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Os jovens Romeu e Julieta de 80 anos

Na peça “Romeu e Julieta 80”, os jovens protagonistas do clássico de Shakespeare são vividos por dois atores na casa dos 80 anos: Renato Borghi (80) e Miriam Mehler (82). Avaliada com quatro estrelas pela Folha de S. Paulo (que significa “muito bom”), a peça fica em cartaz no Teatro do Sesc Ipiranga em São Paulo de 25 de janeiro a 18 de fevereiro. “O aspecto aberto da encenação cria um efeito de distanciamento crítico que faz com que o fascínio pela trama amorosa não se sobreponha à razão viva de quem lhe assiste.” escreveu Paulo Bio Toledo em sua crítica à Folha.

Ficha técnica

Direção, adaptação e iluminação: Marcelo Lazzaratto
Elenco: Renato Borghi, Miriam Mehler, Elcio Nogueira Seixas e Carolina Fabri
Direção de Arte: Simone Mina
Trilha Sonora: Daniel Maia

Serviço: 

Quando: sex. e sáb. às 21h, dom. e dia 25/1 às 18h
Onde: Sesc Ipiranga – Teatro – Rua Bom Pastor, 822 – São Paulo
Quanto: R$ 9 a R$ 30
Classificação: 12 anos

 

“Sonho de uma noite de verão”

No embalo da chegada da estação mais festiva do ano, lembramos a divertida comédia Sonho de uma noite de verão, escrita por William Shakespeare no final do século 16, quando o autor de Romeu e Julieta, o maior dos clássicos do teatro elisabetano, ainda era um iniciante na carreira literária.

Os desencontros amorosos de Teseu, Hipólita, Hermia, Lisandro, Demétrio e Helena (que parecem ter saído da Quadrilha de Drummond) ganham um tempero cômico com as armações de Oberon e Puck para cima da bela Titânia – como a poção mágica que faz a moça nobre se apaixonar por um tecelão com orelhas de burro.

Vários séculos se passaram e Sonho de uma noite de verão continua em alta. O texto já foi explorado de diversas formas por diferentes “tribos” das artes cênicas, desde adaptações para o teatro infantil até “traduções” para os movimentos delicados da dança clássica.

No cinema, os diretores Max Reinhardt e William Dieterle fizeram a versão premiada com o Oscar de melhor fotografia e melhor montagem em 1936. Abaixo, você assiste à última cena desse filme.

No Brasil, o Bando de Teatro Olodum da Bahia realizou uma montagem da peça com elenco inteiramente negro e texto carregado de influências da cultura afro. A adaptação não podia ser mais adequada, já que verão de verdade só mesmo do lado de cá do Equador.

A L&PM Editores publica Sonho de uma noite de verão em pocket.

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Quando uma atriz famosa caiu na teia de Agatha Christie

“A terceira peça que tive representada em Londres (todas ao mesmo tempo) foi ‘A Teia da Aranha’, escrita especialmente para Margaret Lockwood. Peter Saunders pedira-me para me encontrar com ela e para conversarmos sobre esse assunto. Margaret Lockwood disse-me que gostava da ideia de eu escrever uma peça para ela e perguntei-lhe, exatamente, de que gênero de peça gostaria. Disse-me imediatamente que não gostaria de continuar desempenhando papéis sinistros e melodramáticos, e que fizera filmes demais, ultimamente, em que fora a mulher má. Queria representar comédias. Acho que estava com a razão, porque tinha enorme talento para comédia, tanto quanto para papéis dramáticos. É ótima atriz e possui um ritmo perfeito, que a torna capaz de dar ao texto seu verdadeiro peso. Também gostei muito de escrever a parte de Clarissa em ‘A Teia da Aranha’. A princípio, houve certas hesitações quanto ao título; hesitamos entre ‘Clarissa Encontra um Cadáver’ e ‘A Teia da Aranha’; mas, por fim, o último título levou a melhor. Ficou em cena dois anos e eu me senti muito feliz com ela. Quando Margaret Lockwood conduzia o inspetor de polícia pelo caminho do jardim, era encantadora.” (Agatha Christie em trecho de sua Autobiografia

Agatha Christie e Margaret Lockwood

Encenada pela primeira vez em 1954 com Margaret Lockwood no papel de Clarissa, A Teia da Aranha  é uma peça de comédia e mistério escrita por Agatha Christie de grande sucesso nos palcos londrinos. Após a morte da autora, o texto foi adaptado pelo também escritor Charles Osborne e virou um romance. Osborne manteve tudo igual ao original – trama, personagens e diálogos – mas acrescentou algumas pequenas descrições para facilitar a leitura (ex.: “Explicou o inspetor”, “Miss Peak exclamou”, “Continuou ele, voltando-se para Clarissa”). 

Antes de chegar à Coleção L&PM POCKET, A Teia da Aranha era inédito no Brasil. Com um enredo bem-humorado, repleto de truques e reviravoltas, esta criação de Agatha Christie começa quando o corpo do desagradável Oliver Costello aparece misteriosamente na casa de campo do distinto casal Henry e Clarissa Hailsham-Brown. Acreditando tratar-se de um acidente, Clarissa decide esconder o cadáver. E é justamente isto o que ela está fazendo quando chega à casa o inspetor Lord, que acaba de receber um telefonema com a denúncia de um homicídio. O que vem depois, além de muitas surpresas, é uma boa dose de diversão.

Quer saber mais sobre a Rainha do Crime e seus livros? Visite o Hotsite Agatha Christie.

Peça de teatro inspirada em textos de Eduardo Galeano

Eduardo Galeano vai estar mais perto dos baianos em dezembro. A Companhia baiana  Teatro da Queda apresenta, neste mês, Bacad, montagem inspirada no panorama cultural da América Latina. O trabalho,  é baseado em ampla pesquisa de textos do escritor uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina, relançado em outubro pela L&PM. A peça está em cartaz até dia 19 de dezembro na cidade de Salvador, Bahia.

Bacad parte da idéia de reconhecimento cultural latino americano para buscar as raízes históricas dos brasileiros. O projeto da encenação terá, também, um ciclo de leituras  e a realização da oficina “A Poética da Invenção – do processo colaborativo de construção do espetáculo Bacad”, que acontece em dois encontros no mesmo período em que a peça fica em cartaz.

Foto: Divulgação

SERVIÇO

Bacad

3 a 19 de dezembro de 2010

Sextas, Sábados e Domingos

20 horas

Teatro Vila Velha – Sala Principal

Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia entrada)

Oficina
Data: 11 e 18/12 (Sábados)
Horário: das 13h às 17h
Local: Teatro Vila Velha – Salvador
Inscrição Gratuita

Ciclo de Leitura
Data: 07/12 (terça-feira)
Horário: das 14h às 18h
Local: Colégio Estadual da Bahia (Colégio Central)
Inscrição Gratuita

Estreia em agosto peça baseada nos textos de David Coimbra

Os textos de Jogo de damas e Mulheres, de David Coimbra, vão ganhar em breve uma adaptação para o teatro. Nos dois livros, David defende que desde o surgimento do homo sapiens, as fêmeas manipulam e dominam os machos através daquilo que eles mais apreciam: o sexo. O objetivo delas, no entanto, seria um só – a manutenção da espécie e, por consequência, da civilização. Mas a civilização está em colapso, alerta o cronista, e é partindo desta premissa que a concepção de Sobre Saltos de Scarpin situa a ação da peça num futuro pós-apocalíptico, quando a Terra, sobrevivente do dito colapso, vive sob um regime totalitário feminino.
Longe de pretender uma projeção futura da guerra entre os sexos, a proposta de um distanciamento temporal visa o efeito cômico, estético e um olhar crítico sobre o senso comum a respeito da relação entre homens e mulheres na sociedade atual. Todos os elementos da encenação, na verdade, fazem uma caricatura das convenções sexistas difundidas na nossa cultura.

A peça simula um mundo dominado pelas mulheres / Foto: Felipe Rosa e Ricardo Mendes

A peça tem estreia prevista para o dia 13 de agosto, no Teatro Renascença em Porto Alegre, e fica em cartaz até 5 de setembro. E fiquem de olho no blog: em breve sortearemos algumas entradas.

Festa de Separação

Por Carol Teixeira

Ninguém gosta de falar do fim de um amor. O fim lembra morte e ninguém gosta de pensar em morte. Isso porque a experiência do amor nos dá a sensação de continuidade, logo, cria a ilusão de eternidade. Então é compreensível que o fim de um romance leve a essa inevitável associação ao oposto do eterno, mesmo que inconsciente. Por isso as pessoas quando vêem seus relacionamentos terminados, não se permitem assimilar com calma, refletir muito sobre, simplesmente querem se livrar logo daquela sensação ruim e da incompreensão – é mais fácil sentir raiva, mágoa e jogar tudo para baixo do tapete.


Foi justamente o que não fez o ex-casal que escreve e protagoniza a peça que vi ontem, “Festa de Separação – um documentário cênico”. A história pré-peça é real: a atriz Janaína Leite e o filósofo e músico Fepa tiveram um relacionamento de vários anos. Até que ele acabou. Ao invés de simplesmente agir como a maioria, eles decidiram ritualizar esse fim, fizeram diversas “festas de separação” e gravaram trechos e depoimentos, num exorcismo positivo de todo aquele sentimento. E surgiu a ideia de fazer algo que refletisse sobre esse fim sobre o qual ninguém gosta de falar. Daí veio essa linda peça que me virou do avesso. Me identifiquei muito com a maneira com a qual eles abordam o assunto, mostrando trechos de filme, trechos das gravações feitas nas tais festas de separação, trechos de livros, músicas, citações de filósofos. Me senti em casa, porque é assim que eu vejo a vida e reflito sobre as questões, sempre filtrada através de pedaços de arte, de irrealidades. Então, pelo fato de eles falarem a minha língua, a peça me tocou de uma forma mais absurda ainda.
O legal é que eles satisfazem nossas curiosidades voyerísticas (lemos um antigo e-mail dele para ela, ouvimos uma mensagem dela tristíssima gravada da secretária eletrônica, vemos vídeos…), mas ao mesmo tempo eles universalizam a questão do fim, através da arte (citações, leituras, músicas, metáforas e a própria realização da peça), levando todos juntos naquele delicado processo catártico.
Me vem à mente agora a frase do Nietzsche que tenho tatuada nas costas, “a arte existe para que a verdade não nos destrua”. Ou aquele mito do Perseu que só olhava para Medusa através da imagem refletida em seu escudo de bronze, para que o olhar dela não pudesse o petrificar.
A arte, com seu olhar indireto, curando. A arte fazendo transcender. A arte como a única maneira possível de superar nossa natureza trágica.

Para assistir à entrevista de Carol com Janaína e Fepa, clique aqui.

Shakespeare em 140 caracteres

A peça Romeu e Julieta foi encenada pela primeira vez em 1594, e nos últimos 416 anos foram muitas as versões para cinema, televisão e óperas. Mas agora, em 2010, o clássico está recebendo sua adaptação mais inusitada. Seis atores da Royal Shakespeare Company são os encarregados de “interpretar” os papéis principais no… twitter.

A experiência deve durar cinco semanas e os tweets são feitos em tempo real, ou seja, se determinada ação no texto original acontece às 8h, os atores atualizam suas contas às 8h. Para acompanhar a representação e saber mais sobre o projeto, é só acessar o site www.suchtweetsorrow.com
 

* Essa dica foi retirada da coluna ConexãoZH.