquinas de Recife. “Olá, entrei no caixa eletrônico do shopping e, que surpresa! Havia um livro me esperando lá dentro! Adorei. Muito obrigada e parabéns!” escreveu a empolgada Marisa Carneiro de Recife.
Em Salvador
Na capital baiana, foram encontrados livros em paradas de ônibus, shoppings centers, praças e até na areia da praia. “Encontrei o livro ‘O gato do Brasil’ de Arthur Conan Doyle num banco do Shopping Salvador. Li a mensagem no adesivo e fiquei com o livro para mim, pois adoro ler. Parabenizo a vocês pela idéia e agradeço o inesperado presente.” disse Silvana Leite em seu email. (Ainda não recebemos fotos de Salvador, assim que elas chegarem, colocaremos por aqui).
London Book Fair: nem a sexta-feira 13 atrapalhou
Por Janine Mogendorff*
Após embarcar numa temida sexta-feira 13 para a 41ª edição da London Book Fair tive a bela surpresa de um ensolarado – e frio – final de semana londrino. Na segunda-feira, com o início do evento, veio também a esperada chuva.
Saindo da estação de metrô já era possível ver o Earls Court Exhibition Centre (foto), onde se desenrolaram os três dias de feira, reunindo mais de 24.500 profissionais ligados ao mundo editorial. Neste ano, o foco esteve na China, que promoveu sua literatura e seus autores em um dos pavilhões.
Tive a oportunidade de assistir a algumas das dezenas de palestras oferecidas, como “Publishing and economics dialogue”, com os professores Li Yining e Christopher Howe (foto), e percorrer os corredores da feira. Falando em percorrer, teve gente que acabou se entregando às massagens que eram oferecidas por lá (foto).
O International Rights Centre (foto) foi o lugar mais concorrido para as reuniões com os agentes, além dos próprios estandes das editoras e dos países que lá estavam representados. Mas para quem não tinha nem um nem outro, era possível ver que reuniões aconteciam nos diversos cafés e restaurantes de Earls Court.
Além de um espaço para negociação de direitos, a feira é um espaço de trocas de informações valiosas entre os diferentes mercados, um espaço para a diversidade de línguas e de propostas editoriais. Nos estandes é possível ver livros que literalmente dão vontade de morder, outros que chamam a nossa atenção pelo cuidado gráfico ou mesmo pelo inusitado. Uma feira é sempre um bom lugar para exercitar o olhar.
Ah, para os que ficaram na dúvida sobre o efeito da sexta-feira 13 durante a jornada, posso afirmar que a viagem foi um sucesso, descontando o fato de que naquele domingo ensolarado tive que dar meia volta na frente do suntuoso palácio de Buckingham, pois naquele dia a troca da guarda não aconteceria.
* Janine Mogendorff é editora da L&PM e viajou a Londres para participar da London Book Fair



















