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Fernando Pessoa por Almada Negreiros

Em 15 de junho de 1970, morria no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, no mesmo quarto onde morrera Fernando Pessoa 35 anos antes, o pintor e poeta Almada Negreiros, autor de alguns dos retratos mais famosos do poeta português e que estampam as capas de Antologia poética (Coleção 64 páginas) e Poesias (Coleção L&PM Pocket).

Eles se conheceram em 1913, quando Almada Negreiros realizava sua primeira exposição individual na Escola Internacional de Lisboa. A simpatia foi imediata e, em 1915, eles fundaram junto com o poeta Mario de Sá Carneiro a célebre Revista Orpheu.

Fernando Pessoa e a Revista Orpheu

O famoso retrato de Fernando Pessoa sentado à mesa, escrevendo e tomando café, com um exemplar da revista Orpheu em exibição foi feito em 1954 pelo artista português Almada Negreiros.

Fernando Pessoa

Artista multidisciplinar, Negreiros foi pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista. Ele e Fernando Pessoa se conheceram por volta de 1915, quando ambos faziam parte da equipe de colaboradores da Revista Orpheu, que lançou seu primeiro número em janeiro daquele ano e ficou conhecida por ter inaugurado o movimento modernista na literatura portuguesa. Como toda atividade de vanguarda, foi ferozmente atacado pela crítica da época, que contestava e ridicularizava seus participantes, entre eles o próprio Fernando Pessoa, o jovem poeta António Ferro e os veteranos Mário de Sá-Carneiro, Luiz de Montalvôr e Ronald de Carvalho (responsável pela distribuição da revista no Brasil).

Capa da primeira edição da revista Orpheu, de 1915.

No entanto, ao invés de intimidá-los, o escândalo provocado pela primeira edição só alimentou a sede de provocação de seus autores, que no número seguinte revelaram nomes como Santa-Rita Pintor, artista plástico “futurista” e polêmico, e Ângelo de Lima, poeta marginal com histórico de internações em manicômios.

Apesar de todo o empenho, a Revista Orpheu durou apenas dois volumes. Em julho de 1915, António Ferro anunciou seu afastamento devido a divergências políticas com Fernando Pessoa e, no ano seguinte, Mário de Sá-Carneiro e Santa-Rita Pintor morreram, deixando Fernando Pessoa sozinho na produção do terceiro volume, que, infelizmente, nunca saiu. Apenas doze anos depois, a Orpheu foi resgatada nas páginas da Revista Presença, publicada em Coimbra de 1927 a 1940 pela chamada “segunda geração modernista”.

Mas, convenhamos, hoje não há mais motivos para lamentar, pois boa parte do legado poético de Fernando Pessoa e seus heterônimos está na Coleção L&PM Pocket.