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Raridades de Edgar Allan Poe na Morgan Library

Está em cartaz na Morgan Library, em Nova York, a exposição Terror da Alma, que reúne livros, cartas e manuscritos de Edgar Allan Poe. Entre as preciosidades então algumas edições históricas de  O Corvo, exemplares raros de Tamerlane (o primeiro livro de poemas do escritor, que teve tiragem de apenas 50 cópias) e o manuscrito do conto A Tale of The Ragged Mountains.

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A documentação também revela relíquias trocadas com renomados admiradores, como Charles Baudelaire, Charles Dickens, Arthur Conan Doyle, T.S. Eliot, Vladimir Nabokov e Allen Ginsberg. De Oscar Wilde, por exemplo, pode-se ver o manuscrito de O Retrato de Dorian Gray e ler a carta mandada a Stéphane Mallarmé, na qual agradece pelo envio da segunda edição de O Corvo, traduzido pelo poeta francês. A cultuada edição de 1875, com litografias do pintor Édouard Manet, é um dos “hits” da exposição.

O toque pop fica por conta do cartaz do filme Histórias Extraordinárias, de 1968. São três episódios dirigidos por Federico Fellini, Louis Malle e Roger Vadim, e estrelados por Brigitte Bardot, Alain Delon, Jane Fonda e Terence Stamp.

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A a exposição “Terror da Alma” segue em cartaz na Morgan Library, em NY, até 26 de janeiro.

Cartas inéditas revelam um pouco mais da personalidade de J. P. Salinger

Um jovem escritor americano em ascensão troca cartas com uma garota canadense aspirante a escritora. Ele se torna muito famoso e ela acaba virando uma dona de casa que nunca publicou nenhum livro. Em 2012, ele morre aos 91 anos. Em 2013, ela, então com 95 anos, permite que sua família venda essa correspondência para pagar as despesas da clínica em que mora. Se fosse o enredo de um livro, essa história poderia não ser muito empolgante. Mas como o personagem principal é o escritor J. P. Salinger, autor de O apanhador no campo de centeio, tudo torna-se emocionante.

Salinger nunca compartilhou sua vida pessoal com os fãs e é considerado um mistério para a maior parte de seus leitores. As cartas que ele trocou, entre 1941 e 1943, com Marjorie Sheard – e que agora foram adquiridas pela Morgan Library & Museum de Nova York – ajudam a revelar a personalidade do escritor nos seus primeiros anos como escritor.

A relação “virtual” entre os dois começou porque Marjorie tinha sonhos de se tornar escritora e costumava ler as histórias que Salinger publicava nas revistas “Esquire” e “Collier’s”. Em 1941, ela mandou a primeira carta para o autor pedindo conselhos. “Me parece que você tem instintos para evitar ser o tipo de garota que frequenta a universidade de Vassar”, encorajou Salinger em uma carta de 4 de setembro de 1941.

Nos anos seguintes, Salinger enviou à moça nove cartas. Galante, em uma delas, datada de 9 de outubro de 1941, ele pergunta: “Como você é?”. E pede que ela mande uma fotografia. Um mês depois, ele se desculpou pelo pedido. Mas a moça enviou a resposta junto com uma foto. “Sneaky girl. You’re pretty.” escreveu Sallinger para ela ao ver que era bonita.

Em outra, Salinger, então com 22 anos, pede a Marjorie que opine sobre uma história que estava escrevendo, que tinha como personagem um certo Holden Caulfield, que ele iria publicar na revista “The New Yorker”. “É a história de um estudante indo viajar no feriado de Natal”, escreveu.

Mais tarde, ele pede a Sheard que não mencione a ninguém a história de Holden Caulfield, pois havia a possibilidade de que os capítulos fossem, no futuro, reunidos em um livro. Publicado primeiro em revista, o personagem seria modificado por Salinger e ganharia as livrarias em 1951, em “O Apanhador no Campo de Centeio”, o romance mais conhecido do escritor.

Por mais de 50 anos, Marjorie Sheard guardou as cartas dentro de uma caixa de sapatos no armário. Há seis anos, ela foi morar em um asilo e deu as cartas a um parente, que também as guardou. Recentemente, ela e sua família decidiram vender as cartas ao museu Morgan que se negou a dizer quanto pagou. A sobrinha da agora senhora Sheard, Liza, declarou ao “The New York Times” que as cartas tinham um imenso valor sentimental, pois sua tia nunca se tornou uma escritora publicada. “É como se fosse fantasia, porque aquela não era a vida dela. É uma mulher jovem escrevendo a uma estrela como se eles estivessem no mesmo patamar”, afirmou.

As cartas que Salinger enviou a uma aspirante a escritora agora pertence à Morgan Library

A correspondência trocada entre Salinger e uma aspirante a escritora agora pertence à Morgan Library

O trecho da carta em que Salinger diz que a moça era bonita

O trecho da carta em que Salinger diz que a moça era bonita (clique para ampliar)

A foto de Marjorie Sheard

A foto de Marjorie Sheard

De J. P. Salinger, a Coleção L&PM Pocket publica Carpinteiros, levantem bem alto a Cumeeira & Seymour, uma apresentação.

A grande biblioteca de Morgan

Pierpont Morgan (J.P. Morgan) foi o maior banqueiro de Nova York. E além de ter sido um gigante das finanças (como bem mostra o livro Os Magnatas, de Charles R. Morris – Coleção L&PM Pocket), foi um gigantesco colecionador de  livros, manuscritos e raridades ligadas à literatura. Comprava tanta coisa que, no início do século XX resolveu contratar um arquiteto famoso para erguer um grande palácio para abrigar seus livros. E assim, entre 1902 e 1906, a Morgan Library (Biblioteca Morgan) foi construída para abrigar as centenas de milhares de preciosidades de Morgan, bem pertinho de sua residência, na esquina da Madison Avenue com a 36th Street.

Em 1924, J.P. Morgan Jr, filho do Morgan pai, abriu essa extraordinária biblioteca para receber o público. E desde então, ela é uma visita imperdível para quem mora ou vai a Nova York.

Eu estive lá há algumas semanas e, além de ficar boquiaberta com a biblioteca em si (e de ver manuscritos que vão de Maquiavel a Virginia Woolf), lá estavam algumas exposições emocionantes: Desenhos Surrealistas (até 21 de abril), Marcel Proust – 100 anos do Caminho de Swann (até 28 de abril) e Degas – Miss Lola e o Circo Fernando (até 12 de maio).

Portanto, fica aqui a dica para que, além de visitar bibliotecas em território nacional, você não deixe de procurar algumas nas suas viagens. (Paula Taitelbaum)

Detalhe da Morgan Library / Foto: Paula Taitelbaum

Detalhe da Morgan Library / Foto: Paula Taitelbaum

Manuscritos de Maquiavel e Shelley / Foto: Paula Taitelbaum

Manuscritos de Maquiavel e Shelley / Foto: Paula Taitelbaum

A letra de Virginia Woolf / Foto: Paula Taitelbaum

A letra de Virginia Woolf / Foto: Paula Taitelbaum

Clique aqui e visite o site da Morgan Library.