Arquivo da tag: Marilyn Monroe

A grande Marilyn causa polêmica

Na rua, as pessoas correm às dezenas, em seguida às centenas; curiosos, admiradores, policiais, repórteres, fotógrafos; ouvem-se gritos, sirenes; uma agitação não habitual ocorre também no restaurante; os fregueses saem precipitadamente para ir olhar. (…) Milhares de anônimos se reúnem atrás das barreiras protegidas por guardas. O conjunto da polícia nova-iorquina está a postos. Apesar da hora tardia, há engarrafamentos monstruosos nas ruas adjacentes. Nas janelas, centenas de pessoas espiam com os olhos voltados, todos, para uma pequena silhueta branca e loura da qual um enorme ventilador elétrico colocado sob o respiradouro do metrô faz voar o vestido. Todos estão conscientes, possivelmente, de estar vivendo um momento histórico – do cinema e da América. Todos sob a saia de Marilyn, em êxtase barulhento, diante das pernas afastadas de Marilyn, das coxas de Marilyn, da calcinha de Marilyn.

Este trecho da biografia de Marilyn Monroe (Coleção L&PM POCKET) remonta o clima da gravação da célebre cena do filme O pecado mora ao lado (1955), em que Marilyn e seu vestido branco esvoaçante marcaram a história do cinema para sempre. Pois agora, uma estátua recém inaugurada em Chicago, com mais de 8 metros de altura, que congela a cena no exato momento em que o vestido branco de Marilyn levanta, está causando polêmica. Enquanto alguns visitantes admiram a visão, digamos, privilegiada da estrela em uma de suas poses mais famosas, outros acham a obra “Forever Marilyn”, do artista Seward Johnson, uma aberração rude, vulgar e de mau gosto.

Crédito: John Picken no Flickr

O fato é que as opiniões são as mais diversas. Observando isso, o fotógrafo Mike Yen resolveu registrar as reações das pessoas que visitam o monumento e classificá-las de acordo com uma escala que vai de “Coy” (tímido, recatado) a “Crude” (bruto, grosseiro). O resultado está no álbum “Causing a Scene” no Flickr. Veja algumas:

Foto do álbum "Causing a Scene", de Mike Yen no Flickr

Foto do álbum "Causing a Scene", de Mike Yen no Flickr

Foto do álbum "Causing a Scene", de Mike Yen no Flickr

Veja todas as fotos do álbum “Causing a Scene” no Flickr de Mike Yen.

Mãe de escritor só tem uma

No clima do Dia das Mães, aí vai uma homenagem a mulheres sem as quais algumas das pessoas mais admiráveis do mundo não existiriam: 

Gabrielle, mãe de Jack Kerouac

Clara, mãe de Agatha Christie

Amalie, mãe de Freud

Jane, mãe de Mark Twain

Clélia, mãe de Castro Alves

Maria Magdalena, mãe de Fernando Pessoa

Katharina, mãe de Charles Bukowski

Marilyn

Por Luiz Antonio de Assis Brasil*

Em 2012 decorrem 50 anos do suicídio [?] de Norma Jeane Mortensen, aliás, Marilyn Monroe. Sua vida foi um longo ensaio para a loucura e a morte. Desde que nasceu a morte e a loucura a perseguiram, a começar por uma lendária cena de tentativa de homicídio, em que sua avó, louca, a asfixiava com um travesseiro. Depois foi a vez de internar Gladys, sua mãe, também por insanidade.

Seu pai, desconhecido.

Deu-se a sequência de ups and downs: matriculada sob o número 3463 num orfanato de Los Angeles, saiu de lá para diversos lares de ocasião, encontrando segurança apenas com Ana Lower, que tentou de todas as formas compensar os anos de abandono de sua pupila. Então surge a vida, com o desabrochar de uma beleza morena e forte, bem mais natural do que a famosa loira química dos anos seguintes.

O trabalho numa fábrica de paraquedas não poderia durar muito: descoberta por um fotógrafo, começou sua corrida irresistível rumo às páginas dos jornais, às capas das revistas ilustradas, à solitária foto que acabou nas paredes das borracharias, à Fox, ao cinema. Logo fez fama de loira burra, entregando-se, complacente, a essa imagem de caricatura.

Dentro dela, porém, subsistia a caipira Norma Jeane, um ser perplexo ante o sucesso que, no íntimo considerava imerecido. Começava a época dos ensaios: ensaios de vários casamentos, cada qual mais ruinoso do ponto de vista humano; ensaios de suicídios, alguns falsos, alguns verdadeiros. Daí foi um passo para as drogas, para o álcool, para as pílulas de dormir, de acordar.

O coquetel entre a demência e a compulsão para a morte começava a fazer seus efeitos, e a forma de superar esse círculo de ferro foi a sedução erótica – mas de fachada: Tony Curtis disse que beijar Marilyn era o mesmo que beijar Hitler. Paradoxo: o símbolo sexual do século não encontrou jamais qualquer espécie de consolo sentimental.

Grandes vidas, grandes biografias: tudo isso está no livro Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, saído em tradução de Rejane Janowitzer, pela L&PM, que consegue, numa habilidade e refinamento bem franceses, recriar essa mulher que, antes de um ser humano concreto, era uma tentativa em pessoa – até a última, a morte final, em 1962.

* Pela L&PM, Luiz Antonio de Assis Brasil publica Cães da Província, Perversas Famílias, Videiras de Cristalentre outros. Este texto foi originalmente publicado na pg. 06 no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora, no dia 25 de abril.

Todos querem ser Marilyn Monroe

Quem nunca quis ser Marilyn Monroe que atire o primeiro beijo. Linda e loura, sensual e fatal, rica e famosa, Marilyn foi desejada por todos e aclamada pelo mundo como nenhuma outra jamais foi. Mesmo em papéis menores, o público só tinha olhos (e suspiros) para ela. Mas como bem mostra o ótimo livro Marilyn, da Série Biografias L&PM, a diva não era – e nunca foi – feliz. Não que a história de Norma Jeane seja novidade. Ela mesma fez questão de expor sua vida de menina carente, os abusos que sofreu, sua mãe perturbada e mais um rosário de dramas pessoais. Insegura, Marilyn acabou se desequilibrando do salto e caindo cedo demais. O que, na verdade, só fez aumentar o mito em torno dessa que, como você pode ver aqui, todo querem ser. Qual a sua preferida?

Angelina Jolie

Naomi Watts

Madonna

Lindsay Lohan

Drew Barrymore

Nicole Kidman

Scarlett Johansson

Paris Hilton

Pamela Anderson

O ator Bruno Garcia (irreconhecível)

James Franco na apresentação do Oscar 2011

Wagner Moura (arrasou!)

22. A história do fracasso de Andy Warhol… na L&PM

Por Ivan Pinheiro Machado*

Era o final de 1987 e  ainda ecoava no mundo Pop as lamentações pela morte de Andy Warhol. Um suposto erro médico, numa banal cirurgia de vesícula em fevereiro daquele ano, tinha tirado a vida do inventor da Pop Art. Europa e Estados Unidos preparavam retrospectivas de sua obra gráfica e cinematográfica. Tudo ao som de Lou Read e seu “Velvet Underground”, descobertas de Warhol.

Foi neste clima profundamente andywarhoniano que, na Feira de Frankfurt de 1987, 8 meses depois de sua morte, um agente literário ofereceu a mim e ao Paulo Lima os famosos “Diários de Andy Warhol”, um enorme calhamaço recheado de mexericos e fofocas novaiorquinas do uper jet set com aproximadamente 800 páginas que sairia no início de 1988 no Estados Unidos. É claro que nos interessamos. Nós e outros 15 editores brasileiros. Como havia uma grande procura, o agente fez um leilão via fax (não havia e-mail na pré-história) e, depois de vários lances, fizemos uma oferta de U$ 20 mil dólares de adiantamento de direitos autorais. Lá no período paleolítico, no final dos anos 80, um dólar era um dólar de verdade! Não esta merreca de hoje em dia. Um dólar chegava a ser o que hoje equivale a três reais no câmbio oficial e uns 4 reais no famoso “black”, ou mercado negro. Tudo isto em meio a uma inflação de dois dígitos ao mês. Foi assim que recebemos a “feliz” notícia que todos os outros 14 pretendentes tinham se afastado do leilão e, portanto, o livro era nosso.

Confesso que quando baixou a poeira, não chegamos a festejar muito. No começo da operação, quando vencemos o leilão, aqueles 20 mil dólares nos tiraram apenas algumas horas de sono. No final, com o livro nas livrarias no começo do ano de 1989, passaram a nos tirar noites inteiras de sono… Foi assim:

Contratamos o músico e escritor Celso Loureiro Chaves, recém chegado de uma longa estadia nos Estados Unidos, para fazer a tradução. Foram 1.000 laudas. Revisamos em tempo recorde e, finalmente, um ano e pouco depois de assinarmos o contrato, colocamos um belo livro de 800 páginas em corpo 10, formato 16 x 23 cm nas livrarias de todo o Brasil. O preço seria o equivalente hoje a uns 100 reais. Imprimimos 5.000 exemplares para que a tiragem amortizasse o preço do calhamaço. Não precisou mais do que uma semana para que nossas esperanças se esvaissem. Nenhuma reposição. Só devoluções daqueles livreiros que apostaram – como nós – e fizeram pilhas nas suas livrarias. As pilhas foram muito observadas, mas ficaram intactas. Apesar da imprensa ter dado enorme destaque. O grande investimento em direitos, tradução (eram 1.000 laudas!), papel e gráfica tinha ido pelo ralo. Foi o livro mais festejado e não-comprado da história de mais de três décadas de L&PM. E nosso primeiro contato com aquilo que chama-se fracasso editorial. Dez anos depois, decidimos acabar com as enormes, gigantescas, pilhas que se acumulavam no nosso depósito. Aí então Andy Warhol foi um verdadeiro bestseller. Vendemos os 3 mil exemplares que sobraram por R$ 10,00 na Feira do Livro de Porto Alegre de 1997. Foi o saldo mais disputado da história de mais de meio século de Feira.

Sobre o livro, vale dizer que ele foi organizado por Pat Hackett, secretária e amiga de AW, que editou e escreveu o diário baseado nos telefonemas e no convívio diário com ele. Quem espera tiradas geniais e pistas para entender o mega universo Pop, fica profundamente decepcionado. Os diários empilham ti-ti-tis de celebridades, maldades, fofocas, tricôs e não revelam mais do que um personagem fútil, deslumbrado com o mundo dos ricos e das celebridades. Em bom português, pode-se dizer que, apesar das suas 800 páginas, os diários de Andy Warhol possuem a profundidade de uma poça d’ água. E não fazem jus ao seu gênio.

A fábrica do pop

Sua primeira grande criação foi a Factory (estúdio multi-disciplinar, onde Warhol pintava, desenhava e fazia seus célebres filmes underground. Depois criou a revista Interview que tornou-se uma referência no jornalismo cultural mundial. Célebre pela “invenção” da serigrafia como forma de arte, ou da concepção da obra de arte como um múltiplo, ele influenciou gerações. Em suas mãos, o banal se transformou em objeto artístico. Fotos criaram um clima inconfundível com seus alto contrastes e cores fortes. Cada retrato recebia dezenas de versões, sendo colorizado a partir de uma matriz que era reproduzida em várias telas. AW criou também o culto à celebridade e inventou a máxima bilhões de vezes repetida de que “todos teriam seus 15 minutos de fama”. Em 1968, foi alvejado três vezes por uma ex-funcionária da Factory, doublê de dramaturga e lésbica que se prostituía para ganhar a vida. Conseguiu sobreviver. Morreu dezenove anos depois. Foi enterrado em Pittsburgh, cidade onde nasceu, descendente de uma família de judeus húngaros, e onde está hoje o Museu Andy Warhol.

Embora os diários, como livro, não façam jus a dimensão do artista, AW é o último grande esteta num mundo que banalizou-se plasticamente. Ele transformou a arte num objeto de consumo e foi o monstro sagrado das artes visuais. Tímido, adquiriu, post-mortem, a celebridade e a importância do artista que fez a última grande revolução na arte moderna. Andy Warhol também está na série Biografias L&PM.

O mito Marilyn imortalizado pelas cores do pai da pop arte

Para ler o próximo post da série “Era uma vez uma editora…” clique aqui.

Marilyn Monroe na intimidade

Marilyn Monroe era objeto de desejo. Mas quais os objetos de desejo de Marilyn Monroe? Roupas, sapatos, óculos, bolsas, carteiras, jóias, perfumes, maquiagem… Muito brilho, muito dourado. No recém lançado Marilyn Monroe, da Série Biografias L&PM, você vai conhecer melhor a menina, a jovem e a mulher que foram donas dos objetos abaixo.

A canequinha da pequena Norma Jeane, no tempo em que ainda vivia com a mãe, Gladys:

O batom da jovem Norma foi guardado como relíquia por Beebe Goddard, filha de Grace Goddard, com quem Marilyn morou na adolescência:

Era aqui que a diva guardava seus cigarros, uma cigarreira em marfim com dois filetes de ouro:

Os copos usados no ritual de casamento  judaico que uniu Marilyn a Arthur Miller:

Carteira para noite, toda em ouro, também com as iniciais MM:

Marilyn e os monstros

Cabelos curtos, dourados e bem ordenados, sombra colorida e boca bem delineada. Basta bater os olhos para reconhecer, pois Marilyn Monroe é pop. Inspirado nos quadros que Andy Wahrol fez com a imagem da grande estrela de Hollywood, o artista americano Jesse Lenz conservou a cabeleira loira e a make-up da diva para criar a série Monsters and Marilyns.

Nestas obras, Lenz coloca dentro do contorno da figura de Marilyn os rostos de personagens marcantes e contraditórios (reais ou não) como Hitler, Marx, Fidel Castro e Jack, o personagem de Jack Nicholson no filme O iluminado:

Jack, Hitler, Fidel Castro e Marx por Jesse Lenz

A pergunta que Jesse Lenz quer trazer à público é: será a arte capaz de manipular a mentalidade social?

Se quiser pensar um pouco mais antes de responder, veja as outras peças da galeria de Monsters and Marilyns no Flickr do artista. E para quem quiser conhecer melhor a musa que inspirou Andy Warhol, Jesse Lenz e inúmeros artistas, Marilyn Monroe acaba de chegar à Série Biografias. Leitura recomendadíssima!

Instante decisivo

Uma fotografia é um registro que ultrapassa o próprio momento e imprime o olhar do fotógrafo.  Henry Cartier Bresson dizia que uma fotografia era um “instante decisivo”. Não é a toa que uma fotografia faz com que viajemos nos tempo, nos remetamos a idas épocas, nos aproximemos de pessoas a que nunca teríamos conhecido o rosto.

As fotografias abaixo são decisivas: um convite para uma viagem no tempo/espaço. Veja Picasso tocando trompete, Marilyn Monroe de ponta-cabeça e Woody Allen com uma boneca inflável. Veja!

Pablo Picasso

Marilyn Monroe

Andy Warhol e Michael Jackson

Woody Allen

Salvador Dalí

 Via This is not porn

Eu, Andy Warhol

Há exatos 24 anos, enquanto se recuperava de uma cirurgia simples no Hospital de Nova York, Andy Warhol sofreu uma “arritmia pós-operatória cardíaca súbita” e não resistiu. Venerado desde sempre por artistas e críticos como o ícone maior da pop art, Warhol deixou um legado vivo que vai além das obras em si. Os múltiplos serigráficos e as analogias do consumo a partir da reprodução mecânica dos rostos de Marilyn Monroe, Mao Tsé Tung, Che Guevara e Pelé em nuances coloridas são o espírito da pop art como a conhecemos hoje.

Após a morte de Andy Warhol, as condições técnicas para a reprodução de imagens evoluíram de forma impressionante. Manipular fotos, por exemplo, tornou-se banal. Com um Photoshop e um pouco (não muito) de habilidade artística, é possível viver seus 15 minutos de Andy Warhol, nem que seja para prestar uma homenagem ao mestre.

O vídeo a seguir explica passo a passo como fazer no Photoshop a sua própria Marilyn Monroe a partir de uma imagem qualquer:

Clique para ir à página do vídeo

O papel das cartas

Se nos permitem o saudosismo, queremos lembrar o papel das cartas e o que elas significaram para várias gerações de escritores, artistas, filósofos, amantes e pensadores. Preparar uma carta com esmero, colocar dentro do envelope um pedaço de si, do dia, do mundo, da imaginação, dividir uma experiência no calor do momento e com a caligrafia que denuncia, fechar o “embrulho” e enviar. O perigo de extraviar, de se perder, de alguém abrir antes do destinatário… um hiato de emoção e expectativa.

Independente do conteúdo, os papéis também falam sobre as cartas. No site colaborativo Letterheady, há um verdadeiro acervo deles. Descubra onde e como viajaram as ideias de Andy Warhol, Charles Dickens, Sigmund Freud e Charles M. Schulz e até Marilyn Monroe.

Andy Warhol

Charles Dickens

Charles M. Schulz

Sigmund Freud

Marilyn Monroe