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Marilyn Monroe na Polônia

2012 marca os 50 anos da morte de Marilyn Monroe e as homenagens à maior musa do cinema de todos os tempos acontecem por todo o mundo. Uma grande coleção com 4 mil fotos pertencente ao governo polonês será exposta em Varsóvia a partir de agosto. Avaliadas em 560 mil euros, as peças vão a leilão após a exposição.

A curadora Anna Wolska apresenta uma das fotos assinadas por Greene

Clicadas nos anos 50 pelo americano Milton H. Greene, amigo de Marilyn, as fotos pertenciam a um colecionador de Chicago, que se envolveu num escândalo de desvio de verbas em 1990 com o governo polonês e teve que dar a coleção como parte do reembolso. Passaram pelas lentes de Greene algumas das fotos mais famosas de Marilyn, como o clássico ensaio da musa vestida de bailarina:

A L&PM publica a biografia de Marilyn Monroe na Coleção L&PM Pocket.

As bodas de Marilyn Monroe e Arthur Miller

No dia 29 de junho, cerca de sessenta jornalistas são, pois, “convidados” a ir à casa de [Arthur] Miller em Connecticut. Enquanto o casal almoça em segredo não longe do local, na verdade são mais de quatrocentos que desembarcam na propriedade familiar. No começo da tarde, ao seguir de perto a atriz e o escritor, uma correspondente de Paris Match foi morta por um automóvel. Seu sangue espirrou no suéter amarelo de Marilyn que, alguns minutos depois, com grande esforço de sedativos teve de enfrentar a imprensa. Nessa mesma noite, Miller e ela são casados por um juiz.

A imprensa faz de tudo por uma boa foto ou uma informação exclusiva, ainda que banal, sobre um dos casais mais famosos da época. Cada passo de Marilyn Monroe e Arthur Miller naquele 29 de junho de 1956 foi registrado pelas câmeras, flashes e canetas a postos. Afinal, aquele era o dia em que a maior diva do cinema iria se casar com um dos dramaturgos de maior renome da época.

Mas nem tudo são flores nesta história. Dias antes, Marilyn ficou sabendo pelo rádio (!) que seria pedida em casamento e isso a deixou furiosa! Aconteceu assim: Arthur Miller pleiteava um passaporte para a Inglaterra a fim de acompanhar a atriz nas gravações de “O príncipe encantado”, mas a Comissão de Atividades Antiamericanas descobriu que ele participara, anos antes, de reuniões comunistas. Ao ser questionado: “Por que o senhor quer um passaporte?” ele responde “Para ir a Inglaterra com a mulher com quem eu vou me casar”. A informação passa imediatamente às manchetes e se espalha num piscar de olhos.

Consternada, furiosa mesmo, Marilyn sabe pelo rádio que vai se tornar mrs. Arthur Miller sem que ele tenha formalmente feito o pedido. Como se seu consentimento fosse evidente. Foi pega de surpresa. (…) Às pressas, pede socorro aos assessores habituais e convoca os jornalistas à tarde para uma pequena coletiva na porta de casa. Dessa vez remodelada e preparada para o jogo, uma Marilyn toda sorrisos, cheia de segurança e jovialidade, confirma para uma plateia de repórteres a eminência de seu casamento com Arthur Miller. (…) O anúncio oficial da união da bomba sexual e do intelectual engajado alimenta a crônica internacional.

Para saber mais sobre a vida de um dos maiores mitos da história do cinema, leia Marilyn Monroe da Série Biografias L&PM.

O papel de Marilyn Monroe na vida de Yves Montand

É impossível falar da vida do ator e cantor italiano Yves Montand, sem falar de Marilyn Monroe. Aliás, parece ser assim com todos os homens que passaram pela vida de Marilyn. Em parte, pela inevitável exposição midiática de um relacionamento com a maior e mais cobiçada estrela do cinema, mas principalmente pelo efeito furacão que a passagem dela pela vida de um homem causava. É por essas e outras que no filme do diretor Christophe Ruggia sobre a vida de Yves Montand, o nome da atriz que fará o papel de Marilyn é uma das novidades mais esperadas.

O produtor Jean-Louis Livi anunciou que está em dúvida entre Naomi Watts e Scarlett Johansson. E é nesta hora que a gente comemora, pois ambas fazem jus ao papel de Marilyn, tanto pelo físico exuberante quando pela elegância na atuação – dois atributos imprescindíveis numa atriz que vai interpretar a musa.

Naomie Watts e Scarlett

Naomi ou Scarlett: qual das duas faria a melhor Marilyn?

Yves Montand atuou ao lado de Marilyn no filme Adorável pecadora e a convivência nos sets de filmagem rendeu um rápido porém intenso romance. Na biografia de Marilyn Monroe (Coleção L&PM Pocket) está descrito como tudo aconteceu:

Yves Montand e Marilyn Monroe em "Adorável pecadora", de George Cukor

Paradoxalmente, a filmagem de Adorável pecadora sucede melhor do que de costume. É claro que Monroe é fiel à sua lenda (atrasos, incapacidade de decorar um texto), mas, no conjunto, bem menos do que nos filmes anteriores. Os técnicos do set, bem como os atores, ficam impressionados com seu profissionalismo. Yves Montand tem algo a ver com isso. Marilyn admira-o como ator e aprecia o homem que lhe lembra fisicamente Miller, sendo melhor e sobretudo mais  jovial. Gosta de suas origens modestas que o aproximam dela, do seu toquezinho irresistível de exotismo. Seu humor não a deixa indiferente, tanto quanto seu sentido de autodepreciação. (…) O casal que ele forma com Simone Signoret lhe parece exemplar. Signoret é uma mulher respeitada como atriz e como esposa. Um modelo para a mal-amada que se projeta na sua posição. Como ela seria feliz, acredita, com um homem como aquele, mistura de DiMaggio e Miller. Como ele saberia protegê-la. (…) Os dois atores ensaiam cada vez mais juntos. Ela o ajuda a trabalhar a pronúncia em inglês, ele lhe ensina a dominar seus medos e a não se deixar aspirar por eles, sem exitar no entanto em ameaçá-la: foi buscá-la à força certa manhã em que ela se recusou a aparecer no set.

Com o Oscar no bolso, festejada por toda parte, Simone Signoret é obrigada a voltar para a Europa por razões profissionais. Ela, Simone, já sabe. Ela compreendeu. Tudo. A desistência de Miller, o desespero de Marilyn, as fraquezas de seu marido. Que homem resistiria à deusa loura, àquela criança que sem maquiagem lhe lembra “a mais bela das camponesas” da Île-de-France”? Não há de ser Yves. Ela se prepara. Suportará o deslize e permanecerá digna. Contanto que ele volte. Para secar suas lágrimas, tem os cigarros e seu velho amigo álcool. Então Simone beija os dois lados do rosto de Marilyn e lhe cede o lugar. Arthur Miller segue-a no mesmo passo. Foge para a Irlanda para se encontrar com Huston e retomar a escrita de Os desajustados. “Ele é louco”, teria confiado Montand a uma amiga. “Vai embora me deixando Marilyn nos braços.” Miller é cego, poderia-se pensar, ou inconsciente? Nenhum dos dois. O dramaturgo é apenas um homem que dá tacitamente a outro a mulher que ama, uma vez que não é mais capaz de atender à demanda dela. Tanto Signoret quanto Miller se sacrificam da mesma maneira. (…)

Diante da cama de Marilyn nua debaixo dos lençois de seda, Yves Montand sente a cabeça girar e, como ele mesmo confessará, não se faz muitas perguntas. Desta vez, nada de beijos anódinos de cinema, Marilyn lhe oferece os lábios com gosto de sonho e o corpo ardente. Uma noite, duas noites e depois todas as outras. Hollywood inteira é rapidamente posta a par da ligação dos dois. (…) Ela está feliz, apaixonada de verdade, e se exibe orgulhosamente, à luz do dia, com Yves Montand. Ele, perturbado, enfeitiçado, não sabe como vai fazer para se desembaraçar quando tudo chegar ao fim. Pois vai chegar ao fim. Se não fosse por Simone, seria diferente, ele se lançaria de cabeça naquela aventura, recolheria nos braços por dois ou três anos aquele furacão de inocência e sexo. (…)

O mundo inteiro está a par. Adultério internacional. Em Paris, a imprensa assedia Simone, que enfrenta tudo com uma dolorosa nobreza. De volta aos Estados Unidos, Miller finge que não sabe de nada. (…) Quando a filmagem de Adorável pecadora é concluída e ela [Marilyn] vê, impotente, Montand lhe escapar por entre os dedos e voltar para a sua França natal, bem como para a esposa legítima, Marilyn leva um tombo. Tudo desmorona mais uma vez. Signoret tem o Oscar e Montand. Já ela não tem mais nada além de remédios e o falso reconforto do álcool.

Enquanto não temos mais notícias sobre a esteia do filme, dá tempo de ler a biografia de Marilyn Monroe, que reserva um capítulo inteiro para contar os detalhes sobre a relação da musa com Yves Montand. Como todo o resto do livro, vale muito a leitura!

Marilyn Monroe por Cartier-Bresson

No set de filmagem de Os desajustados (The misfits), em 1960, as lentes do fotógrafo Henri Cartier-Bresson flagraram uma moça de ar melancólico e olhar distante. Cabisbaixa, nem parecia a estonteante musa do cinema, que despertava a cobiça dos homens mais poderosos do mundo com sua beleza irresistível. Altiva, nunca decepcionou diante das câmeras. Mas os instantes precisos capturados pelo mestre da fotografia deixam transparecer uma Marilyn Monroe que poucos conheciam. Seu brilho radiante era, às vezes, só uma fachada para o público quando, na verdade, seu estado de espírito era sombrio.

Em Cartier-Bresson: o olhar do século, o biógrafo Pierre Assouline comenta este episódio da gravação de Os desajustados:

Mesmo ao cobrir um evento muito bem organizado, também acompanhado por vários colegas, Cartier-Bresson sempre consegue tirar pelo menos uma foto com a sua marca pessoal. É o que acontece em 1960, quando John Huston filma “Os desajustados”, e seus fotógrafos da Magnum revezam-se nas filmagens, dois a dois. Apesar do excesso e da superabundância de imagens, tanto em qualidade quanto em quantidade, ele consegue tirar uma foto de Marilyn sob os olhares dos demais, única por sua composição, sua ironia e sua ternura. Talvez a atriz não estivesse totalmente alheia à magia do momento. Durante o jantar da equipe, o fotógrafo coloca sua Leica sobre uma cadeira vazia à sua direita. A atriz chega atrasada. Um olhar à máquina, outro a Cartier-Bresson, o tempo de associar um ao outro e ele já tira proveito da ocasião:

– Você gostaria de conceder-lhe sua bênção?

Ela faz que senta sobre a Leica, roça-a de leve com as nádegas, esboça um sorriso malicioso e pronto…

As fotos de Cartier-Bresson e sua Leica “abençoada” fazem parte da exposição “Quero ser Marilyn Monroe” que entra em cartaz na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a partir de 04 março. Serão 125 obras de 50 artistas distribuídas nos 500 m² da mostra. Uma oportunidade imperdível para ver de perto, além das fotografias de Cartier-Bresson, o trabalho de artistas como Andy Warhol, Douglas Kirkland, Cecil Beaton, Milton H. Greene, Richard Lindner, Kim Dong-Yoo, entre outros.

Marilyn e “O príncipe encantado”

No dia 9 de fevereiro de 1956, os jornalistas acorreram em massa à nova coletiva de imprensa convocada pela divina loura ao lado de um convidado prestigioso: Laurence Olivier. Milton Greene convenceu o grande ator inglês a levar para a tela a peça que ele realizara com sucesso junto com sua mulher, Vivien Leight, The Sleeping Prince (O príncipe encantado), e substituir esta última no cinema por Marilyn. A brithish distinction diante da american sex symbol. Shakespeare contra Barbie. Um duo impossível; um duelo que parece inevitável. Depois de algumas negociações, com seu nome em destaque no cartaz, sir Laurence se deixa tentar pela aventura. Curioso, impaciente, vem em pessoa a Nova York se encontrar com Marilyn e anunciar publicamente que ele mesmo dirigirá O príncipe encantado (…)

O trecho acima está na imperdível biografia que leva o nome da diva: Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet (Coleção L&PM Pocket). O livro conta ainda como, no final de julho daquele ano, as filmagens de O princípe encantado começaram em Londres, num momento em que, apesar de seguir linda e aparentemente eufórica, ressoava dentro de Marilyn “o eco de coisas quebradas”.  

“Sete dias com Marilyn” (My week with Marilyn), filme que tem estreia prevista no Brasil para o dia 10 de fevereiro, mostra justamente esta época e está centrado na passagem da beldade pela Inglaterra, aos olhos de Colin Clark, o jovem assistente de Laurence Olivier. Clark ficou encarregado de guiar a atriz durante uma semana pelas terras da Rainha e todo o enredo está baseado em suas memórias, publicadas em um livro.

O filme já tem três indicações ao Globo de Ouro (incluindo melhor atriz para Michelle Williams), e os cartazes brasileiros já foram divulgados:

Retrospectiva: os destaques L&PM de 2011

2011 está na porta de saída. E como não poderia deixar de ser, a despedida do ano que termina vem com olhares para trás. A retrospectiva, afinal, faz parte do adeus e uma lista de “melhores do ano” acaba sendo tão tradicional quanto preparar o champanhe, a roupa branca e os fogos de artifício para o réveillon. Ao pensarmos no ano que chega ao fim (e em tudo que lançamos ao longo dele), fica bem difícil escolhermos os 10 livros mais marcantes. Porque foram vários e todos eles especiais. Acabamos levando em conta os títulos que tiveram mais destaque nas redes sociais e na mídia. E aqui estão eles no nosso “Top Ten L&PM 2011”.

A entrevista de Millôr Fernandes – Lançado em fevereiro de 2011, o livro apresentou aos leitores a mais longa e reveladora entrevista do grande Millôr, realizada no início dos anos 80 para a Revista Oitenta, então editada pela L&PM. É um intenso e bem-humorado depoimento que revela todas as faces de um dos maiores intelectuais do Brasil.

Biografia de Marilyn Monroe – Em março, Marilyn Monroe chegou à série Biografias L&PM. Um livro que revelou ser como sua personagem: a partir da primeira linha, impossível tirar os olhos dele. A família, os amores, os filmes, os dramas, tudo está aqui em frases que soam como o sussurro de uma diva.

Mulheres – Depois de anos esgotado no Brasil, Mulheres, um dos livros mais cultuados de Charles Bukowski, chegou à Coleção L&PM Pocket em meados de 2011. Também não dá para deixar de citar Cartas na Rua, o primeiro romance escrito por Bukowski e que, lançado em setembro, fez com que todos os romances do velho Buk agora estejam aqui. 

Os Smurfs – Aqui não vale a pena citar apenas um título dos Smurfs, mas dois: “O Smurf Repórter” e “O bebê Smurf” que, lançados em álbuns coloridos e em versão pocket, smurfaram por todas as livrarias e bancas do país. Lançados na mesma época do filme, fizeram tanto sucesso que ganharam até uma fan page especial no Facebook.  

Caixa Russa – Este não é exatamente um livro, mas uma caixa inteira. Mas é impossível não dar destaque para ela, pois além de ter chamado atenção, virou objeto de desejo de muita gente, com seus sete títulos que juntam duas obras de Gogol, duas de Tolstói, duas de Tchékhov e uma de Dostoiévski.

Feliz por nada – Apesar do título do livro de Martha Medeiros, motivos para ficar feliz não faltaram com as crônicas de Feliz por nada. Lançado em julho de 2011, ele logo foi parar na lista de mais vendidos de Veja, Época e O Globo e fecha o ano como um dos maiores sucessos literários do Brasil em 2011.

Atado de Ervas – O primeiro romance escrito por Ana Mariano foi a revelação do ano. Sucesso de público e crítica, ele levou a autora a concorrer ao Prêmio Fato Literário, promovido durante a Feira do Livro de Porto Alegre em 2011. Em suas 400 páginas, o livro monta um grande mosaico da vida no interior do Rio Grande do Sul.

Enciclopédia dos Quadrinhos – Revisada, atualizada e ampliada, a nova edição da Enciclopédia dos Quadrinhos, organizada e escrita por Goida e André Kleinert, foi lançada em outubro para alegria dos fãs de HQs. Ela traz referências inéditas a pesquisadores, fanzineiros e editores da área.

A vida segundo Peanuts – O destaque aqui poderia ser para o volume 4 de Peanuts completo, lançado em março. Ou para o belo O Natal de Charlie Brown. Mas A vida segundo Peanuts, que chegou em novembro, merece estar aqui por sua simplicidade e por ser um “gift book” muito fofo, livro perfeito para virar presente (até porque custa apenas 15 reais!).

Mangás – Aqui o destaque é para uma série. Quando os mangás chegaram à Coleção L&PM Pocket, em novembro, o alvoroço foi grande, pois os fãs do gênero não deixaram de se manifestar positivamente. Primeiro vieram Solanin 1, de Inio Asano, e Aventuras de Menino, de Mitsuru Adachi. Em dezembro, foi lançado Solanin 2.

Não basta ser loira, tem que ser Marilyn

Já tínhamos visto as fotos em que a atriz Michelle Williams aparece no papel de Marilyn Monroe nas cenas do tão aguardado My Week with Marilyn, de Simon Curtis. No fim da semana passada, o filme, que conta os bastidores da gravação de O príncipe encantado, em 1956, ganhou trailer oficial: Michelle ficou ainda mais loira, ganhou olhos azuis e uma pinta no rosto, mas será que isso é suficiente para ser Marilyn? Assista ao trailer e tire suas próprias conclusões:

Assim que pisaram em Londres, em 13 de junho de 1956, Marilyn e seu marido, Arthur Miller, foram recepcionados pelo assistente de Laurence Olivier, Colin Clark, que ciceroneou o casal em sua estadia nas terras da rainha. My week with Marilyn é baseado no livro em que Clark conta suas memórias destes dias privilegiados. E é claro que esta passagem não ficou fora do livro Marilyn Monroe, da Série Biografias L&PM:

No dia 13 de julho de 1956, o mais célebre casal do mundo chega à Inglaterra, onde é acolhido com todas as honras e inevitável alvoroço por sir Laurence Olivier, Vivien Leight e centenas de jornalistas saídos por uma vez de sua fleuma lendária. Os recém-casados vão se esconder em um castelo suntuoso, em Parkside House, propriedade de cinco hectares vizinha à da rainha, cercada de muros altos, que dispõe de uma boa dúzia de quartos e de uma meia dúzia de empregados.

My week with Marilyn tem estreia prevista para o dia 4 de novembro nos Estados Unidos, mas ainda não tem data para chegar ao Brasil. Enquanto isso, dá tempo de ler Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, na Série Biografias L&PM, um livro emocionante e intenso, como foi a vida de uma das maiores estrelas do cinema de todos os tempos.

Quando Marilyn ainda não era Marilyn

Em 1946, Marilyn Monroe já tinha os cabelos claros, mas não tão claros e loiros quanto no filme O pecado mora ao lado, que anos depois a tornaria a maior e mais desejada estrela do cinema de todos os tempos. Isso porque em 1946, Marilyn ainda não era Marilyn, mas sim Norma Jeane. Tinha apenas 20 anos e até pouco tempo era casada com o marinheiro Jim Dougherty, que a deixou por não suportar conviver com a cobiça estampada nos olhares masculinos sobre sua mulher.

Foi em 1946, a serviço da agência Blue Book, que o fotógrafo Joseph Jasgur clicou o ensaio cujas fotos vão a leilão no início de dezembro deste ano, na Califórnia: três imagens em preto e branco e uma colorida de uma Marilyn jovem e sorridente em trajes de banho na beira da praia. Jasgur guardou estas fotos durante mais de 70 anos e agora elas vieram a público por determinação de um juiz na Flórida, que mandou leiloar as imagens para quitar as dívidas deixadas pelo fotógrafo, morto em 2009.

Documento assinado por Norma Jeane que cede o uso de suas fotos a Jasgur

A carreira de modelo da jovem Norma Jeane na agência Blue Book começou um ano antes, em 1945, quando um outro fotógrafo chamado André de Dienes caiu nas graças daquela garota de luz frágil, porém intensa, e corpo escultural. Após a primeira sessão de fotos, ele já estava completamente apaixonado pela moça. No livro Marilyn Monroe, da Série Biografias, esta passagem está contada em detalhes:

De madrugada, o fotógrafo conduz a moça a uma praia deserta e passa o dia disparando cliques. Norma Jeane está radiosa, um largo sorriso devora seu rosto. Oferece à objetiva todo o seu desejo de vida, suas esperanças de amanhãs melhores Está tão feliz por estar ali, existente, tão reconhecida àquele homem que a escolheu e lhe demonstra consideração, que desenha um coração na areia. Na mesma noite, ao revelar os negativos, De Dienes fica estarrecido com os resultados.

Pouco tempo depois, os cabelos castanho-claros que aparecem nas fotos desta época se tornam loiros. A mudança foi sugerida pela dona da Blue Book, Miss Snively, assim que conheceu e se encantou pela moça:

– Um pequeno conselho – ela acrescenta no momento de se despedir da moça toda alegre, derramando lágrimas de felicidade, sorrindo com uma gratidão exaltada -, você vai fazer um sucesso louco com os fotógrafos se pintar os cabelos de louro. Eu lhe garanto. Mande descolori-los, vire loura, e vai ter todos eles aos seus pés. Acredite em mim.

– Não, obrigada – fala Norma Jeane, embaraçada. Não está interessada. Ficaria com um rosto muito artificial. Não se reconheceria mais.
Loura não seria mais ela.

Marilyn nas terras da rainha

No dia 13 de julho de 1956, o mais célebre casal do mundo chega à Inglaterra, onde é acolhido com todas as honras e inevitável alvoroço por sir Laurence Olivier, Vivien Leight e centenas de jornalistas saídos por uma vez de sua fleuma lendária. Os recém-casados vão se esconder em um castelo suntuoso, em Parkside House, propriedade de cinco hectares vizinha à da rainha, cercada de muros altos, que dispõe de uma boa dúzia de quartos e de uma meia dúzia de empregados.

O trecho acima, retirado da biografia de Marilyn Monroe (Coleção L&PM Pocket), é também uma das cenas do filme My Week With Marilyn, de Simon Curtis, que tem estreia prevista para o fim do ano. A produção do filme divulgou na semana passada uma foto das filmagens que mostra exatamente o momento em que a maior estrela do cinema da época desembarca em Londres ao lado de seu marido, Arthur Miller, para participar das filmagens de O príncipe encantado, estrelado e dirigido por Olivier. Compare a imagem divulgada pela produção de My Week With Marilyn com uma foto da época, que certamente foi utilizada como referência para compor a cena:

O filme de Simon Curtis é baseado no livro de memórias escrito por Colin Clark, que foi assistente de sir Laurence Olivier durante as filmagens e acompanhou a estadia de Marilyn Monroe nas terras da rainha. Depois deste teaser, mal podemos esperar pela estreia do filme!

Enquanto isso, vale a leitura do livro Marilyn Monroe da Série Biografias.

A morte da musa e o nascimento do mito

“Fantasia durante a vida inteira, Marilyn só podia continuar fantasia com a morte e na morte. É preciso a qualquer preço procurar saber mais? O que é verdade? (…) Uma coisa é certa: em 5 de agosto de 1962, de manhãzinha, o mundo inteiro era informado com estupor da morte de Marilyn Monroe. Morte turva e trágica em harmonia total com seu mito. Animada, inanimada. E todos, preparados para a tarefa, finalmente fácil, de alimentar a fábula, não perceberam que Marilyn na realidade tinha morrido, assassinada, há muito tempo. Mais do que isso, nunca tinha existido. “ (Trecho de Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, Série Biografias L&PM)

A partir de então, a musa virava o maior de todos os mitos. Marilyn Monroe foi encontrada em se quarto, supostamente morta pela ingestão excessiva de barbitúricos. Mas basta ir um pouco mais fundo nas evidências para se desconfiar de que talvez sua morte não tenha sido tão inocente assim. Como mostra o livro de Anne Plantagenet, as declarações da governanta, Eunice Murray, levantam suspeitas: “Como ela poderia ter percebido luz sob a porta do quarto de Marilyn se um carpete grosso, recentemente instalado, filtrava-a inteiramente? Por que teria esperado quatro horas antes de avisar a polícia? Por que a máquina de lavar estava funcionando em plena noite? Como Marilyn conseguiu engolir tantos soníferos sem um único copo d´água?”

Uma das imagens da mesa de cabeceira de Marilyn como a polícia a encontrou. Em primeiro plano, um cinzeiro possivelmente adquirido no México e, ao fundo, uma das agendas telefônicas da atriz

Além disso, o livro ainda traz outros questionamentos: “Os dois médicos presentes (Greenson e o clínico de Marilyn) pareciam pouco à vontade. A rigidez do cadáver tendia a provar que a estrela provavelmente teria morrido por volta das dez horas da noite. Pouco a pouco, as línguas foram se soltando. Vizinhos contaram que durante essa noite tinham visto uma ambulância, vários automóveis e até um helicóptero em volta da casa da atriz. Teriam escutado uma mulher berrar: ‘Assassinos, estão contentes agora que ela está morta?’

A teoria é a de que Marilyn foi morta pelos Kennedy: queima de arquivo. “Robert Kennedy tinha ido duas vezes naquele dia à casa de Marilyn, ao passo que, oficialmente, ele não estava em Los Angeles” teriam dito também os vizinhos.

Assassinato ou suicídio, o fato é que Marilyn morreu, mas contina viva, amada e cultuada. Hoje, suas tantas fotos estampam os mais variados souvenirs. E nenhuma outra diva de Hollywood jamais foi (ou será) tão cultuada quanto ela.