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Apertem os cintos, a Mona Lisa sumiu!

No final da tarde de 20 de agosto de 1911, um domingo, três homens entraram no Museu do Louvre, em Paris. Disfarçados de funcionários, esconderam-se até o cair da noite. Dezesseis horas depois, o quadro mais famoso do mundo, a Mona Lisa, tinha desaparecido. Com o museu não abria às segunda-feira, passaram-se 24 horas até que alguém percebesse o roubo. Foi somente na terça-feira, 22 de agosto de 1911, a exatos 100 anos atrás, que a notícia se espalhou. A polícia apressou-se até a cena do crime, as portas foram trancadas e funcionários e visitantes, detidos. Mas o quadro já não estava lá há muito tempo. A França fechou suas fronteiras. E quando o museu reabriu, uma semana depois do roubo, os parisienses fizeram filas gigantescas para ver o lugar vazio em que o famoso quadro antes ficava pendurado. Uma caçada mundial estendeu-se de Paris a Nova York, da Argentina à Itália, mas a misteriosa Mona Lisa não foi encontrada em lugar nenhum.

Picasso e Apollinaire foram presos sob suspeita do roubo, mas acabaram soltos por falta de provas. A direção do Louvre, o governo francês e o jornal Le Figaro ofereceram recompensas pela devolução da pintura, mas as pistas efriaram… até que, dois anos depois, o marchand florentino Alfredo Geri recebeu uma carta que trazia a seguinte assinatura: “Leonardo”. A Mona Lisa estava à venda.

Onde ela estava? Quem a levara? No livro Roubaram a Mona Lisa!, a escritora R.A. Scotti volta no tempo e faz um relato vívido e minucioso deste que foi o maior roubo de arte da História. A autora revisita as origens da obra-prima de Leonardo da Vinci e contrói um romance policial baseado em fatos reais. Vivo, pulsante, fluente, Roubaram a Mona Lisa! é o tipo de livro que não se consegue parar de ler.

O espaço vazio deixado pela Mona Lisa, no maior roubo de arte da história

“Naquela manhã de terça-feira, o lugar dela na parede estava vazio. Só restavam quatro ganchos de ferro e uma marca retangular vários tons mais escura do que a área a seu redor – uma imagem fantasmagórica marcando o espaço que a Mona Lisa preenchera. À exceção de uma breve imagem a Brest, para onde ela fora enviada a fim de que ficasse em segurança durante a guerra franco-prussiana, ela não saía do Louvre desde que Napoleão havia sido exilado em Santa Helena.”  (Trecho de Roubaram a Mona Lisa!, de R.A. Scotti)

Marilyn, quem diria, virou escritora!

Na quinta-feira passada, as livrarias parisienses amanheceram com enormes pilhas nas vitrines, exibindo a grande novidade do dia e, quem sabe, da “reentrée” (os meses de outono onde se concentram os grandes lançamentos do ano): “Fragments”, uma antologia de fotos, textos manuscritos, bilhetes e poemas de ninguém menos do que Marilyn Monroe, o maior ícone do cinema mundial. Segundo Jean Marc Parisis, crítico do jornal Le Fígaro, que leu com exclusividade o livro, “Marilyn não é uma bela e deslumbrante idiota! Muito pelo contrário. Os poemas, notas e cartas deixados por Marilyn mostram que a atriz também sabia escrever (…)”. A obra, quase toda “facsimilizada”, tem como objetivo, segundo o editor, “passar para o leitor a dramaticidade do material”. Curiosamente, o editor que recebeu a incumbência de selecionar e publicar o conteúdo é um francês, Bernard Comment, que capitaneia o projeto de edição mundial do livro. A edição francesa, que saiu pela “maison” Seuil, tem 269 páginas e traz o prefácio de Antonio Tabucchi. Antes dos resultados das vendas dos direitos em Frankfurt, quando provocou encarniçados leilões, 11 países já haviam fechado contratos de edição. Os direitos pertencem à sucessão de Marilyn, cuja principal representante é Anna Strasberg, viúva de Lee Strasberg, agente de Marilyn.

Encerra-se uma das melhores entre as 30 edições do Salão do livro


Ao colocar o escritor, e especialmente o escritor francês, como tema central do 30° Salão do Livro de Paris a organização do evento rompeu com uma velha tradição de homenagear países. O Brasil, por exemplo, foi homenageado em 1998. Na prática, todos os principais eventos do salão eram focados na cultura e nos autores dos países homenageados.
Este que é considerado o maior evento cultural destinado ao público da Europa parece ter reencontrado o seu rumo. Ontem falávamos que “Paris celebra os seus heróis”, e é exatamente aí que está a razão do sucesso do salão deste ano. Trinta escritores internacionais e sessenta escritores franceses foram homenageados oficialmente pela organização. Mas centenas de autores confraternizaram com seus leitores e autografaram seus livros no imenso espaço do pavilhão de Porte de Versailles.
Veja aqui a galeria de fotos do evento.
Muitos foram os adjetivos usados para celebrar o sucesso do evento, mas o que ficou como a grande lição deste Salão foi o memorável encontro entre leitores e autores. Por outro lado, a expectativa criada em torno do livro digital deu em nada. Os poucos espaços destinados a “readers” não tinham cor, nem charme, nem gente. A pesquisa do “Le Figaro”  jogou um balde de água fria nas grandes empresas de tecnologia que colocavam suas fichas em convencer o publico a aderir a leitura digital. E o Salão de Paris, nestes 5 dias por Porte de Versailles, provou que o velho companheiro  livro de papel seguirá por muito tempo atraindo e encantando multidões de leitores, como aconteceu entre 26 e 31 de março neste início de primavera parisiense.