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Lady Warhol está em São Paulo

Por Vitor Hugo Xavier*

Andy Warhol está como uma Lady no Brasil. Isso mesmo, “O” homem da cultura pop foi eternizado com traços femininos por um de seus grandes amigos, o fotógrafo de moda e publicidade Christopher Makos. Sabemos bem que a arte do século XX não seria a mesma sem a contribuição de Warhol. Um dos nomes mais célebres de seu tempo, ele é praticamente sinônimo de arte pop, estilo que revolucionou a história da arte ao mergulhar na cultura de massa e na sociedade do consumo.

Nas fotos que estão expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo até o dia 23 de junho, Warhol não está como artista, mas como modelo. O que enxergamos nestas imagens, na realidade, é uma personagem, Lady Warhol, talvez o lado feminino dele. Aqui, Warhol não seduz com suas famosas latas de sopa, garrafas de refrigerante e fotos de astros do cinema, mas sim com sua própria imagem em uma mistura de elementos masculinos e femininos, que acabam dialogando entre si e discutindo as margens tão tênues entre os gêneros e a sexualidade. O fotógrafo, Christopher Makos, só conseguiria capturar a naturalidade impressa nestas imagens com muita intimidade – o que não foi difícil: os Diários de Andy Warhol, escritos religiosamente até os últimos dias de vida do artista, organizados e editados por Pat Hackett e lançados pela L&PM, mostram essa relação íntima entre os dois.

Quando conheceu Makos, Warhol o achou uma “gracinha”. Depois de alguns encontros já eram grandes amigos e Warhol realmente gostava do trabalho do fotógrafo. Tiveram, então, na década de 80, a ideia de tirar estas fotos. Lembrando que foi nesta mesma década que aconteceu o “boom” das possibilidades de transformação do corpo (cirurgias estéticas, academias, medicamentos etc), difundindo a ideia de que a identidade é algo que se constrói.

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(clique na foto para ver a galeria)

Nas fotos, encaramos o processo de transformação de Warhol em um personagem feminino. Suas características masculinas estão lá, suas “roupas de homem” (camisa, gravata e jeans) também, mas elas dialogam com as perucas em diversas cores e tamanhos, com os cílios grossos, com a maquiagem pesada e, claro, com os trejeitos leves do artista/modelo na hora dos cliques. Essa atitude delicada de Warhol, inclusive, é a maior responsável pelo ar feminino do que os objetos. Makos afirmou que “as fotos falam sobre identidade, sobre mudança de identidade, elas não são exatamente as de uma drag, nem mesmo de Andy Warhol, e sim o registro de uma colaboração entre nós, a colaboração entre modelo e fotógrafo”.

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É importante lembrar que muita gente até conhece e sabe quem é Andy Warhol, mas nunca o viu. Essa é a primeira exposição que chega ao Brasil em que a imagem física dele é a obra exposta. Não poderia ser da melhor maneira esse primeiro contato.

Serviço:
O que: exposição “Lady Warhol” com fotos de Christopher Makos
Onde: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Quando: até 23 de junho

*Vitor Hugo Xavier é jornalista e apresentador do Programa Gay, que vai ao ar todas as terças, na Ipanema FM, da meia-noite às 2h.

Exposição “Lady Warhol” estreia no MAM-SP

Estreia nesta terça, dia 16 de abril, no MAM-SP a exposição “Lady Warhol” com 50 fotos do criador da pop art caracterizado como mulher. Quem assina as fotos é o norte-americano Christopher Makos, amigo pessoal de Andy Warhol, e a inspiração para a série de retratos veio da personagem Man Ray de Rrose Selavy de Marcel Duchamp.

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É a primeira vez que a série batizada de “Imagem alterada” vem ao Brasil e segue em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo até o dia 23 de junho.A amizade entre Andy Warhol e Christopher Makos foi intensa e está registrada em detalhes nos Diários de Andy Warhol (Coleção L&PM Pocket), como nesta passagem:

13 de abril de 1981 – Chris é a companhia perfeita pra mim. É tudo que eu sempre quis. É ativo, mas não é ativo. E é uma criança. Vai a festas de sexo e volta satisfeito, de alma lavada, e está bem apaixonado por seu amante, Peter, é muito atencioso, e quando vai aos lugares fica só esperando a hora de ir embora – exatamente como eu – e me faz correr por todos os lugares, embora agora ele é que me faça carregar a sua mochila. Não me importo porque tudo é excitante e ele me faz sentir jovem.