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L&PM na Bienal do Livro de Minas

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Vai até domingo, 24 de abril, a Bienal do Livro de Minas em Belo Horizonte. Além de um mundo de livros, há encontros, debates e bate-papos com a participação de muitos escritores, entre eles duas autoras da L&PM: Martha Medeiros que participa de bate-papo e Graciela Mayrink que fará sessão de autógrafos.

Martha2_baixaMARTHA MEDEIROS no evento
“O amor em tempos apressados”
23 de abril às 16:30 no Pavilhão de Feiras

Martha Medeiros  e Xico Sá
– Mediação João Pombo Barile

Os relacionamentos amorosos são fontes inesgotáveis para a literatura. Sejam em crônicas, romances, poemas. Na literatura brasileira, muitos autores partem dos relacionamentos para tecer painéis bem-humorados e divertidos sobre as dificuldades e alegrias de se viver um grande amor.

Acesso: as senhas para o bate-papo serão distribuídas 1 hora antes de cada sessão, no balcão localizado em frente ao Café Literário. Será distribuída 1 (uma) senha por pessoa.

Arte_Final_Quando_o_Tempo_Sumiu.inddGRACIELA MAYRINK em sessão de autógrafos
23 de abril às 14h no estande da Livraria Leitura

Graciela autografa Quando o vento sumiulivro que publica pela L&PM.

“Mogli – O menino lobo”, já está entre nós

“Mogli – O menino lobo”, o novo filme da Disney baseado em “O livro da selva”, de Rudyard Kipling, já chegou aos cinemas. Além das cópias legendadas (com vozes de gente como Ben Kingsley, Bill Murray e Scarlett Johansson), há a versão dublada que traz atores nacionalmente reconhecidos. Neste vídeo, você confere quem dubla as principais vozes do filme e assiste ao trailer dublado.

Prefere ver o trailer legendado ou quer ver como é a versão original? Então assista aqui:

O novo Mogli vem recebendo ótimas críticas, como as publicadas na Folha de S. Paulo e no site G1:

“Graças aos óculos escuros obrigatórios para a versão 3D –  primorosa, aliás -, muito marmanjo vai poder chorar na frente dos filhos sem ser desmarcarado. (…) Com atores como Ben Kingsley, Bill Murray, Scarlett Johansson e Christopher Walken nas vozes dos animais, o trabalho de fazer os lábios dos bichos gerados digitalmente se movimentarem exatamente como fariam se formassem aquelas sílabas deixa tudo mais verossímel. Sim, verossímel. Durante uma hora e 45 minutos, dá para acreditar completamente que aqueles bichos falam e pensam daquela maneira. (…) Por fim, o garoto. Neel Sethi, nova-iorquino de origem indiana escolhido para ser o único de carne e osso nessa aventura cinematográfica, é uma revelação. Um bom ator, que não deixa a peteca cair, não faz gracinha para a câmera e nem parece atuar. É um menino-lobo, à vontade entre os seus, os outros bichos da selva, e com o lugar e as condições em que passou quase toda a vida. “Mogli” é uma experiência mágica: o longa-metragem animado preferido da infância virar um filme para adulto nenhum botar defeito não é uma coisa qualquer.” (Folha de S. Paulo que avaliou o filme como “ótimo”)

“Serei bem sincero. Quando a Disney anunciou faria um novo “Mogli – O menino lobo”, com atores e computação gráfica, fui um dos primeiros a torcer o nariz. A animação de 1967 é um dos grandes clássicos desenhados à mão do estúdio, e a última produção supervisionada pelo próprio Walt Disney, mas tem uma narrativa que não envelheceu tão bem. Eu tinha medo de que os erros se repetissem e a regravação se tornasse desnecessária. Com a estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (14), posso dizer que felizmente estava enganado. O diretor Jon Favreau, responsável pelos dois primeiros filmes do Homem de Ferro para a Marvel, amadurece com habilidade a estrutura do desenho, enquanto mantém a leveza e a diversão características das animações Disney. O enredo ainda é o mesmo. (…) A estrutura original, que mais parecida uma sequência de esquetes, dá lugar a um roteiro mais completo, preocupado em explicar melhor as motivações de cada personagem. Claro, ainda não dá bem pra entender por que uma pantera ignoraria seus instintos naturais e entregaria um bebê humano para uma alcateia, mas quase tudo se explica. Até o ódio pessoal que o vilão, o tigre de bengala Shere Khan, nutre pelo homem recebe mais atenção. Mérito do roteirista Justin Marks, que se inspirou bastante nos contos originais escritos por Rudyard Kipling no final do século 19 para contar essa clássica história de amadurecimento para um público moderno acostumado a uma linguagem mais completa. (Site G1 – Cesar Soto)

A L&PM publica “O livro da selva“, de Rudyard Kipling, em dois formatos:

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As últimas palavras de Galeano

Vem aí “O caçador de histórias”, livro inédito deixado pelo escritor uruguaio. Leia a seguir a matéria publicada pelo Jornal O Globo no dia 13 de abril, data de um ano da morte de Eduardo Galeano. O jornal publicou ainda trechos do novo livro que tem tradução de Eric Nepomuceno e que será lançado pela L&PM em breve.

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Eric Nepomuceno e Eduardo Galeano

Jornal O Globo – Por Guilherme Freitas

RIO — Morto em 13 de abril de 2015, aos 74 anos, Eduardo Galeano dedicou seus últimos meses ao que mais gostava de fazer: escrever. As palavras finais do autor uruguaio estão reunidas no livro “O caçador de histórias”, que chega este mês às livrarias dos países de língua espanhola. O lançamento no Brasil está previsto para o fim de maio, pela editora L&PM, em tradução de Eric Nepomuceno, amigo do escritor por mais de quatro décadas.

Com textos curtos e poéticos, entre o ensaio e a ficção, “O caçador de histórias” é uma amostra de estilo e temas que marcaram a obra de Galeano. Em um fragmento, o autor de um dos livros de cabeceira da esquerda no continente, “As veias abertas da América Latina” (1971), recorda a ocasião em que ouviu do chileno Salvador Allende, anos antes de sua morte no golpe de Pinochet, uma frase profética: “Vale a pena morrer por tudo isso que, sem existir, não vale a pena viver”. Outros textos evocam mitos e tradições dos povos indígenas da América, matéria-prima de clássicos de Galeano, como a trilogia “Memória do fogo”.

Um tema que atravessa o livro é a celebração da “paixão inútil” pela escrita: “Meus mestres foram os admiráveis mentirosos que nos cafés se reuniam para encontrar o tempo perdido”, diz. Nos últimos textos, escritos quando ele combatia um câncer no pulmão, surgem reflexões pungentes sobre a proximidade do fim: “O sol nos oferece um adeus sempre assombroso, que jamais repete o crepúsculo de ontem nem o de amanhã”.

Tradutor do primeiro texto de Galeano publicado no Brasil, o conto “O monstro meu amigo”, em 1974, Nepomuceno foi responsável desde então por mais de uma dezena de títulos do uruguaio no país. “O caçador de histórias” foi o primeiro em que não revisou cada palavra com o amigo. Nepomuceno selecionou os trechos publicados a seguir como uma homenagem a Galeano no primeiro aniversário de sua morte.

— Se Eduardo era de uma exigência sem tréguas na hora de escrever, mais exigente ainda era na hora de revisar a tradução. Negociávamos cada palavra, cada frase — diz Nepomuceno. — O vazio deixado por ele é imenso. Sou órfão desse meu irmão que a vida me deu. Cada palavra desta tradução foi negociada na sua ausência. Espero ter honrado a nossa parceria de 42 anos.

POR QUE ESCREVO/II

Se não me engano, foi Jean-Paul Sartre quem disse:

Escrever é uma paixão inútil.

A gente escreve sem saber muito bem por que ou para que, mas supõe-se que escrever tem a ver com as coisas nas quais a gente acredita da maneira mais profunda, tem a ver com os temas que nos desvelam.

Escrevemos tendo por base algumas certezas, que tampouco são certezas full-time. Eu, por exemplo, sou otimista segundo a hora do dia.

Normalmente, até o meio-dia sou bastante otimista. Depois, do meio-dia até as quatro, minha alma despenca para o chão. Lá pelo entardecer ela se acomoda de novo no seu devido lugar, e de noite cai e se levanta, várias vezes, até a manhã seguinte, e por aí vamos…

Eu desconfio muito dos otimistas full-time. Acho que eles são um resultado dos erros dos deuses.

Segundo os deuses maias, todos nós fomos feitos de milho, e por isso temos tantas cores diferentes, tantas como tem o milho. No Brasil, talvez nem tantas, mas no resto da América, sim: milho branco, amarelo, avermelhado, marrom, e por aí vamos. Muitas cores. Mas antes houve algumas tentativas muito desleixadas, que deram bem errado. Uma delas teve como resultado o homem e a mulher feitos de madeira.

Os deuses andavam chateados e não tinham com quem conversar, porque aqueles humanos eram iguais a nós mas não tinham o que dizer nem como dizer se tivessem o que dizer, porque não respiravam. Não abriam a boca. E se não respiravam nem abriam a boca, não tinham alento. E eu sempre pensei que se não tinham alento, também não tinham desalento. Portanto, não é tão desastroso que a alma da gente despenque para o chão, porque é só uma prova a mais de que somos humanos, humaninhos e nada mais.

E como humaninho, puxado pelo alento ou pelo desalento, conforme as horas do dia, continuo escrevendo, praticando essa paixão inútil.

***

PEGADAS

O vento apaga as pegadas das gaivotas.

As chuvas apagam as pegadas dos passos humanos.

O sol apaga as pegadas do tempo.

Os contadores de história procuram as pegadas da memória perdida, do amor e da dor, que não são vistas, mas que não se apagam.

***

HOMENAGENS

No morro de Santa Lucía, em pleno centro de Santiago do Chile, foi erguida uma estátua do chefe indígena Caupolicán.

Caupolicán mais parece um índio de Hollywood, e isso tem explicação: a obra foi esculpida, em 1869, para um concurso realizado nos Estados Unidos em homenagem a James Fenimore Cooper, autor do romance “O último dos moicanos”.

A escultura perdeu o concurso, e o moicano não teve outro remédio a não ser mudar de país e mentir que era chileno.

***

ESTRANGEIRO

No jornal do bairro de Raval, em Barcelona, a mão anônima escreveu:

– Teu deus é judeu, tua música é negra, teu carro é japonês, tua pizza é italiana, teu gás é argelino, teu café é brasileiro, tua democracia é grega, teus números são árabes, tuas letras são latinas.

Eu sou teu vizinho. E tu dizes que sou estrangeiro?

***

O VENTO

Espalha as sementes, conduz as nuvens, desafia os navegantes.

Às vezes limpa o ar, e às vezes suja.

Às vezes aproxima o que está distante, e às vezes afasta o que está perto.

É invisível e é intocável.

Acaricia você, golpeia você.

Dizem que ele diz:

— Eu sopro onde quiser.

Sua voz sussurra ou ruge, mas não se entende o que diz.

Anuncia o que virá?

Na China, os que preveem o tempo são chamados de espelhos do vento.

***

ÚLTIMA PORTA

Desde que se deitou pela última vez, Guma Muñoz não quis mais se levantar.

Nem mesmo abria os olhos.

Num de seus raros despertares, Guma reconheceu a filha, que apertava a sua mão para dar serenidade ao seu sono.

Então, falou, ou melhor, murmurou:

— Que esquisito, não é? A morte me dava medo. Não dá mais. Agora, me dá curiosidade. Como será?

E, perguntando como será, se deixou ir, morte adentro.

“O caçador de histórias” está em fase de produção, mas já adiantamos que a capa será igual à capa da editora Siglo Veintiuno.

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Entre livros e beijos

Como beijar é bom demais, o Dia do Beijo é comemorado em duas datas: 13 de abril e 6 de julho.

E, como já dissemos aqui mesmo nesse blog, vale tudo: “beijoca”, “bitoca”, “selinho”, “beijo de esquimó” e “ósculo santo”. Só não vale deixar de beijar. Para você se inspirar, aqui vão alguns autores da casa em momentos beijoqueiros.

Woody Allen beija Romy Schneider:

Andy Warhol beija Salvador Dalí:

Allen Ginsberg beija alguém que não sabemos quem:

Charles Bukowski beija sua companheira de todas as horas:

Quer se inspirar ainda mais? Leia alguns trechos de livros que citam este que pode ser o mais puro ou o mais libidinoso dos atos. E Feliz Dia do Beijo!

Exposição no Rio de Janeiro reúne 500 desenhos originais de Millôr

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Millôr: obra gráfica é a exposição que mostrará Millôr Fernandes com todas suas cores. A mostra que será aberta no próximo sábado, 16 de abril, às 18h no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, é a primeira retrospectiva dedicadas aos desenhos do humorista, dramaturgo, tradutor e jornalista. Em 500 originais, os curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires mapeiam os principais temas que estiveram presentes ao longo de 70 anos de produção de Millôr. Ao ganhar as galerias, os desenhos, feitos principalmente para serem publicados na imprensa, revelam a força e a complexidade de uma obra fundamental para a arte brasileira.

A mostra divide em cinco grandes conjuntos a obra gráfica de Millôr, dos autorretratos à crítica implacável da vida brasileira, passando pelas relações humanas, o prazer de desenhar e a imensa e importante produção do “Pif-Paf”, seção que manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963. O acervo de Millôr, que reúne mais de seis mil desenhos e seu arquivo pessoal, está sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2013.

Mais informações no site do Instituto Moreira Salles.

Algumas das imagens que estarão na exposição:

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Veja aqui as obras de Millôr publicadas pela L&PM Editores.

Gravuras da sopa Campbell’s de Andy Warhol são roubadas nos EUA

Via Jornal O Globo – 11/04/2016

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O FBI e a Interpol estão investigando o desaparecimento de um número não revelado de reproduções da série “Campbell’s Soup Can”, de Andy Warhol, do Museu de Arte de Springfield. As obras foram roubadas na semana passada e desde então o museu fechou a mostra “The electric garden of our minds: British/American Pop”, que deveria ficar aberta até o dia 17 de abril. O roubo teria acontecido entre as 17h30 do dia 6 de abril e as 8h45 do dia 7, segundo nota oficial divulgada pelo museu.

“O museu está trabalhando com as autoridades e sendo proativo em seus esforços de segurança para se manter aberto ao público”, disse o diretor Nick Nelson, em nota. “Estamos confiantes que as medidas que tomamos vão proteger os tesouros do museu, enquanto mantemos a arte acessível ao público.”

Warhol criou 32 gravuras com a lata de sopa nos anos 1960. Em 1985, o museu recebeu dez impressões da série, feitas em 1968 no estúdio do artista em Nova York. Segundo o ArteNewspaper, no ano passado a Christie’s de Londres vendeu uma impressão similar do mesmo ano por US$ 30.660.

A L&PM publica a Biografia de Andy Warhol, Diários de Andy Warhol e América, livro de fotos do artista.

Eventos gratuitos para marcar os 400 anos da morte de Shakespeare

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A Folha de S. Paulo preparou uma programação especial para marcar os 400 anos da morte do maior dramaturgo em língua inglesa de todos os tempos: William Shakespeare (1564-1616). Vale a pena conferir:

LEITURA DE “RICARDO II”

O que: Leitura dramática com Leonardo Medeiros, Maria Fernanda Cândido, Débora Duboc, Paulo Marcello e Washington Luiz Gonzales. Direção de Marcio Aurelio, renomado encenador que fez a montagem da peça nos anos 1990.
Quando: 13 de abril, das 20h às 22h.
Onde: Auditório da Folha. Barão de Limeira, 425, 9° andar
Inscrições: Gratuitas pelo site eventos.folha.uol.com.br – Vagas limitadas

DEBATE SHAKESPEARE 400

O que: Debate sobre o legado e a relevância do dramaturgo, com participação do apresentador Jô Soares e do diretor Gabriel Vilela, experiente no teatro shakespeariano, e o ator britânico Greg Hicjs, da Royal Shakespeare Company.
Quando: 14 de abril, das 18h30 às 21h
Onde: Auditório do Centro Brasileiro Britânico – Rua Ferreira de araújo, 741
Incrições: Gratuitas pelo 0800 777 0360 ou seminariosfolha@grupofolha.com.br – Vagas limitadas

FÓRUM SHAKESPEARE

O que: Workshops, seminários e encontros de jovens diretores, atores e dramaturgos. No teatro, o ator e diretor greg Hicks dirige uma versão de “Macbeth”. Além de São Paulo, o fórum terá edições em Belo Horizonte (12 a 22/5) e Rio de Janeiro (20 a 29/5)
Quando: 20 a 25/4
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112, centro)
Quanto: Grátis – Ingressos limitados
Programação completa: www.forumshakespeare.org.br

SHAKESPEARE AMOROSO

O que: Os atores Luna Martineli e Eduardo Semerjian, sob direção de Mika Lins, farão uma leitura das cenas de amor de peças do escritor inglês e de alguns de seus famosos sonetos. Dos trágicos Romeu e Julieta aos cômicos Benedito e Beatriz.
Quando: 23/4, às 19h30
Onde: Casa das Rosas (Av. Paulista, 37, Paraíso)
Quanto: Grátis

BIBLIOTECA PQ. VILLA-LOBOS

O que: Oficinas para adultos e crianças homenageiam Shakespeare durante todo mês de abril
Onde: Av. Professor Fonseca Rodrigues, 2001 – Altos Pinheiros
Quando: Ter. a dom. das 9h30 às 18h30
Quanto: Grátis
Programação completa: www. bvl.org.br

E não deixe de conferir também os livros de Shakespeare da L&PM Editores. Tem uma série inteirinha dedicada ao bardo.

Feliz aniversário, Buda

“Iluminação”, desenho a lápis de Kerouac, 1956

Jack Kerouac era um discípulo de Sidarta Gautama, este que nasceu em 8 de abril de 563 a.C. e que entraria para a história como o primeiro “Buda”. Tão apaixonado o escritor beat era pelo tema que, em 1955, escreveu Despertar: uma vida de Buda. Considerado o “livro perdido de Kerouac”, ele só foi publicado mundialmente em 2008 e lançado no Brasil em 2010 pela L&PM. O livro coloca o pé na estrada da iluminação para refazer o caminho do príncipe Sidarta – desde seu nascimento até a decisão de renunciar a uma vida de luxo e riquezas. O fascínio de Kerouac por Buda começou no início dos anos 50 e o acompanhou por toda vida, dando um toque de espiritualidade explícita aos seus textos. Não sabemos se ele homenageava o nascimento de Buda em cada 8 de abril. Mas o certo é que Kerouac foi o criador do chamado “budismo beat”.

“Esse jovem que não podia ser tentado por um harém cheio de garotas lindas devido à sabedoria de sua grande dor, era Gautama, nascido Sidarta em 563 a.C., príncipe do clã Sakya no distrito de Gorakpur, na Índia. A mãe, cujo nome curiosamente era “Maya”, que em sânscrito significa “magia”, morreu ao dar à luz. Ele foi criado pela tia Prajapati Gotami. Quando jovem, foi um grande atleta e cavaleiro, como convém a um membro dos kshatriayas, a casta dos guerreiros. A lenda fala de uma sensacional disputa na qual ele sobrepujou todos os outros príncipes pela mão de Yasodhara.” (trecho de “Despertar: uma vida de Buda)

“The Gary Buddha”, pintura feita por Jack Kerouac

Sobre o tema, a L&PM publica também: Buda, da Série Biografias, Budismo, da Série Encyclopaedia e Darmapada, a doutrina budista em versos.

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A vida de Buda está na Série Biografias L&PM

Billie Holiday, jazz e gardênias

A pequena Eleanora aos 2 anos de idade

Em 7 de abril de 1915, ela dá à luz uma garotinha, Eleanora. Ela a registra sob o nome de DeViese. É o nome do rapaz que está namorando nessa época. Mesmo que ela soubesse com certeza que o pai é Clarence Holiday, talvez estivesse então entretendo projetos matrimoniais com Frank DeViese. Aliás, quando ela se casa mais tarde com Philip Gough, ela dá à garotinha o sobrenome de seu marido. Com o bebê nos braços, Sadie se resigna a retornar para Baltimore. Encontra um trabalho em uma fábrica de roupas. Mas o que fazer com uma criança, quando se trabalha o dia inteiro? E, depois, é preciso confessar que Sadie gosta muito de se divertir e que os homens de sua vida são bastante numerosos.

Essa criança a incomoda, e ela encontra mil desculpas para deixá-la com sua família. Eleanora tem dois anos e é bonita como um coração. Dessa época longínqua só existe uma fotografia, em que ela usa uma bata clara e botinas, com flores brancas nos cabelos. Seriam já gardênias?

(trecho de Billie Holiday na Série Biografias)

A pequena Eleanora Fagan Gough da foto acima cresceu e virou Billie Holiday, encantando o mundo com sua voz  inigualável. Aí vai a nossa sugestão para o dia de hoje:

Se você é fã da grande musa do jazz, vale muito a pena ler Billie Holiday da Série Biografias L&PM.

A Divina Comédia da L&PM está divina

A Divina Comédia, de Dante Alighieri, acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket com tradução de Eugênio Vinci de Moraes. Para conhecer melhor essa versão da mais célebre jornada do inferno ao paraíso, leia um texto de nossa editora, Caroline Chang, seguida de uma entrevista com o tradutor.

A_divina_comedia_2016A jornada até Dante

Lá se vão quase 4 anos que escrevi a Eugenio Vinci de Moraes convidando-o a realizar uma nova tradução de A divina comédia, de Dante Alighieri. Na ocasião, eu sabia que o Eugênio – que é professor universitário de literatura e portanto não é tradutor em tempo integral – não entregaria o trabalho no prazo combinado (de vários meses), nem mesmo nos acréscimos. Mas não imaginaria que só lançaríamos sua nova tradução em prosa da obra-prima de Dante somente no outono de 2016! (Bem, isso é um pouco da beleza do ofício de editor de livros: partes e fases desse lento e minucioso processo não cessam de extrapolar o esperado e nos surpreender, numa paródia da vida.) Mas valeu por esperar. Após dezenas e dezenas de meses em que pingaram na minha caixa de e-mail cantos do inferno, então do purgatório e do paraíso, e só depois do texto todo revisado, o leitor tem em mãos uma belíssima edição, que perdurará anos a fio. Apresenta o clássico de Dante – um dos livros mais influentes de todos os tempos – belamente traduzido em prosa. Perde-se, é verdade, a rima poética do original italiano, mas ganha-se, por outro lado, a melhor compreensão da complexa jornada de sete dias do personagem Dante em busca da excelência moral e espiritual. Também facilitam a leitura: a completa, porém acessível (que equilíbrio difícil!) apresentação, que transmite ao leitor o que se sabe e o que não se sabe sobre a vida de Dante e o contexto de surgimento da obra; uma breve visão geral do universo tal como apresentado na Comédia, uma nota introdutória sobre a organização do inferno, do paraíso e do purgatório; breves resumos do enredo no início de cada canto; e curtas notas de rodapé – tudo preparado pelo Eugênio com muito, muito esmero. O mercado brasileiro já contava com 3 traduções em versos do clássico de Dante. Agora conta com a mais bem-cuidada edição em prosa desse grande épico italiano. (Caroline Chang)

A seguir, uma entrevista com o tradutor Eugênio Vinci de Moraes, doutor em Literatura Brasileira pela Universidade se São Paulo, com uma tese intitulada “A Tijuca e o Pântano. A Divina comédia na obra de Machado de Assis entre 1870 e 1881”. Eugênio é professor do Centro Universitário Uninter do Paraná e também traduziu, entre outras, A arte da guerra, de Maquiavel (L&PM Editores). Eugênio também é responsável pela ótima apresentação de A Divina Comédia, intitulada “Uma semana entre os mortos”.

L&PM: “A Divina Comédia” foi, originalmente, escrita em verso. Na sua opinião, a versão em prosa facilita a leitura dessa obra?
Eugênio: Creio que sim, pois a prosa é a forma do discurso com a qual estamos mais acostumados. Isso pode ajudar o leitor. Claro que isso vai depender da tradução e das decisões do tradutor ao fazer a versão. Além disso, algumas traduções em verso às vezes ficam mais difíceis de compreender do que os versos do original, pois são obrigadas a respeitar a métrica e as rimas no português, o que é dificílimo fazer. Por essa razão algumas vezes o texto em português fica mais difícil de compreender do que o italiano. Mas isso dependerá também do leitor. Aquele mais acostumado a ler versos, encara a leitura da Comédia com menos dificuldade.

L&PM: Como é feita essa adaptação de poesia para prosa?
Eugênio: Primeiro tive que estabelecer alguns critérios. Por exemplo, usar a ordem direta do português – sujeito, verbo, complemento e circunstância – sempre que possível. O italiano do Inferno por exemplo é muito menos rebuscado  do que transparece em algumas traduções nacionais dos séculos 19 e início do 20; por isso adotei esse critério. Estabelecidos os critérios, partia da versão em verso do italiano, sempre procurando manter a ordem das ideias e dos eventos do poema, prestando atenção nos recortes temáticos para poder, por exemplo, organizar os parágrafos, ausentes no poema. Depois, nas várias passagens problemáticas e complexas, consultava as traduções em verso. 

L&PM: Qual foi a versão original italiana que você utilizou para realizar sua tradução?
Eugênio: Foi a do Giorgio Petrocchi. É uma versão muito detalhada que este autor fez, com base nos manuscritos e códices mais conhecidos da obra. Não existe nenhum original da Comédia, ou melhor, não há nenhum manuscrito desta obra assinado por Dante. O que existem são versões que foram sendo estabelecidas no correr dos anos após a redação final do texto.

L&PM: Como é possível que um texto de 700 anos siga fascinando os leitores?
Eugênio:  Acho que a viagem pelo reino dos mortos é um tema humano que atrai muitos leitores, haja vista a febre por séries com mortos-vivos, zumbis, que vemos hoje por aí.  A Comédia é muito interessante porque o inferno, o grotesco e mesmo o fantástico são pano de fundo para a discussões humanas seminais, como a moral, a política, a religião, articuladas a reação pessoal dos personagens envolvidos em vários eventos pessoais, históricos etc.. Esses assuntos acabam circundados por uma atmosfera  trágica (caso do Inferno), dramática (caso do Purgatório) e lírica (Paraíso) que dão a eles uma força única. Agora, sinceramente, não sei o alcance desta obra em termos de recepção real, de número de leitores. Muitos conhecem a COmédia, possuem o livro até, mas quantos o leem não faço ideia.

L&PM: Consultar outras versões, mais antigas, em português facilita ou atrapalha?
Eugênio:  Ajuda. Sugiro até que o leitor leia  versão em prosa acompanhada de versões em verso. Até mesmo em italiano.  

L&PM: Célebres escritores verteram alguns cantos de Dante, como Machado de Assis e Mário de Andrade? Qual a sua opinião sobre essas traduções?
Eugênio:  Machado traduziu um canto; Mário de Andrade, não. O Mário analisou um poema de Machado (“Última jornada”) onde o modernista viu uma clara “adaptação” do canto V do Inferno. Além de Machado, Dante Milano, Henriqueta Lisboa, Augusto e Haroldo de Campos traduziram esparsamente versos do escritor florentino. As traduções dos irmãos Campos são primorosas; eu as recomendo para quem não lê em italiano (e pra quem lê também) e quer ter uma sensação mais aproximada do lirismo do texto original. A tradução do Machado também é muito boa, evita os torcicolos sintáticos que seus contemporâneos adoravam empregar nas traduções em geral. Muito boas também são as de Dante Milano e da Henriqueta Lisboa. Nenhum desses autores traduziu a obra integralmente, isso só foi feito por tradutores.