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Os “Dublinenses” estão entre nós

Em 1903, um jovem irlandês chamado James Joyce começou a escrever as primeiras histórias que dariam origem ao livro Dublinenses. Dois anos depois, já casado e morando em Trieste, ele somava uma dúzia de contos que foram mostrados à editora londrina de Grant Richards. Richards gostou do que leu, mas achou que o livro não faria sucesso por ser centrado na Irlanda. Joyce não desistiu e, em fevereiro de 1906, apresentou um décimo terceiro conto a Richards: Dois galanteadores. Considerado demasiado obsceno, o editor pediu que ele fizesse algumas alterações na história e, se possível, suprimisse o conto Um encontro. Joyce não concordou, defendeu sua criação e o livro acabou não saindo.

Nos anos que se seguiram, Joyce seguiu tentando publicar Dublinenses. Depois de procurar outras editoras – e ser negado por elas – acabou retomando as negociações com Grant Richards, em 1914, e aceitou alterar o conteúdo de alguns contos, ao mesmo tempo em que acrescentou mais dois novos textos à coletânea. E assim, dez anos depois de ter começado a escrever Dublinenses, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, a primeira obra de ficção deste que seria considerado um dos maiores escritores do Século XX, finalmente foi colocada à venda. Recebido com silêncio total por parte da crítica e do público, o livro se revelaria, ao longo do tempo, o espelho do homem no alvorecer de um novo século. Nas suas narrativas curtas, Joyce descreveu pessoas que estão em Dublin, mas que poderiam estar em qualquer lugar do mundo, fechadas em suas pensões, escritórios, pubs.

Dublinenses, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket em nova tradução de Guilherme da Silva Braga, é uma excelente introdução à obra de James Joyce. Uma viagem à Irlanda, mas, acima de tudo, um mergulho na experiência humana de existir.