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Apaixonante Dia do Livro em Barcelona

livros e rosas catalunha

Se os livros são apaixonantes, então não há nada que combine mais com eles do que rosas vermelhas. No dia 23 de abril, na Catalunha, comemora-se o Dia do Livro, o Dia de São Jorge (Padroeiro da Catalunha) e o Dia da Rosa. E como é feriado em Barcelona, o povo costuma sair às ruas para comprar livros e receber rosas. A ideia catalã de juntar livros e rosas baseia-se em uma antiga lenda em que os cavaleiros ofereciam uma rosa vermelha a suas damas e recebiam em troca um livro. Talvez inspirada nesse clima total de paixão, a Catalunha também escolheu o dia 23 de abril para ser o seu Dia dos Namorados.

 

Paixão pelos livros em Barcelona

23 de abril é um dia agitado, apaixonante, literário. Escolhida pela UNESCO para ser o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, a data não foi eleita por acaso. Em 23 de abril de 1616 morreram William Shakespeare e Miguel de Cervantes (um pelo calendário juliano e outro pelo calendário gregoriano, mas o que isso importa…). Shakespeare, aliás, também teria nascido nesse dia e, até que provem o contrário, a gente acredita que hoje é seu aniversário. Pra completar, 23 de abril é Dia de São Jorge no mundo e Dia das Flores na Catalunha.

Aliás, os catalães juntaram tudo isso e criaram um super evento chamado “Diada de Sant Jordi”. Como hoje é feriado em Barcelona, os moradores e visitantes passeiam pelas ruas e participam deste festival que vende livros e rosas e ainda oferece exposições, cursos, espetáculos, sessões de autógrafo, recitais de poesias e leituras dramáticas pelas ruas. A ideia catalã de juntar livros e flores vem de uma antiga lenda em que os cavaleiros ofereciam uma rosa vermelha a suas damas e recebiam em troca um livro. Talvez inspirada nesse clima total de paixão, a Catalunha também escolheu o dia 23 de abril para ser o seu Dia dos Namorados. Ai que vontade de estar lá…

Foto tirada hoje, em Barcelona, mostra que o povo saiu às ruas para encontrar livros e rosas

Mar de gente no "Diada de Sant Jordi" em Barcelona

Momento Jason Bourne: assalto na Calle Layetana

Eu já estava na movimentada Calle Layetana, embarcando minha bagagem no táxi que me levaria ao aeroporto. Dei adeus e abracei minha amiga que incansavelmente me conduziu pelas calles e caves de Barcelona. Isso durou dois minutos. Quando me virei para pegar minha bolsa (onde estava tudo, inclusive passaporte), não havia nada. Centenas de pessoas passavam apressadas e uma me disse, “ele foi por ali”. Por instinto eu saí correndo numa velocidade que faria inveja a um velocista jamaicano. De repente eu vi o sujeito no meio da multidão. Reconheci pela alça que tem cor diferente da bolsa. Acelerei mais ainda diante dos pedestres e turistas perplexos e a uns cinco metros do sujeito gritei “ladron!”. Ele tentou correr e, num instante de irreflexão, pulei na garganta dele. Ele caiu e me olhou apavorado. Arrancou a bolsa, atirou-a em mim e se perdeu a toda velocidade pela Calle Princesa, uma transversal da Layetana. Meus batimentos cardíacos estavam, provavelmente, em 440. Pensei em ligar para o Dr. Lucchese… Alguns transeuntes vieram até mim indagando se estava tudo bem com uma admirada solidariedade. E eu saí passo a passo, agarrado na minha bolsa. Aos poucos as nuvens foram se dissipando e o sol apareceu radiante banhando de luz os telhados de Barcelona. Peguei o táxi finalmente. Meu destino é Paris. Amanhã começa o Salão do Livro. Apesar do incidente saio com as mais gratas lembranças dessa cidade amável, linda, onde quero voltar sempre. E espero que em Paris eu não precise utilizar novamente meu lado Bourne…

Picasso de Barcelona

Pablo Picasso nasceu em Málaga em 1881 e morreu em seu castelo em Mougins, na França, em 1973. Aprendeu a ler e a desenhar na Andaluzia. Mas foi em Barcelona, para onde a família se mudou em 1895, que ele tornou-se o Picasso que o mundo reverencia.
E a gênese da transformacao do jovem precoce em gênio está detalhada nas paredes do belíssimo prédio do seculo XIII, na estreita Calle Montcada, 15, no Bairro Gótico em Barcelona. Há obras de Picasso nos mais importantes museus e nas coleções particulares mais exclusivas do mundo. Mas em nenhum outro lugar é possível aos leigos e amadores entenderem de forma tão imediata por que ele se tornou o grande astro da arte do século XX. Porque aqui estão seus primeiros trabalhos.

A entrada do museu e algumas das obras expostas nele

Segundo ele mesmo, “aos 12 anos já desenhava como Rafael”. E aqui isso está provado, na virtuose e habilidade que ele mostra nos quadros dos seus 14, 15 e 16 anos. Há uma série impressionante de retratos de amigos, notivagos, bailarinas, cujo traço perfeito e clima melancólico daria origem ao seu início triunfal em Paris com  as séries azul e rosa. São 213 quadros a óleo e 681 desenhos. Da fase da maturidade estão expostos 54 quadros da série “Meninas”, de 1957 (em que parodiava Velásquez), doada ao Museu pelo mestre em vida. Estes quadros são emblemáticos da grande revolucao na carreira do pintor, quando ele escandalizou o mundo esfacelando a figura humana que tão magistralmente ele construíra nas telas da adolescência e que estão penduradas nas paredes do museu da Calle Montcada.

As curvas eternas de Gaudí

Cultuado como um mágico das formas, a presença de Gaudí é imensa em Barcelona. Autor da mais célebre obra inacabada do planeta (começou a ser construída e projetada em 1886 e segue em obras), o templo da Sagrada Família, Gaudí é único na historia da arquitetura mundial. Sua obra é baseada na alucinante combinação de curvas e surpresas. Suas criações se estendem pela cidade, em prédios de formas improváveis e beleza sinfônica tal é a profusão de materiais, estilos e invenções.

Park Güell e as torres da ainda inacabada Sagrada Família, ambas projetadas por Gaudí / Fotos: Ivan Pinheiro Machado

Nem Miró, nem Picasso, nem Dalí: o símbolo gráfico da cidade de Barcelona são as torres da Sagrada Família estilizadas num elegante bico de pena que acompanha todas as campanhas e materiais publicitários que promovem a cidade.
Aqui Gaudí é uma presença física constante de qualquer perspectiva que se olhe a cidade. Suas enormes e enigmáticas construções transcendem a arquitetura e têm o impacto de gigantescas esculturas. Mesmo concebidas um século atrás ainda intrigam e deslumbram como só a grande arte é capaz de fazer.