Arquivo da tag: Eça de Queiroz

Autor de hoje: Eça de Queiroz

Póvoa do Varzim, Portugal, 1845 – † Paris, França, 1900

Viveu sua infância no interior de Portugal, na casa dos avós maternos. Estudou Direito em Coimbra, onde   escreveu e publicou folhetins literários de tendências realistas. Bacharel, mudou-se para Lisboa, onde abriu um escritório de advocacia, exercendo também o jornalismo. Depois de morar em Évora, retorna para a capital, integrando-se ao grupo literário Cenáculo. Em Lisboa, participa das Conferências do Cassino Lisbonense, freqüentando o meio literário no qual pontificavam Antero de Quental e Ramalho Ortigão. Com esse, publicou a novela O mistério da estrada de Sintra (1870), além dos artigos intitulados As farpas (1871), sátira aos costumes burgueses. Participou intensamente da vida literária de seu tempo, contribuindo para a introdução do Realismo em Portugal. Foi diplomata em Havana, na Inglaterra e em Paris, onde terminou seus dias como cônsul. É considerado o principal romancista português.

OBRAS PRINCIPAIS: O crime do Padre Amaro, 1876; O primo Basílio, 1878; Os Maias, 1880; A relíquia, 1887; A ilustre casa de Ramires, 1900; A cidade e as serras, 1901

EÇA DE QUEIROZ
por Luiz Antonio de Assis Brasil

Falar em Eça de Queiroz é dizer Portugal, especialmente aquele Portugal oitocentista, pequeno-burguês, constitucional e conservador. Muito se tem falado na importância da literatura como a melhor forma de conhecimento de determinado universo histórico-cultural. Assim o é; no caso de Eça, porém, não conhecemos apenas aquele Portugal, mas também uma projeção do que deveria ser Portugal. Com ironias de vitríolo, o grande autor nos dá a conhecer um catálogo de imperfeições lusas, consubstanciadas em personagens que, não sendo meros tipos literários, são exemplos de personagens magníficas: a timidez sonhadora e inútil (e transgressora) de Luísa, que trai o marido com o primo Basílio; a circunspecção tola e vazia de um Conselheiro Acácio, do mesmo romance, um homem capaz de discorrer pomposamente sobre as maiores banalidades; a perversão de um Padre Amaro e de um Cônego Dias, clérigos vencidos pela cupidez, homens sem ideal, aproveitadores da situação de desvantagem das paroquianas; a  impossibilidade de nobreza pessoal e familiar nos dias cínicos da contemporaneidade, como se vê em A ilustre casa de Ramires; o brutal retrato da sociedade lisboeta, eivada de vícios, tal como representada em Os Maias; o retrato psicológico mais feliz em toda a literatura portuguesa, aparente na personagem Artur Corvelo, de A capital, um homem que não sabe o que fazer com um talento duvidoso e que acaba na mesma miséria de quando estava em Oliveira de Azeméis, antes de tentar a vida em Lisboa; o pândego e bajulador Raposão, nessa obra sempre citada e sempre lida com o maior gosto, por sua atualidade, A relíquia.

Se Eça de Queiroz tivesse escrito apenas esses livros, já teria seu nome consagrado, mas sua atuação literária foi muito além, exercendo, com igual competência, o jornalismo, a crítica de literatura, o conto e a pequena novela. Em seu tempo, Eça de Queiroz significou a virada que veio inserir seu país na modernidade que, no caso, significava o Realismo. Foi Eça – na companhia de alguns colegas fiéis de Coimbra – que veio materializar esse movimento transformador. O Realismo de Eça foi importante não apenas no plano das inquietações estéticas. Isso seria diminuí-lo. O Realismo de Eça simbolizou a abertura de novos tempos, alterando a sociedade, reavaliando-a e estabelecendo novos parâmetros de entendimento do próprio conceito de cultura em ação. A imagem que temos de Portugal seria radicalmente diversa, não fosse a obra de Eça de Queiroz. Não é exagero consagrá-lo, portanto, como um dos fundadores de sua pátria.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

O dicionário que acompanha gerações

A página de rosto da primeira edição do "Dicionário Caldas Aulete"

 O professor e lexicógrafo português Francisco Júlio de Caldas Aulete não conseguiu passar da letra “A”. Ao falecer, em 1878, ainda faltavam mais de vinte letras – e milhares de verbetes – do dicionário que ele estava compondo. Foi então que o poeta, humanista, amigo de Eça de Queiroz e também lexógrafo António Lopes dos Santos Valente assumiu os trabalhos e completou o “Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa” iniciado pelo colega. Ao ser lançado em Portugal, no ano de 1881, o dicionário apresentava uma proposta inovadora e moderna para a época e obteve grande sucesso editorial. Em homenagem àquele que deu início ao projeto, ele atravessaria gerações conhecido como “Dicionário Caldas Aulete”. 

O recém chegado "Aulete de bolso"

Hoje, muitas reedições e verbetes depois, este dicionário continua sendo um sucesso editorial. E não só em Portugal. Por aqui, o “Projeto Caldas Aulete” é desenvolvido pela editora Lexikon Editora Digital que trabalha sem parar pela atualização permanente da versão brasileira (inclusive de forma interativa). E é a partir de uma parceria com a Lexikon que a Coleção L&PM Pocket acaba de lançar o Dicionário Aulete de Bolso da língua portuguesa. Ele traz 25.400 verbetes e mais de 1.600 locuções. Perfeito para quem quer falar e escrever num estilo um pouco mais “altissonante”. Não sabe o que é? Ah, se você tivesse o Aulete de Bolso na bolsa…