Arquivo mensais:dezembro 2012

As aventuras de Tom Sawyer

Por Fernanda Scherer*

Antes de conhecer Tom Sawyer na literatura, conheci James Sawyer no seriado Lost. O personagem andava pela misteriosa ilha sempre com um livro a tiracolo e eu me perguntava se o James era inspirado naquele Sawyer da literatura. Resolvi ler o livro para tirar essa dúvida.

As aventuras de Tom Sawyer (Coleção L&PM Pocket), de Mark Twain, é um grande clássico da literatura americana. Publicado originalmente em 1876 – sempre me impressiono com obras do século passado que ainda parecem recém lançadas -, o livro traz um garoto muito esperto, aprontando mil coisas. Li pensando na infância do meu pai e dos meus avôs. Uma infância em que, no final de semana, os garotos se reuniam para nadar no lago e a falta de brinquedos industrializados era compensada por uma grande imaginação. Um tempo em que um dente de leite valia o equivalente a um carrapato vivo (troca real feita na história entre Tom e seu fiel amigo Huck Finn).

Tom Sawyer é um garoto do tipo “moleque”, com direito a noites de brincadeira no cemitério e uma tentativa de virar pirata. Mas, ao mesmo tempo, um moleque de grande coração, que tem um imenso carinho pela família e que enfrenta uma super confusão para ajudar um homem inocente.

As aventuras de Tom Sawyer nos leva de volta à infância. Talvez não a nossa infância, mas a infância simples e divertida de Tom.

Se James Sawyer, de Lost, foi inspirado no Tom? Os roteiristas nunca confirmaram a informação. Mas Tom Sawyer, com certeza, já serviu de inspiração para muitos outros livros, filmes e músicas.

Curiosidades sobre Tom Sawyer:

  • Tom Sawyer serviu de inspiração para músicas homônimas das bandas RushMindless Self Indulgence.
  • A personagem e o livro também são citados nos filmes Minority Report – A Nova Lei (pelo ator Tom Cruise), A Felicidade não se compra (pelo ator James Stewart) e A Liga Extraordinária (pelo ator Shane West).
  • Serviu de inspiração para a série de TV americana CHUCK, episódio “Chuck contra Tom Sawyer”, onde Tom Sawyer é um código secreto para desarmar uma bomba. No mesmo seriado, Tom Sawyer já foi um técnico de vídeo-game e criador de um míssil que poderia iniciar a Terceira Guerra Mundial.
  • Considerado vilão em Os Padrinhos Mágicos no episódio “Vida Na Estante”.
  • O protagonista do livro A Misteriosa Chama da Rainha Loana, de Umberto Eco, cita Tom Sawyer em uma de suas passagens.
  • Citado no filme Alice Upside Down, a professora Plotkins lê o livro para a turma de Alice e no final do filme dá o mesmo livro de presente a ela
  • Também citado no desenho Phineas e Ferb pelo Dr. Heinz Doofenshmirtz quando ele ouvia um CD falando a respeito de Tom Sawyer.
  • Citado no conto A Canoa, do escritor Luke T. Bergeron. Ele cria um verbo e usa no passado, Tom Sawyered.
  • Em Dogville, o livro que Thomas Edison (pai) está lendo é “The Adventures of Tom Sawyer”.
  • É citado no último episódio da 12º temporada de Os Simpsons, “Contos da Carochinha”. Na história, Tom, interpretado por Nelson Muntz foge de um casamento arranjado.
  • Em Feiticeiros de Waverly Place, Max mente para sua namorada que seu nome é Tom Sawyer, e mais referências são citadas no episódio.

No Missouri (EUA) há um monumento com as estátuas de Tom Sawyer e seu amigo Huck Finn

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Essas cartas vão fazer você chorar

É como entrar numa máquina do tempo, como remexer em gavetas alheias, como ser um voyeur olhando por cima do ombro de quem escreve em silêncio. Ler “As cartas” que Jack Kerouac e Allen Ginsberg trocaram ao longo de 25 anos é descobrir os detalhes, invadir as emoções, compartilhar os medos, inseguranças, as euforias. É, ainda, acompanhar o desbrochar de escritores, a ascenção de um movimento literário, o nascimento de seus livros, a intimidade de dois amigos com muito em comum. Allen assina sempre Allen. Já Jack, além de Jack, é Jean, Jean-Louis, Ti-Jean ou simplesmente J. São 500 páginas de pura descoberta. É como escreveu Lawrence Ferlinghetti em uma carta datada de 25 de maio de 1961: “Um dia, as cartas de Allen Ginsberg para Jack Kerouac vão fazer a América chorar. As minhas lágrimas já começaram a rolar. (Paula Taitelbaum)

Caro Allen: (22 de setembro de 60)

Sim, acabo de retornar, grande voo no Ambassador da TWA, dedutível do imposto de renda, com vinho, champanhe, filé mignon e a esposa do embaixador chinês em Taipei na minha frente etc. Nova York parece pequena e grosseira depois da anárquica, louca e espontânea Frisco. Encontrei-me com todo mundo. Neal está mais fantástico do que nunca, muito mais doce, está bonitão, saudável. Caminha até o trabalho em Los Gatos na recauchutadora de pneus – gostaria de fazer o papel de Dean no filme On the Road, qualquer coisa é melhor do que recauchutar. (…) Enquanto isso, em Big Sur, sentei perto do mar todos os dias, algumas vezes numa assustadora e trovejante nebulosa escuridão de escarpas e ondas enormes, e escrevi Mar, primeira parte, MAR: o Oceano Pacífico em Big Sur na Califórnia. Tudo som de ondas, como James Joyce faria. Escrevi quase tudo de olhos fechados, como um Homero cego. Li para a turma à luz de uma lamparina a óleo. McClure etc. Neal etc. todos ouviram mas é como Old Angel, só mais ondas que batem e rebatem plop kerplosh, o mar não fala em sentenças, mas vem em pedacinhos assim:

Não há palavra humana
para tristezas mais antigas
que velha essa onda
quebrando aflige a
areia com o ploch
da ideia renosa
torcida – Ah mudar
o mundo? Ah cobrar
o preço? São corda os
anjos pelo mar?
Ah lontra cordosa
coberta de cracas –

(…)

Jean

Uma das cartas que estão no livro que tem edição de Bill Morgan e David Stanford

Um lugar entre amigos

No lançamento de Um lugar na janela que aconteceu na quinta-feira passada, 29 de novembro, na Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio, Martha Medeiros recebeu muitos amigos, entre eles, Malu Mader:

As fotos aqui publicadas são do Canal Viva, da Rede Globo, que foi ao local gravar uma entrevista com Martha. O ator Emilio Orciollo Neto também passou por lá. Emilio está em cartaz com a peça “Também queria te dizer”, baseada em textos de Martha.