Sem medo de “Abaixo de zero”

“As pessoas têm medo de mudar de pista nas vias expressas de Los Angeles.” Assim começa Abaixo de zero, o aclamado livro de estreia do americano Bret Easton Ellis (o mesmo autor do perturbador O psicopata americano). Fico pensando no que está implícito nessa frase: mudar de pista é mudar de rumo, é tentar ultrapassar, é, quem sabe, se arriscar a encontrar alguém que ande mais rápido do que a gente. E isso às vezes dá medo. Não só em Los Angeles.

Não li Abaixo de zero. Ainda. Mas assisti ao filme de 1987 que conta a história de um triângulo de amigos: o protagonista Clay, sua ex-namorada Blair e seu amigo da faculdade Julian, este último vivido no cinema por um Robert Downey Jr. muito distante do atual Sherlock Holmes. O filme não está muito aceso na minha memória, mas lembro que, na época, gostei. Parece que quem não gostou muito foi o autor do livro, já que Ellis fez cara feia e falou que a adaptação não tinha nada a ver com seu romance.

Dirigido por Marek Kanievska, o Abaixo de zero dos cinemas é centrado numa mensagem “anti-drogas”, enquanto o livro concentra-se no vazio existencial na vida dos personagens. Além disso, as pessoas parecem ter mudado de personalidade no cinema. Clay, por exemplo, que é originalmente bissexual, virou heterossexual convicto.

É por essas e por outras que não basta ver o filme. Tem que ler o livro que acaba de chegar na Coleção L&PM Pocket… Sem medo. (Paula Taitelbaum)

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