Arquivo mensais:janeiro 2012

“Adultérios” novamente em cartaz

A cortina sobe num dia cinzento em Nova York. Pode haver até um pouco de nevoeiro. O ambiente sugere um ponto isolado próximo das margens do rio Hudson, onde as pessoas podem se apoiar sobre o parapeito, observar os barcos e ver a praia de New Jersey. Provavelmente entre as ruas 70 e 80 Oeste. Jim Swain, escritor, com idade entre quarenta e cinquenta anos, está esperando nervoso, conferindo o relógio, andando de um lado para outro, tentando ligar para um número no celular, sem resposta. Está claramente esperando por alguém. Esfrega as mãos, confere se está chovendo e talvez puxe a gola do casaco um pouco para cima ao sentir ao menos uma névoa úmida. Em seguida, um homem grande, sem-teto, com barba por fazer, um morador de rua mais ou menos da idade de Jim, passa meio que de olho nele. Seu nome é Fred. Fred acaba se aproximando de Jim, que está cada vez mais consciente da presença dele e que, embora não esteja exatamente com medo, fica desconfiado por estar numa região erma com um sujeito grande e mal-encarado. Acrescente-se a isso o fato de Jim querer que seu encontro com quem quer que ele esteja esperando seja muito em particular. Afinal, Fred puxa conversa.

Assim começa a primeira peça de Adultérios (Coleção L&PM Pocket), livro de Woody Allen que apresenta três deliciosas e divertidas histórias que se passam em Nova York e seus arredores e trazem os mais legítimos personagens de Allen. Em julho de 2011, pela primeira vez no Brasil, Adultérios foi encenada no Brasil e marcou a volta do ator Fabio Assunção ao teatro. No elenco, estão também Norival Rizzo e Carol Mariottini e a direção e adaptação é de Alexandre Reinecke. Depois da temporada, a peça volta em cartaz a partir de 20 de janeiro no Teatro Tuca em São Paulo(www.teatrotuca.com.br) e fica até 25 de março. O Tuca tem parceria com a PUC SP e, por isso, professores, alunos e funcionários da instituição pagam apenas R$ 10,00 pelo ingresso.

Fabio Assunção em mais uma temporada de "Adultérios", de Woody Allen

O diretor Alexandre Reinecke optou por alternar Fábio Assunção e Norival Rizzo nos papéis do mendigo Fred e do escritor Jim Swain que, no início da peça, espera sua amante com a intenção de terminar o relacionamento com ela. Fred, esquizofrênico e inteligente, puxa conversa com ele e, lá pelas tantas, acusa Jim de ter roubado sua história para escrever o roteiro de seu filme (que é sucesso de bilheteria). Como essa história termina? Bom, nesse caso, só lendo o livro e assistindo à peça. Ou melhor: fazendo os dois.

Turma da Mônica ganha prêmio na China

Foi em 2007 que Mônica e seus amigos chegaram ao país de Mao. De lá pra cá, foram muitos quadrinhos e aventuras que coloriram e animaram os pequenos chinesinhos. No ano passado, foi publicado pela editora Sun Ta Publications, de Hong Kong, um livro de 240 páginas em que os personagens de Mauricio de Sousa protagonizam 14 dos mais famosos contos de Andersen, Grimm e Perrault, entre eles, A bela adormecida, Chapeuzinho vermelho, Cinderela, O gato de botas e Rapunzel. Um livro que, terça-feira, 17 de janeiro, recebeu o Prêmio Bing Xin, nome de uma consagrada escritora chinesa falecida em 1999 com quase 100 anos e cuja carreira literária era voltada para crianças. Com essa importante premiação, o livro de Mauricio passa a integrar a lista de obras recomendados para escolas pelo fórum chinês de leitura infanto-juvenil do século 21.

E para os adoradores da Turma da Mônica, uma boa notícia: vem aí mais dez títulos na Coleção L&PM POCKET.

63. A edição comemorativa do Fantasma

O blog da L&PM Editores concedeu férias ao editor Ivan Pinheiro Machado*. Sendo assim, o “Era uma vez… uma editora”, série de posts assinados por ele e publicados neste espaço todas as terças-feiras, será um pouco diferente até o final de janeiro. Neste período, mostraremos alguns livros que fazem parte da memória da editora. Como “Fantasma – Os piratas de Singh”, livro publicado em 1986.

Há exatos 76 anos, em 17 de janeiro de 1936, foi publicada a primeira tira do personagem The Phanton (O Fantasma), criado por Lee Falk com a ajuda do desenhista Ray Moore. Em 1986, a L&PM lançou uma edição que comemorava os 50 anos deste lançamento: “Fantasma – Os piratas de Singh / 1936”. O livro – o primeiro de uma série de Fantasmas publicados com o selo “Quadrinhos L&PM” – trazia uma introdução do também célebre ilustrador francês Jacques Lob. “De onde vem essa fascinação extraordinária? Da sedução da roupa, a malha vermelha e justa que evidencia sua musculatura possante? Por causa de seu esplêndido maiô listrado? De seu cinturão de couro negro, tão belo quanto um porta-ligas, com seus dois coldres que descem até metade das coxas? (…)” escreveu Lob.

Segundo a Enciclopédia dos Quadrinhos, Ray Moore foi o primeiro desenhista do personagem criado por Lee Falk e teve uma vida tão misteriosa quanto a do herói que ele ajudou a dar vida em 1936. E nem ele, nem Lee Falk imaginavam que O Fantasma se tornaria o sucesso que se tornou.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em quase quatro décadas de L&PM. Este é o sexagésimo terceiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Pinturas tão “ridículas” que arrancavam gargalhadas da multidão

Acostumados ao padrão acadêmico e suas rigorosas regras técnicas, os parisienses achavam que aqueles “borrões” feéricos e multicoloridos, sem a precisão de um desenho real, fossem apenas uma brincadeira. Era 1874. Os quadros que se apresentavam no “Salão dos Recusados” tinham sido renegados pela academia. Logo, os risos cessariam. Daí para frente, tudo seria permitido. Não haveria mais limites para a imaginação humana.

Para entender melhor a impressão que aqueles quadros causaram – e como eles acabaram dando início a uma grande revolução – leia Impressionismo, de Dominique Lobstei, título da série Encyclopaedia, Coleção L&PM Pocket.

Clássica e moderna, avançada e estagnada. A velha China é o futuro?

Sem liberdade política e com toda a liberdade econômica. Onde comunistas e milionários se cruzam pelas ruas abarrotadas por um bilhão e trezentos milhões de chineses. Uma economia hiper hightech, mas que ainda utiliza trabalho escravo. Confúcio, Marx, Apple e McDonalds são apenas alguns dos ingredientes que compõem este caldeirão complexo do país que mais cresce no mundo. Ninguém escapa dos chineses… da camisa Ralph Lauren à TV de alta definição, passando pela bolsa Louis Vuitton, o sapato, o jeans, o amortecedor do seu carro…

Para entender melhor este mundo tão distante e ao mesmo tempo tão próximo – e descobrir como foi criado este “monstro”, leia China moderna, de Rana Mitter, título que é uma parceria da Oxford University Press com a série Encyclopaedia, Coleção L&PM Pocket.

Terça-feira negra: quando a maior economia do mundo virou pó

O crash foi sentido em 29 de outubro de 1929. Uma terça-feira que ficaria para sempre conhecida como “Black Tuesday”. Neste dia, a bolsa de Nova York quebrou, afundando fortunas e levando muitos ao fundo do poço. Foi o maior desastre financeiro jamais visto no mundo capitalista. O sinistro fantasma da Grande Depressão que veio em seguida, serviu de exemplo para que a pesada crise financeira de 2008 não repetisse a catástrofe e acabasse com a economia mundial.

Para entender melhor como tudo isso aconteceu, leia A crise de 1929, de Bernard Gazier e entenda o verso de La Fontaine que se encaixa com perfeição para definir aqueles dias negros: “Nem todos morriam, mas estavam todos contaminados”. Título que faz parte da série Encyclopaedia, Coleção L&PM POCKET.

Nem sombra de Sherlock Holmes?

É preciso boa vontade para ver uma sombra do verdadeiro Sherlock Holmes no novo filme de Guy Ritchie. Mas sombra é algo que, no apagar das luzes, vai embora. E é justamente essa a sensação que se tem no dia seguinte: findo o filme, parece não sobrar nada do personagem original criado por Conan Doyle. Se no filme anterior, Ritchie nos surpreendia com efeitos visuais impactantes, aqui eles aparecem tantas vezes que soam como uma piada repetida à exaustão. Ou seja, não tem mais graça. O que leva a crer que as risadas vindas das cadeiras iluminadas por celulares adolescentes (será que eles ficam tuitando durante o filme?) só são ouvidas porque aqueles jovens nunca leram o verdadeiro Sherlock Holmes. E vamos combinar que este filme tinha ainda mais possibilidade de se dar bem, já que coloca em cena o arquiinimigo do detetive, o Professor Moriarty. Aliás, Guy Ritchie teve a chance de, na sequência final, terminar seu filme à la Conan Doyle, exatamente como o escritor encerra o conto “O problema final” do livro Memórias de Sherlock Holmes. Na época em que Doyle criou este conto, ele não aguentava mais escrever sobre seu personagem mais famoso, de cujo sucesso havia virado refém. Então, ele o fez despencar num penhasco sem fundo, abraçado ao seu mais importante e impactante rival (cujo nome, aliás, dizem que teria inspirado Jack Kerouac na hora de batizar o herói de On the Road, Dean Moriarty). Mas não é o que acontece na tela… Embora Guy Ritchie  também nos dê a impressão de que, neste segundo filme, ele estava louco para se livrar do genial Sherlock, parece que o diretor, ex-marido de Madonna, preferiu explicar a piada. Pra quem não quer chorar (e não é chorar de rir!) com o resultado, aconselho comprar algum livro – são muitas as opções –  de Sherlock Holmes. Sai mais barato do que o ingresso de cinema. E, nas páginas, ele permanece vivo, ao contrário do que, no fundo, acontece em “Jogo de sombras”, um filme pra lá de descartável… (Paula Taitelbaum)

"A morte de Sherlock Holmes", desenho de Sidney Paget que foi feito para a edição original de "Memórias de Sherlock Holmes", de 1894

Peanuts até os ossos

Você já parou para pensar como seria o esqueleto de Charlie Brown e seus amigos? O ilustrador Michael Paulus, sim. Há alguns anos atrás, ele desenhou a turma de Peanuts por dentro. Pena que Snoopy e Woodstock parecem não ter entrado na brincadeira…

E vem mais Peanuts por aí: em março, chega o volume 5 de Peanuts Completo. E para conhecer tudo o que a L&PM publica com a assinatura de Charles Schulz, clique aqui.

Verbete de hoje: Alex Varenne

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o francês Alex Varenne (1939)

A rigor, Alex Varenne sempre deve ser associado à figura de seu irmão, Daniel (nascido em 1937). O primeiro é ilustrador, o segundo, óbvio, roteirista. Juntos, os Varenne, segundo um crítico francês, “vêm fazendo nos quadrinhos o que Balzac fez com sua Comédia humana”. Divulgadíssimos fora da França, quer pelo estilo gráfico de grande originalidade utilizado por Alex e as narrativas cínico-eróticas de Daniel, os álbuns e as histórias dos Varenne estão até no Brasil. Os primeiros trabalhos deles foram publicados nas páginas de Charlie (1979), no ciclo Ardeur. Mais tarde se transferindo para o L’Echo des Savanes, os Varenne criaram a série “Carré Noir Sur Dames Blanches”. Mais tarde, para a mesma revista, vieram as aventuras (noturnas e eróticas) de Erma Jaguar, onde, em certo momento, participava uma figura muito parecida com a “deputada” Cicciolina. Alex é um ilustrador notável. Seus desenhos, impressos em preto e branco, quando recebem tratamento de cor, ganham nuances plásticas da melhor categoria. No Brasil, depois de algumas histórias avulsas publicadas pela Circo, os trabalhos dos Varenne foram para a coleção “Opera Erótica” da Martins Fontes, em álbuns de luxo: A visita, Mulheres de sonhos em quadros sonhados, Corpo a corpo e Erma Jaguar. A personagem que ganhou maior continuação foi a de Erma Jaguar, publicada na Argentina pela revista Super Sex. Nessa mesma publicação, saiu a série “Velada de Escombros”, material inédito em Portugal e no Brasil.

No final de fevereiro, a L&PM publicará "Erma Jaguar" álbum com todas as histórias da personagem de Alex Varenne