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Viaje no tempo e no espaço para ouvir as palestras de William Faulkner

Pode-se dizer que poucos escritores foram tão premiados quanto o americano William Faulkner. Nobel de Literatura em 1949, ganhador do National Book Awards em 1951 e 1955, Faulkner utilizava a técnica do fluxo de consciência que consagrou gente como James Joyce, Virginia Woolf e Proust.

William Faulkner também dava aulas e palestras. E sabe o que é melhor? É possível ouvi-lo. Isso porque estão disponibilizados na internet os arquivos de áudio de palestras, leituras e conversas com estudantes que o escritor realizou no final dos anos 50 na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Os áudios foram gravados em fitas e estão disponíveis para download no site da Universidade. Clique aqui para ver a lista e escutar as palestras. Os áudios são acompanhados das transcrições para facilitar o entendimento.

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

De William Faulkner, a Coleção L&PM Pocket publica Enquanto Agonizo.

É ano de lembrar e ler Faulkner

Prêmio Nobel de Literatura em 1949, William Faulkner é considerado um dos maiores autores norte-americanos modernos. Ao falecer de ataque cardíaco em 6 de julho de 1962, deixou de herança para a humanidade dezessete livros, entre eles O som e a fúriaSartoris e Enquanto agonizo, este último publicado na Coleção L&PM Pocket. Eleito um dos cem melhores romances em inglês do século XX, Enquanto agonizo é um romance em que Faulkner tece um caleidoscópio de possibilidades a partir de personagens simples, mas que formam um espelho da condição humana.

2012 é o ano que marca os 50 anos da morte de Faulkner e esse já é um bom motivo para mergulhar nos meandros que envolvem a escrita de um autor ovacionado por muitos outros escritores. Jorge Luis Borges, por exemplo, disse sobre ele: “Faulkner gosta de expor o romance através dos personagens. O método não é totalmente original, mas ele faz isso em um grau que é quase intolerável.”

31. O homem que sabia dar títulos

Por Ivan Pinheiro Machado*

Editor, até pouco tempo atrás, era considerado apenas um leitor de luxo. Uma espécie de diletante privilegiado, quase como um diretor de uma fundação. Poucos imaginavam que uma editora pudesse ser uma empresa, ter obrigações prosaicas como pagar salários, direitos autorais, aluguéis etc. As pessoas se sentiam no direito de interromper o nosso jantar num restaurante para dizer que tinham uns poemas ou um romance “e você vai ter que ler e publicá-los!”. Este detalhe insalubre da profissão de editor é pouco conhecido. Vez por outra, numa festa ou num lugar público, você se torna refém dos chatos…  Hoje, o mercado se profissionalizou e estas abordagens já não são tão frequentes como antes. Ainda acontece, mas o “público em geral” já tem ideia de que editor é um profissional como qualquer outro. Uma editora, ao contrário de uma fundação, é um negócio sujeito às leis do mercado.

Com os escritores acontecia praticamente o mesmo. Eram (e são) atormentados pelos mesmos chatos e amigos para lerem originais e darem uma opinião ou uma ajudinha para encontrar um editor. O José Onofre Krob Jardim, escritor e um dos melhores textos da imprensa brasileira, falecido recentemente, contava uma história muito boa sobre esta relação entre o “chato” e o escritor.

William Faulkner, prêmio Nobel de 1949, autor de “O som e a fúria”, “Enquanto agonizo”, “Luzes de agosto”, entre outras obras-primas, era famoso por criar ótimos títulos para os seus livros. Um dia, um amigo ligou e disse que seu filho havia escrito um romance muito bom, mas que estava com dificuldades para escolher o título. Ele pedia que Faulkner lesse o livro e desse um nome a ele. Educadamente, o grande escritor concedeu que o filho do amigo fosse a sua casa com seus originais.

Poucos dias depois, o rapaz cumpriu a promessa do pai e chegou na casa do escritor com um enorme calhamaço, um romance com quase 800 páginas datilografadas.

– Aqui está o livro para o senhor ler, Mestre.

Faulkner olhou apavorado para aquela montanha de papel e disse:

– Olha, meu filho, eu acho que já tenho um título para o seu livro…

– Mas o senhor não quer ler?

– Diga-me uma coisa. Por acaso a sua história se refere a tambores? Há alguma passagem em que os personagens toquem tambores?

– Não… com certeza não.

– Diga-me também o seguinte; em algum momento do livro existe uma cena em que há o som de clarins como fundo?

– Não. Respondeu o jovem, cada vez mais intrigado.

– Então está aí… Disse Faulkner com um sorriso sábio. Já temos o título: “Nem tambores, nem clarins”!!

O escritor William Faulkner em seu escritório

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo primeiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.

O que os personagens lêem?

Quais os livros preferidos dos personagens clássicos da literatura? A partir desta pergunta, a agência de propaganda Ogilvy & Mather criou uma campanha para a rede de livrarias mexicana Gandhi. Nos anúncios, Alice, de Lewis Carroll, está lendo LSD, de Timothy Leary. A barata de A metamorfose, de Franz Kafka, está lendo Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. E a célebre Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm, folheia as páginas de O lobo da estepe, de Herman Hesse.

A partir desta “brincadeira”, nós também resolvemos dar algumas dicas da Coleção L&PM POCKET para estes personagens. Para Alice, indicamos Um parque de diversões na cabeça, de Lawrence Ferlinghetti, e Que loucura!, de Woddy Allen. Para Chapeuzinho Vermelho, sugerimos O lobo do mar ou O chamado da floresta, ambos de Jack London. Já para a barata de Kafka, a dica é Enquanto agonizo, de William Faulkner, e O cortiço, de Aluísio Azevedo.