Picasso não queria viver

picassoPicasso, de início, não quer viver. Pelo menos hesita. Ou não sabe como fazer. No entanto, Maria Picasso y Lopes teve um parto normal, sofreu como quem sofre para o nascimento de um primeiro filho e recebeu ajuda de uma parteira que trouxe adequadamente o bebê ao mundo. Mas este, diante de uma plateia frustrada, permanece quieto. Nenhum grito, nenhuma respiração. Por sorte, o doutor Salvador Ruiz y Blasco, seu tio, fuma charuto (o nascimento, nessa época, não era regido por uma estrita higiene) e sopra-lhe em plena cara, voluntariamente ou não, por uma intuição benéfica ou num gesto de exasperação, uma baforada de fumaça acre que no mesmo instante desencadeia o reflexo que não esperava mais. Assim, no dia 25 de outubro de 1881, em Málaga, aquele que alguns dias mais tarde será batizado com o nome de Pablo e posto também sob o apadrinhamento protetor de alguns outros santos, faz-se notar desde o começo. Ele próprio não deixará de contar esse primeiro instante de sua história como um sinal anunciador de seu destino extraordinário. Foi a mãe que lhe relatou o fato ou ele que imaginou esse nascimento em suspense? Como Picasso se comprazerá mais de uma vez em embelezar sua biografia, não podemos confiar muito nas aparentes confidências de um homem tão atento quanto ele em edificar a própria lenda…

(Trecho inicial de Picasso, de Gilles Plazy, Série Biografias L&PM)

Picasso_primeirafoto

Esta é a primeira foto que se conhece de Picasso, feita quando ele tinha 4 anos

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