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As viagens de William Burroughs

William S. Burroughs foi mais longe do que os outros beats. Não que tenha feito mais sucesso, mas viveu mais do que  seus amigos Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Morreu de ataque cardíaco em 2 de agosto de 1997 aos 83 anos. Um verdadeiro sobrevivente a oito décadas de vida junky. Se foi para o céu, ninguém sabe, já que além de um séquito de fãs e amigos famosos, seu currículo incluía relações com garotos menores de idade e o assassinato da esposa (que ele matou sem querer ao brincar de Guilherme Tell).

Dois anos após a controversa morte acidental da mulher, que aconteceu em 1951, Burroughs se lançou em uma viagem pelo Peru e Colômbia, em busca do yage, ou ayahuasca, uma droga usada pelos índios da nascente do rio Amazonas à qual se atribuem poderes sensoriais e anestésicos. Dessa aventura, nasceu Cartas do yage, que traz a correspondência trocada entre ele e Allen Ginsberg. A seguir, alguns trechos:

Querido Al:

De volta a Bogotá. Tenho um caixote de yage. Tomei-o e sei mais ou menos como é preparado. Outra coisa, talvez você veja minha foto no Exposure. Encontrei um repórter chegando quando estava saindo. Certamente veado, mas tão degustável quanto um cesto de roupa suja (…) Todas as noites vou a um bar, peço uma garrafa de Pepsi e derramo dentro um pouco de álcool do laboratório. (…) Fui roubado outra vez. Meus óculos e meu canivete. Perdendo todos os meus fodidos valores em serviço. Esta é uma nação de cleptomaníacos. Em toda minha experiência como homossexual, nunca tinha sido vítima de roubos tão idiotas de artigos sem uso possível para outra pessoa. Até agora, óculos e cheques de viagem. O problema é que compartilho com o falecido padre Flanagan, o da Cidade dos Meninos, da profunda convicção de que não existem garotos maus. Tenho que largar a droga. Minhas mãos tremem tanto que mal posso escrever. Preciso parar.

Amor,
Bill

William Burroughs adorava armas e gatos

De William Burroughs, além de Cartas do yage, a Coleção L&PM publica O gato por dentro.