Arquivo mensais:julho 2013

O gigante Mr. Darcy, de Jane Austen

Uma estátua de mais de 3 metros e meio do personagem Mr. Darcy, de Orgulho e preconceito, a obra mais importante e mais conhecida da escritora britânica Jane Austen, foi instalada no lago Serpentine, em Londres. A escultura, feita de fibra de vidro, é uma representação da cena da adaptação para a TV de 1995 da história de Jane Austen em que Colin Firth, no papel de Darcy, volta de um banho no lago com a camisa molhada.

Na verdade, a cena não está no livro. Ela foi criada pelo roteirista Andrew Davies para a versão televisiva, mas é reconhecida como um dos momentos dramáticos mais memoráveis da televisão britânica.

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A instalação marca o lançamento de um novo canal da UK TV, uma das maiores companhias televisivas da Inglaterra, e deve viajar pelo país antes de se estabelecer definitivamente em Lyme Park, no condado de Cheshire, onde o episódio foi gravado.

via Folha

Fernando Pessoa na Flip 2013

Os fãs de Fernando Pessoa que não puderam ir à Flip 2013 conferir de perto o encontro entre Maria Bethânia e a professora Cleonice Berardinelli, duas especialistas na obra do poeta português, podem assistir na íntegra ao vídeo do encontro. Além de estudiosas da obra de Pessoa, as duas são fãs confessas do poeta e de seus heterônimos e não deixaram a desejar na curadoria dos poemas. O vídeo é longo mas vale cada minuto:

O encontro aconteceu na sexta-feira, dia 5 de julho, na programação principal da Flip 2013.

A graça do novo livro de Martha Medeiros

Está marcado para chegar em 18 de julho o mais recente livro de Martha Medeiros, “A graça da coisa“. A nova obra da autora que é sucesso em todo o Brasil reúne 80 crônicas que abordam o amor, o cinema, os relacionamentos, as relações familiares, entre muitos outros.

Sou uma escritora de apartamento, digo com o mesmo tom pejorativo que classificamos crianças de apartamento. Deveríamos estar cercados por jardins, margens de rio, praias abertas, mas vivemos confinados entre quatro paredes que de certa forma aleijam a inspiração. Escrever, lógico, me oferece várias oportunidades de fuga. Estou onde estou, fisicamente, mas também não estou: invento meu próprio lago, pátio, horizonte. Até que volto a ser atingida pela consciência do inevitável: não é o barulho do mar que escuto, nem o das folhas caindo nesse final de outono, e sim o de betoneiras, perfuratrizes, compactadores, rolos compressores. De poético, me restou apenas a chuva. Quando chove, a obra para. Quando chove, o helicóptero some. Quando chove, o silêncio me pisca o olho: “Aproveita a trégua e me escuta”. (Trecho da crônica “Barulhos urbanos”)

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Na Flip, crianças criam mil e uma histórias para “As mil e uma noites”

Durante a Flip (Festa Internacional de Paraty) deste ano, o Marca RJ – um projeto do Governo do Rio de Janeiro que valoriza a cultura e as pessoas – está exibindo vídeos em que crianças olham as capas de livros clássicos e imaginam sobre o que são aquelas histórias.

Aqui, por exemplo, você pode ver o que as crianças imaginam a respeito de “As mil e uma noites” depois de olharem a edição da L&PM que faz parte da Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.

 

A morte de Jango em livro e filme

JangoJango – Vida e morte no exílio é o novo livro de Juremir Machado da Silva. A partir de uma minuciosa pesquisa que inclui documentos inéditos e cartas nunca antes reveladas, o autor traça os últimos anos de Jango no exílio e levanta as questões que levaram às suspeitas de que ele foi assassinado. As circunstâncias da morte de Jango na Argentina nunca ficaram bem explicadas – o uruguaio Ronald Mario Neira Barreiro afirma ter participado da operação que assassinou o ex-presidente. O depoimento de Neira, aliás, ajudou a despertar o pedido de exumação.  

Além de ser o centro do livro de Juremir, a morte de Jango também é o tema do documentário “Dossiê”, de Paulo Henrique Fontenelle, que estreia nos cinemas do Brasil nesta sexta-feira, 5 de julho.

Em 1984, o diretor Silvio Tendler lançou documentário “Jango” que já falava sobre a vida e morte de João Goulart. O filme de Tendler teve textos de Maurício Dias, narração de José Wilker, trilha sonora de Milton Nascimento e Wagner Tiso, além de produção de Denize Goulart, filha de Jango. Na época, a L&PM lançou o livro com o roteiro do documentário, mais fotos e transcrição de textos (os offs e os depoimentos). Clique aqui e leia mais.

Leia um livro. Salve um livro

Maior prêmio de publicidade do mundo, o Cannes Lions International Festival of Creativity deste ano premiou com o Leão de Ouro um anúncio espanhol cujo título é “Salva un libro. Lee un libro.” (Salva um livro. Lê um livro).

O anúncio mostra o Pequeno Príncipe morto em meio a uma guerra. No texto se lê “Quando você passa muito tempo na frente de um videogame de guerra não são só os seus inimigos que morrem”. Criado pela agência de publicidade espanhola Grey Madrid para a Associação dos Editores da Espanha, a campanha “Salva um livro. Lê um livro” tem mais dois anúncios além desse. E todos seguem a mesma linha de raciocínio: é preciso “salvar” os livros das novas ofertas de entretenimento como séries de TV e games.

A campanha com os três anúncios foi veiculada no Dia Mundial do Livro, 23 de abril de 2013. O anúncio que mostra Dom Quixote morto (por um personagem de Game) traz o texto “Quando você passa horas jogando no seu celular, o que se perde são mais do que pontos.”. E no que tem Moby Dick encalhado em uma praia que parece o cenário do seriado Lost, se lê “Quando você dedica todas essas horas assistindo à série de TV mais popular da história, não são só os personagens que acabam perdidos.” 

Clique nas imagens ampliá-las:

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Gatsby, o retorno

 MARCELO COELHO – 03/07/13 – Publicado na Folha de S. Paulo

Não se pode reconstruir o passado, diz Nick Carraway, o narrador de “O Grande Gatsby”, ao misterioso personagem cujo nome dá título ao romance de Scott Fitzgerald. “Como assim? Claro que se pode!”, responde Gatsby. Do alto de uma imensa fortuna, adquirida não se sabe direito como, ele quer reconquistar o amor de sua juventude. Conhecera Daisy, uma moça aristocrática, quando ainda não tinha um tostão.

Daisy acabou se casando com um ricaço de família tradicional, que logo se revela adúltero, preconceituoso e violento. O casamento vai mal quando Gatsby reaparece, montado numa mansão espetacular, palco de uma sequência nauseante de festas —às quais Daisy não comparece. Exposto assim, o tema principal de “O Grande Gatsby” poderia ser adaptado para uma telenovela de terceira. A arte de Scott Fitzgerald está em deixar todos os personagens, e suas motivações, envoltos numa atmosfera úmida, desentendida e reticente.

A publicidade antecipada em torno de “O Grande Gatsby”, filme de Baz Luhrmann com Leonardo Di Caprio, sem dúvida intensificou a má vontade de muita gente. Ainda mais porque estava na memória a versão anterior do livro, dirigida por Jack Clayton em 1974, com Robert Redford e Mia Farrow. As cores esmaecidas e o charme lânguido do filme mais antigo terminaram produzindo a impressão de que se tratava de uma obra mais artística do que era realmente. Como Jack Clayton nos empapava de estilo e figurino, e como tendemos a ser maus intérpretes dos códigos sociais do passado, aquele “Grande Gatsby” diminuía o contraste entre a aristocracia de Daisy e a ambição emergente de Gatsby.

No livro, este é desprezado, por exemplo, quando usa um terno cor-de-rosa: sinal de breguice irremediável para os outros personagens. Só que Robert Redford, com o terno da cor que quisermos, será sempre um bacanão na mais alta película da nata social americana. A história real de seu fracasso amoroso ficava um bocado incompreensível, atrás de muitos véus de tule, no filme de Clayton.

“Não se pode reconstruir o passado.” “Claro que se pode!” A resposta de Gatsby poderia ser adotada pelo próprio Baz Luhrmann, que fez tudo para reconstruir, de um ponto de vista completamente subversivo —quase terrorista de tão subversivo— o filme de 40 anos atrás. Quando uma pessoa tem dificuldade em entender alguma explicação mais trabalhosa, há quem goste de humilhá-la, perguntando: “Quer que eu desenhe?”. O novo “Gatsby” faz isso com o romance de Fitzgerald, explicitando a trama com recursos de professor de cursinho.

O estilo de Luhrmann flerta, aliás, com o desenho animado. Tudo começa quando reconhecemos, no papel de Nick Carraway, ninguém menos do que Tobey Maguire. “Onde é que eu vi mesmo esse carinha?” Resposta: nos filmes do Homem-Aranha. Os recursos de 3D, fazendo mergulhos ridículos na selva de edifícios de Manhattan, confirmam a pretensão de transformar aquele evasivo clássico literário num “blockbuster” demencial.

A intenção caricatural, extremada, de Baz Luhrmann, surge assim como reação à finura da versão mais antiga. As duas, talvez, se complementem. Com suas festas quase fellinianas, com a vulgaridade explícita da filmagem, com a inexcepcionalidade feminina de Carey Mulligan (no papel de Daisy), o filme de Baz Luhrmann adota, na verdade, o ponto de vista novo-rico, meio bandidão, do próprio Gatsby.

Com a vítrea Mia Farrow e um Robert Redford impecável, o filme de 1974 aristocratizava tudo. Diminuía os conflitos, eufemizava as diferenças sociais, musicalizava suavemente a tragédia. Nenhuma das duas versões dá conta, a meu ver, do que mal e mal se sugere no livro. Para impressionar Nick Carraway, e convencê-lo de suas credenciais para a classe A, Gatsby o leva para almoçar num restaurante, apresentando-o a uma figura estranhíssima.

Meyer Wolfsheim logo se revela, no livro, uma espécie de gângster. É difícil entender por que razão Gatsby levaria Carraway para conhecer um tipo tão suspeito. Seria ingênuo, pensando que Carraway não perceberia a estirpe do interlocutor? Ou, ao contrário, estava tentando comprar a consciência de Carraway, abrindo-lhe as portas para adquirir uma fortuna ilícita também? Seria difícil filmar de um modo que fizesse justiça às duas hipóteses ao mesmo tempo. Mas, se o livro exige mais de uma leitura, não é nada mau que o espectador possa agora contar com um filme tão diferente daquele, discreto e perfumado, que guardava nas suas memórias de 1974.

Robert Redford ou Leonardo di Caprio. Quem é mais Gatsby?

Robert Redford ou Leonardo Di Caprio. Quem é mais Gatsby?

Roberto Benigni fará filme sobre “A Divina Comédia” de Dante

O cineasta italiano Roberto Benigni anunciou que começará as filmagens de um longa baseado na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, no final do verão italiano. A inspiração para o filme veio de um outro trabalho: Benigni está produzindo um programa de TV chamado “Tutto Dante” sobre a vida do poeta e escritor italiano, que vai ao ar na TV italiana entre 20 de julho e 6 de agosto. Em seguida, ele começa as gravações do longa.

A Divina Comédia é o maior trabalho de literatura em todos os tempos, algo que todos devem conhecer e amar”, disse Renato Benigni.

benigni

A L&PM está preparando uma nova edição de A divina comédia com tradução de Eugênio Vinci de Moraes, que deve ser lançada no ano que vem na Coleção L&PM Pocket.

via Folha

Rousseau pelo mundo

Jean-Jacques Rousseau morreu em 2 de julho de 1778. Em seus dois últimos anos de vida, ele realizou longas caminhadas por Paris e seus arredores, observando os passantes, a flora e as construções e refletindo, amargurado, sobre a sociedade. O resultado foi o livro Os devaneios do caminhante solitário, uma de suas obras mais líricas e tocantes.

A partir desse livro, muitos foram os pensadores que se inspiraram em sua obra para tecerem seus próprios tratados sobre a natureza e o homem. As ideias de Rousseau ganharam mundo. Suas ideias viajaram. Sua imagem percorreu todos os continentes. Aliás, não apenas através dos livros, como também em selos:

Rousseau em estampa de selo francês

Rousseau estampa um selo francês

Mais um selo francês. Mas dessa vez, Rousseau está acompanhado de Voltaire

Selo francês de 1978. Mas dessa vez, Rousseau está acompanhado de Voltaire, pois os dois morreram em 1778

Rousseau em selo da antiga União das Repúblicas Soviéticas (CCCP)

Rousseau em selo da antiga União das Repúblicas Soviéticas (CCCP)

Rousseau em selo suíço

Rousseau em selo suíço

Rousseau em versão selo espanhol

Rousseau em versão selo espanhol

Até a Moldávia teve seu selo "rousseauniano"

Até a Moldávia teve seu selo “rousseauniano”

Rousseau também esteve nas cartas que partiram da Romênia

Rousseau também estampou os selos que partiram da Romênia