Árvores poéticas

Hoje, 21 de setembro, é Dia da Árvore. Para homenageá-las, publicamos aqui dois sonetos especialmente escolhidos pelo escritor Sergio Faraco, vindos das páginas do livro As árvores e seus cantores (Editora Unisinos), organizado por ele junto com Maria do Carmo Conceição em 1999. Lembrando que amanhã, 22 de setembro, a primavera adentra o hemisfério sul trazendo suas cores e perfumes e deixando as árvores ainda mais floridas.

Árvore antiga

Freitas Guimarães (Caldas/MG, 1873 – Santos/SP, 1944)

É um carvalho secular, gigante:
o velho tronco, rijo, que o machado
poupou, e o vendaval desencadeado
não conseguiu jamais ver vacilante…

O velho tronco, ainda palpitante,
vive de cima abaixo agasalhado
em túnica de flores, coroado
de ramaria esplêndida e pujante!

Erguido ali, de pé, do alto fitando
as árvores que vivem disputando
a sua altura e o seu viver em festa,

orgulhoso de sua majestade,
cheio de ninhos e de alacridade,
parece um rei no seio da floresta!

* * *

A floresta

Augusto dos Anjos (Espírito Santo/PB, 1884 – Leopoldina/MG, 1914)

Em vão com o mundo da floresta privas!…
– Todas as hermenêuticas sondagens,
ante o hieróglifo e o enigma das folhagens,
são absolutamente negativas!

Araucárias, traçando arcos de ogivas,
bracejamentos de álamos selvagens,
como um convite para estranhas viagens,
tornam todas as almas pensativas!

Há uma força vencida neste mundo!
Todo organismo florestal profundo
é dor viva, trancada num disfarce…

Vivem só, nele, os elementos broncos
– as ambições que se fizeram troncos,
porque nunca puderam realizar-se.

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