Arquivo mensais:maio 2012

Cleo e Daniel na era das redes sociais

Cleo e Daniel é um livro que Roberto Freire lançou em 1965 e que, além de ter se transformado em bestseller, virou filme dirigido pelo próprio autor. Mais de 40 anos depois, Cleo e Daniel volta ao mercado pela Coleção L&PM Pocket. A seguir, o texto que o escritor e jornalista Ignacio de Loyola Brandão escreveu especialmente para esta edição que acaba de sair do forno. E que explica um pouco porque a obra de Freire segue sendo atual. 

Conheci Roberto Freire e dele fiquei amigo nos anos 60 quando trabalhamos juntos em Última Hora, jornal que já desapareceu. Fiquei abismado ao saber que ele escrevia à mão. Sempre escreveu. Depois que já era psicanalista, ou seja lá o que for. Falávamos de cinema, de São Paulo, de putas, de sexo, de homossexuais, de drogas. Ele tinha um jeito meio louco e eu ficava fascinado com sua maneira de ver as coisas e o mundo. Um dia, ele me trouxe um calhamaço: Quer dar uma olhada nisso? Tem saco? É um romance. Li em dois dias. Maravilhado, porque ali estava uma visão nova da juventude naqueles confusos anos 60. Confusos porque tínhamos batalhado por liberdade, sexo, tudo, e tínhamos levado a porrada da ditadura na cabeça. Enfim surgia um livro diferente, claro, aberto. Mudava a literatura, a visão das coisas, nesta história de um amor tresloucado, puro. O mundo estava mudando, o Brasil também. Roberto surgiu com uma linguagem solta, descolada, atraente, poética e sensual. Foi um impacto, Cleo e Daniel estourou em vendas, estava nas mãos de todos os jovens. Falava-se de Cleo, de Daniel e de Roberto. Tenho uma curiosidade imensa de saber como se comportará este romance quase cinquenta anos depois. Verdade que grandes livros nunca envelhecem. Como será visto hoje pela geração facebook, linkedin, iPhone, iPad, internet, twitter, rede social. Pensar que Roberto escrevia a lápis.

Juan Gabriel Vásquez na Flip!

Só hoje a gente pode contar a novidade, pois precisávamos esperar a coletiva de imprensa oficial da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. A programação do evento, que este ano completa uma década, foi divulgada esta manhã. E a novidade é que, em 2012, um autor aqui da casa estará participando da Flip. O escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor de História Secreta da Constaguana (que chegará da gráfica no início da semana que vem e breve estará nas livrarias) participa de uma mesa sobre “Ficção e História” no dia 5 de julho às 17h15min. Ele estará ao lado de Javier Cercas e a conversa será mediada por Ángel Gurría-Quintana. Veja aqui a programação completa.

De Vásquez, a L&PM lançou em 2010 o excelente Os informantes e agora traz para o Brasil História Secreta da Costaguana, um romance se passa em um país que não pode ser encontrado no mapa, Costaguana, localidade que pertence à literatura, à imaginação do escritor Joseph Conrad. A partir do encontro entre dois viajantes, José Altamirano e Joseph Conrad, Vásquez narra a história do que seria um dos grandes roubos da literatura: a apropriação indevida de Conrad da vida de Altamirano – e como o grande romancista transformou a história pessoal desse ambíguo personagem. O romance tem como pano de fundo a heróica saga da construção do Canal do Panamá.

 

Na trilha (sonora) de “On the road”

On the Road é um livro sonoro. Do motor do carro no qual Sal Paradise e Dean Moriarty empreenderam sua jornada aos inferninhos em que ambos “viajaram” entre metais e bongôs, Jack Kerouac faz as palavras dançarem pelos pensamentos. Sua obra, que agora virou filme e concorre a Palma de Ouro em Cannes pelas mãos de Walter Salles, embalou, embala e continuará embalando os sonhos de liberdade de quem sabe que há um mundo lá fora, além da fronteira.

O filme, que estreia em junho no Brasil, já tem trilha sonora lançada em CD na França. O responsável por ela é Gustavo Santaolalla, músico argentino que já trabalhou com Walter Salles em Diários de Motocicleta e também assina músicas dos filmes Brokeback Mountain, Babel e 21 Gramas. Na lista de canções de On the Road (Na Estrada) estão composições próprias de Santaolalla e também Ella Fitzgerald, Coati Mundi, Son House e, claro, Slim Gaillard. “Ela chora e tem chiliques, não quer me deixar sair para ver Slim Gaillard, fica furiosa cada vez que me atraso e então, quando resolvo ficar em casa, ela simplesmente não fala comigo, diz que sou um idiota completo” diz Dean a Sal, citando Slim Gaillard e se referindo a Camille em uma das páginas do livro de Kerouac.

Dodô Azevedo, editor de conteúdo do site de Na Estrada está em Cannes e de lá postou no Facebook oficial do filme uma foto do CD e imagens da gravação da trilha que aconteceu em Los Angeles. No estúdio, Santaolalla recebeu as lendas do Jazz Charles Haden e Brian Blade. O diretor Walter Salles também estava lá, acompanhando as gravações e com cara de quem estava feliz com o resultado.

Gustavo Santaolalla dirige a gravação da trilha sob o olhar feliz de Walter Salles

Charlie Haden em plena gravação

Brian Blade na bateria

Se você não puder ir até a França buscar o resultado de tudo isso, o pessoal de Na Estrada avisa que será sorteado um CD assinado por Walter Salles entre os que curtem a página do Facebook e os que seguem @naestradafilme no twitter. Dá uma olhada na soundtrack list que inclui ainda uma leitura de Kerouac:

1. Sweet Sixteen – Greg Kramer
2. Roman Candles
3. Yep Roc Heresy – Coati Mundi
4. Reminiscence
5. Lovin’ It
6. The Open Road
7. Memories / Up to Speed
8. I’ve Got the World on a String – Ella Fitzgerald
9. That’s It
10. Keep it Rollin’
11. Hit That Jive Jack – Slim Gaillard
12. God Is Pooh Bear
13. Death Letter Blues – Son House
14. I Think of Dean
15. Jack Kerouac Reads ‘On the Road’ – Jack Kerouac

Carlos Fuentes: escrever para ser

Por Eric Nepomuceno*

O escritor mexicano Carlos Fuentes, no centro da imagem, junto ao peruano Mario Vargas Llosa e ao colombiano Gabriel García Márzquez (El País)

Vejo algumas fotos em preto e branco. E me detenho em uma, feita em algum dia incerto da Barcelona daqueles anos 70, mostrando um Vargas Llosa alto e sorridente, um Carlos Fuentes um tanto formal, e um Gabriel García Márquez cabeludo e com bigodes que parecem desenhados a carvão. Fuentes ainda fumava: na mão esquerda, posta fraternalmente sobre o ombro de García Márquez, aparece o cigarro. Ali estão eles: Vargas Llosa aparece à esquerda, Fuentes está no centro, García Márquez à direita. Exatamente o avesso do que a vida reservaria aos três, ou do que os três fariam de suas vidas.

Na foto, os três são jovens, e parecem confiantes, e ocupam o inverso do espaço que o tempo e a realidade se encarregariam de colocar em seus devidos lugares: quem à direita, ao centro, à esquerda. Volta e meia imagino como será ter sido ser jovem, ou melhor, ser um jovem Fuentes, um jovem Mario Vargas, um jovem García Márquez naqueles anos de turbilhão. Uma vez perguntei isso a Fuentes. Estávamos em São Paulo, caminhávamos ao léu com Silvia Lemus, sua mulher, para cima e para baixo por aquelas paralelas da rua Augusta, e ele me contava coisas. Dizia assim: ‘É que a gente era muito jovem, e acreditávamos nas mesmas coisas, e tínhamos uma confiança enorme no futuro’. Insistia: sua amizade com García Márquez, que vinha de 1961, era a qualquer prova. E acabei sendo testemunha disso, dessa verdade.

E lembro que algum tempo depois, coisa de ano ou ano e meio, ao entrar num restaurante italiano em Buenos Aires, topei com ele e com Silvia. E ele, como sempre de uma elegância sem fim – e, atenção: estou me referindo à elegância como postura diante da vida –, quis continuar uma conversa que eu nem lembrava qual era. Era a conversa sobre nossos respectivos anos jovens. Disse ele, lembrando de Vargas Llosa, de García Márquez, de Cortázar: ‘A vida segue, e às vezes, nos separa. Bom mesmo é quando você consegue discordar de tudo e fazer com que nada separe os afetos, a amizade’. Tentou isso a vida inteira. Às vezes – com Cortázar, com García Márquez –, conseguiu. Aliás, sem maiores esforços.

Quando me refiro a ele como um homem elegante, me refiro a um pensamento que conseguia ser ao mesmo tempo ágil e contido, que não se limitava às barreiras que muitas vezes nos impomos a nós mesmos. Acreditava no que acreditava. Acreditava no futuro. No futuro da América Latina, no futuro no ser humano. Acreditava que, em algum momento desse nosso eterno recomeçar, nós, da América Latina, deixaríamos de recomeçar e começaríamos de verdade. E escrevia assim: acreditando. Não há dois livros dele que sejam iguais. Porque, em seu ofício, Carlos Fuentes era como na vida: sempre disposto a recomeçar, a reinventar. Sua obra é desigual, porque ao longo da vida somos desiguais. Escrevia cada livro como se fosse o primeiro. E por isso mesmo ele foi tantos, como tantos somos nós em nosso dia-a-dia.

A única coisa que se manteve sempre em cada palavra, cada frase que desenhou, foi a fé no futuro. Jamais acreditou em limites e fronteiras, quando escrevia. E nem quando vivia. Qualquer um que tenha a palavra escrita como matéria prima, e a memória como guia dos tempos, saberá descobrir no autor de ‘A região mais transparente’, ou ‘A morte de Artemio Cruz’, ou de ‘Terra Nostra’, de ‘Gringo Viejo’, um eterno contemporâneo, um companheiro de viagem, um parceiro de sonhos e ousadias. E uma testemunha de desesperanças e esperanças, de tudo aquilo que poderíamos ter sido e que não fomos.

Fuentes dizia que, mais do que pela obra dos grandes historiadores, dos grandes sociólogos, dos grandes antropólogos – e ele foi amigo de vários dos grandes –, a verdadeira história nossa era escrita por escritores. Lembro bem da vez em que ele disse que escrever literatura não era um ato natural: era como dizer que a realidade, não é suficiente. Que precisa de outra realidade, a da imaginação. E que isso era perigoso. Assim viveu, assim escreveu.

Muito mais que um grande escritor, a América perdeu um homem de seu tempo – de seus tempos. Que soube defender suas idéias com tamanha inteireza, com tamanha elegância, com tamanha firmeza, que mesmo os que tantas vezes discordaram dele poucas vezes deixaram de respeitá-lo. Eu perdi um amigo distante. Que teve uma vida coalhada de dramas tenebrosos – a ele e a Silvia foi reservada a pior das dores de um ser humano, a de enterrar seus filhos – e conseguiu continuar caminhando. E sorrindo.

Lembro de Carlos Fuentes como alguém que não se deixou abater. Que não deixou de sorrir e de acreditar.

Certa vez, ele me disse que escrevia para continuar sendo. E, assim, foi.

 * Eric Nepomuceno é escritor, jornalista e tradutor e acaba de entregar a tradução do novo livro de Eduardo Galeano, “Os filhos dos dias” que será lançado em breve. Este texto foi publicado originalmente no site Cartamaior.

Billie Holiday e Orson Welles juntos

Orson Welles vai lá todas as noites. Ele já é célebre. Seu filme Citizen Kane (Cidadão Kane), que parodia a vida do magnata da imprensa Randolph Hearst, provocou uma tremenda polêmica. Welles tem 25 anos, é brilhante, sedutor e adora jazz. Ele formulou um projeto de fazer um documentário sobre a história do Jazz, It´s All True, que nunca chegaria a ser produzido. Fascinado pelo mundo das drogas clandestinas, pede a Billie que o leve à Central Avenue, nas zonas de pior reputação do bairro negro de Los Angeles. Billie sente-se fascinada por sua personalidade, sua inteligência e sua eloquência. Eles são vistos juntos com frequência até o momento em que Billie começa a receber telefonemas anônimos em seu hotel. Ela é acusada de estar destruindo a carreira de Orson Welles, é ameaçada de jamais trabalhar em Hollywood caso continue a conviver com ele. Uma negra não pode se mostrar publicamente ao lado de um branco sem desencadear os golpes de toda espécie de censura. Já entre as mulheres, há muito menos problemas. Se Billie quiser, pode dar uma escapada até o México com uma das amiguinhas de Orson Welles!  

(Trecho de Billie Holiday, Série Biografias L&PM)

Morre o grande Carlos Fuentes, autor da obra-prima “Aura”

Morreu ontem, aos 83 anos, Carlos Fuentes, um dos maiores e mais influentes escritores latinoamericanos do século XX. É autor – entre dezenas de romances, novelas, livros de contos, ensaios, peças de teatro e roteiros cinematográficos – de A região mais transparente (1958), Aura (1962), A Morte de Artemio Cruz (1962), Terra Nostra (1975) e Gringo Viejo (1985). Filho de pais mexicanos, nasceu no Panamá em 1928. Dono de um estilo muito refinado e de um enorme talento, soube como poucos retratar a atmosfera onírica e trágica do seu México. Com o colombiano Gabriel García Marquez, o chileno José Donoso, o peruano Vargas Llosa, o paraguaio Roa Bastos, o argentino Julio Cortázar, os uruguaios Onetti e Benedetti, o guatemalteco Miguel Ángel Asturias, entre outros, formou a “geração de ouro” que criou a alma e a personalidade da poderosa literatura latinoamericana que invadiu o mundo inteiro nas últimas décadas do século XX e produziu 4 prêmios Nobel: Miguel Ángel Asturias, Pablo Neruda, Gabriel García Marquez e Vargas Llosa.

A L&PM publicou um dos seus mais impressionantes trabalhos que, por acaso, é uma pequena novela de 80 páginas, Aura. Poucos textos da literatura latinoamericana têm a beleza e a expressividade desta narrativa em que o o autor utiliza seus imensos recursos para construir uma ficção que intriga, deslumbra e, por fim, surpreende como poucas histórias conseguem surpreender. Uma verdadeira obra prima que a L&PM publica desde a década de 1980 numa magnífica tradução da poeta Olga Savary (atualmente é publicada na Coleção L&PM Pocket).

Para nós, fica a melancolia de ver esta luminosa geração ir se apagando aos poucos. Como consolo, resta o sortilégio da literatura, o raro espaço real onde o imaginário que estes homens e mulheres criaram faz com que se eternizem nos corações e mentes da nossa e de futuras gerações. (Ivan Pinheiro Machado)

My Andy Warhol’s way of (social) life

Por Nanni Rios*

300 caixinhas brancas de 10 x 10cm distribuidas pelas paredes coloridas de uma sala redonda no MIS, em São Paulo. Dentro de cada uma delas, um retrato feito por Andy Warhol com a sua Polaroid Big Shot. Eu tinha lido muito sobre o Andy, sobre as famosas polaroides e sobre o significado daquilo tudo, mas nada se compara ao que senti quando entrei lá.

O que estava diante dos meus olhos e ao alcance das minhas mãos – e das lentes do meu iPhone! – eram os mesmos pedaços de papel fotográfico com rostos impressos que passaram pelas mãos de Andy Warhol instantes após ele apertar o disparador de sua câmera de revelação instantânea. E Walter Benjamim que me desculpe, mas não importam quantas reproduções dos retratos de Liza Minnelli (foto ao lado) eu já vi na vida e nem quantas obras derivadas o próprio Andy Warhol produziu a partir daquelas fotos: ver aquelas polaroides originais ao vivo me arrancou arrepios.

E não é pra menos. A herança de Andy Warhol guia a minha leitura de mundo. O colorido, a cópia, o remix, os mitos transformados em gente, o pop e o popular, o descompromisso com cânones e a banalidade daqueles registros me encantam. É com essa leveza e sem protocolos tradicionais que eu gosto de me relacionar com o mundo e com as pessoas. E quando dá, ainda carrego nas cores.

Também levo Andy Warhol como inspiração para o meu trabalho aqui na L&PM. Ou por acaso existe algo mais “15 minutos de fama” do que as redes sociais?

Só uma coisa me decepcionou na exposição: era proibido tirar fotos. Ok, a regra é praxe em museus, mas não combinava com aquela exposição. No entanto, assim que o segurança se virou, prestei uma homenagem ao meu ídolo: saquei meu iPhone, tirei umas fotos e postei no mural da L&PM no Facebook e também no meu mural pessoal. Em seguida, postei no Twitter recomendando a exposição. Não tenho a menor dúvida de que Andy adoraria ver a foto da foto da foto postada, curtida, compartilhada, retuitada, favoritada, alterada com os filtros do Instagram e alvo de vários pins no Pinterest.

Ah, o álbum no Flickr também está garantido. Aí estão todas as fotos que eu consegui tirar enquanto o segurança não voltava ao seu posto de guardião da “aura” das obras de arte:

A exposição Andy Warhol Superfície Polaroides fica em cartaz no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, até o dia 24 de junho.

*Nanni Rios é editora de mídias sociais da L&PM Editores e usa a Liza Minnelli de Andy Warhol como avatar em todos os seus perfis.

O press kit de “On the road” em Cannes

Quem entra no site oficial do Festival de Cannes 2012, que começa no dia 16 de maio, encontra um press kit de divulgação do filme “On the road/Na estrada”. São 66 páginas com a ficha completa dos atores, uma entrevista com o diretor Walter Salles, fotos e imagens do filme, informações sobre a adaptação do livro para a telona e várias curiosidades sobre a viagem que a equipe encarou para refazer a saga de Dean Moriarty, Sal Paradise e a encantadora Marylou. O filme será exibido pela primeira vez durante o Festival no dia 23 de maio e está concorrendo a Palma de Ouro (estamos torcendo por ele!).

No site de Cannes, o press kit é um pdf, mas nós montamos um flip para facilitar a leitura (clique sobre a imagem):

E em breve, chegará às livrarias uma nova edição do livro On the road, desta vez em formato convencional e com a imagem do poster do filme na capa.

Clássicos da literatura na novela da Globo

A Capa do Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de ontem, 13 de maio, traz uma matéria chamada “Gol de letra” que começa contando uma cena da novela “Avenida Brasil”, que vai ao ar às 21h na Globo. Transcrevemos aqui o diálogo citado, uma conversa entre o ex-jogador de futebol Tufão (Murilo Benício) e a mulher Carminha (Adriana Esteves):

“Tá lendo o quê?”
“Um livro que a Nina me emprestou. Madame Bova… de Bovári.”
“Qual é a dessa madame aí?”
“Essa é louca. Sabe que ela trai o marido, mas não gosta do amante? Vai entender!”
“Coisa de intelectual.”

Madame Bovary, de Flaubert, não é o único livro de cabeceira do casal da novela. O personagem de Murilo Benício já leu A interpretação dos sonhos, de Freud (que a Coleção L&PM Pocket lançará este ano) e A metamorfose, de Kafka.

Segundo contam os jornalistas Elisangela Roxo e Marco Rodrigo Almeida em sua matéria da Folha, “A mansão de Tufão tem biblioteca, mas os livros eram apenas decorativos, todos ocos. Os reais chegaram pelas mãos de Nina (Débora Falabella), que busca vingança contra Carminha e, para atingir seu objetivo, trabalha como cozinheira da família. Os livros são usados por ela para abrir os olhos do ex-jogador sobre o mau-caratismo da mulher, que o trai com o próprio cunhado.”

O autor da novela, João Emanuel Carneiro, já adiantou que o próximo exemplar da estante de Tufão será o clássico de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

“Especialistas em literatura acreditam que as citações em ‘Avenida Brasil’ podem atrair a atenção do público para obras canônicas” diz a matéria. Entre os livros indicados pela Folha para que sejam lidos futuramente pelo personagem de Benício estão O Primo Basílio, de Eça de Queirós e Otelo, de Shakespeare, ambos da Coleção L&PM Pocket.

Madame Bovary e A metamorfose também estão na Coleção L&PM Pocket.