Brasil: terra à vista!

Foi como uma miragem em um deserto de águas salgadas. Após 44 dias entre o mar e o céu, o horizonte deixou de ser uma linha longínqua na qual o azul-celeste imaculado encontrava o azul revolto de um oceano sem fim. No último ponto que os olhos podiam vislumbrar, erguia-se, agora, a silhueta verdejante de uma pequena serra, pontilhada pelo cume de um monte “mui alto e redondo”. Em breve o aroma das flores e dos frutos não precisaria mais ser imaginado: seria sentido. Os homens acotovelaram-se na amurada das naus, com os olhos postos de encontro ao céu crepuscular. A terra, enfim, estava à vista, como uma visão do paraíso. Parecia miragem – mas era real.

Com as cores do entardecer tingindo a cena de dourado, os 12 navios da frota comandada por Pedro Álvares Cabral prosseguiram seu avanço. Era 22 de abril de 1500, e a maior esquadra já enviada para singrar o Atlântico encontrava-se a cerca de 60 quilômetros de uma costa desconhecida. Seria ilha ou terra firme? Provavelmente ilha, julgaram os marujos mais experientes – uma das tantas, reais ou lendárias, que povoavam as imensidões do chamado Mar Tenebroso. A frota avançou cautelosamente a uma média de cinco quilômetros por hora e lançou âncoras. Elas mergulharam 34 metros antes de se acomodarem nas claras areias do fundo. Estava descoberto o Brasil. Um novo mundo amanhecia.

(Assim começou a nossa história, assim tem início o livro Brasil: Terra à Vista, de Eduardo Bueno, uma aventura sobre o descobrimento (Coleção L&PM Pocket).

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