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E o filme “On the Road” segue na estrada

Depois de rodar por vários lugares do mundo, começando pela França, passando pelo Brasil e estacionando por um tempo nos EUA, “On the road”, o filme, acaba de chegar a Barcelona. O Le Cool, que traz o melhor da programação da cidade catalã, publicou um texto em que convida a todos para assistir ao filme baseado no romance homônimo de Jack Kerouac e dirigido por Walter Salles: 

Desde que foi divulgada a notícia de que o lendário romance de Kerouac sairia no cinema, foi como se batessem com um pau em um vespeiro. Expectativa, desconfiança, polêmica, boatos e vários tremores cercaram o filme muito antes de sua estreia. Agora que você está aqui, pode verificar por si mesmo a razão de toda balbúrdia. Bem, falem o que falem, “On the Road” é um must-see. E vem pelas mãos de Walter Salles, um dos diretores de filmes de estrada mais interessantes do cinema. Como em “Diários de Motocicleta”, Salles tenta capturar a humanidade, inocência e aquele brilho nos olhos dos que não se detém por nada. Os “loucos” de Kerouac – que não são colocados nem no pedestal, nem no divã – parecem acreditar na pureza da alma e na força da amizade muito mais do que em fórmulas épicas e manuais psiquiátricos. Em sua melancolia, “On the Road” é uma mistura imperfeita, mas bonita, que não quer ser mais do que um olhar sincero sobre esta inquietude indefinível que tanto marcou os beatniks.

No Brasil, o Blu-Ray e o DVD de On the Road/Na Estrada já chegaram às locadoras e, breve, estarão disponíveis para venda. Para deixar o DVD mais atrativo para o público, a distribuidora Playarte vai colocar, entre os extras, o primeiro capítulo de On the Road/Pé na estrada, publicado pela L&PM e com tradução de Eduardo Bueno, para ser lido na tela.

Blueray Na Estrada

Cenas de Nova York

Percorri as ruas, as pontes, Times Squares, cafés, o cais, visitei todos os meus amigos poetas beatniks e perambulei com eles, tive casos com garotas do Village e fiz tudo isso com aquela imensa e louca alegria que se sente quando se retorna a Nova York.

Tenho escutado grandes cantores negros a chamarem de “A Maçã”! “Ali está agora a vossa cidade insular dos manhattoes, envolta pelo cais”, cantou Herman Melville. “Envolta por marés flamejantes”, recitou Thomas Wolfe.Vistas completas de Nova York por toda parte, de New Jersey, dos arranha-céus.

O Bickford’s é o maior palco da Times Square – muita gente tem perambulado por ali há anos, homens e meninos em busca sabe Deus do que, talvez de algum anjo da Times Square que transforme aquela grande sala em um lar, o velho lar doce lar – a civilização precisa disso. – Aliás, o que a Times Square está fazendo ali? O melhor mesmo é aproveitá-la. – A maior cidade que o mundo jamais viu. – Será que há uma Times Square em Marte?

Vamos nos embebedar na Bowery ou comer aquele macarrão comprido com copos de chá no Hong Pat’s em Chinatown. – Por que estamos sempre comendo? Vamos dar uma caminhada pela ponte do Brooklyn e abrir o apetite outra vez. – Que tal um pouco de quiabo na Sands Street? Oh, fantasmas de Hart Crane!

Ah, vamos voltar para o Village e parar na esquina da Eighth Street com a Sixth Avenue para ver os intelectuais passarem. – Repórteres da AP correndo para seus apartamentos de subsolo na Washington Square, colunistas femininas com grandes cães policiais quase rebentando a corrente, detetives solitários passando como sombras, desconhecidos peritos em Sherlock Holmes (…)

Texto: trechos de Cenas de Nova York, de Jack Kerouac, tradução de Eduardo Bueno.

Fotos: Ivan Pinheiro Machado.

On the Road na vitrola…

Na estrada, o filme de Walter Salles baseado em On the Road, é como o livro de Jack Kerouac: embalado em música do início ao fim. Infelizmente, a trilha sonora do filme, feita por Gustavo Santaolalla, não será lançada no Brasil. Afoitos por ela, conseguimos comprar o CD via e-bay de um vendedor da Coreia do Sul. Quinze dias depois da transação, eis que o CD chega pelo correio com a trilha original (e não é pirata!).

Nossa trilha de "Na Estrada" recém chegada

Para você sentir o clima, aqui vai uma das músicas mais emocionantes da trilha, a canção que abre e fecha o filme e cuja letra aparece algumas vezes no livro. E o melhor: quem está cantando é o próprio Jack Kerouac!

E assim como há muita música em On the Road, há muitos músicos que se deixaram levar – e inspirar – pela obra de Kerouac, como bem conta Eduardo Bueno no prefácio do livro traduzido por ele:

Bob Dylan fugiu de casa depois de ler On the Road. Chrissie Hynde, dos Pretenders, e Hector Babenco, de Pixote, também. Jim Morrison fundou The Doors. No alvorecer da década de 90, o livro levou o jovem Beck a tornar-se cantor, fundindo rap e poesia beat. Jakob Dylan, filho de Bob, deixou-se fotografar ao lado da tumba de Jack em Lowell, Massachusetts, como o próprio pai fizera, vinte anos antes.

P.S.: E por falar em músico, Caetano Veloso confessou este final de semana em seu blog que nunca conseguiu ler On the Road até o fim, mas que o fará depois de assistar ao filme. “Devo confessar que nunca consegui ler todo. Acho que sou um estranho ser em minha geração. A opinião de Dylan ecoa tudo o que venho lendo e ouvindo sobre esse livro desde a adolescência. Prometo-me que o lerei agora, depois de ver o filme” escreveu ele.

“Meninos, eu vi” On the Road, o filme

*Por Paula Taitelbaum

Como diria Gonçalves Dias em I-Juca Pirama: “Meninos, eu vi”. Eu vi um filme verdadeiro, íntegro e profundo. Centrado na capacidade humana de ir em busca da sua essência. Ou de se distanciar dela. “Meninos, eu vi”. Eu vi um filme baseado em um livro, mas não escravizado por ele. Que escreve sua própria história não só com palavras, mas principalmente cores, ritmo, música e… silêncio. “Meninos, eu vi”. Eu vi um filme em que Garrett Hedlund recebe o espírito de Dean Moriarty/Neal Cassady e se entrega a ele como só os grandes atores são capazes de fazer. Como Viggo Mortensen, encarnando Old Bull Lee/William Burroughs, fez em cada sílaba sua. “Meninos, eu vi”. Eu vi o filme que eu não sabia que veria, que uma parte de mim nem esperava gostar, cujo trailer nem havia me empolgado. Mas que quando pegou a estrada não a abandonou jamais, honrando cada quilômetro percorrido por Jack e Neal, rodado com a paixão que só os amantes da obra original poderiam ter. “Meninos, eu vi”. Eu vi um filme sobre a sensação universal de ter vinte anos, que me fez chorar no final, assim que a voz do verdadeiro Jack ecoou no cinema e logo que as palavras dele tingiram a tela – I think of Dean Moriarty… “Meninos, eu vi”. Eu vi um filme que tem alma –  e nem importa se ela é beat. E que, em seus 140 minutos, passou a muitas milhas por hora sem negar carona aos que algum dia já se deixaram levar por On the road.

Garrett Hedlund como Dean Moriarty em um dos cartazes do filme que estreia no Brasil em 13 de julho de 2012

*Paula Taitelbaum e Eduardo Bueno (tradutor de On the Road) assistiram ao filme On the Road/Na estrada em uma sessão fechada, na sexta-feira, 15 de junho. Ambos adoraram. Eduardo também chorou no final.

Quem é mais beat?

Um traduziu On the road e apresentou a obra de Jack Kerouac ao Brasil. Outro tranformou o clássico livro beat em um esperado filme que estreia no mês de junho. Em encontro ocorrido ontem (10 de abril), no Rio de Janeiro, parece que eles quiseram mostrar quem é mais fã dos beats. Se bem que, se você reparar na foto, verá que a camiseta de Eduardo Bueno conta pontos para ele…

Walter Salles e Eduardo Bueno em clima beat

65. Cabeza de Vaca na cabeça

Hoje, 31 de janeiro, quem entra no Google encontra um belo doodle que indica a “Descoberta das Cataratas do Iguaçu por Álvares Núñez Cabeza de Vaca”. Viajante, aventureiro, explorador, Cabeza de Vaca foi o primeiro branco a contemplar as maravilhosas e impressionantes quedas d´água (o que ele terá sentido ao encontrá-las?) no Paraná. Em 1542, ele escreveu em seu diário: “Logo adiante, no ponto onde haviam embarcado, o rio dá uns saltos por uns penhascos enormes e a água golpeia a terra com tanta força que de muito longe se ouve o ruído.” As memórias de Cabeza de Vaca foram publicadas pela primeira vez no Brasil em 1985,  pela L&PM, no livro “Naufrágios e comentários“, trazidas ao público pelo então editor Eduardo Bueno que, nos anos 70, havia lido a respeito dele e de suas viagens pela América Latina. Conversamos com Bueno que nos contou um pouco mais sobre como Cabeza de Vaca aportou por aqui:

L&PM: Quando você ouviu falar pela primeira vez no Cabeza de Vaca?
Eduardo Bueno: Foi no início dos anos 70, quando eu comecei a me interessar e a estudar o litoral de Santa Catarina, numa época em que eu já tinha vontade de escrever sobre história do Brasil. Isso era mais ou menos 1974.

L&PM: E o livro de memórias dele, Naufrágios e Comentários? Quando você leu pela primeira vez?
EB: Eu procurei esse livro durante muitos anos. E é bom lembrar que antes não havia o Google para ajudar. Até que, em 1978, encontrei para vender em um sebo de Buenos Aires.

L&PM: E a edição brasileira? Como surgiu?
EB: Quando eu comecei a trabalhar como editor na L&PM, criei a coleção “Os conquistadores” e o nome dele sempre esteve entre as primeiras opções. Mas optamos por lançar antes os mais conhecidos como Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio e Marco Pólo. Em 1985, lançamos a primeira edição de Naufrágios e Comentários.

L&PM: É verdade que você refez alguns dos caminhos de Cabeza de Vaca?
EB: Primeiro, eu me liguei na história dele no Brasil, na rota que fez a pé da Ilha de Santa Catarina até Assunção, no Paraguai. Mas depois fiquei ligado na viagem de Cabeza de Vaca pelos Estados Unidos e refiz alguns trechos. Eram caminhos que tinham a ver com On the Road, principalmente no Novo México. Isso foi em 1985, pouco depois do livro sair pela L&PM.

L&PM: E como foi a descoberta do prefácio de Henry Miller para o livro?
EB: Eu li que Henry Miller adorava o Cabeza de Vaca e descobri que havia uma edição com prefácio feito por ele. Consegui encontrar o livro em um sebo em Nova York e o texto de Miller foi então comprado e incorporado à edição da L&PM. Esse prefácio continua na edição em pocket, junto com a minha introdução e as notas que também foram feitas por mim.

L&PM: Ou seja, graças a você, faz tempo que Cabeza de Vaca anda pelas livrarias do Brasil…
EB: Há ¼ de século. 25 anos!

A capa de "Naufrágios e comentários" de 1985 que agora faz parte da Coleção L&PM Pocket

Toda terça-feira, resgatamos histórias que aconteceram em quase quatro décadas de L&PM. Este é o sexagésimo quinto post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Aterrorizado
pelo som da minha própria voz
e pela sonoridade dos pássaros
cantarolando em fios ardentes
numa quietude de domingo vi a mim mesmo
trucidando inúmeros pecadores e perus
cães barulhentos com pontudas tetas mortas
e cavaleiros negros em armaduras
com rótulos Brooks
e calças com cadeados Yale
Sim
e com pênis erectus como lança
perfurei velhas damas
rejuvenescendo-as
num espasmo de minha espantosa espada
retrocedendo-as à virgindade
capuzes e cabeças
oh sim
adormecida hipocrisia encapuçada

prosseguimos conquistando tudo
mas enquanto isso
o tempo padrão real segue em frente
e novos bebês engarrafados com dentes reais
devoram nosso fantástico
futuro fictício.

(De Um parque de diversões na cabeça, Lawrence Ferlinghetti, poema traduzido por Eduardo Bueno)

50. Quando a L&PM foi parar no “Olho da Rua”

Em outubro, como já anunciado, a Série “Era uma vez… uma editora” ficou um pouco diferente. Este mês, como o editor Ivan Pinheiro Machado* estava na Feira de Frankfurt, ficou decidido que os posts seriam dedicados a livros que deixaram saudades. Hoje, no entanto, no lugar de um título, resolvemos falar de uma coleção inteira. A ideia de contar a história da Coleção “Olho da Rua” surgiu de uma conversa com o escritor Eduardo Bueno (que alguns chamam de Peninha) que, nos anos 80, criou esta série de livros marginais, como ele mesmo definiu.

A Coleção “Olho da Rua” começou quando Eduardo convidou Antonio Bivar para (re)publicar o seu livro Verdes Vales do Fim do Mundo, que já estava há tempo fora de catálogo. Bivar era co-tradutor, junto com Bueno, da primeira versão da tradução de On the Road. O plano era, a partir deste livro, dar início a uma versão brasileira da Coleção “Rebeldes e Malditos”, criada por Ivan Pinheiro Machado e que, em 1984, já publicava, entre outros, Cartas a Théo de Van Gogh, De Profundis, de Oscar Wilde, Paraísos Artificiais, de Charles de Baudelaire e A correspondência de Arthur Rimbaud.

A edição de "Verdes Vales do Fim do Mundo" de 1984, depois relançada na Coleção L&PM POCKET

“A seguir, convidei Jorge Mautner, Roberto Piva, Pepe Escobar, Reinaldo Moraes e outros malucos para se juntarem ao bando. Precisávamos de um nome para a coleção, que soasse rebelde e maldito o suficiente. Da conversa com o Bivar surgiu o nome “Olho da Rua”, já que vários deles tinham a vivência plena das calçadas e das sarjetas, nunca foram de circular muito pelas avenidas principais e já haviam sido orgulhosamente postos no olho da rua várias vezes. Além de tudo, o “olhar” deles era o olhar típico dos escritores que não produziam seus livros “de pantufas no gabinete, com a lareira acesa e um gato ronronando”. Aí, eu e Ivan achamos o nome não apenas adequado como ótimo. E a coleção saiu. Ela era quase uma “resposta” à Cantadas Literárias, lançada pouco antes pela editora Brasiliense. Resposta não é bem o caso: era complementar a ela e seguia a tendência de editar “marginais”, que a L&PM já fazia tanto na “Rebeldes e Malditos” como na Coleção “Alma Beat”. Era o inicio dos anos 80, o país vivia grande efervescência, todo mundo ansiava pela abertura e pela volta das “liberdades democráticas” e então a “Olho da Rua” veio para resgatar textos já publicados e/ou censurados e também livros inéditos (como “Speedball” de Pepe Escobar e “Abacaxi”, de Reinaldo Moraes).” Conta Eduardo Bueno.

A “Olho da Rua” acabou não ficando só nos brasileiros. Foi nela que, pela primeira vez, Sam Shepard foi publicado no Brasil com o livro Louco para Amar. E também Gasolina e Lady Vestal, de Gregory Corso, De repente, acidentes de Carl Solomon, 7 Dias na Nicarágua Libre, de Lawrence Ferlinghetti, A queda da América, de Allen Ginsberg, Luna Caliente de Mempo Giardinelli e Isadora – fragmentos autobiográficos, de Isadora Duncan.

Alguns dos livros que inicialmente sairam na “Olho da Rua” acabaram sendo relançados na Coleção L&PM POCKET. Como Verdes Vales do Fim do Mundo, por exemplo.

* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

48. Com os beats na alma


Alma Beat foi o trabalho mais completo editado sobre a Geração Beat no Brasil. Um painel apaixonado e preciso sobre o que eram e o que fizeram os beats. Em suas páginas, eram oferecidos textos escritos por poetas, jornalistas e escritores brasileiros que, de uma forma ou de outra, tiveram suas vidas e suas obras influenciadas pelo movimento. Além de textos inéditos dos próprios beats – como um poema de Kerouac sobre Rimbaud, um texto de Gary Snyder sobre o Brasil e um poema de Ginsberg para Che Guevara! –, Alma Beat trazia artigos de Eduardo Bueno, Antonio Bivar, Roberto Muggiati, Cláudio Willer, Leonardo Fróes, Pepe Escobar e Reinaldo Moraes sobre a ligação dos beats com o jazz, com as drogas, com o zen, com a estrada, com os autores malditos e com a tradição romântica. O livro era ainda complementado pelas autobiografias de Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs, Gregory Corso, Neal Cassady, Gary Snyder, Peter Orlovsky e Lawrence Ferlinghetti. E tinha também trechos de cartas e entrevistas, além de fotos que naquela época nunca haviam sido vistas no Brasil (lembre-se que em 1984 não dava para pesquisar imagens no Google).

Para completar, Alma Beat mexia com temas considerados explosivos como punk, revolução, sexo, dinheiro e drogas, além de oferecer uma ampla bibliografia. Ou seja, era uma fonte primordial para entender a história e a obra deste grupo de escritores que, mais do que qualquer outro, provocou as maiores e mais significativas mudanças no comportamento dos jovens do mundo inteiro.

Vale dizer que Alma Beat não foi apenas o nome de um livro, mas de uma Coleção criada por Eduardo Bueno que, em 1984, já oferecia Uivo, de Allen Ginsberg, Cartas do Yage, de William Burroughs e Ginsberg, Uma Coney Island da Mente, de Lawrence Ferlinghetti, O livro dos sonhos, de Jack Kerouac, Gasolina e a Lady Virgem, de Gregory Corso, Como nos velhos tempos, De Gary Snyder, O primeiro terço, de Neal Cassady e Crônicas de Motel, de Sam Shepard. Depois, claro, vieram muitos outros. Alguns dos títulos da saudosa “Coleção Alma Beat” estão na Série Beat da Coleção L&PM POCKET. É realmente um mergulho no espírito de Kerouac e sua turma. Vale a pena!

* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quadragésimo oitavo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

A história dos bestsellers

Quem nunca leu um Bestseller? Velho conhecido do público leitor, ele significa, literalmente, “Melhor vendido” ou, num português mais sonoro, o livro “Mais vendido”. O termo foi registrado pela primeira vez em 1889 pelo jornal norteamericano “The Kansas Times & Star”, mas o fenômeno da popularidade imediata de um livro é bem anterior a isso.

Os primeiros Bestsellers que se têm notícia eram, em sua maioria, religiosos. E não estamos falando da Bíblia que, quando começou a ser vendida, era considerada uma publicação “cara”. Para figurar no topo da lista, era fundamental que um livro fosse pequeno e, portanto, barato. Versões em pocket do Apocalipse, por exemplo, eram muito populares e vendidas em larga escala num formato que era chamado de “block-book”.

Na lista dos maiores bestsellers da história estão A Tale of Two Cities (Um conto de duas cidades) de Charles Dickens, publicado originalmente em 1859 e que vendeu mais de 200 milhões de cópias. Também está lá O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien que, lançado em 1954, teve venda superior a 150 milhões de livros. O sonho da câmera vermelha, de Cao Xueqin, originalmente lançado em chinês, vendeu mais de 100 milhões. Nesta faixa, aparece também Agatha Christie cujo maior sucesso, O caso dos dez negrinhos (que a L&PM publica em quadrinhos) também chegou aos 100 milhões de livros vendidos. Claro que aqui não estamos contando a Bíblia, o Alcorão e outros do gênero que já venderam bilhões pelo mundo afora.

E por falar em Bestseller, Feliz por nada, de Martha Medeiros, está mais uma vez no topo da lista dos mais vendidos da Revista Veja desta semana. Uma notícia que é… “the best” pra nós.