Não digam à minha mãe que sou jornalista

*José Antonio Pinheiro Machado

Não há nada que irrite mais o príncipe do que o conhecimento da verdade, quando ela se opõe aos seus fins ou impede seus propósitos, escreveu Juan Luis Cebrián, num livro indispensável que acaba de ser lançado no Brasil: O pianista no bordel.O título do livro utiliza a ironia de um ditado espanhol: “Não digam à minha mãe que sou jornalista, prefiro que continue pensando que toco piano num bordel.” É um livro que celebra o jornalismo e as dificuldades para exercer com correção e eficiência essa profissão. Cebrián foi diretor-fundador de um dos mais importantes jornais do mundo, El Pais, que começou a circular em 1976, durante a transição na Espanha da ditadura de Franco para a democracia, e atualmente é um dos administradores do francês Le Monde. Os dois jornais têm algo em comum: El Pais, nas últimas três décadas, e Le Monde, desde sempre, se tornaram referências mundiais na busca da isenção e na despreocupação em desagradar os personagens de suas matérias. O grande Balzac é um exemplo: quando era elogiado, adorava os jornais. Quando recebeu críticas mudou de lado e escreveu: “Se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la.”

*Advogado e jornalista.  Autor de diversos livros de gastronomia publicados pela L&PM.

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