Autor de hoje: Oscar Wilde

Dublin, Irlanda, 1854 – † Paris, França, 1900

De família abastada, estudou em Oxford, onde liderou um movimento cultural que propunha o hedonismo extremado. O retrato de Dorian Gray, seu único romance, que possui inúmeras traduções em dezenas de línguas, desde o seu lançamento provocou reações simultâneas de ira e de admiração. Wilde também escreveu narrativas curtas, poemas e peças teatrais, sendo considerado o renovador da dramaturgia vitoriana. Em seus textos, critica a sociedade da época, marcada pelo preconceito e pelo apego às convenções. Sua obra caracteriza-se pela concisão verbal e pela elegância do estilo, veiculando uma visão de mundo amarga e crítica. Embora, no início de sua carreira, agisse como um dândi, devido ao comportamento extravagante e à prática da arte pela arte, seu talento superou os obstáculos e sua obra permanece como representativa da melhor literatura da passagem do século XIX para o século XX.

Obras principais: O príncipe feliz e outros contos, 1888; O retrato de Dorian Gray, 1891; A importância de ser prudente, 1895; A balada do cárcere de Reading, 1898; De profundis, 1905

OSCAR WILDE por Vicente Saldanha

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde é um autor normalmente associado a discussões estéticas e temas polêmicos. Sua vida e sua obra se entrelaçam e nos remetem a alguns aspectos importantes da Inglaterra vitoriana. Iniciou sua carreira literária com poemas de inspiração clássica e sobre temas variados. Um deles, “Ravenna”, recebeu um importante prêmio literário. Nele o poeta canta suas impressões sobre a famosa cidade italiana em versos decassílabos com rimas emparelhadas. Em seguida, lançou O príncipe feliz e outros contos. Trata-se de uma coleção de contos de fadas, originalmente escritos para seus filhos, em linguagem elegantemente simples e atmosfera charmosa. Um bom começo para quem pretende iniciar-se na sua obra em prosa. Também merecem destaque outros contos, como “O fantasma de Canterville” e “A esfinge sem segredos”. Com o romance O retrato de Dorian Gray, Wilde afirmou sua filiação ao movimento estético da “arte pela arte”, segundo o qual a arte seria auto-suficiente e não necessitaria servir a nenhum propósito moral ou político. É emblemático, nesse sentido, o prefácio da obra, composto de aforismos sobre a natureza da arte e da criação literária. A narrativa, em si, é uma fábula moderna que discute valores morais e estéticos da era vitoriana em uma tentativa de sobrepor-se à tendência moralizante das obras de ficção da época. Além da poesia e da ficção, a obra teatral do escritor merece destaque. Entre suas peças, a mais conhecida é A importância de ser prudente. Trata-se de uma comédia de erros em que os personagens exprimem opiniões cáusticas sobre temas variados como arte, casamento e crítica literária.

O sucesso teatral do autor, porém, não durou muito. Seu envolvimento amoroso com lorde Alfred Douglas, um jovem aristocrata, desencadeou um longo e penoso processo criminal que levou à condenação do escritor a trabalhos forçados. De sua experiência na prisão resultou A balada do cárcere de Reading. O poema trata de um condenado à forca e das impressões de Wilde acerca do cárcere. O ritmo elegante e tristemente musical do texto, juntamente com as rimas nos versos pares, acentua a atmosfera opressiva e soturna da prisão. Mais tarde, Wilde escreveu De Profundis, uma longa carta dirigida a Alfred Douglas, que se tornou uma espécie de réquiem do tumultuado relacionamento e do próprio Wilde. Hoje, passado mais de um século de sua morte, Oscar Wilde ainda é um autor que merece ser lido e apreciado. A leitura de seu romance, de seus contos, poemas e peças, além de propiciar uma viagem no tempo de volta à Inglaterra vitoriana, encanta pela elegância de suas palavras, pela espirituosidade, pela expressão de idéias anticonvencionais e por uma sensibilidade acentuada.

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