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Marilyn branca, de Andy Warhol, vai a leilão

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A famosa serigrafia “branca” de Marilyn, assinada por Andy Warhol, será leiloada em Nova York, pela Christie, nesta terça-feira, 13 de maio. Estima-se que seja vendida por algo entre 12 e 18 milhões. A pintura faz parte de uma série chamada “Flavor Marilyn” e que soma doze retratos da estrela.

A Christie anunciou que esta peça é considerada “um dos emblemas da pop arte”, pois foi a primeira vez que Warhol imprimiu uma foto em pano de seda. O retrato em branco foi pintado poucos meses depois da morte de Marilyn, em 1962, e neste mesmo ano participou da primeira retrospectiva do artista em Nova York, na Stable Gallery.

Marilyn e Andy Warhol estão juntos na Série Biografias L&PM.

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Brasileiros nos Diários de Andy Warhol

O escritor Antonio Bivar leu os Diários de Andy Warhol e fez, para a revista Joyce Pascowitch, uma seleção dos brasileiros (entre outros) que passaram pela vida do pai da pop art e seus comentários a respeito deles. O texto foi publicado em duas partes, nas edições de janeiro e fevereiro, e você pode ler as duas clicando na imagem abaixo:

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(clique para ler as matérias)

 

Andy Warhol, o rei dos leilões

Andy Warhol bateu o recorde de vendas de obras em leilões em 2013, segundo a empresa especializada Artprice. As obras de Warhol vendidas no ano passado somam US$ 367,4 milhões, deixando em segundo outro recordista dos leilões, Pablo Picasso, que arrecadou US$ 361,3 milhões. Em terceiro lugar no ranking vem o chinês Daqian Zhang, cuja comercialização das obras totalizou US$ 291,6 milhões. O contemporâneo e amigo de Warhol, Jean-Michel Basquiat, que liderou os dois anos anteriores, aparece em quarto lugar.

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Obra de Warhol em leilão na Christie’s em 2013

Ainda segundo a Artprice, houve um aumento de 13,16% no volume de negócios no ano passado em relação a 2012: foram US$ 12.051 milhões contra US$ 10.649 milhões. A China ratificou sua liderança como o país que mais comprou, com US$ 4.078 milhões, o que representa 34,92% do mercado global – houve um crescimento de 21,31% nos negócios realizados pelos chineses em relação a 2012. Em segundo lugar, aparecem os EUA.

Sobre a vida e a obra de Andy Warhol, a L&PM publica America (livro de fotos), Diários de Andy Warhol e a biografia do rei da pop art.

via estadao

Andy Warhol e Pelé

A amizade entre Andy Warhol e o jogador de futebol Pelé começou em 1977 e está registrada nos Diários de Andy Warhol. Leia algumas passagens:

Quarta-feira, 13 de julho, 1977. De táxi até a Rockfeller Plaza para ir ao escritório da Warner Communications ver Pelé, o jogador de futebol que está sendo fotografado para Interview. Ele é adorável, lembrou que me encontrou uma vez no Regine’s. Estávamos no trigésimo andar. Ele te uma cara engraçada, mas quando sorri fica lindo. Ele tem o seu próprio escritório lá e estão fabricando camisetas e chapéus e histórias em quadrinhos.

Andy Warhol

Primeiro uma conversa…

Warhol e Pelé

Em seguida algumas poses…

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E o resultado!

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Terça-feira, 27 de setembro de 1977. Ahmet Ertegun telefonou convidando para o jantar em homenagem a Pelé. Meu retrato de Pelé seria apresentado, o pai e a mãe de Pelé estavam lá e eles são uma graça, e a mulher dele é branca, mas todo mundo é de uma cor diferente na América do Sul – os pais dele também são de cores diferentes.

Brasileiros (entre outros) nos Diários de Andy Warhol

Por Antonio Bivar*

Num único volume de mais de mil páginas, editado por Pat Hackett, o Diários de Andy Warhol foi primeiro publicado em 1989, dois anos depois de sua morte. A tradução brasileira, por Celso Loureiro Chaves, saiu aqui no mesmo ano, pela L&PM. Daí que, 15 anos depois, passando por uma banca de revistas vi que os Diários estavam de volta, agora, para conforto do leitor, publicados em dois volumes pela L&PM Pocket (R$ 29 cada volume). Na banca só havia o primeiro volume e não resisti: comprei. Eu já tinha lido a edição americana assim que saiu e era novidade. Na releitura, 15 anos depois, sem o compromisso tipo obrigatório da novidade, o prazer é maior e com todo o L’Air du Temps de décadas já bem passadas. Ainda que grosso, esse primeiro volume (600 páginas, de 1976-1981) é um registro warholiano do turbilhão de festas, eventos, lugares e nomes coruscados na explosão do culto às celebridades, culto que teve seu primeiro surto naquela época. Todas as manhãs Andy Warhol ditava por telefone a Pat Hackett como fora o seu dia anterior, e Pat, exímia taquígrafa tudo anotava. Diário é uma espécie de sacola onde se joga tudo. De modo que, da sacola do Andy pesquei algumas pérolas, entre as quais algumas em que o diarista cita brasileiros com certa intimidade. E como estamos no ano da Copa no Brasil, vou começar pelo que Andy Warhol conta sobre Pelé. E outras pérolas, na sequência, para dar uma ideia dos gossips dos Diários de Andy. Camp as camp can.

Quarta-feira, 13 de junho de 1977. De táxi até a Rockefeller Plaza para ir ao escritório da Warner Communications ver Pelé, o jogador de futebol que está sendo fotografado para a Interview. Ele é adorável, lembrou que me encontrou uma vez no Regine’s. Ele tem uma cara engraçada, mas quando sorri fica lindo.

Terça-feira, 27 de setembro de 1977. Ahmet Ertegun telefonou convidando para o jantar em homenagem a Pelé. Meu retrato de Pelé seria apresentado, o pai e a mãe de Pelé estavam lá e eles são uma graça, e a mulher dele é branca, mas todo mundo é de uma cor diferente na América do Sul – os pais dele também são de cores diferentes.

Sexta-feira, 6 de janeiro de 1978. Richard Weisman telefonou e disse que Pelé estava indo à Coe Kerr Gallery e então tive que ir lá autografar (táxi $ 5). Pelé é gentil, me convidou para ir ao Rio como seu hóspede (táxi para casa $ 4).

Segunda-feira, 29 de maio de 1978. Caminhamos até o One Fifth para almoçar e no caminho vi Patti Smith de chapéu coco comprando comida para o gato dela. Convidei-a achando que recusaria, mas ela disse “Que bom!”. Patti não queria comer muito e por isso comeu metade do meu almoço. Não parecia feia – se se lavasse e vestisse melhor.

Segunda-feira, 5 de junho de 1978. Jerry Hall estava com o mesmo vestido verde Oscar de la Renta com o qual estava na última vez que saí com ela, e quando entramos no elevador notei que ela cheira no sovaco, que não tomou banho antes de se vestir. Portanto acho que Mick [Jagger] deve gostar do cheiro.

Sexta-feira, 1 de dezembro de 1978. Coquetel no escritório antes do jantar para Elizinha Gonçalves no 65 Irving. E fui convidado para a festa de Natal de Jackie O., mais uma vez.

Domingo, 4 de março de 1979. Fomos ao Laurent onde [Salvador] Dalí tinha nos convidado a jantar, havia umas quarenta pessoas lá. Então os garotos quiseram ir à festa da Xenon para Pelé. Nova York está tão cheia de brasileiros que parece que aqui é o carnaval.

Quarta-feira, 14 de março de 1979. Festa da Cartier que Ralph Destino estava oferecendo em comemoração ao aniversário do relógio de pulso de Santos Dumont. Bob ajudou a contatar celebridades (Paulette Goddard, Truman Capote…). E Monique Van Vooren estava lá, disse que Nureyev iria: “Se é para ganhar relógio de graça ele virá.” E naquele momento ele entrou. O relógio de pulso foi inventado a partir da ideia de Santos Dumont, que era piloto.

Quinta-feira, 5 de abril de 1979. Busquei Catherine [Guinness] e fomos para o Regine’s. Paloma Picasso estava lá com o marido e o namorado. Neil Sedaka chegou com a família. Paloma apaixonou-se perdidamente por Neil. Disse que quando tinha dez anos de idade, na Argentina, costumava cantar “Sweet Sixteen” em português e espanhol, e aí cantou para Neil nessas línguas e ele adorou, ficou muito impressionado com ela.

Quarta-feira, 31 de outubro de 1979. Fiquei uptown toda manhã e aí fui encontrar Elizinha Gonçalves e Bob [Colacello] na Mayfair House e caminhamos até o Maxwell’s Plum. Nosso atraso foi conveniente, porque todos estavam esperando para nos ver. Estava cheio, tivemos que fazer força para entrar.

Segunda-feira, 8 de setembro de 1980, Miami. Acho que lugares quentes enlouquecem as pessoas. Fritam o cérebro da gente. No avião, de volta a NY uma senhora sentada na poltrona à minha frente pediu um autógrafo e eu autografei um saquinho de enjoo para ela.

Sexta-feira, 5 de dezembro de 1980. E será que contei que Florinda Bolkan veio para ser retratada? Ela não queria fazer nada sem que Marina Cicogna dissesse ok – nem mexer a cabeça. E [a Condessa] Marina parece uma motorista de caminhão, empurra todo mundo, e se isso é amor, então acho que isso é que é amor.

Domingo, 26 de abril de 1981. Jantar no Da Silvano. E Anna Wintour estava lá. De início não consegui lembrar o nome dela, mas por fim lembrei. Acaba de ser contratada pela revista New York, para ser editora de moda. Queria trabalhar na Interview mas não a contratamos. Talvez devêssemos tê-la contratado. Mas não acho que ela sabe se vestir, na realidade se veste muito mal.

Quarta-feira, 10 de junho de 1981. Bem, minha filosofia de vida é: a vida não é digna de ser vivida sem saúde e saúde é riqueza – é melhor que dinheiro e amizade e amor e qualquer outra coisa.

* Texto escrito para a edição de janeiro de 2014 da revista Joyce Pascowitch, em breve nas bancas.

Exposição de pop art em SP exibe quadros de Andy Warhol

A partir de janeiro de 2014, o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo vai ser tomado por uma avalanche de arte pop, com obras dos americanos Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat, Jasper Johns, Roy Lichtenstein e Robert Rauschenberg – os líderes do movimento que estourou nos anos 1960 – e estrelas contemporâneas, como o alemão Gerhard Richter.

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Tela sem título pintada em 1984 por Warhol e Basquiat

Nos Diários de Andy Warhol, o nome mais famoso da pop art revela a relação que tinha com os amigos artistas, fala das exposições que visitaram juntos, das festas e até dos affairs no grupo.

Domingo, 16 de outubro, 1977. David Whitney telefonou sobre irmos juntos ao vernissage de Jasper Johns esta noite no Whitney. (…) De táxi até o Whitney ($2). Bob Rauschenberg me atirou um beijo no elevador e mais tarde veio dizer que era ridículo atirar um beijo e aí me beijou. Jasper estava bebendo Jack Daniel’s. Era uma festa pequena, só para os que emprestaram obras, gente velha. Corru até o andar de baico para conseguir um catálogo e depois fiquei procurando Jasper para que desse um autógrafo, mas não consegui encontrá-lo e aí pedi que Rauschenberg autografasse, e depois encontrei Jasper e ele apagou a assinatura de Rauschenberg e autografou ‘A um emprestador’.”

A exposição reúne 74 obras da coleção do casal alemão Peter e Irene Ludwig, que juntos acumularam por volta de 20 mil peças hoje espalhadas por 12 museus mundo afora. Só a seleção que vem a São Paulo está avaliada em cerca de R$ 500 milhões, e a mostra, orçada em R$ 4 milhões, vai exigir malabarismo logístico semelhante às últimas megaexposições no CCBB. A exposição abre no dia 25 de janeiro e fica até dia 7 de abril, com visitação das 9h às 21h.

via Folha Ilustrada

Lou Reed (1942-2013)

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Lou Reed: Estou completamente sozinho. Ninguém pra conversar. Dá uma chegada aqui, daí posso falar com você… Há um tempão a gente tocava junto num apartamento de trinta dólares por mês e não tinha grana pra nada; comia mingau de aveia todo o dia e vendia sangue, entre outras coisas, ou posava praqueles tabloides semanais baratos. Quando posei pra eles, minha foto saiu dizendo que eu era um maníaco sexual assassino que tinha matado quatorze crianças e gravado tudo, e que rodava aquelas fitas num celeiro no Kansas à meia-noite. E quando a foto de John Cale saiu no tabloide, dizia que ele tinha matado o amante porque o cara ia casar com a irmã dele, e ele não queria ver a irmã casada com um veado. (Trecho inicial do livro Mate-me por favor (Please kill me) – A história sem censura do punk, por Legs McNeal e Gillan McCain.

O domingo, 27 de outubro de 2013, foi marcado pela morte de Lou Reed. Aos 71 anos, o guitarrista e compositor norte-americano, ex líder da banda The Velvet Underground, faleceu em decorrência de complicação de um transplante de fígado que havia realizado em maio deste ano.

Lewis Allan Reed nasceu no dia 2 de Março de 1942 no bairro do Brooklyn em Nova York. De família  judaica, aprendeu a tocar guitarra ouvindo rádio ainda na década de 1950 quando estava no colegial. Foi nessa época que ele sofreu uma de suas experiência mais traumáticas e que seria tema de canções ao longo de sua carreira: bissexual assumido, seus pais o submeteram a um tratamento de choque para tentar supostamente curá-lo.

Da amizade de Lou Reed com o músico galês John Cale nasceria uma das bandas mais importantes para a origem do punk rock nos Estados Unidos: o The Velvet Underground que contava ainda com o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker. O grupo chamou a atenção do artista plástico Andy Warhol que quase imediatamente colocou o The Velvet Underground como uma das atrações do  Exploding Plastic Inevitable, uma série de eventos multimídia organizados por ele. O contato com Warhol deu novas dimensões à criatividade de Reed que começou cada vez mais mostrar um perfil artístico multifacetado. A relação, entretanto, nem sempre foi harmônica: para o disco de estreia, Warhol insistiu que a banda gravasse com a ex-modelo alemã e cantora Nico. Para expressar sua objeção a banda batizou o disco de The Velvet Underground & Nico, mostrando que a vocalista era apenas uma convidada.

Apesar da resistência, Reed escreveu a maioria das canções do álbum pensando na voz de Nico e os dois chegaram a ter um breve relacionamento amoroso (mais tarde ela teria um outro pequeno affair com Cale). O famoso disco apresentou uma obra de Warhol na capa, a célebre banana.  

Depois de deixar o The Velvet, Reed se dedicou à carreira solo. Desde 2008 estava casado com Laurie Anderson.

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Andy Warhol e Lou Reed

Quinta-feira, 20 de julho, 1978 – (…) De táxi até o Bottom Line ($6). Steve Paul estava lá, acho que ele é empresário de David Johansen. Lou Reed estava numa mesa próxima e Catherine estava loucamente apaixonada por ele. (…) Quando estávamos entrando uns garotos ficaram cochichando, “Aquele é o Lou Reed.” Ele disse para eles, “Vão se matar”. Não é ótimo? Os dois dachshund que ele comprou depois de ver os meus são adoráveis – Duke e Baron. Ele está meio separado de Rachel, o travesti, mas não completamente, eles têm apartamentos separados. Na realidade, o lugar onde Lou mora é mais como uma casa. É um lugar de aluguel controlado que uma namorada conseguiu para ele, seis quartos, e ele só paga $485 por mês. A melhor peça é um banheiro comprido e estreito, 70cm x 4m, e ele disse que está pensando em reformar e eu disse que não deveria, que é ótimo como está. E ah, a vida de Lou é tudo que eu gostaria que a minha vida fosse. (Trecho de Diários de Andy Warhol – Volume 1)

Os girassóis perdidos de Andy Warhol

Chega ao Brasil a exposição “Lost then Found” com uma série de 15 retratos até então inéditos de Andy Warhol feitos pelo fotógrafo Steve Wood em 1981. Os negativos originais ficaram esquecidos no armário de Wood durante mais de 30 anos e foram encontrados durante uma faxina em seu escritório. Na época, ele trabalhava no jornal britânico The Daily Express e encontrou Warhol durante a cobertura do Deauville American Film Festival daquele ano, na França. Uma amiga em comum sugeriu que Wood fotografasse o artista, mas as fotos de Andy Warhol não entraram na matéria que ele entregou ao jornal e ficaram de lado até serem realmente esquecidas.

Em algumas imagens, Warhol aparece segurando um girassol, que é símbolo da felicidade – o que contrasta com sua tradicional expressão sisuda.

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Outras, no entanto, revelam instantes raros do rei da pop art, revelando até certa doçura (quase inédita!) em seu olhar.

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Depois daquela sessão de fotos, Wood nunca mais encontrou Warhol, que morreu anos depois, em 1987. A exposição “Lost then Found“, que faz curta temporada no Brasil de 5 a 8 de setembro no Pier Mauá, no Rio, estreou em maio deste ano em Nova York.

A arte de Jean-Michel Basquiat

O artista Jean-Michel Basquiat morreu jovem, com apenas 27 anos, no dia 12 de agosto de 1988, mas produziu o suficiente para entrar para a história da arte moderna como um dos ícones da pop art ao lado de Andy Warhol. Eles se conheceram em 1982, em Nova York, e Warhol registrou o momento em seus diários:

Segunda-feira, 4 de outubro, 1982. Fui encontrar Bruno Bischofberger. Veio com Jean-Michel Basquiat. É o garoto que usava o nome “Samo” quando sentava na calçada do Greenwich Village e pintava camisetas, e de vez em quando eu dava $10 para ele e o mandava ao Serendipity para tentar vendê-las. Era apenas um daqueles garotos que me enlouqueciam. É negro, mas algumas pessoas dizem que é porto-riquenho, ai sei lá. E então Bruno o descobriu e agora ele está com a vida ganha. Tem um estúdio ótimo na Christie Street. É um garoto de classe média do Brooklyn – quer dizer, foi à universidade e essas coisas – e ficou tentando ser daquele jeito, pintando em Greenwich Village.

Então almocei com eles e aí tirei uma polaroid e ele foi pra casa, duas horas depois mandou uma pintura, ainda molhada, dele e de mim juntos. E, quer dizer, só chegar até Christie Street deve ter levado uma hora. Me disse que foi o assistente quem pintou.

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“Dos cabezas” (1982) de Jean Michel Basquiat

No registro do dia seguinte, 5 de outubro, ele diz:

(…) E esqueci de acrescentar que um dia antes Jean-Michel Basquiat meteu a mão no bolso e disse que me pagaria os $40 que me devia do tempo em que pintava camisetas e pedia dinheiro emprestado para mim e eu disse ah, não, está bem, fiquei constrangido – fiquei surpreso de só ter dado isso pra ele, achei que tivesse dado mais.

Bruno Bischofberger with Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat and Francesco Clemente, New York 1984

Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat, Bruno Bischofberger e Francesco Clemente (Nova York, 1984)

Jean-Michel Basquiat nasceu no Brooklyn, em 1960, mas sua família veio de Porto Rico e do Haiti. Conhecendo bem a vida nos subúrbios e os problemas a ele inerentes, como o racismo, a imigração e a exclusão social, Basquiat tornou-se um símbolo dos desenhos urbanos nos anos 80. Começou a se destacar em NY com os grafites que fazia com a sigla SAMO (“Same Old Shit”). Interessado em hip-hop, jazz, basebol e boxe, mas também em poesia francesa, Leonardo Da Vinci e arte modernista, ele começou cedo na pintura, comunicando com clareza e urgência a sua própria experiência de vida com um quê neo-expressionista. Suas criações são uma combinação de símbolos, escrita e cores encontradas fora da “normalidade”: são as cores da cidade, das ruas e do mundo em que viveu.

A vida de Basquiat virou filme sob a direção do amigo e contemporâneo Julian Schnabel e é citado inúmeras vezes no vol. 2 dos Diários de Andy Warhol da Coleção L&PM Pocket.

Andy Warhol está sendo filmado

Para celebrar o aniversário do maior ícone da pop art, que faria 85 anos hoje, o Museu Andy Warhol instalou uma câmera no cemitério onde o artista está enterrado e transmite 24h por dia a movimentação dos fãs que visitam o local. Flores, balões e latas de sopa Campbell’s estão entre os presentes levados até lá pelos fãs no dia de hoje.

Alguns acenam para a câmera que os monitora antes mesmo de chegar ao túmulo do artista. Sabendo que estão sendo vistos por muita gente de todo o mundo via internet, eles acabam confirmando uma das máxima de Andy Warhol: “No futuro, todos terão seus 15 minutos de fama”.

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(a lápide do túmulo está atrás do homem de preto)

O túmulo de Warhol está localizado no St. John the Baptist Byzantine Catholic Cemetery, no estado da Pennsylvania.