Arquivo mensais:junho 2012

Namorados de última hora

Você é do tipo indeciso? Que sempre deixa o presente pra última hora? Daqueles que ainda não teve tempo de pensar no Dia dos Namorados? Calma, calma. A gente tem ótimas dicas para presentear todos os tipos de amores. É só escolher o que mais combina com o seu:

PARIS: BIOGRAFIA DE UMA CIDADE – Que Paris é a cidade dos enamorados, ninguém tem dúvida. Agora, que esse livro é totalmente apaixonante, talvez você ainda não saiba. Com este presente, seu amor poderá fazer um delicioso passeio por toda a história da Cidade Luz. Ideal para os namorados que estão pensando em, quem sabe, fazer uma viagem a dois…

ON THE ROAD – O clássico beat de Jack Kerouac é uma viagem por muitas estradas e vários amores. Perfeito para os apaixonados por liberdade e que adoram o caminho da transgressão (nem que seja na literatura). Esta edição, com a capa do filme “Na Estrada”,  baseado na obra, está tão lindo quando o seu amor. Ok, ok, nada é tão lindo quanto seu amor…

ERMA JAGUAR – Este é para os amores libidinosos, quentes, pulsantes. Erma Jaguar é uma personagem insaciável, criada por Alex Varenne, que enlouquece homens e mulheres e que está inteira nesta HQ de luxo. Um livro perfeito ser levado pra cama, lido a dois e, quem sabe, servir de inspiração para deixar o seu namoro ainda mais vibrante.

SIMON´S CAT – Seu namoro é divertido? Vocês se chamam de “gatinho” e “gatinha”? Em ambos os casos, Simon’s Cat é o presente perfeito. O gato mais famoso do Youtube nem precisa de palavras pra deixar seu amor rindo à toa.

NOITE EM CLARO – Você já gastou demais este mês e ficou quase sem dinheiro para comprar o presente da sua namorada? Nada de pânico. O novo livro de Martha Medeiros, Noite em claro, faz parte da Coleção 64 Páginas e custa apenas 5 reais. Uma história cheia de amor, erotismo e surpresas. Melhor impossível.

AS GRANDES HISTÓRIAS DA MITOLOGIA GRECO-ROMANA – E já que eles tiveram uma dica pra lá de econômica, elas também recebem aqui a sua: As grandes histórias da mitologia greco-romana da Coleção 64 Páginas por apenas 5 reais. 40 pequenas histórias com personagens para presentear aquele “namorado dos Deuses”…

Caravaggio está entre nós

Acaba de chegar um novo Shakespeare na Coleção L&PM Pocket. Medida por Medida, que vem com tradução de Beatriz Viégas-Faria e apresentação de Ivo Barroso, traz na capa a imagem de um jovem cabisbaixo, contando suas moedas enquanto os outros homens à sua volta miram uma figura que, neste caso da capa, encontra-se escondida. A belíssima imagem, carregada de luz, sombra e significados é obra do grande artista italiano Michelangelo Caravaggio. A boa notícia – além da chegada de mais este título na série Shakespeare L&PM – é que, para os que ainda não sabem ou esqueceram, Caravaggio está no Brasil, mais precisamente na capital mineira. Belo Horizonte é a primeira cidade latino-americana a receber a exposição “Caravaggio e Seus Seguidores”. A maior mostra de Caravaggio na América Latina que começou em 22 de maio vai até 15 de julho e depois segue para São Paulo. São 20 pinturas não apenas de Caravaggio, mas também obras de grandes artistas seguidores do mestre como Orazio Gentileschi, Mattia Preti, Jusepe de Ribera e Giovanni Baglione. E outra boa notícia: a entrada é gratuita.

Serviço

O que: “Caravaggio e Seus Seguidores”
Quando: até 15 de julho – terça a sexta, das 10h às 21h, e aos sábados e domingos, das 14h às 21h
Onde: Casa Fiat de Cultura – Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250
Quanto: Grátis

A coisa ficou preta para Peanuts

Desde março, está no mercado internacional uma coleção chamada Black Peanuts que, como o próprio nome indica, tratou de deixar as coisas menos coloridas para Charlie Brown e sua turma – mas não menos fofas. Produzida pela Medicom Toy, os produtos que incluem cadeira Herman Miller Eames estilo concha e bonecos em versão black de Snoopy e Woodstock, foram colocados à venda com exclusividade na loja Dover Street Market Ginza de Londres.

Cadeira, bonecos e bolsas fazem parte da Coleção Black Peanuts

A loja decorada com cubos P&B de Peanuts

E para os que estão ansiosos pela chegada de Peanuts Completo 5, a boa notícia: ele já está no forno.

Aos 91 anos, morre Ray Bradbury, um grande escritor e um apaixonado por quadrinhos

Morreu nesta terça-feira, 5 de junho, aos 91 anos em Los Angeles, o escritor americano Ray Bradbury. Bradbury, que também era arquiteto e poeta, começou sua carreira literária publicando a fanzine “Futuria Fantasia” aos 18 anos. Em 1953, lançou sua obra mais famosa, “Fahrenheit 451”, que retrata uma sociedade futurista em que livros são proibidos. Ao longo de sua carreira, escreveu mais de 20 livros. No final dos anos 90, a Coleção Quadrinhos L&PM publicou duas HQs assinadas por Bradbury: O pequeno assassino e O papa-defuntos. Em O papa-defuntos, havia, na primeira página, um texto do escritor revelando toda a sua paixão pelas histórias em quadrinhos. Em homenagem a ele, compartilhamos suas palavras com vocês:

Como posso negar a influência exercida sobre minha vida pelos desenhistas de histórias em quadrinhos e suas tiras publicadas nos jornais diários? É uma longa história de amor  que começou na época em que eu tinha três anos de idade e nunca mais terminou, influenciando minha vida, minha imaginação e minha literatura.

Sem Buck Rogers, descoberto quando eu tinha nove anos, nunca teria desejado voar para o futuro com tanta intensidade. Sem as tiras coloridas de Tarzan que eram publicadas todos os domingos, nunca teria lido com tanto entusiasmo as obras de Edgar Rice Burroughs sobre a viagem de John Carter a Marte, que inspiraram, aos doze anos de idade, a minha primeira novela.

Sem os dinossauros que apareceram em 1932 nas tiras de Tarzan desenhadas por Hal Foster, assim como o filme King Kong no ano seguinte, eu não teria iniciado a apaixonante aventura que me ligou à pré-história e me levou a escrever The Beast From 20.000 Fathoms quando eu tinha trinta anos. E foi esta história que John Huston leu e que levou-o a telefonar-me para pedir que escrevesse o roteiro para Moby Dick.

Enfim, como vocês podem concluir, as histórias em quadrinhos me influenciaram profundamente e seus resultados foram incríveis. Seus efeitos se prolongam até hoje quando acabo de concluir o roteiro para Little Nemo a partir do trabalho de Winsor McKay. Sem a menor dúvida, esta oportunidade única de trabalhar sobre uma obra tão impressionante tornou-me um dos autores mais felizes do mundo.

Eu sempre quis ter uma página inteira de quadrinhos no suplemento dominical de um grande jornal diário. Mesmo assim, as minhas histórias vêm aparecendo nas revistas de quadrinhos há trinta anos, desenhadas por grandes desenhistas.

Uma de minha novelas, Frost and Fire foi recentemente adaptada pela D.C. Comics, sob responsabilidade do meu velho amigo Julius Schwartz publicada no final deste ano.

Para um velho colecionador de quadrinhos pode haver coisa melhor?

Ray Bradbury
Los Angeles
1º de maio de 1985

Jung: o encontro da natureza com o espírito

Jung decidiu se tornar psiquiatra no final dos seus estudos médicos, quando folheava o Manual de Psiquiatria, de Krafft-Ebing. Já o prefácio teve tamanho impacto sobre Jung que seu coração acelerou e ele teve de se levantar para tomar fôlego. O que o deixou mais interessado foi a descrição feita por Krafft-Ebing sobre as psicoses (transtornos mentais de grande magnitude, como a esquizofrenia e a psicose maníaco-depressiva severa, nos quais os indivíduos são privados da razão) como “transtornos de personalidade”, e sua declaração de que os livros de psiquiatria deveriam, inevitavelmente, ser impressos com um caráter subjetivo. Jung nos conta que, “num relance, como que através de uma iluminação”, viu a psiquiatria como a única profissão possível. “Somente nela poderiam confluir os dois rios do meu interesse, cavando o leito num único percurso. Lá estava o campo da experiência dos dados biológicos e dos dados espirituais, que até então eu buscara inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade. (Trecho de Jung, Série Encyclopaedia)

Jung, o fundador da psicologia analítica, morreu em 06 de maio de 1961

Livros de galho em galho

Ainda aproveitando que é Dia Mundial do Meio Ambiente, seguem sugestões de estantes que dão um toque mais natural à sala, quarto ou, claro, biblioteca. Tem pra todos os gostos.

É um par de vasos? Não, é um par de estantes...

Dá ou não dá vontade de subir por esse tronco?

Combina com uma sala moderninha

Essa é do tipo mais natural

Pro quarto das crianças

Estilo arbustinho...

Veja mais estantes arbóreas no Pinterest L&PM.

A natureza de nossos escritores

Thoreau cantou a vida nos bosques em Walden, Ibsen escreveu um libelo contra os crimes ecológicos em Um inimigo do povo, Kipling compreendeu os mistérios da vida selvagem e O livro da selva, Kerouac foi vigia de incêndios em um parque e contou sua experiência em Anjos da desolação. Muitos outros seguiram este caminho, adentrando florestas, plantando flores e árvores em nossa imaginação, declarando o amor pelos elementos da natureza e descrevendo seus contornos em livros. A todos estes escritores, a nossa homenagem sempre, mas principalmente hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia Nacional da Ecologia.

Andy Warhol fora da latinha

O artista multimídia Scott Blake criou um mural com um grande retrato de Andy Warhol feito com códigos de barras iguais aos de supermercado. Cada um dos códigos corresponde a um tipo de comida enlatada da marca Campbell’s – os códigos que formam o rosto de Andy são curvados para imitar o formato cilíndrico das latas. O jogo é simples: ao escanear um código com um leitor daqueles de supermercado, é exibido um vídeo que mostra o conteúdo de uma daquelas latas sendo consumido. Para quem sempre se limitou a apreciá-las nas telas de Andy Warhol, mas nunca teve a oportunidade de abrir uma, eis a chance de desfazer o mistério.

Em meio às latas, Scott escondeu umas surpresinhas: alguns códigos exibem outros vídeos do criador da pop art, como a famosa sequência em que ele aparece comendo calmamente um sanduíche ou ainda cenas do filme Basquiat em que Andy Warhol é interpretado por David Bowie.

Quem quiser saber mais sobre as famosas telas com as latas Campbell’s, vale ler os Diários de Andy Warhol e o volume Andy Warhol da Série Biografias, ambos publicados pela L&PM.

O filme é bêbado, mas está longe de ser chato

Por Paula Taitelbaum*

Rum: Diário de um jornalista bêbado está na Coleção L&PM Pocket

Ele às vezes dá uma cambaleada, fica meio besta, mas quando parece que vai cair, agarra a gente pelo ombro, levanta a cabeça e segue em frente. Diário de um jornalista bêbado, o filme baseado no livro (quase) homônimo de Hunter Thompson, ganhou as piores críticas na imprensa daqui e de acolá. Injustiça com o coitado… Pensemos que é preciso ter paciência com os bebuns, pois sempre há algo de engraçado, terno e verdadeiro neles. E o filme estrelado por Johnny Depp tem vários momentos que honram a memória de Hunter Thompson – para quem o diretor Bruce Robinson dedicou sua obra. A trama que conta a história do decadente jornalista Paul Kemp, que chega a Porto Rico para ocupar uma vaga em um jornal de quinta categoria, começa bem, com uma cena aérea ao som de “Volare”. A partir daí, parece que tudo vai decolar, pois há bons atores em personagens que beiram o caricato: o mau-humorado editor de peruca, o gordo fotógrafo e seu galo de briga, o sarado playboy vilão… Até que entram em cena personagens que mereciam uma direção melhor como o “perrapado” jornalista Moberg, uma espécie de lixo ambulante viciado em etanol ou ainda a semi-gostosa Chenault que, na minha opinião, fica mais atraente quando vista pela luneta do que em super close. Mas, ok, como já disse, não chega a ser um desastre aéreo.

Paul Kemp, o gordo fotógrafo e o “perrapado” jornalista Moberg em cena de "Rum Diary"

Há pontos altos como as cenas trash/cômicas de fugas desenfreadas no meio da noite, madames satãs enfeitiçando aves, viagens de substâncias acidamente alucinógenas, além de citações do tipo “Eles sabem o preço de tudo… e o valor de nada” (em um momento em que Paul Kemp cita Oscar Wilde para definir os especuladores imobiliários do Caribe). E, com boa vontade – talvez mais do que você possa ter –, dá até pra engolir os momentos românticos e suas melodias melosas. Desde que, claro, você dê um desconto ao roteirista e não se prenda ao livro original, pois nele Hunter Thompson mergulhou a relação de Kemp e Chenault em bastante rum, o que a deixou com um sabor mais acre-erótico e menos adocicado-romântico.

Minha opinião é que vale a pena ver o filme. Achei um bom programa para uma sexta à noite. Eu só não tive coragem de encarar uma dose de rum na sequência. Se eu estivesse em Porto Rico, quem sabe…

*Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.

O chifre: modo de usar

Por Xico Sá*

Como assim corno de si mesmo?

É possível?

Como aprendi, entre outras tantas lições, com o meu conterrâneo Miguel Arraes: “Meu filho, tudo é possível no mundo dos possíveis”.  Era uma coletiva no Palácio do Campo das Princesas. Jovem repórter, havia feito uma pergunta imbecil qualquer.

É possível ser corno de si mesmo? Sim. Está ai o Marques de Sade, um dos padrinhos sentimentais deste blog, que não nos deixa mentir.

Cuidado. É mais possível do que o amigo e a amiga imaginam.

Digamos que você vá a uma baile de máscaras. E lá esteja, sem que o saiba, seu marido ou a sua mulher. Você transa sem saber que é ele(a).

Eis a pista. Mais eu não conto para não estragar de tudo a leitura deste conto genial. Havia sido lançado pela Hedra, agora volta em uma edição para lá de econômica, apenas cinco mangos, na coleção de banca da L&PM.

Coleçãozinha excelente da editora de Porto Alegre. São livros de até 64 páginas, contos ou pequenos ensaios. Ideais para ler no metrô, em uma ponte aérea, no consultório.

Bela iniciativa no país dos livros caros e dos homens baratos.

“O corno de si mesmo” é da série de textos que o nobre Marquês escreveu quando estava preso na Bastilha, por volta de 1787, na França.

De si mesmo ou de outrem, amigo, algum dia faltamente seremos. Por isso o valor dessa literatura para refletir e coçar a testa. Eu recomendo.

Não há nada demais nisso. Seja você manso, complacente, quase um voyeur do chifre, como muitos personagens de Sade. Seja você um corno bravo, destemido, do tipo que sai a fazer besteiras. Inúteis besteiras. Chifre posto, nada mais nessa vida o subtrai.

Sim, caro Marçal Aquino, o amor e outros objetos pontiagudos. Acontece nas melhores famílias da Inglaterra ou do Crato.

Só um chifre, aliás, humaniza um macho. Só um chifre tira a nossa arrogância falocrática.

E já que falamos de filosofia de pára-choque, fica aqui um clássico: chifre é para homem, boi usa de enxerido.

Relaxa.

*Xico Sá é escritor e jornalista. O texto acima foi publicado originalmente na sua coluna de Folha.Com no dia 01 de junho de 2012.