Autor de hoje: Joseph Conrad

Berditchov, Ucrânia, 1857 – † Bishopsbourne, Inglaterra, 1924

Polonês (nascido em uma região da atual Ucrânia), naturalizado cidadão britânico em 1886, Joseph Conrad trabalhou como marinheiro, viajando pela Ásia, onde colheu material para a sua obra literária, que foi escrita em inglês. O conhecimento de um holandês que residia na Malásia motivou-o a escrever seu primeiro romance, A loucura do Almayer. A obra foi bem-aceita pela crítica e pelo público devido ao tom exótico, estranho à cultura inglesa. Mais tarde, Conrad fixou-se em Londres, onde se dedicou à literatura. Embora o mar esteja presente em grande parte de seus romances, o escritor costumava declarar que sua obra tinha por objetivo chegar ao valor ideal das coisas, dos acontecimentos e dos seres. O romance Lord Jim é considerado um dos livros mais importantes do século XX. Nele o escritor refina a visão psicológica da personagem, um marinheiro inglês que se vê atormentado pelo remorso por ter permitido o naufrágio de seu navio.

Obras principais: A loucura do Almayer, 1895; Lord Jim, 1900; Tufão, 1903; Nostromo, 1904; O coração das trevas, 1906; A flecha de ouro, 1919

JOSEPH CONRAD por Vânia L. S. de Barros Falcão

Nascido Teodor Jósef Konrad Korzeniowski, adquiriu o domínio da língua inglesa entre 1878 e 1895, já adulto, fato relevante, pois é considerado um de seus melhores estilistas, o que por si só justificaria a leitura de sua obra. É interessante lembrar que Conrad é filho de um escritor e tradutor, Apollo Korzeniowski, e assim foi inicialmente criado num ambiente familiar em que se valorizava a própria língua, os outros idiomas e a arte de escrever. O aspecto político também teve grande importância no cotidiano da família, que foi deportada para uma província distante na Sibéria, de onde Conrad retornou à Polônia, com seu pai enfermo e já órfão de mãe, em 1867. Aspectos de sua vida particular sugerem que a desfrutou num ritmo de aventura e drama (tentou o suicídio em 1878 por ter contraído débitos).

Buscou o mar como meio de vida, e certamente essa experiência resultou na escolha de temas e personagens ligados à vida marítima para seus contos, como “The Lagoon”, e romances, como Lord Jim e Victory (1915). Contudo, sua obra é bem mais abrangente, e seus personagens são delineados com cuidado e profundidade. As viagens que realizou pelo Extremo Oriente e pela África oportunizaram um contato amplo com culturas diferentes da sua e uma vivência que lhe permitiu escrever textos atraentes. Sua produção expõe amplo leque: contos, novelas, romances, peças de teatro, ensaios. Dentre eles, destacam-se: The Inheritors – An Extravagant Story (1901) e Romance – A novel (1903). Por um aspecto inusitado, foram escritos a quatro mãos, com a colaboração de Ford Madox (Hueffer) Ford. Quanto a inovações técnicas, críticos registram a mudança na seqüência temporal de acontecimentos e a apresentação da ação a partir do ponto de vista de vários personagens. Nostromo é considerado por muitos sua obra-prima. O próprio autor, em nota prévia publicada em 1917, explica que foi o texto que lhe exigiu a “mais ansiosa meditação” e que, ao escrevê-lo, “sentiu uma mudança sutil na natureza da inspiração”.

A partir de uma experiência de juventude, no Golfo do México, quando ouviu a história de um “homem que teria roubado, sozinho, uma chata carregada de prata, em algum ponto do litoral, durante os percalços de uma revolução”, e da leitura, cerca de 27 anos depois, de uma biografia de um marinheiro americano que “trabalhara, durante alguns meses a bordo de uma escuna, cujo mestre e proprietário era o ladrão de quem ouvira falar na juventude”, o romancista empenhou-se na escritura de uma obra que se passa no país imaginário de Costaguano, na América Latina. O inglês Gould, dono da concessão da mina de prata da cidade de Sulaco, e Nostromo, seu capataz italiano, vivem uma trama, envolvendo corrupção e instabilidade política numa sociedade colonial governada pela oligarquia espanhola. O texto merece atenção pela oportunidade que oferece ao leitor brasileiro de refletir sobre o colonialismo e o póscolonialismo em suas manifestações históricas e sociais.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

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