Arquivo mensais:outubro 2012

Manuscritos de Kafka serão doados para Biblioteca Nacional de Israel

Um acervo de manuscritos de Franz Kafka finalmente deixará de ser propriedade privada da família de Max Brod, o melhor amigo do escritor, e será doado para a Biblioteca Nacional de Israel. A decisão do tribunal israelense pôs fiz a uma briga que já dura quatro décadas.

Tudo começou em 1968, com a morte de Brod. Em seu testamento, ele pedia que o espólio do amigo fosse doado à Universidade Hebraica de Jerusalém, à Biblioteca Municipal de Tel Aviv ou a outra instituição em Israel ou no exterior. Mas sua secretária Esther Hoffe, que ficou responsável pelo acervo, ignorou o testamento e deixou com as filhas de Brod a decisão sobre o que fazer com aquelas preciosidades, como um presente seu para as garotas. Com isso, centros universitários e arquivos nacionais alemães e israelenses também entraram na briga e levaram esta disputa para a justiça.

Uma página do manuscrito de "O processo"

Vale dizer que estes manuscritos poderiam nem existir, já que antes de morrer, Kafka pediu a Max Brod que queimasse os textos. Felizmente, Brod não acatou a vontade do amigo. Mas estima-se que o próprio Kafka tenha ateado fogo em cerca de 90% do que produziu ao longo da vida.

Resolvido o imbróglio, os fãs e pesquisadores da obra de Kafka finalmente poderão ter acesso a estas preciosidades. O diretor da Biblioteca Nacional, Oren Weinberg, recebeu com satisfação o veredicto, que segundo ele “cumprirá com o desejo de Max Brod de divulgar a obra de Kafka entre os amantes da literatura em Israel e no mundo”.

Max Brod com a secretária Esther Hoffe

Para saber mais sobre a vida e a obra do autor de A metamorfose, O processo e Carta ao pai, leia Kafka da Série Biografias.

Mais exposições em Paris: boêmios, “Os impressionistas e a moda” e Chaim Soutine

Já falei aqui no blog sobre a exposição de Edward Hopper. Mas o outono de Paris oferece outras exposições magníficas. No mesmo imenso Grande Palais que oferece Hopper aos visitantes, mas numa ala totalmente independente, realiza-se mais uma bela mostra, “Bohèmes”, com 750 quadros. Nela, documentos e fotos mostram desde a Renascença até os nossos dias a representação da vida mundada e daquilo que se convencionou chamar de “boemia”. Modernamente, seria a vida nos cafés, boates, restaurantes, cenas que, no passado, estariam reservadas a todas as pessoas e os ambientes que expusessem hábitos e uma vida desregrada. Os quadros expostos são de mestres célebres e vêm desde a Idade Média até os modernos como Picasso, Manet, Monet, Kandinski, Toulouse Lautrec etc. A mostra foi inaugurada em 26 de setembro e ficará aberta até 14 de janeiro de 2013.

Outra exposição importante tem lugar no museu de Quai d’Orsay, cujo acervo permanente inclui obras que vão do fim do classismo até os precursores da arte  moderna com obras de Van Gogh, Degas, Renoir, Gauguin e Toulouse Lautrec entre muitos outros. Trata-se da exposição “Os impressionistas e a moda”. Alguns dos mais importantes artistas que pintaram Paris em Paris estão representados com seus quadros que mostram minuciosamente a moda do seu tempo. Junto aos quadros estão expostos, em fotos ou fisicamente, os trajes masculinos e femininos representados. A exposição abriu no dia 25 de setembro e vai até 20 de janeiro de 2013.

Para completar a “reentrée” artística (que é como os franceses chamam a temporada nobre do ano que é a volta das férias de verão), temos duas exposições espetaculares e imperdíveis no museu l”Orangerie. Este museu que é um anexo do Louvre, antigamente abrigava o acervo impressionista que hoje está no Quai d”Orsay e hoje é destinado a exposições periódicas de arte contemporânea, além de mostrar permanentemente em salas especiais as imensas telas de Monet, as “Nymphéas”. As exposições são: a mostra da grande coleção de Paul Guillaume (1894-1931), um dos maiores marchands parisienses da primeira metade do século e a exposição retrospectiva de Chaim Soutine, (1893-1943) “L’Ordre Du Caos” de 3 de outubro até 20 de janeiro. (Ivan Pinheiro Machado)

 

Novo livro de David Coimbra na coluna de Juremir Machado da Silva

Quarta-feira, 17 de outubro, publicamos aqui neste blog uma crônica de Martha Medeiros em que ela revela suas impressões sobre Uma história do mundo, novo livro de David Coimbra. No mesmo dia, o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva comentou sobre a mesma obra em sua coluna diária do Jornal Correio do Povo de Porto Alegre. Vale a pena ler as impressões de Juremir sobre o livro de David:

David Coimbra, o egípcio

Por Juremir Machado da Silva* 

Na época da faculdade de jornalismo, quando morava no IAPI e pegava o T1 depois da aula, quando não ia se esbaldar no bar do Maza até encher o latão de cerveja, o David Coimbra já adorava história. Creio que já naquele tempo ele lia Will Durant, historiador americano que sabia tudo dos bastidores da vida das grandes personalidades históricas. David sempre teve um fraco pela história da antiguidade. Nunca tirou o olho da Cleópatra. Tenho a impressão de que só a rainha vadia podia concorrer com a Rosane Aubin pelo coração do David naqueles trepidantes dias de 1980 a 1984. Era certo que David acabaria por escrever livros unindo as suas paixões: literatura, história, crônica e jornalismo. É o que se vê em “Uma história do mundo – como se formou a primeira cidade, como nasceu o primeiro deus único, como foi inventada a culpa”(L&PM).

David, o egípcio, é o nosso Will Durant. Como uma vantagem: escreve muito melhor.

A ambição é a mesma. A história do mundo do David terá muitos volumes (a de Will Durant tem 23). Li os originais do primeiro tomo dessa enciclopédia em tom jocoso do David. É sensacional. Agora, relendo o texto publicado, renovei o meu encantamento. Como não se maravilhar com capítulos que começam assim? “Foi no Egito que Napoleão descobriu que era um marido traído?” Napoleão, o corno. Sobre a evolução tecnológica: “Olhe para você. Veja no que você se transformou. Você passa a noite ressonando em cima de uma colchão macio como as canelas da Scarlett Johansson e debaixo de cobertores quentes como o olhar da Megan Fox”. Nessa balada de cronista, David dribla a chatice da história positivista e o cientificismo da história estruturalista e conta a vida dos nossos antepassados ilustres ou não. Tudo tem uma explicação: “O governo centralizado e forte era tão importante no Egito que o faraó foi promovido de rei a deus. Essas coisas não acontecem por acaso.   As instituições só funcionam quando as pessoas precisam”. 

Pode-se aprender na sacanagem. David sempre encontra um jeitinho para empurrar a coisa (opa!) suavemente: “Dilma Rousseff, Margaret Thatcher, Evita Perón e todas as mulheres que um dia assumiram o poder máximo em seus países jamais conseguiram se igualar às façanhas da Primeira Grande Mulher da História. Maatkare Hatshepsut fez mais do que suplantar o poder dos homens quinze séculos antes de Cristo e 3,5 mil anos antes de Angela Merkel. Hatshepsut suplantou o próprio sexo”. Como? Aí é que a porca torce o rabo (certamente David explicará a origem dessa expressão nalgum dos seus volumes).

É ler.

David Coimbra trabalhou muito, durante quatro anos, leu incansavelmente, de Heródoto a Freud. De Heródoto, aliás, pescou relatos impagáveis: “No Egito, as mulheres vão ao mercado e negociam, enquanto os homens, encerrados em casa, trabalham no tear (…) As mulheres urinam em pé; os homens, de cócoras”. Se fosse resumir o livro de David a partir do clássico título de Paul Veyne, eu diria apenas: “Como se (re)escreve a história”.

Com talento!

Aquelas viagens no T1 só poderiam levar a algum lugar.

*Pela L&PM Editores, Juremir Machado da Silva publica História regional da infâmia e lançará, na Feira do Livro de Porto Alegre, o livro A orquídea e o serial killer. O texto acima foi publicado originalmente em sua coluna na pg. 2 do Jornal Correio do Povo de 17 de outubro de 2012.

Em seu livro, David Coimbra conta até a história de como surgiram as sílabas

Morte de Max foi inspirada em livro de Agatha Christie

Que a trama de Avenida Brasil está cheia de elementos literários, todo mundo já percebeu. Mas além das obras clássicas que Tufão (Murilo Benício) leu ao longo da trama, livros policiais também serviram de inspiração para o autor.

João Emanuel Carneiro revelou ao blog da Patrícia Kogut que se inspirou no livro Assassinato no Expresso do Oriente“, de Agatha Christie, para escrever a morte de Max (Marcello Novaes). Na obra, várias pessoas esfaqueiam a vítima, mas apenas uma dá o golpe mortal.

Segundo o autor, a resolução do crime de Avenida Brasil será bem semelhante:

– Todos os suspeitos terão um motivo para cometer o crime. Mas só um terá dado o golpe fatal.

Via blog Noveleiros, publicado no site do jornal Diário Gaúcho.

As chaves do amor eterno estão no fundo do Sena em Paris

No fundo das águas lodosas do rio Sena em Paris, na altura do museu do Louvre, mais precisamente em torno da Pont des Arts (somente para pedestres), acumulam-se milhares de chaves. Perdidas para sempre, jamais abrirão os cadeados que cobrem as duas muradas da ponte e selam simbolicamente o amor eterno, apaixonado e indestrutível. Pois esta crença teve duas consequências práticas: primeiro, cobriu com milhares de cadeados as duas pontes para pedestres que cruzam o Sena, uma em frente ao museu Quay d’Orsay (Rive gauche) e outra em frente ao Louvre (Rive droit) e, segundo, desenvolveu geometricamente o comércio de cadeados em torno do rio. Uma bela prova de amor que, se não for eterno, poderá pelo menos sugerir aos apaixonados, então separados, o final inesquecível  de “Casablanca” quando, na dramática e definitiva despedida, um Humphrey Bogart dilacerado de amor diz à belíssima Ingrid Bergman: “ainda assim, sempre teremos Paris”… (Ivan Pinheiro Machado)

Na crônica de Martha Medeiros, o novo livro de David Coimbra

Simples

Martha Medeiros*

“Afugento qualquer pretensão filosófica que dificulte o trato com as coisas simples.” Quando li essa frase de Nélida Piñon, tive vontade de ampliá-la, imprimi-la e pendurá-la na parede, só não o fiz porque não seria preciso: trago esse conceito já aderido na pele e na alma.

Talvez por isso tenha gostado tanto do novo livro do David Coimbra, Uma História do Mundo, que poderia ser considerado um projeto ambicioso, não fosse o David um homem consciente do tempo em que vive: quem, hoje, consegue dedicar-se a calhamaços com milhares de páginas? A vida exige dinamismo. David conseguiu apresentar um panorama histórico desde o neandertal até o início da civilização moderna em 260 páginas. E, nessas 260 páginas, além de traduzir informações sérias para uma linguagem divertida, ele conecta passado e presente utilizando trechos de Marcel Proust, Charles Bukowski e Mario Quintana, e ainda faz graça ao explicar de onde veio o nome da banda Jethro Tull. David é pop. A história do mundo também pode ser. Como?

Simples.

A simplicidade é a principal porta de entrada para a sabedoria. Dois, três degraus, e a pessoa está dentro. Uma vez seduzida, ela então irá decidir se deseja se aprofundar no assunto, e aí, lógico, irá buscar novos acessos que a façam imergir no que lhe interessa, e a viagem se tornará ainda mais excitante e talvez ininterrupta, mas o que a faz iniciar esse percurso rumo ao conhecimento é a curiosidade, a atração e a identificação com um linguajar que estabelece uma agradável comunicação.

O professor Cláudio Moreno faz o mesmo com suas crônicas sobre a Grécia Antiga. Alain de Botton elimina ao menos seis cabeças do monstro de sete que sempre foi a filosofia. Paulo Leminsky e demais poetas da geração anos 80 demonstraram que poesia não precisava ser necessariamente chata e incompreensível. A simplicidade sempre foi um dom, apesar de levantar suspeitas. Os impressionistas (Van Gogh, Monet, Cézanne, entre outros) foram inicialmente desprezados pelos críticos da época. As primeiras exposições desses artistas que hoje são considerados gênios se deram no “Salão dos Recusados”. Os impressionistas eram assim denominados porque pintavam a impressão em detrimento do detalhe. E toda impressão pode ser rapidamente confundida com impostura.

A simplicidade concentra a verdade das coisas – não toda a verdade, mas o seu núcleo, um ponto de partida universal, de onde tudo poderá se tornar mais abrangente, grandiloquente e complexo, à escolha do freguês.

Segundo o filósofo e escritor Eduardo Gianetti, muita gente só se impressiona com o que não entende bem. Já a simplicidade é direta, translúcida e estabelece rápida conexão. Para desconsolo dos herméticos.

*Esta crônica foi publicada originalmente na pg. 2 do Jornal Zero Hora em 17 de outubro de 2012.

 

Um retrato da nossa alma

Por Paula Taitelbaum*

Quantos anos eu tinha? Dezessete? Dezoito? Já não tenho mais certeza… Só lembro que entrei em um sebo de Porto Alegre e comprei duas edições muito antigas, puídas, em que as palavras ainda eram escritas com “ph”, ambas assinadas por Oscar Wilde: O retrato de Dorian Gray e O fantasma de Canterwille. Era uma época em que tudo o que era usado e velho me fascinava. As roupas, os móveis, os livros. Passados mais de vinte anos, sigo sendo um pouco assim, atraída pelo que tem jeito de passado. Infelizmente, a rinite já não me faz suportar o cheiro de mofo que vem dos sebos. Mas também não é nada que um bom antialérgico não cure…

Mas voltemos ao que interessa. Cheguei em casa com meu frágil livro de páginas titubeantes e mergulhei afoita na vida do belo Dorian, do pintor Basil, do cínico Lorde Henry e de todos e de tudo que a exuberante imaginação de Oscar Wilde foi capaz de criar. E mesmo que eu não tenha percebido na época a releitura de Wilde para o mito de Fausto – que vende a alma ao diabo em troca dos prazeres do mundo – eu me vi totalmente envolvida com a história do belo Dorian em meio às intrigas da sociedade inglesa do século XIX. 

O retrato de Dorian Gray mostra como a paixão é capaz de capturar a alma e como a vaidade é responsável por criar uma  prisão. Há algo de fantástico e sobrenatural nessa história. Mas também há muito de real em sua metáfora. E diálogos primorosos que chegam a arrepiar de tão espetaculares. “Quando o homem trata a vida com arte, o cérebro é o próprio coração” diz lá pelas tantas Lorde Henry. “Eu não quero saber de nada. Gosto de escândalos dos outros, mas escândalos meus não me interessam, pois não possuem o encanto da novidade.” fala Dorian Gray quando Basil pergunta se é verdade o que andam dizendo sobre ele.

O final do livro, lindo, repleto de tensão, é um dos mais incríveis que já li. E talvez a moral que reste seja a de que, como diria o próprio Dorian Gray, “dentro de nós, todos temos o céu e o inferno.”. Já a pergunta que paira no ar é: “Se nossa alma tivesse rosto, como ele seria?”

Sempre imaginei que a beleza de Dorian Gray deveria ser como a de Lord Byron. Mas cada um que imagine seu próprio Dorian

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Frankfurt 2012: destaques para a crise europeia e para o velho livro de papel

No exclusivo (e milionário) terreno dos bestsellers, o Brasil deu as cartas nesta Frankfurt de 2012. Em relação aos últimos 10 anos, o clima esteve ameno, pouca chuva, temperatura que nunca baixou dos 12, 13 graus, chegando até aos 18 graus na quinta-feira ensolarada. Lá dentro dos enormes pavilhões da Messe (“feira” em alemão), o clima era o mesmo. Não havia o “frisson” e a curiosidade pelos modelos futuristas que caracterizaram o célebre Salão do Automóvel de Frankfurt que ocorreu um pouco antes, entre 15 e 17 de setembro, neste mesmo local. Pelo contrário. Havia no ar uma calma resignação dos agentes literários e vendedores de direitos autorais diante do peso da crise econômica europeia e da austeridade pós-crise dos editores norte-americanos. E não deu outra; a feira ficou ligeiramente menor do que no ano passado, calcula-se uma queda entre 10 a 15 % em termos de participantes. E os brasileiros, mais do que nunca, foram cortejados – e como eu disse acima -, comandaram os grandes negócios da Feira. Primeiro, porque a economia está em ascensão e, segundo, porque o Brasil será o país homenageado da Feira em 2013.

Quem não escapou do clima recessivo foi o livro digital, o famoso e-book. Apesar da influência das grandes empresas de tecnologia sobre a mídia, nada de mais aconteceu. E quem, como eu, participou de mais de 60 reuniões em quatro dias, simplesmente não notou a agitação digital; ela não esteve no dia-a-dia da feira e dos negócios. Era voz corrente que será muito difícil, a médio prazo, se repetir na Europa e na América Latina o fenômeno digital que ocorreu nos EUA. Enfim, os profetas do fim do livro em papel ficaram confinados às palestras que se realizaram entre os encontros laterais da Feira. Estive numa; muitas cadeiras vazias no auditório – e notei que na plateia havia muito mais gente interessada no “business” do e-book do que no livro-conteúdo propriamente dito… (Ivan Pinheiro Machado)

Diversidade não faltou nessa Feira de Frankfurt. Aqui, um mosaico que mostra os estandes da China, República Tcheca, Islândia, Japão, Turquia, Sérvia, Geórgia, Indonésia, Cazaquistão, Kosovo, Irã e Grécia. / Fotos: Ivan Pinheiro Machado (clique na imagem para ampliá-la)

Um ícone americano em Paris

Paris é imbatível quando trata-se de montar magníficas exposições ou retrospectivas dos grandes artistas da história. Nenhuma capital do mundo tem os espaços que a cidade disponibiliza para expor seus tesouros; Louvre, l’Oragerie, Grand Palais, Quai d’Orssay, – só para citar alguns. São museus e galerias que abrigam algumas das mais importantes obras de arte produzidas pela humanidade em toda a sua história. E, mais ainda, nenhuma grande cidade possui a estrutura de organização e pesquisa que é a alma destes mega-eventos artísticos. Afinal, uma equipe altamente preparada pesquisa e busca nos museus, galerias e coleções particulares de todo o mundo os quadros necessários para realizar uma mostra significativa e completíssima como costumam ser as grandes exposições “oficiais” em Paris. O destaque entre as grandes amostras é sem dúvida a mega-retrospectiva de Edward Hopper (1882-1967) um ícone americano, pintor da solidão, dos silêncios e da melancolia. Mas sobretudo o pintor que, em cenas de admirável imobilidade, revela a estética da América da primeira metade do século XX. Enorme, completíssima, cobrindo todos os períodos de sua vida produtiva (inclusive, “ça vas sens dire”, a temporada em Paris) nos EUA – especialmente no Withney Museum, que guarda a grande coleção doada pela viúva Hopper – jamais foi feita uma retrospectiva com a pompa e a circunstância que Paris dedica ao grande pintor. Inaugurada na semana passada, dia 8 de outubro, a exposição encerra em 25 de janeiro de 2013 quando então segue para o maior museu americano, o Metropolitan Museum of Arts de Nova York. (Ivan Pinheiro Machado)