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Com champanhe na ponta da língua

Em seu livro, Etiqueta Século XXI, a jornalista e expert em etiqueta Célia Ribeiro dedica um capítulo inteiro a festas. E é lá que a gente descobre como não fazer feio na hora de falar (e de servir) a bebida que é símbolo do Ano Novo: o champanhe. Ou seria melhor dizer champanha? Célia Ribeiro esclarece:

A palavra champanhe deriva-se de Champagne, a região da França que deu nome à bebida e que hoje detém a exclusividade do nome. Assim, na Espanha, é cava, na Alemanha, sekt e em português se diz espumante. A palavra foi abrasileirada para champanha, mas ambas são corretas. Estranho é dizer um champanha, guardando a concordância com a palavra oculta vinho, porque champagne é masculino. Doutores em Letras, como o professor Cláudio Moreno, acham que em pleno século XXI não tem sentido fazer uma exceção da palavra terminada em a, de gênero sempre feminino, ao se referir ao champanhe. Mais fácil é falar em champanhe com o artigo masculino, sem quebrar regras e ferir os ouvidos.

Vale servir na garrafa com canudinho? A garrafinha representa a democratização da bebida nobre, industrializada. O champanhe para ser tomado com canudinho transforma um encontro feliz na praia em celebração e é viável servi-lo numa reunião descontraída ou em ambiente sem recursos para o serviço convencional de taças.

37. Um livro de etiqueta nas paradas de sucesso

Por Ivan Pinheiro Machado*

Celia Ribeiro é uma das grandes jornalistas do país. Há pelo menos quatro décadas, sua opinião e seus comentários sobre moda e comportamento influenciam gerações.

A capa da primeira edição de "Etiqueta na prática" em formato convencional

Pois foi em 1991 que nós decidimos pedir à Celia aquele que seria o primeiro livro brasileiro “moderno” sobre etiqueta. Ela trabalhou no projeto durante quase um ano e nós publicamos uma pequena edição de 1.000 exemplares do livro ”Etiqueta na Prática”, um guia completo para um comportamento “socialmente correto”. Incluía instruções detalhadas de como se comportar à mesa, no trabalho, em festas, o tipo de vestimenta adequada a cada evento, enfim, tudo o que alguém precisa saber para circular em sociedade sem ser notado. Partindo do princípio, é claro, de que as gafes e as maneiras inadequadas, paradoxalmente, são o que realmente chamam a atenção.

Mas o livro “Etiqueta na prática”, lançado no final do ano de 1991, para surpresa geral, acabou vendendo sua edição de 1.000 exemplares em apenas um dia. Reeditamos imediatamente e depois de sucessivas reimpressões, o livro “estourou” no Brasil inteiro, a ponto de a revista Veja, na sua edição de 3 de março de 1992, registrar numa matéria de quatro páginas, o novo “fenômeno editorial”.

Na época, foram muitas as teses que tentavam explicar o enorme sucesso do livro. Em poucos meses alcançamos a cifra de 35 mil exemplares e, 10 anos após o lançamento, já em versão pocket, “Etiqueta na Prática” atingia a extraordinária cifra de 200 mil exemplares vendidos. Surpresos com o sucesso, encomendamos uma pesquisa para descobrir qual era o público leitor do livro. A conclusão foi de que ele era composto, em sua maioria, por mulheres entre 18 e 35 anos. Ou seja, os clientes eram preferencialmente os filhos da geração dos anos 70, cujos pais não davam nenhuma bola à formalidade. E ao chegar na idade em que se entra na convivência social propriamente dita, no trabalho e no lazer, estes filhos da geração hippie, sentiam falta de uma orientação para enfrentar as formalidades do dia a dia. Seja a garota que recebia o seu primeiro convite para jantar com o namorado, seja o rapaz que havia sido convidado para uma recepção à noite ou tinha uma entrevista para emprego, todos encontraram no livro de Celia Ribeiro o roteiro exato de comportamento e traje. Inclusive há no livro tabelas em que ela traduz na prática as indicações de vestimentas (para homem e mulher) que sempre vêm nos convites; “alto esporte”, “tenue de ville”, “tenue de soirée”, “passeio completo”, “recepção”, “Black tie” e por aí vai.

Nos anos 1980, Celia Ribeiro ao lado de Clodovil

Foi então que o mercado imediatamente respondeu e “inspirou-se” no sucesso de Celia. Começaram a surgir dezenas de livros de etiqueta e boas maneiras, sendo que o mais destacado foi “Na sala com Danuza”, de Danuza Leão, que fazia uma muito sutil “resposta” a Celia Ribeiro, como quem diz que a vida poderia ser mais informal. Mas a verdade é que, quando havia uma formalidade, a bíblia a ser seguida sempre era o livro da Célia. E tal foi o sucesso que, 5 anos depois, em 1997, atendendo a centenas de pedidos, Celia Ribeiro escreveu e nós publicamos “Etiqueta na prática para crianças”, com ilustrações do cartunista Miguel Mendes; outro sucesso avassalador, pois hoje, passados 14 anos, este livro é leitura obrigatória em centenas de colégios de primeiro e segundo grau em todo o país.

Célia escreveu ainda “Boas maneiras e sucesso nos negócios”, “Boas maneiras à mesa”, “Casamento e etiqueta” e “Etiqueta Século XXI”. No momento, ela prepara um “Dicionário de etiqueta”, que será lançado diretamente na coleção L&PM Pocket.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo-sétimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.