Arquivo mensais:outubro 2012

Acorde! É Dia do Professor!

15 de outubro é o Dia do Professor. Nem todo mundo sabe, mas tudo começou em 15 de outubro de 1827 quando D. Pedro I baixou um Decreto Imperial, criando o Ensino Elementar no Brasil. Pelo descreto, ficava determinado que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Será que naquela época os alunos também davam suas dormidinhas em sala de aula?

Gostou da tirinha acima? Então conheça os livros do Snoopy da Coleção L&PM Pocket.

E por falar em escritor chinês…

O Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi para um escritor chinês: Mo Yan. Nós não publicamos nenhuma obra dele, mas dá pra dizer que de China a gente entende. E muito. Leia o texto da editora Caroline Chang, publicado na mais recente Revista L&PM que trata justamente desse assunto: a variada gama de opções vindas diretamente das terras da grande muralha:

China para todos os gostos

Caroline Chang*

O Império do Meio sempre esteve entre os interesses da L&PM. Na década de 1990, bem antes do apogeu econômico de que a China hoje goza, a editora publicou Viajando de trem através da China, de Paul Theroux, um dos grandes nomes de livros de viagem. Theroux, já falecido, contava suas aventuras pelos quatro cantos do grande país do Extremo Oriente, no que hoje parece ser uma outra época. Nosso outro viajante célebre é Marco Polo, autor de O livro das maravilhas; neste pequeno volume, narra-se as viagens do veneziano, na segunda metade do século XIII, que tantas descobertas propiciou aos europeus sobre os costumes e as tradições chinesas.

Outro livro incontornável é Os analectos, de Confúcio. Aqui encontram-se reunidos os ensinamentos e provérbios  do grande sábio, cujo sistema ético ainda permeia o pensamento chinês. Para melhor compreender a complexa identidade chinesa, nada melhor do que se debruçar sobre a milenar, conturbada e interessantíssima história do país: em China, uma nova história, John King Fairbank e Merle Goldman recontam, de forma deliciosa, o passado e os principais momentos do país, dos primórdios até o início do século XXI; trata-se do melhor título disponível ao leitor brasileiro para se entender a formação da civilização chinesa. No atualíssimo China moderna, o sinólogo e historiador Rana Mitter fornece um breve resumo histórico, mas, sobretudo, aborda os lances mais importantes da história recente do país, como a abertura econômica e o Massacre da Praça da Paz Celestial, e explica os desafios que se impõem hoje à China. Para aqueles que se interessam por ideogramas, o volume Escrita chinesa, da francesa Viviane Alleton, desvenda as principais características desse tipo de registro.

País milenar, a China é rica em folclore. Um pouco do grande repertório chinês de histórias orais pode ser conferido em 50 fábulas da China fabulosa; a edição – bilíngue – é ilustrada por desenhos de papel de seda delicadamente recortado. Uma seleção deste título também pode ser conferido em Fábulas chinesas, da série 64 Páginas. Já Contos sobrenaturais chineses, ricamente ilustrado com bonecos de teatro de sombra (outra arte popular chinesa) dá ênfase especial para fantasmas, aparições e magia.           

Em Os anos de fartura, Chan Koonchung fornece uma visão contemporânea para a China de hoje. Banido no país e inspirado em clássicos distópicos como 1984, de George Orwell, o romance se passa na China de 2014. Chan Koonchung retrata um país hegemônico economicamente, mas sem liberdade política, e, num exercício de imaginação, reflete como seria viver nessa realidade.

Finalmente, entre os livros mais recentes, está Poemas clássicos chineses, de Li Bai (701-762), Du Fu (712-770) e Wang Wei (701-761), as mais importantes vozes da poesia clássica chinesa. Com organização e tradução do chinês feita por Sérgio Capparelli e Sun Yuqi, este livro da Coleção L&PM Pocket traz 95 poemas em edição bilíngue.

Ou seja: depois de tudo isso, dá pra dizer que a China é aqui…

* Caroline Chang é editora da L&PM e descendente de chineses. Além dos livros citados por ela, a L&PM lançará, ainda este ano, Não tenho inimigos, desconheço o ódio: escritos e poemas escolhidos, livro de Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz 2010.

 

Dez sugestões para crianças

Contos da Mamãe Ganso Recém lançado na Coleção L&PM Pocket, este livro traz os chamados “tesouros da cultura francesa”. São histórias clássicas criadas por Charles Perrault como Chapeuzinho Vermelho, Gata Borralheira e o Pequeno Polegar. Aqui, estes contos são narrados como no original. Por isso, atenção: como o final das histórias nem sempre é feliz, ele é mais indicado para crianças a partir de 10 anos.

Alice no País das Maravilhas – Clássico dos clássicos infantis, Alice no País das Maravilhas é pura fantasia, poesia e metáforas. Divertido e instigante, é um livro encantador para todas as idades que, nesta edição, com tradução de Rosaura Eichenberg, mantém de forma primorosa o espírito da obra máxima de Lewis Carroll.

Peter Pan – “Todas as crianças crescem, exceto uma.” Assim começa este outro clássico imperdível. A verdadeira história do menino que não queria crescer está narrada aqui, em Peter e Wendy seguido de Peter Pan em Kensington Gardens. Além de Peter e Wendy o livro reune todos os personagens que habitam o imaginário infantil, como Sininho e Capitão Gancho.

Peanuts completo – A série Peanuts Completo, que tem como objetivo publicar todas as tiras criadas por Charles Schulz, já chegou ao seu quinto volume. A edição de luxo, em capa dura, é um presente lindo que impressiona pela sua forma e, claro, seu conteúdo. O volume 5, com tiras de 1969-1960, traz a favorita de Schulz: “Observando as nuvens”.

Simon´s Cat – Para crianças que gostam de gatos, este livro é imperdível. Simon’s Cat apareceu pela primeira vez na internet e logo virou o maior sucesso no Youtube. Suas aventuras estão aqui neste livro que não precisa de palavras para mostrar que os gatos sabem se fazer entender. Além do formato convencional, ele também é encontrado em dois volumes pocket.

Poesia de bicicleta – Um raio de sol, uma fruta, uma brincadeira, um ditado popular. Para Sérgio Capparelli, o cotidiano é um poema em si, que se desdobra por entre as páginas de Poesia de bicicleta com a singeleza de um autor que sabe se comunicar com as crianças como ninguém. Um livro perfeito para ser lido antes de dormir.

100 melhores lendas do folclore brasileiro – Em suas 200 páginas, este livro reúne histórias transmitidas oralmente por séculos a fio, recontadas à sua maneira por cada narrador. O autor, A.S. Franchini, conta sua versão de algumas das mais emocionantes histórias do folclore nativo, nas quais o fantástico e o popular se unem para recriar relatos sobre a formação dos povos e do território brasileiro.

Deuses, heróis e monstros Deuses, heróis & monstros – As asas de Ícaro e outras histórias da mitologia para crianças oferece aos pequenos leitores dez das mais conhecidas histórias da mitologia greco-romana como As asas de Ícaro, O toque de Midas, A caixa de Pandora e Teseu e o Minotauro. Ilustrados, estes textos despertam o interesse da criança ou do adolescente pela mitologia.

Clássicos da Literatura em Quadrinhos – Uma série que já soma 10 títulos e que encanta crianças de todas as idades. Essa coleção é um grande sucesso na França e Bélgica e reúne títulos que fazem parte do patrimônio literário mundial, adaptadas para o universo dos quadrinhos por uma equipe de renomados roteiristas e ilustradores.

Contos sobrenaturais chineses – 25 contos de várias épocas da cultura chinesa, histórias muitas vezes fantásticas, ilustradas com bonecos de teatro de sombra chinês. O livro tem organização de Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz e oferece um mergulho em uma cultura milenar. Lindo, colorido e encantador.

Snoopy nos cinemas em 2015

Acaba de ser divulgado que Snoppy e sua turma serão os astros do cinema em 2015.  A Peanuts Worldwide (PWW) anunciou que fechou um contrato com a Fox e a Blue Sky para a produção de um longa-metragem de animação que vai estrear mundialmente em 25 de novembro de 2015. A data coincidirá com a comemorarão do 65º aniversário de criação de Peanuts.

A Twentieth Century Fox e a Blue Sky Studios são os mesmos distribuidores e produtores das animações “A Era do Gelo” e “Rio”. Ainda não há título para o filme do Snoopy, mas os roteiristas estão definidos e a direção será de Steve Martino, o mesmo de “A Era do Gelo 4”.

Enquanto 2015 não chega, você pode ir se divertindo com a Série Peanuts completo e com os livros de Snoopy da Coleção L&PM Pocket.

Em 2013, Frankfurt vai sambar

Via PublishNews – 11/10/2012 – Iona Teixeira Stevens

Programação paralela, eventos culturais e pavilhão de exposições vão trazer o mix brasileiro para a Alemanha.

Foi dada a largada. A Biblioteca Nacional anunciou hoje na Alemanha os planos para a participação do Brasil como país convidado na Feira de Frankfurt do ano que vem. Engana-se quem pensa que se trata apenas da preparação para uma feira de livros de cinco dias. 2013 será marcado por eventos culturais na Alemanha, com apresentações de dança, música e teatro; participação de autores brasileiro nas diversas feiras de livros do país ao longo do ano e “estações brasileiras” espalhadas pela cidade.

O Ministério da Cultura vai dedicar US$ 10 milhões para a organização da participação brasileira em Frankfurt. O montante se enquadra dentro dos US$ 35 milhões anunciados para políticas de internacionalização do livro brasileiro ate 2020. “O Brasil se preocupa em realizar uma participação que tenha efeitos de longo prazo e que não termine nos cinco dias da homenagem em 2013” disse Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional. “Até lá, teremos muito trabalho, grandes desafios a superar que nos são exigidos não apenas da Feira, como de todo o mercado editorial brasileiro, incluindo os autores e seus tradutores”, completou.

Uma exposição num pavilhão de exposições de 2.500 m2, concebida pelos cenógrafos Daniela Thomas e Felipe Tassara, é um dos pontos altos da atuação brasileira em terras germânicas. Os organizadores afirmaram em nota que o objetivo da exposição não é “‘dar conta’ do país – missão impossível – mas refletir a pujança da criação aqui, centrada num amálgama de influências em constante mutação, portanto afinada com o zeitgeit da produção cultural contemporânea nos grandes centros”.

Autores brasileiros participarão de feiras na Alemanha ao longo do ano, como as de Leipzig e Köln em marco, e Berlim em setembro. O Brasil estará presente também nos museus: o MMK, Museu de Arte Moderna de Frankfurt, e o jardim Palmengarten receberão obras de Hélio Oiticica, enquanto o museu de arquitetura alemã, em conjunto com o Instituto Tomie Ohtake e Fernando Serapião, apresentará os novos e promissores arquitetos brasileiros.

“Estações brasileiras”, espalhadas em centros culturais e instituições da cidade, promoverão eventos culturais. Outros eventos incluem a apresentação da orquestra sinfônica do estado de são Paulo, Osesp, e do pianista Nelson Freire, na abertura da Feira.

Neste domingo, no último dia da feira, o escritor Milton Hatoum receberá da Nova Zelândia, país homenageado este ano, o bastão do país homenageado – a cerimônia será transmitida ao vivo pela internet.

O açougue cultural de Brasília

Apesar do título deste post, o texto que segue não se refere a cortes políticos, mas a um açougue de verdade, desses que oferecem quilos de picanha, costela, músculo e o que mais puder se aproveitar de um boi. Localizado na cidade de Brasília, o T-Bone é o primeiro açougue cultural do país. Nele, os clientes podem pegar livros emprestados e devolver na próxima compra. A ideia nasceu em 1994, quando o dono do T-Bone, o baiano Luís Amorim, colocou uma estante de livros dentro de seu estabelecimento. Começou com 10 títulos próprios a serem oferecidos para empréstimo. Deu certo.

Amorim, que chegou em Brasília com sete anos, trabalhou como engraxate e aos 12 virou ajudante do antigo proprietário do açougue que hoje lhe pertence. Detalhe: Amorim só aprendeu a ler com 16 anos. Ao comprar o açougue com suas economias, iniciou este que é considerado um dos mais originais projetos culturais da capital nacional. Nos primeiros anos, cuidava sozinho da biblioteca improvisada. Mais tarde, conseguiu apoio de instituições públicas como a Petrobras e criou a ONG Açougue Cultural T-Bone. Foi assim que, em 2002, Luís Amorim inaugurou uma biblioteca comunitária com mais de 45 mil livros.

Em 2007, o açougue deu início ao projeto Parada Cultural – Biblioteca Popular, colocando livros em várias paradas de ônibus. Paralelo a isso, o açougueiro leitor realiza bienais de poesia, noites culturais, encontros com escritores e lançamento de livros. Iniciativas que atualmente atraem milhares de pessoas para a frente do T-Bone.

Quilos de livros: Luís Amorim em frente ao Açougue Cultural T-Bone

Foi dada a largada para a Feira de Frankfurt

A Nova Zelândia é o país homenageado deste ano na Feira Internacional do Livro de Frankfurt (Frankfurter Buchmesse 2012 em alemão ou Frankfurt Book Fair em inglês) que começou hoje, 10 de outubro, e vai até domingo, 14 de outubro. O maior evento do mercado livreiro acontece desde 1949 e, anualmente, é um pólo de encontro entre editores, agentes literários e escritores do mundo inteiro. Compartilhamos aqui algumas fotos que acabam de ser enviadas de lá pelo editor Ivan Pinheiro Machado.

O velho e o novo: o edifico da administração da Feira de Frankfurt na entrada para os pavilhões e o Stadium, prédio que resistiu aos bombardeios da ll Guerra e abriga os principais shows na cidade

Todo ano, os editores franceses promovem um coquetel de "boas-vindas" no andar dedicado à França

Os eventos já começaram

“A trégua” de Mario Benedetti

Por Nanni Rios*

Há quem olhe para a edição de bolso de A trégua, do uruguaio Mario Benedetti, e duvide de sua grandeza: são apenas 160 páginas escritas em forma de diário, com espaçamento maior aqui e ali para dar o intervalo entre os dias. Mas como tamanho não é documento, ele merece uma chance: este pequeno livro carrega uma das histórias mais emocionantes que já li. E isso sim faz dele um grande livro!

Quando me deram A trégua para ler, eu sequer conhecia Mario Benedetti. Também não me explicaram o porquê do título do livro. Mas confiei na indicação e permiti que Martín Santomé se apresentasse. Ele não é um personagem curioso, doidão ou exótico – tanto que se eu passasse por ele na rua, provavelmente não o notaria. Mas ao descrever este Martín Santomé em primeira pessoa e em tom confessional, como se faz a um diário, Benedetti fala sobre solidão de um ponto de vista que é devastador para quem lê: ele fala de dentro do vazio. E ao fazer isso, ele transporta o leitor para dentro da história – e, a partir daí, não é mais possível largar o livro.

Santomé tem 49 anos e é um homem só. Viúvo, coube a ele a educação dos três filhos, Esteban, Jaime e Blanca – dos quais sempre se sentiu distante. O emprego burocrático numa repartição comercial esmaga seus dias e ele não percebe – ou não admite. Até que aparece em sua vida a jovem Laura Avellaneda, que parece ser o que faltava para dar uma trégua na solidão e espantá-la para longe. Com Avellaneda, ele se sente capaz de viver infinitamente, de se renovar, zerar o contador e começar hoje mesmo a ser feliz. Os mais espertos já devem ter identificado: o nome disso é amor. A trégua É o amor.

Bom, não vou contar aqui o que acontece após o encontro de Santomé e Avellaneda para não estragar o desfecho surpreendente – e cruel, diga-se de passagem – da história. Mas uma coisa eu garanto: depois do redemoinho de emoções compartilhadas – com acesso irrestrito aos sentimentos de Santomé por meio de seu diário – não há como voltar incólume. Benedetti nos nega a confortável posição de simples espectador e transforma a leitura de “A trégua” numa experiência quase pessoal, algo como “mexeu com Santomé, mexeu comigo”.

Ao terminar de ler, parecia que eu tinha acabado de presenciar uma tragédia e tinha visto o culpado fugir. Mas o culpado, neste caso, era o destino, aquele que tudo pode, impiedoso e frio. E para ele, não há trégua.

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.