Arquivo mensais:março 2013

Nossas mulheres…

A L&PM tem muitas mulheres. Escritoras, poetas, musas, personagens, nomes de livros. Basta digitar “mulher” na busca por títulos e ver o que aparece. Tem mulher no escuro, mulher de prazer, mulher de trinta anos, mulher com medo de barata, mulher de bandido, a mulher mais linda da cidade, mulher com exclamação. E mulher que é mulher e ponto.

No Dia Internacional da Mulher, escolha a sua e boa leitura! Abaixo, alguns exemplos que soam como uma homenagem:

Mulheres, de Eduardo Galeano: “Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.”

Estudos de Mulher, de Balzac: “Essa mulher, saída das fileiras da nobreza, ou elevada da burguesia, vinda de todas as partes, mesmo da província, é a expressão dos tempos atuais, uma última imagem do bom gosto, do espírito, da graça e da obstinação.”

A mulher mais linda da cidade, de Bukowski: “Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante.”

24 horas na vida de uma mulher, de Stefan Zweig: “Toda essa recusa do fato óbvio de que em muitas horas de sua vida uma mulher pode ficar à mercê das forças além de sua vontade e consciência apenas disfarça o medo do próprio instinto do demoníaco em nossa natureza…”

Mulheres!, de David Coimbra: “Uma noite, Roberta chegou à conclusão: havia se transformado numa tarada. Só pensava na ideia que tivera ao ver os treinos de boxe da academia. Só naquilo, naquilo, maldição! No começo, rechaçou o pensamento. Tratava-se de uma fantasia, nada mais. Mas, com o tempo, a fantasia foi se solidificando, tornando-se real. Agora, ela precisava fazer.”

Só as mulheres e as baratas sobreviverão, de Claudia Tajes: “Meu nome é Dulce. Doce, em espanhol. Mas os argentinos, os uruguaios, os chilenos e todas as, digamos, línguas espanholas com quem já cruzei na vida não entendem como uma mulher pode se chamar Dulce. Então eu tenho que explicar, es como dulce de leche, e aí eles se derretem, pedem para provar, elogiam a minha doçura, essas coisas de Julio Iglesias que os latinos dizem como ninguém.”

Uma andorinha sozinha não faz verão

Ele foi discípulo de Platão. Viajou e trabalhou como tutor de Alexandre, o Grande. Fundou a própria escola em Atenas, chamada Liceu. E enquanto Platão vivia no mundo das ideias, contentando-se em filosofar em gabinete, ele quis explorar a realidade por meio dos sentidos. Ele é Aristóteles. O grande filósofo que morreu em 7 de março de 322 a.C. e que está em Uma breve história da filosofia, de Nigel Warburton.

O texto inicial do capítulo 2 de "Uma breve história da filosofia", dedicado a Aristóteles

O texto inicial do capítulo 2 de “Uma breve história da filosofia”, dedicado a Aristóteles. (Clique sobre a imagem para ampliá-la)

 

A caverna dos sonhos esquecidos

Por Paula Taitelbaum

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Questionamentos tão clichês que às vezes soam como piada. Mesmo assim, essas perguntas parecem estar impregnadas em cada uma de nossas células. Somos o fruto da evolução do homem. Isso é fato. Mas também somos a soma das dúvidas que nos invadem cada vez que nos confrontamos com as evidências da vida nas cavernas. O que sentiam, afinal, nossos antepassados pré-históricos?

Na infância, eu adorava passar as tardes vendo O elo perdido na TV e sonhava em ser a amiga loira do Chaka. Na adolescência, eu li Antes de Adão, de Jack London, e tive a certeza de que talvez pudesse acessar as lembranças de meus distantes parentes das cavernas. Depois vieram mais filmes, livros e museus. Nenhum deles, no entanto, me impactou tanto quanto o documentário em 3D que assisti ontem: A caverna dos sonhos esquecidos, de Werner Herzog.

Herzog teve permissão para entrar na Caverna Chauvet, descoberta em 1994 no sul da França. Algo que só é permitido a poucos cientistas. A caverna, que teve sua entrada lacrada por um desmoronamento, apresenta as mais incríveis pinturas rupestres já encontradas, algumas com mais de 30 mil anos. E por terem ficado isoladas por tanto tempo, essas verdadeiras obras de arte parecem ter sido feitas recentemente. Na parte escura da caverna, alguns dos animais foram desenhados com várias patas e supõe-se que, quando as tochas pré-históricas iluminavam estas pinturas, elas permitiam uma sensação de movimento. Puro cinema!

Há belíssimos cavalos com um incrível jogo de luz e sombra e um salão só dedicado a leões. Há rinocerontes, bizões, aves e as pernas abertas de uma mulher… Há ossadas e marcas perfeitas no chão intocado: a pegada de um menino de oito anos ao lado da pegada de um lobo. E o cientista se pergunta: haverá o lobo encurralado o menino? Seriam eles amigos e andavam juntos? Ou as pegadas foram feitas em épocas diferentes? Respostas que, assim como muitas outras, nunca teremos.

A caverna dos sonhos esquecidos é um filme de 2010 que só agora chegou aos cinemas do Brasil. E provavelmente não ficará muito tempo em cartaz. Por isso, se você tiver a chance de assistir em 3D, sugiro que faça isso. E quem sabe, assim como eu, você descubra a gente não evoluiu tanto assim. Ao contrário: em certos aspectos, acho que andamos para trás.

Para completar a viagem no tempo, você também pode ler Pré-história, da Coleção Encyclopaedia.

A florista de Eduardo Galeano

Março
6

A florista

Georgia O’Keeffe viveu pintando durante quase um século, e pintando morreu.

Seus quadros ergueram um jardim de solidão do deserto.

As flores de Georgia, clitóris, vulvas, vaginas, mamilos, umbigos, eram os cálices de uma missa de ação de graças pela alegria de ter nascido mulher.

(Eduardo Galeano no livro Os filhos dos dias)

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O nascimento de Michelangelo

“Michelangelo Buonarroti, conhecido como Michelangelo, nasce no dia 6 de março de 1475 em um cenário de lenda: um castelo em ruínas do Casentino (Toscana), encarapitado sobre uma crista rochosa recoberta de mato ralo, onde o burgo de Chiusi parece fazer parte da pedra. Abaixo, em uma garganta escura corre um fio de água, o Tibre, que segue seu curso em direção a Roma. Exatamente ao pé do castelo, o Arno, indissociável de Florença, tem sua nascente.” (Trecho inicial de Michelangelo, Série Biografias L&PM)

Escultor, pintor, arquiteto, poeta, engenheiro, Michelangelo foi descoberto aos quinze anos por Lorenzo de Medici. Passou a vida entre Florença e Roma. Trabalhou para sete papas, com os quais criou uma obra titânica, como rendeção de seu “pecado de imperfeição”. Autor de David e da Pietà, genial criador dos afrescos da Capela Sistina, Il Dinvino, como era chamado, encarna o múltiplo homem universal da Renascença italiana.

Michelangelo é um dos títulos da Série Biografias L&PM

Michelangelo é um dos títulos da Série Biografias L&PM

É Dia da Música Clássica

Dia 5 de março – nascimento de Villa-Lobos – é o “Dia da Música Clássica”. Data decretada como oficial desde 2009. Uma dica para hoje é saber mais sobre a vida Beethoven, publicada na Série Biografias L&PM. E parece que Schroeder e Lucy, personagens de Peanuts, estão lendo este livro:  

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O coelho mais famoso dos quadrinhos

Mônica e seu coelho nasceram juntos e apareceram pela primeira vez em uma tirinha do Cebolinha publicada em 3 de março de 1963. De lá pra cá, Mônica e ele nunca se separaram. Mas engana-se quem pensa que o bichinho de pelúcia já nasceu azul e com o nome de Sansão.

Como o coelho de verdade que pertencia a filha de Mauricio de Sousa, ele era amarelão, recheado de palha, grandão, pesado e sem nome. E acabou destruido pelo uso. Já o segundo coelho da menina, esse sim, era azul e fofo. E foi um presente que a menina recebeu em programa de TV que participou com seu pai.

O coelho, no entanto, permaneceu 20 anos sem nome e, somente em 1983, através de um concurso promovido entre os leitores dos gibis, é que ele passou a se chamar Sansão. A sugestão veio de uma menina de 2 anos chamada Roberta Carpi, e Ribeirão Preto.

A primeira história em que o Sansão apareceu com seu nome definitivo foi intitulada “Tum Dum Tum Dum Tum Dum”, na revista “Mônica” nº 161, em setembro de 1983.

O verdadeiro coelho Sansão que a filha de Mauricio de Sousa guarda até hoje

O verdadeiro coelho Sansão que a filha de Mauricio de Sousa guarda até hoje

Exumação de restos mortais de Neruda deverá acontecer em abril

neruda_perfilHá quem desconfie que o grande poeta chileno Pablo Neruda não morreu em decorrência de um câncer de próstata como conta a história oficial. Prêmio Nobel de Literatura em 1971, Neruda era filiado ao Partido Comunista Chileno e morreu 12 dias após o golpe militar que colocou o general Augusto Pinochet no poder. Em 2011, o partido do poeta, decidiu investigar a possibilidade de assassinato, depois que o ex-motorista de Neruda anunciou que o poeta havia morrido com uma injeção letal por ordem dos militares. O juiz Mario Carroza, que é responsável pelo caso, deve anunciar a data da exumação no dia 8 de março. Ela provavelmente vai acontecer em abril.

A Fundação Pablo Neruda se colocou à disposição para colaborar com a pesquisa de Carroza e informou confiar que a perícia será conduzida com o maior respeito e cuidado possível.

O corpo de Neruda está enterrado ao lado de sua terceira mulher, Matilde Urrutia, no pátio de sua casa em Isla Negra, no litoral do Chile, a 129 quilômetros de Santiago, onde hoje é o Museu Neruda.

Texto atribuído a Mário Quintana vira mantra de casamentos moderninhos

Folha de S. Paulo – 03/03/2013 – Por Roberto de Oliveira

“Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você…” Esse trecho do texto “Promessas Matrimoniais” vem causando burburinho e suspiros em casamentos.

É claro que nada disso acontece sob a tutela da igreja. Tratado como um poema, “Promessas” tornou-se uma espécie de mantra moderninho em oposição aos clássicos sermões dos padres. Caiu nas graças daquela turma que não é chegada às celebrações tradicionais, geralmente casais jovens, de perfil, digamos, “descolado”. Nesses eventos, assim como em redes sociais, sites e blogs sobre casamentos, “Promessas Matrimoniais” costuma ser atribuído ao poeta Mario Quintana (1906-1994), mas não é dele.

Foi criado em maio de 1998 pela escritora e colunista gaúcha Martha Medeiros, 52. O texto faz parte do livro de crônicas “Montanha-Russa“.

O casamento de Juliana Paes com o empresário Carlos Eduardo Baptista, no Rio, em setembro de 2008, ajudou a “bombar” “Promessas Matrimoniais” na web.

Só que a autoria estava equivocada.  Erro dos sites de celebridades, de quem realizou o casamento ou dos pombinhos?  Pastor queridinho dos famosos, Luiz Longuini, que celebrou a união da atriz, conta que sempre soube que o texto “era do Mario Quintana”.

Ele diz que Juliana Paes não sabia quem era o autor. “Depois do casamento descobri, pelo sucesso na mídia, que é da Martha Medeiros.” Hoje, Juliana Paes jura que sempre soube que o texto era de Martha. “Gosto desse texto faz muitos anos. Muito antes de pensar em me casar.”

Para a fotógrafa carioca Fabricia Soares, 36, o poema é “lindo”. “Há uma grande discussão na internet sobre a autoria. Uns dizem que é do Quintana, outros dizem que é da Martha Medeiros”, diz. Durante a cerimônia de sua união com o fotógrafo Alexandre Marques, 42, a juíza bolou um texto que emocionou a todos, um “pot-pourri” de trechos que falavam dos noivos, suas manias e amores, e, de quebra, enxertava partes de “Promessas”.

O ambiente era a tradicional confeitaria Colombo, no centro do Rio, em uma área reservada para um almoço com 12 convidados, entre amigos e parentes. Fabricia não conhecia o texto, tampouco o autor. A juíza de paz Lilah Wildhagen, 56, não incluiu no discurso a parte que trata de sexo. “Evito porque o Conselho de Ética pode vir em cima da gente”, justifica. “Apesar de o sexo ser inerente ao casamento, não é mesmo?” Às vésperas de celebrar 2.000 casamentos, Lilah conta que sempre usa trechos do texto nas cerimônias. “É uma forma de personalizar.”

A juíza pinça partes do texto com base em respostas de um questionário com 32 perguntas aplicado aos noivos antes da cerimônia. A autoria? Ela ignora. “É de um autor desconhecido. Na internet, dizem que é de Mario Quintana. Não é. Nem dele, nem da Martha Medeiros, nem de Carlos Drummond de Andrade. Apesar de a Martha ser genial”, diz ela.

Assim começa "Promessas Matrimoniais", de Martha Medeiros

Assim começa “Promessas Matrimoniais”, de Martha Medeiros

EFEITO COLATERAL

Segundo a professora Lucia Rebello, do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em toda a obra de Quintana “não existe nada sobre casamento, promessas matrimoniais e sermões”. “Mesmo o estilo do texto não tem nada a ver com a poesia de Quintana.”

Martha, a verdadeira autora, lembra que talvez a ideia de escrever a crônica tenha surgido quando ela foi a um casamento de uma amiga. Antes de entrar com os tópicos iniciados com a palavra “promete”, ela faz uma introdução na qual explica que “achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos”, mas que o sermão do padre lhe desagradava.

“Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe? [sic]’ Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões.”

Segundo a escritora, há uma série de textos creditados a ela incorretamente e textos seus atribuídos a outras pessoas. “É uma chatice com a qual a gente tem que aprender a conviver”, diz. Martha considera “impressionante” o volume de créditos errados veiculados na internet. Cita nomes como Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector, que também costumam ser “vítimas” desse “troca-troca autoral”. “Confesso que não gosto, mas não dá para fazer disso uma cruzada. É um efeito colateral da internet”, diz ela.

A escritora avisa que não gostaria de parecer “antipática”, mas que preferiria ser lida só em seus livros e nos jornais. “Além de autoria trocada, colocam enxertos, dão outros finais às histórias, criam finais melosos.”

Seja do poeta, seja da cronista, o que importa para esses casais é tentar cumprir as promessas. E ser feliz!