Patti Smith lê Virginia Woolf

Neste vídeo, Patti Smith presta uma bela homenagem à Virginia Woolf declamando um trecho de As ondas, acompanhada pelo piano e pela guitarra de seus filhos Jesse e Jackson:

A admiração de Patti Smith pela autora de Mrs. Dalloway não é de hoje: o álbum “Wave”, de 1979, foi batizado assim em homenagem à Virginia. Além disso, a exposição “Patti Smith: Camera Solo”, realizada em 2011, exibia fotos feitas por Patti na casa onde Virginia se refugiava durante suas crises de depressão, em Sussex. Uma das fotos mostra o Rio Ouse, onde a escritora se suicidou em 26 de março de 1941:

O Rio Ouse, em Sussex, na foto de Patti Smith (2003)

Chegou “Mrs. Dalloway” na Coleção L&PM Pocket!

Acaba de chegar aqui na L&PM o clássico Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, com nova tradução de Denise Bottmann. Passado num só dia, o romance é cheio de vaivéns, misturando, além disso, discurso direto e discurso indireto livre. Com Mrs. Dalloway, considerado por muitos sua obra mais importante, Virginia Woolf comprovou que ações corriqueiras do dia-a-dia, como comprar flores, por exemplo, podem ser tema de grande arte, e que a vida e a morte acompanham todos os momentos da existência humana.

“Guerra e paz” em seis episódios na BBC

A emissora britânica BBC vai transformar a história de Guerra e paz, de Leon Tolstói, em uma série para televisão, que será exibida em seis capítulos e tem estreia prevista para 2015. A adaptação está sendo feita pelo roteirista Andrew Davies, que tem no currículo as séries Orgulho e preconceito e Razão e sentimento.

“Não é apenas um grande romance, é uma leitura maravilhosa que vai render uma série maravilhosa. Uma história emocionante, divertida e comovente de amor, de guerra e de vida familiar”, disse Davies em entrevista ao jornal The Guardian.

Com apenas 6 episódios para explorar uma obra de mais de mil páginas, ele teve que fazer algumas escolhas: as longas e detalhadas descrições do contexto histórico, por exemplo, serão resumidas e o foco da adaptação será a história das quatro famílias.

Esta é a segunda vez que a BBC adapta o épico de Tolstói para a TV: na versão que foi ao ar em 1972, Anthony Hopkins vivia o protagonista Pierre Bezukhov.

O DVD com a versão de "Guerra e paz" da BBC feita em 1972

Exposição em Londres mostra fotos inéditas de Andy Warhol

As famosas polaroides de Andy Warhol fazem sucesso por onde passam, reunindo multidões em exposições pelo mundo, como a que estreou esta semana na Privatus Gallery, em Londres, com fotos inéditas do rei do pop, além de algumas poses já conhecidas de Mick Jagger, Arnold Schwarzenegger, Liz Taylor e outras celebridades. Os registros que Andy Warhol fez com a sua Polaroid Big Shot retratam pessoas famosas em cenas cotidianas (e até íntimas) e em situações e poses bem diferentes das que estamos acostumados a vê-las. Talvez por isso este trabalho seja tão interessante e venha ganhando destaque na mídia britânica.

As fotos da exposição pertencem ao colecionador James Hedges e ficam na Privatus Gallery até 11 de março. Mas se você não tem planos de ir a Londres nos próximos dias, conheça o livro América, que reúne fotos de celebridades clicadas por Andy Warhol.

Domingos Paschoal Cegalla, o mágico das palavras, faleceu no dia 8 de fevereiro

Foi na sexta-feira antes do Carnaval, 8 de fevereiro de 2013, que o professor Domingos Paschoal Cegalla partiu. Faleceu aos 92 anos, no Rio de Janeiro, de pneumonia e falência renal. Catarinense nascido em um distrito de São João Batista, Domingos aprendeu grego, latim, italiano e francês durante os anos em que esteve em um seminário em Curitiba. Acabou desistindo de ser padre e foi cursar letras. Gostava de descobrir coisas novas, como costumava dizer e devorava livros no idioma de Sófocles. Aliás, foi pela tradução de Édipo Rei que, em 2001, ele ganhou o prêmio Jabuti de tradução. Do grego para o português, verteu também Antígona e Electra.

Além de professor e tradutor, Domingos Cegalla foi poeta, romancista e autor de dezenas de livros de português e gramática. Dele, a L&PM publica, em parceria com a Lexikon Editora Digital, o Dicionário de dificuldades da língua portuguesa.

Há cerca de um ano atrás, no início de fevereiro de 2012, falamos com Carlos Augusto Lacerda, sócio administrador da Lexikon, sobre a possibilidade de entrevistar o professor Cegalla a respeito deste dicionário, então recém chegado  à coleção L&PM Pocket. Por email, Carlos Augusto respondeu que, apesar de lúcido aos 91 anos, o professor não usava email e, portanto, melhor seria se preparássemos uma lista de perguntas que o o próprio Carlos Augusto encaminharia a ele para serem devolvidas por escrito.

E foi o que fizemos.

Não muito tempo depois, chegaram até nós as páginas escaneadas que traziam uma caligrafia caprichada e levemente tremida. Manuscritos que, hoje, lamentando a morte do “mágico do livro didático atraente” como a revista Veja o chamou em 1983, compartilhamos aqui neste blog. (Para ler a entrevista com as perguntas e respostas clique aqui)

A primeira página de três. Clique para ampliar

A página 2

A página 3

Domingos Paschoal Cegalla era casado com Dona Dalva. Teve quatro filhos e dois netos. A missa do sétimo dia será hoje (15/2), às 18h30, na Igreja Santa Mônica.

Filme baseado em “On the road” acaba de chegar às locadoras do Brasil

Você perdeu “Na Estrada”, de Walter Salles, no cinema? Gostou tanto que quer ver de novo? Então corra à locadora mais próxima e alugue o DVD ou Blu-ray do filme baseado em On the Road, de Jack Kerouac. A distribuidora Playarte anunciou que ele já está disponível para locação em todo o Brasil. E para completar, tem promoção no Facebook e Twitter da L&PM que vai dar Blu-ray de presente. Vai lá ver…

Instituto Moreira Salles negocia acervo de Millôr Fernandes

A Revista Veja desta semana informa que o Instituto Moreira Salles está negociando a compra do extenso acervo deixado por Millôr Fernandes. Originais, manuscritos e a biblioteca do “filósofo do Méier”, que faleceu no ano passado, estão sendo avaliados.

Pensamento final, de todo mundo: “Mas já? E por que eu? Por que tão cedo? Por que assim? Por que pra sempre? (Millôr Fernandes em Millôr definitivo – A Bíblia do Caos)

110 anos do nascimento de Georges Simenon

Georges Joseph Christian Simenon nasceu nas primeiras horas do dia 13 de fevereiro de 1903, uma sexta-feira, na cidade de Liège na Bélgica. Mas por serem superticiosos, seu pais, Desiré e Henriette, não gostaram da ideia de ter o primogênito nascido numa sexta-feira 13 e registraram seu filho como nascido às 23 horas e 30 minutos do dia 12 de fevereiro. Se foi isso que deu sorte à carreira literária de Georges Simenon, não se sabe. Mas que seu principal personagem, o comissário Maigret, até hoje é um sucesso, isso não se discute.

Simenon lançou seu primeiro romance, Au pont des arches, em 1921 com o pseudônimo de Georges Sim. Em meados dessa década, ele mudou-se para Paris, foi estudar Belas-Artes, casou-se pela primeira vez, foi trabalhar como secretário particular e conheceu o marquês Raymond d’Estutt de Tracy, dono de Paray-le-Frésil, propriedade que depois tornou-se, na ficção, Saint-Fiacre, local de nascimento do comissário Maigret.

Para sobreviver, Simenon escreveu romances populares – histórias melosas ou relatos de aventuras – em ritmo industrial e sob os mais diversos pseudônimos: Jean du Perry, Georges Sim, Christian Brulls, Luc Dorsan, Gom Gut, Georges Martin-Georges, Georges d’Isly, Gaston Vialis, G. Vialo, Jean Dorsage, J. K. Charles, Germain d’Antibes, Jacques Dersonne.

Em 1929, o comissário Maigret fez sua primeira aparição, na história Train de nuit, ainda num papel secundário, e ainda escrito sob pseudônimo (Christian Brulls). Mas em 1930, no folhetim La maison de l’inquiétude, Maigret foi responsável por um inquérito do início ao fim. A partir daí, viriam 75 histórias com o comissário considerado o mais humano dos detetives da literatura.

Na vida pessoal, Simenon foi uma figura polêmica. Enfureceu ex-esposas, teve várias amantes e declarou em uma entrevista a Frederico Fellini que chegou a ter relações com 10.000 mulheres. Mesmo que este número não passe de fantasia, não se pode dizer que Simenon não tenha aproveitado os seus mais de 80 anos de vida.

O sedutor Georges Simenon e seu inseparável cachimbo

A Coleção L&PM Pocket publica mais de 60 títulos do comissário Maigret, assinados por Georges Simenon.

Autor de “O papa é culpado?” diz que o papa Bento XVI poderá ser indiciado

Em 2011, a L&PM Editores lançou o polêmico livro O papa é culpado?, do jornalista britânico Geoffrey Robertson. Agora, com a renúncia do Papa Bento XVI, a obra de Robertson voltou à mídia e todos querem saber sua opinião sobre o caso. Veja abaixo uma matéria publicada no Portal Terra a partir de um artigo publicado escrito por ele no jornal britânico The Independent:

Portal Terra – 12/02/2013

Especialista: Bento XVI pode responder na Justiça por crimes da Igreja

Autor do livro O Papa é o Culpado? (L&PM – 2011), que discute supostos crimes cometidos pelo Vaticano, o jornalista britânico Geoffrey Robertson, especialista em temas relacionados ao catolicismo, acredita que, ao renunciar ao pontificado, Joseph Ratzinger poderá responder na Justiça por abusos que a Igreja Católica teria cometido durante sua gestão.

“Como um chefe de Estado – o que, na prática, é o Vaticano – o papa Bento XVI tem imunidade. Mas isso mudará após sua renúncia. Muitas vítimas molestadas por padres protegidos pelo Cardeal Ratzinger gostariam de processá-lo pelos estragos de sua negligência. Ao sair do Vaticano, um tribunal cuidará desses casos”, escreveu Robertson em artigo publicado no jornal The Independent

O texto, entitulado “O Papa pode renunciar, mas não apagará sua cumplicidade com os crimes da Igreja”, aponta que  Ratzinger teria responsabilidade em “crimes contra a humanidade” desde 1981, quando passou a comandar a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão do Vaticano que fiscaliza a conduta dos padres. De acordo com o jornalista, embora os arquivos daquele tempo sejam sigilosos, cartas do alemão surgiram em vários processos judiciais nos Estados Unidos, sempre defendendo padres pedófilos e estupradores. 

“Não há como negar o fato de que o sistema mundial de encobrir casos de crimes sexuais cometidos por clérigos foi arquitetado pela CDF sob Cardeal Ratzinger”, disse o teólogo suíço Hans Kung, em carta aberta divulgada em 2010, mencionada no artigo de Robertson.​

O texto denuncia como pior caso o do padre americano Maciel, descrito como bígamo, pedófilo e viciado em drogas, que teria tido seus crimes encobertos por se tornar um amigo próximo do então papa João Paulo II. Ratzinger teria em suas mãos provas contundentes na época, mas as omitiu. Quando se tornou Papa, ele teria toda a autoridade para puni-lo, mas preferiu sugerir apenas que Maciel se aposentasse. 

Entre outros ataques, o jornalista britânico classifica o papa Bento XVI como “inimigo dos direitos humanos” por “trinta anos de ‘vistas grossas’ a violações contra milhares de crianças”. Para ele, a renúncia apenas seria positiva se assumida como uma compensação por seus crimes. 

Na Páscoa de 2010, Geoffrey Robertson escreveu um breve comentário para o Guardian e o Daily Beast, no momento que era esperado que o papa Bento XVI comentasse (embora não o tenha feito) a crise em sua Igreja causada pelas revelações no mundo todo de abusos sexuais cometidos por padres. Robertson argumentou que os casos de estupro e assédio sexual cometidos contra crianças de forma ampla e sistemática poderiam ser configurados como crimes contra a humanidade, e que o líder de qualquer organização que proteja seus membros criminosos da justiça poderia ser responsabilizado em um júri internacional. Explicou também que a tese de inimputabilidade do papa por ser um chefe de Estado – da Santa Sé, no caso (uma ideia usada recentemente em sua defesa pelo governo Bush em tribunais dos Estados Unidos) – estava aberta a sérios questionamentos, uma vez que tem como base o parco acordo feito com Mussolini em 1929, o que não se compara à soberania das nações independentes.

Antes da publicação do artigo, o próprio Robertson acreditava que suas palavras passariam despercebidas e que logo cairiam no esquecimento. Mas um ousado subeditor decidiu publicar seu texto com a manchete “Colocando o papa na mira“. Foi uma ideia corajosa que transformou imediatamente o artigo em notícia internacional. E de notícia internacional, ele virou livro. The case of the pope é o título original de O papa é culpado?, o polêmico, revelador e perturbador livro de Geoffrey Robertson. 

Robertson não é o único que, através de seu trabalho, luta a favor dos direitos humanos e tenta mostrar que o Vaticano tem sua parcela de culpa. Em 1933, Diego Rivera retratou o papa pró-fascista Pio XI abençoando Mussolini, enquanto seu esquadrão da morte assassina o parlamentar democrata Matteotti.

Vale a pena ler "O papa é culpado?"