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Livro inédito com 26 ensaios de Aldous Huxley

Aldous Huxley ficou famoso por ter escrito o clássico romance “Admirável mundo novo”, de 1932. Um ano antes disso, no entanto, ele lançou 26 ensaios em que refletia sobre a expressão do inexprimível na música, sobre a vulgaridade nas artes, sobre as mudanças sexuais e de pensamento, sobre as ambiguidades do progresso, sobre a busca eterna por novos prazeres. Estes textos estão em Música da noite & outros ensaios que acaba de ser chegar, pela primeira vez no Brasil. A tradução é de Rodrigo Breunig. Leia abaixo alguns trechos iniciais.

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O RESTO É SILÊNCIO

Da outra sensação à intuição da beleza, do prazer e da dor ao amor e ao êxtase místico e à morte  – todas as coisas que são fundamentais, todas as coisas que, para o espírito humano, têm o mais profundo significado, podem ser apenas experimentadas, e não exprimidas. O resto é sempre, em qualquer lugar, silêncio. Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima de exprimir o inexprimível é a música.

ARTE E O ÓBVIO

Todas as grandes verdades são verdades óbvias. Mas nem todas as verdades óbvias são grandes verdades. Assim é óbvio até o último grau que a vida é curta e o destino, incerto.

MÚSICA NA NOITE

Sem lua, esta noite de junho é tanto mais viva com estrelas. Sua escuridão é perfumada com rajadas fracas vindas dos florescentes limoeiros, com o cheiro de terra molhada e com o verdor invisível das videiras. Há silêncio; mas é um silêncio que respira com a respiração tranquila do mar e, no meio do fino e estridente ruído de um grilo, de forma insistente, de forma incessante repisa o fato de sua própria perfeição profunda.

MEDITAÇÃO SOBRE EL GRECO

Os prazeres da ignorância são tão grandes, a seu modo, quanto os prazeres do conhecimento. Pois embora a luz seja boa, embora seja satisfatório ao indivíduo que ele tenha condições de colocar as coisas que o rodeiam nas categorias de um sistema ordenado e compreensível, também é bom que o indivíduo se veja por vezes no escuro, é agradável de vez em quando que ele tenha de especular com vaga perplexidade sobre um mundo que a ignorância reduziu (…)