“Very interesting”. Foi o que eu ouvi de um senhor de cabelos brancos que saía da exposição “Beat Memories” na minha frente. O que se passou por baixo dos seus cabelos brancos, eu não sei. Mas ele parecia empolgado. E eu mais ainda. Um encontro com os beats em plena tarde fria de um sábado em Manhattan é algo que realmente emociona. Principalmente quando esse encontro se dá ao acaso. Isso porque eu não sabia dessa exposições de fotos de Allen Ginsberg. Esbarrei com ela sem querer, ao dobrar uma esquina no primeiro dia da minha viagem (não são esses os melhores encontros?), quando dei de cara com um imenso cartaz na vitrine da National Galery of Art. Na exposição, fotos que o autor de Uivo clicou ao longo da vida – ou que algum outro beat fez dele entre as décadas de 50 e 90. Algumas imagens são célebres como a de Kerouac passando pela estátua de Samuel Cox ou a dos amigos beats em frente à City Lights. Outras eu nunca tinha visto antes como a foto de Peter Orlowski – que foi companheiro de Ginsberg por décadas – sentado ao lado de sua família. Uma imagem que é de uma melancolia desconcertante. Assim como também é impactante ver os autos-retratos que o poeta/fotógrafo fez alguns poucos anos antes de morrer, em frente a espelhos de hotéis. Para completar, no meio das fotos, aquários de vidro mostram cartas, bilhetes e primeiras edições como as de Uivo e Tristessa. Por tudo isso, esse encontro foi, na verdade, muito mais do “very interesting” para mim. Fica a dica para quem visitar Nova York até 6 de abril, data de encerramento da exposição. (Paula Taitelbaum)
Memórias beats numa tarde em Nova York
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