“Ao farol”: o mais autobiográfico livro de Virginia Woolf

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Foi no verão de 1925, em Monk’s House, que Virginia Woolf deu início a uma aventura literária que teria um impacto impressionante em sua vida pessoal: ela começou a escrever o romance Ao farol. A biografia publicada na Coleção L&PM Pocket conta um pouco sobre a importância deste livro lançado pela L&PM com tradução de Denise Bottmann:

Aos 43 anos, a romancista sente a necessidade de pôr um fim nos fantasmas do passado que continuam entravando seu avanço fulgurante. Em Ao farol, Virginia cumpre um ato salutar: colocando seus pais em cena, ela vai definitivamente se libertar. De início, pretende escrever uma elegia, depois opta pelo romance. Como sempre, a arrancada é brilhante: “vinte e duas páginas de uma só vez em menos de quinze dias”. Mas rapidamente os primeiros sintomas da depressão surgem. Ao farol é um livro que tem o dom de reavivar os sentimentos da infância. Virginia confia a seu Diário seu medo de não ter o distanciamento suficiente. (…) Para ela, Ao farol é um meio de se compreender melhor, criando ao mesmo tempo uma estrutura sólida e capaz de mascarar tudo aquilo que o livro pode ter de autobiográfico. “Escrevi o livro muito rápido e, depois de escrito, parei de ser obcecada por minha mãe. Não ouço mais sua voz, não a vejo mais…”

(…)

No outono de 1927, Virginia Woolf espreita com apreensão as primeiras reações ao lançamento de um livro em que colocou muito de si mesma: Ao farol. Para ela, é sempre uma fase difícil essa em que espera o veredicto: seja esse elogioso ou não, ele a desestabiliza. Uma crítica desfavorável e Virginia passa quinze dias de cama acometida por violentas dores de cabeça. Uma boa resenha e ela tem o sentimento de não ter sido verdadeiramente compreendida. Dessa vez, como é frequente, o artigo que saiu no Times Literary Supplement é elogioso, o que não a impede de ficar deprimida. Felizmente, Vanessa, cuja opinião conta mais do que a de todos os críticos juntos, está estusiasmada. Escreve no mesmo intante à irmã para partilhar com ela a emoção que sentiu ao ler esse livro que tão bem ressuscitou seus pais.

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