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Como autografar um e-book?

Já estava demorando para que alguém levantasse esta questão. Com o surgimento do livro digital, as tradicionais sessões de autógrafos perderam espaço. Será?

A questão intrigou o escritor norteamericano T. J. Waters, no dia do lançamento de seu último livro. Enquanto ele autografava os exemplares físicos na livraria Barnes & Noble, em St. Petersburg, um leitor que preferiu comprar a versão digital lamentou: “Que pena que você não pode autografar meu Kindle!”. Waters ficou intrigado com a situação. “Se já conseguimos fazer tecnologia suficiente para levar um homem à lua, por que eu não poderia autografar um e-book?”, pensou ele.

Para resolver a questão, Waters criou o software Autography, que permite autografar uma página ou foto e mandar o link com a imagem diretamente para o device (e-reader, iPad, Kindle etc) do leitor, que pode guardá-lo como relíquia ou compartilhá-lo em duas redes sociais. O vídeo a seguir mostra como a coisa toda funciona:

O desafio agora é conseguir incorporar o autógrafo digital ao e-book, da mesma forma como fazemos hoje com o livro físico. Será que vamos chegar lá?

via NYT

Vida longa ao livro de papel

Em busca de novos leitores, as editoras estão se renovando. O novo alvo é um público que não se contenta apenas em ler os livros, mas quer também participar e interferir na história. A saída fácil parece estar nos Kindles e iPads, mas o livro de papel ainda não esgotou sua participação nesta história. Muito pelo contrário!

Editoras como a belga Die Keure provam que criatividade, ousadia e um criterioso projeto gráfico podem transformar a leitura de um livro impresso em um experiência interativa das mais interessantes. O livro Tree of Codes, de Jonathan Safran Foer, deixaria até o pai do iPad, Steve Jobs, impressionado:

Neste vídeo, o autor do livro explica como sua obra funciona:

Interativo, imersivo e sem o risco de acabar a bateria, o livro de papel é ou não é ainda uma fonte inesgotável de criatividade?

Outro exemplo de inovação editorial é o livro em 3D criado pela agência Van Wanter Etcetera para a campanha Dutch Book Week, que tem o objetivo de incentivar a leitura na Holanda. O corte das páginas forma o contorno do rosto dos autores. Até o pintor holandês Vincent Van Gogh já ganhou sua esfinge literária:

Tree of Codes foi dica da leitora Elisa Viali
Livro em 3D via Zupi

Toshiba lança portátil para concorrer com iPad e Kindle

A Toshiba lançou na última segunda-feira um computador portátil de pequeno porte que pode também funcionar como e-reader. A diferença do Libretto, como o aparelho foi batizado, para os tablets tradicionais é o formato: o portátil da Toshiba possui duas telas, enquanto iPad e kindle, para citar os mais “famosos”, têm formato de prancheta.

Libretto pode ser notebook ou e-reader / Divulgação

O Libretto começará a ser vendido no Japão no final de agosto e depois segue para outros mercados. De qualquer maneira, não deve exercer muita influência no mercado dos livros digitais a curto prazo, já que ainda não firmou acordo com provedores de conteúdo.

E-books: muito barulho por nada

O mote shakespereano cabe como uma luva depois de se percorrer esse imenso Salão. No final de um corredor secundário perto da praça de alimentação, um estande com meia dúzia de curiosos expõe vários tipos de readers. Ao lado, um auditório alugado pela Sony anunciava uma palestra sobre “a leitura do futuro”. Entrei e vi um japonês falando um bom francês, auxiliado por slides superproduzidos, tentando convencer uma plateia que não ocupava nem um terço dos 150 lugares que o futuro já havia chegado. Afora neste pequeno setor do pavilhão não vi mais nada sobre leitura digital.
Quem passeia pelos acolhedores corredores do grande pavilhão está totalmente alheio ao marketing fabuloso das empresas de tecnologia. A multidão que enfrentou as filas e a garoa parecia se sentir feliz naquele ambiente cheio de cores e formas. Feliz como se fica quando se está entre bons companheiros. A onda digital chegou ao livro apenas pelos jornais via os espetaculares lances de marketing das empresas.
Uma pesquisa – a primeira feita sobre os e-books na França – publicada com estardalhaço pelo influente diário conservador “Le Figaro” comprova exatamente o contrário do que dizia o esforçado japonês da Sony no auditório quase vazio. O instituto Opinionway, contratado pelo jornal, ouviu três mil leitores que responderam a apenas duas perguntas.
– Hoje, sob qual suporte você lê um livro?
– No futuro, pretende ler em que suporte?
Com bom humor a matéria começa dizendo: “O papel está morto! Nos anunciam isso 10 vezes por dia. Mas parece que não é bem assim…” Na primeira pergunta, 91% dos franceses responderam que lêem em papel, 7% lêem na tela do computador e apenas 1% são adeptos dos readers. O restante não respondeu. Quanto à segunda pergunta, sobre onde leriam no futuro: 77% pretendem seguir lendo em papel, 11% lerão na tela do computador, 7% em readers, 2% em audiolivros, 2% no celular e 1% não responderam.
A conclusão é simples. A gigantesca propaganda que vem do vale do silício (quase) conseguiu convencer a imprensa. Mas o leitor gosta e gostará ainda por algum tempo de ler no velho e bom papel.