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Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

13 de Abril
Sábado

22h30min

O Titanic cruza com o Rappahannock, e este, que não dispõe de radiotelegrafia, alerta pela lâmpada Morse: “Passamos por gelo pesado e diversos icebergs”.  O Titanic responde: “Mensagem recebida. Muito obrigado. Boa noite”. Adiante, o navio enfrenta dez minutos de densa neblina.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

13 de Abril
Sábado

12h

Continua bom o tempo. O mar, sereno. Nas últimas 24h, o Titanic deixou para trás 519 milhas = 961,7km. Com as 24 principais caldeiras ativadas, avança a 21 nós = 38,9 km/h.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

12 de Abril
Sexta-feira
20h

Abertura do restaurante à la carte.
O telégrafo apresenta problemas, obrigando Phillips e Bride [o telegrafista John Phillips e seu assistente Harold Bride] à suspensão temporária do tráfego.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

12 de Abril
Sexta-feira
12h

Tempo bom, mar calmo. O incêndio está quase dominado. O Titanic navega a 20 nós = 37km/h e, desde Queenstown, venceu 386 milhas = 715,2km. De suas 24 caldeiras com dois terminais, 23 estão em ação.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

12 de Abril
Sexta-feira
10h30min

Inspeção do capitão e auxiliares. Na Sala Marconi, ele ouve o telegrafista ler a mensagem do La Touraine, da Compagnie Generale Transatlantique, congratulando-se com a viagem inaugural e alertando para a presença de gelo à frente. À tarde, Phillips e Bride receberão inúmeras mensagens do mesmo teor. Uma delas dirá que o Corsican, da Allan Line, colidiu com um iceberg e foi obrigado a seguir para a St. John, na Terra Nova.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Nos contos de Sergio Faraco, uma viagem emocionante ao mundo da leitura

Sergio Faraco é um dos maiores escritores deste país. Acrescente-se a ele Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, João Antonio, J. J. Veiga e está formado o timaço dos grandes contistas brasileiros.

Estamos relançando nesta semana uma nova edição dos Contos Completos de Sergio Faraco. Esta 3ª edição traz como novidade quatro contos absolutamente inéditos: “O segundo homem”, “Tributo”, “Um mundo melhor” e “Epifania na cidade sagrada”.

"Contos completos" com 4 textos inéditos e nova capa

Este livro é um verdadeiro banquete para quem gosta de ler. O conto é um gênero que talvez não tenha, no Brasil, o prestígio que merece. Vale lembrar que autores como Guy de Maupassant, Nicolai Gogol, Tchékhov, Chesterton, Edgar Allan Poe, gênios da literatura mundial, dedicaram-se quase que exclusivamente a este gênero. Escrever um magnífico conto é tão difícil quanto escrever um magnífico romance. Com a dificuldade extra de que, no pequeno espaço de um conto é preciso captar as grandes emoções do leitor. Contos completos de Sergio Faraco comprova esta afirmação ao transformar o ato de ler numa aventura emocionante e inesquecível. (IPM)

Última chamada para embarque no Titanic

Meu nome é Elizabeth Catherine Ford. Tenho 40 anos e sou esposa de Thomas W. S. Brown. Estou acompanhada de Thomas William Solomon Brown, meu marido, e de Edith E. Brown, minha filha de 15 anos. Viajo numa cabide de segunda classe e vamos para Seattle, onde Thomas pretende encontrar sucesso nos negócios. Meu ticket é o número 29750 e, no dia 10 de abril de 1912, subi a bordo do Titanic. Ainda não sei se sobrevivi.

Ao embarcar em Titanic: a Exposição. Objetos Reais, Histórias Reais, tornei-me Elizabeth, uma das passageiras que estiveram no mais célebre navio da história. Não escolhi ser ela: a funcionária que estava na estrada da exposição entregou-me, aleatoriamente, um cartão de embarque com esse nome.

Entro e encontro frases na parede, fotos da construção do navio, a música que embala os passageiros mais ricos, as histórias de muitos personagens reais e vários objetos resgatados do fundo do mar depois de ficarem mais de setenta anos adormecidos na escuridão oceânica. Felizmente, a exposição não está lotada e viajo em cada um dos objetos. Descubro que existia uma enorme sala de ginástica para os privilegiados da primeira classe. E que as mais luxuosas cabines custavam o que hoje seria 103 mil dólares. 103 mil dólares! Outra descoberta é o fato de que muitos dos passageiros da terceira classe embarcaram no Titanic por causa da greve dos carvoeiros. Como os navios menores cancelaram suas partidas, eles foram rearranjados. 

Há óculos, canetas, roupas, carteiras, moedas, louças, porcelanas, metais, cartas, cartões postais, botões, sinos, suspensório, talheres, cachimbos, jóias, o pedaço de um banco, um balde, vidros de perfumes intactos que ainda exalam seus perfumes… Há isso e muito mais: história, lembranças, fantasmas. 

Há um iceberg fake, um bote em tamanho real projetado no chão, muitos vídeos.  Mas o que realmente me toca é poder encostar meus dedos em um pedaço do casco do Titanic. O mesmo casco frio que chocou-se contra o bloco de gelo, o mesmo casco duro que não resistiu, o mesmo casco liso que escorregou para o fundo. 

A viagem já está quase no final. A parede exibe a lista de todos os passageiros. Os que viveram e os muitos que se foram. Procuro meu nome. Vejo que sobrevivi. (Paula Taitelbaum)

O meu cartão de embarque no Titanic

Titanic: A exposição fica até o dia 22 de maio no BarraShoppingSul em Porto Alegre e depois segue para Curitiba e Brasília. A empresa responsável pelo espólio do navio, a RMS Titanic, Inc. conta com um acervo de mais de 5,5 mil peças do Titanic, em exibição permanente em Las Vegas (EUA). 

E para os que querem saber ainda mais sobre o Titanic, ou para quem não puder ver a exposição, fica a sugestão de ler O crepúsculo da arrogância, de Sergio Faraco. Em 216 páginas, Faraco relata a combinação de erros, a pretensão, a arrogância e a desinformação que resultou na tragédia mais improvável do início do século XX.

23. Um sobressalto nos anos 90: ou a arte de cair para cima

Por Ivan Pinheiro Machado*

No final da década de 1990, o modelo de editora que colocamos em prática lá nos paleolíticos anos 70 começou a dar sinais de fadiga. A L&PM tinha cumprido um ciclo de 20 anos e penava indefinidamente num ambiente econômico adverso. Sem capital de giro (éramos muito jovens e muito duros quando fundamos a editora), tínhamos atravessado ditadura, crises econômicas, inflação de até 80% e 4 moedas; a saber: Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzado, Cruzado Novo, até chegarmos –  estropiados –  no Real. Era um momento de grande aperto fiscal e os juros eram exorbitantes. Dependentes dos bancos, sofríamos com juros escorchantes. E para piorar o cenário, grandes grupos editoriais nacionais e estrangeiros se movimentavam com grande poderio econômico e acirravam a concorrência pelos grandes autores. Estávamos extremamente fragilizados economicamente. E no meio da crise, como um boxeador cambaleando no meio do ringue, quase “jogamos a toalha”, o que no boxe significa desistir, encerrar a luta. A prova disso é que, em 1996, a L&PM esteve à venda pelo valor simbólico de um Real. Ou seja, se alguém quisesse, entregávamos a editora pelo valor da dívida.

Ninguém apareceu. Foi nesta época de incertezas que conhecemos um economista inglês, casado com uma brasileira e com um escritório de consultoria empresarial estabelecido no Rio de Janeiro. Chamava-se Ken Baxter. Morreu muito jovem, aos 50 anos, e deixou saudades entre os seus amigos. Ken era uma pessoa extraordinária. Interessou-se pelos nossos imensos problemas e foi, juntamente com os advogados José Antonio Pinheiro Machado, Elias Guerra e Fernando Carvalho, decisivo na nossa recuperação. Debaixo desta tempestade, decidimos que íamos lutar para sobreviver. E a primeira coisa a fazer, era… mudar. Quem não tem dinheiro, tem que ter ideias. Foi aí que decidimos concentrar nossa imaginação e nossa energia no projeto L&PM POCKET. Ken e nossos advogados “blindariam” a editora contra um pedido de falência. Enquanto isso, trabalharíamos 20 horas por dia para materializar a ideia dos livros de bolso.

Foi assim que tudo começou. Enquanto o “mercado” previa o eminente naufrágio da L&PM, a magnífica logística de distribuição da coleção POCKET foi sendo montada cuidadosa e vertiginosamente. Era uma corrida contra o tempo. Precisávamos de eficiência empresarial para implantar um sólido projeto cultural. Muitos foram os que nos ajudaram. Os autores, quase na sua totalidade, se mantiveram solidários, especialmente o grande escritor Sergio Faraco, que chegou a dar expediente na L&PM, chamando novos autores e editando antologias de autores clássicos para a Coleção Pocket. Foi criado um anel de solidariedades que nos protegeu e nos deu forças. Neste ambiente de incerteza, repito, nosso amigo Ken foi fundamental. Ele acreditou sempre e tinha uma fé impressionante que a coleção de livros de bolso “salvaria” a editora.

Fomos voltando das cinzas e, devagar, conseguimos retomar e ampliar ainda mais o nosso espaço, conquistando milhares de leitores. Hoje, temos mais de 2 mil livros ativos em catálogo. Neste mês, entre 18 lançamentos, a L&PM estará lançando o livro “Mulheres” de Charles Bukowski.  Volume número 950 da coleção L&PM POCKET, líder de mercado e a maior coleção de livros de bolso do Brasil.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo terceiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.