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90 anos da primeira publicação de “O grande Gatsby”

O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, é considerado “o grande romance americano”. Mas nem sempre foi assim. Ao ser lançado pela primeira vez, em 10 de abril de 1925, a história do rico Gatsby não teve grande popularidade. E mesmo tendo sido adaptado para uma peça da Broadway e um filme de Hollywood no ano seguinte de sua publicação, ele acabou esquecido durante a Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial.

Fitzgerald viveu mais 15 anos depois de lançar seu livro, mas não chegou a ver o seu sucesso que só aconteceria a partir de reedições que vieram em 1945 e 1953.

Em 2013, a quarta adaptação de O Grande Gatsby estreou nos cinemas com Leonardo di Caprio no papel principal. O primeiro é um filme mudo de 1926, o segundo foi lançado em 1949 e o terceiro é a célebre película estrelada por Robert Redford e Mia Farrow.

A L&PM publica O Grande Gatsby em pocket e com tradução de William Lagos.

O_Grande_Gatsby

Woody Allen habla español

Por Janine Mogendorff*

A 19ª edição do Porto Alegre Em Cena está a todo vapor. Diferentemente das outras vezes, não madruguei na fila para comprar os melhores ingressos, o que deve ser um indício de alguma coisa, mas isso não vem ao caso. O fato é que mesmo assim consegui comprar uma boa seleção de espetáculos, incluindo montagens uruguaias e argentinas, as minhas preferidas (talvez em função das minhas raízes, diretamente da terra do dulce de leche).

Uma das que destaco é Humores que matan (Central Park West), texto de Woody Allen adaptado por Fernando Masllorens e Federico González del Pino. O diretor, o uruguaio Mario Morgan, que já trabalhou com Ricardo Darín e Norma Aleandro, havia dirigido uma montagem da peça nos anos 90, com o mesmo casal de protagonistas, formado por Laura Sánchez (Phyllis, a psiquiatra) e Franklin Rodríguez (Sam, o advogado).

Woody Allen escreveu o texto durante a turbulenta separação da atriz Mia Farrow, e é possível sentir essa turbulência em cada linha do texto. Ambientado num belo apartamento em Manhattan (mais uma ponte com a realidade), Central Park West é a história da dolorosa separação de um casal bem-sucedido profissionalmente. Phyllis, a psiquiatra, acaba de ser abandonada pelo marido. Para dividir as dores, liga para a melhor amiga, Carol. Logo o jogo de aparências é revelado, e valores como fidelidade e amizade escorrem pelo ralo. A chegada dos respectivos maridos apimenta ainda mais a situação, que – típico Woody Allen – beira a tragédia, mas sempre arrancando aquele riso nervoso.

Já tinha assistido Laura Sánchez num famoso programa humorístico que passava na televisão uruguaia (Plop!) e pude comprovar aqui sua versatilidade como atriz. Também já tinha lido o texto de Woody Allen, que é delicioso. Mas a experiência do teatro é incomparável. Em um cenário enxuto, esses quatro personagens se digladiam como ferozes leões. Verdades são atiradas como balas. Apesar de vivos, ninguém sai inteiro do palco. A chegada de um quinto elemento leva a situação ao limite e aí sim é disparado um tiro, que explode de vez a situação. Woody Allen expia suas culpas, ao mesmo tempo que o espectador expia as suas. Um verdadeiro banho de sangue.

Em tempo: o teatro do CIEE, um belo teatro aqui de Porto Alegre, estava – sendo otimista – com a lotação pela metade. Mas, quando fui comprar o par de ingressos, consegui a muito custo dois lugares lado a lado, na plateia. Para quem são vendidos esses ingressos que lotam os assentos de fantasmas? Essa é uma pergunta que já me faço há diversas edições.

O elenco de "Humores que matan"

 * Janine Mogendorff é jornalista, editora da L&PM e uruguaia (mas fala português sem nenhum sotaque). 

Central Park West é uma das peças que está no livro Adultérios, publicado na Coleção L&PM Pocket.

Qual estilo de casal é o seu?

Romeu e Julieta – Vocês são lindos, jovens, apaixonados e suas famílias são bem diferente uma da outra. Mais do que isso: os pais de vocês torcem pra times rivais no futebol. Se o seu namoro é assim, ele é estilo Romeu e Julieta. Mas não se preocupe, ele não vai terminar em tragédia. Isso a gente deixa pra história de Shakespeare.

Claire Danes e Leonardo Di Caprio no filme "Romeu + Julieta" (1996)

Peri e Ceci – Um é mais ligado na natureza do que outro, mas ambos adoram tomar banho de cachoeira e fazer trilha por alguma mata virgem (quando conseguem encontrar alguma). Se o seu namoro vai por essa linha, dá pra dizer que ele faz o tipo “Peri e Ceci”, o famoso casal de O Guarani, de José de Alencar.

Ceci e Peri

Jay Gatsby e Daisy – Vocês curtem jazz, têm vários amigos intelectuais e já estão naquela fase que podem se dar ao luxo de jantar em restaurantes caros. Mas deixam pairar certo mistério no ar quando o assunto é casamento. Se o seu namoro é mais pra esse tipo, dá pra dizer que ele tem tudo a ver com os personagens de O grande Gatsby.

Mia Farrow e Robert Redford em "O grande Gatsby" (1974)

Helga e Hagar – Vocês têm um estilo mais viking, curtem aquela coisa de castelos medievais e às vezes brigam demais. Mas se amam loucamente e acabam sempre fazendo os amigos rir. Se o seu namoro é desse jeito, ele está mais pra “Helga e Hagar”, os personagens em quadrinhos de Dik Browne.

Estes bem que podiam ser Helga e Hagar, né?

Tommy e Tuppence – Vocês adoram filme de espionagem, vivem tentando descobrir os segredos um do outro e, enquanto um tem os pés no chão, o outro é pura intuição. Pra completar, ainda trabalham juntos. Seu namoro vai por aí? Então ele é estilo “Tommy e Tuppence”, personagens de detetives criados por Agatha Christie.

Tommy e Tuppence

Woddy Allen faz 75 anos hoje

Desconfio de quem não gosta dos filmes de Woody Allen. Olho atravessado para os que não entendem suas piadas mal humoradas, seu humor neurótico, sua crítica a essa sociedade hipócrita que nos cerca. Rosno até para quem o acusa de “ter casado com a filha” (muito pior, na minha opinião, é acordar ao lado de Mia Farrow). E não venha me dizer que ele está piorando aos longo dos anos. Não quero saber. Não quero concordar. Seu texto é música para meus ouvidos, é inspiração, é alívio. Gosto de saber que ele é baixinho, errado, feio, problemático. Apesar dele já ter dito que isso é coisa de seus personagens. Na vida real, Woody é uma pessoa como todas as outras. Trabalha muito, gosta de jazz, vai ao supermercado, faz aniversário. E, o melhor de tudo: é sagitariano, como eu. (Paula Taitelbaum) 

Woody Allen nos anos 1950, quando ainda era conhecido como Allen Stewart Königsberg

Veja aqui os livros de Woody Allen publicados pela L&PM.