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Ebadi e sua incansável luta pelos direitos humanos

Por Balala Campos*

A palestra da Nobel da Paz, a iraniana Shirin Ebadi, ontem (13 de junho), dentro do Ciclo Fronteiras do Pensamento no Salão de Atos da UFRGS, foi uma continuação do trabalho desta corajosa juíza exilada que ganhou o mundo pelo seu grito a favor dos Direitos Humanos em seu país e no mundo. Com voz pausada e muita clareza, sua fala foi relatando o que acontece com as mulheres no Irã “onde valem metade do que vale um homem”. Assim, afirmou, num depoimento em juízo, a palavra de um homem vale o mesmo que a de duas mulheres. Quanto a indenizações por morte, acidentes, a vida das mulheres vale a metade em dinheiro do que a vida dos homens, para as companhias de seguro. Lembrando a ditadura política e religiosa do governo de Ahmadinejad, Ebadie relatou o que o mundo ocidental indignado já sabe, ou seja, que casais de namorados que mantiverem relações sexuais antes do casamento recebem 100 chibatadas e que o homossexualismo leva à pena de morte, entre tantos outros horrores como penas de apedrejamento, forca, amputação das mãos para os ladrões, prisões de artistas, jornalistas, advogados, todos os que se posicionam contra o governo iraniano.

Sem ter sido recebida pela presidenta Dilma Roussef “por incompatibilidade de agendas”, Ebadi teve sua palestra precedida de pronunciamento da Ministra Maria do Rosário que ressaltou a luta pelos Direitos Humanos do governo petista. Entretanto, diante da fala prolongada da Ministra (9 minutos), a plateia que lotou o Salão de Atos da UFRGS começou a manifestar-se pelo término do pronunciamento, ocasionando algum constrangimento.

A parte final da conferência de Ebadi destinada à resposta de perguntas do auditório foi dinâmica, controvertida, sutil e permeada de alguns recados para os Estados Unidos “que não são o grande modelo de Direitos Humanos para o mundo” e para Israel “que não dá o direito de expressão aos palestinos”.

No encerramento, a Prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi deixou claro que este tipo de ditadura não vai continuar prevalecendo e que o povo iraniano tem se manifestado claramente a favor da mudança de regime. “É uma questão de tempo e de luta”, concluiu a conferencista desta noite inesquecível.

*Balala Campos é jornalista e escreveu este texto especialmente para o blog da L&PM.

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