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A estreia de “Drácula”, de Bram Stoker

Capa da 1ª edição de 1897

Em 26 de maio de 1897, era publicada pela primeira vez a história do conde Drácula, que se tornaria em pouco tempo a mais famosa e aclamada história de vampiros de todos os tempos. Apesar de não ter sido um best seller imediato, Drácula foi aplaudido pela crítica da época e até por Sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, que escreveu uma carta a Bram Stoker para elogiar o romance.

E não é pra menos, já que Drácula é viciante a ponto de prender o leitor por horas a fio. Basta ler um trecho para ser fisgado pela trama de um dos maiores clássicos da literatura de terror. Veja você mesmo:

Arthur desceu com ele, nao antes de lançar um terno e saudoso olhar sobre o rosto de Lucy, agora recostada sobre seu macio travesseiro, que parecia mais aconchegante que o mais tenro e saudoso relvado. Ela mantinha-se absolutamente tranquila, e eu logo tratei de ver se tudo ao meu redor permanecia em seu devido lugar. Então notei que também neste novo quarto, o Professor fazia questão de prosseguir no profuso emprego das flores de alho. O caixilho da janela estava literalmente impregnado com seu odor e, em torno do pescoço de Lucy, sobre o lenço de seda que Van Helsing lhe amarrara na garganta, destacava-se um rústico apanhado das mesmas flores odoríferas. A respiração de Lucy agora ressoava um tanto estertoradamente, e sua face oferecia um aspecto realmente impressionante, pois, por entre seus lábios, duas arcadas de gengivas descoradas ficavam quase totalmente à mostra. Sob a bruxuleante claridade do ambiente, seus frágeis dentes pareciam ainda mais longos do que me pareceram pela manhã. E particularmente talvez devido a alguma caprichosa refração da luz, seus caninos atraíram ainda mais minha atenção, dado o seu tamanho algo desproporcional em relação aos outros dentes. Sentei-me a seu lado e logo percebi que ela se agitava de maneira estranha. Neste exato momento ouvi um ruído intermitente, que me pareceu um súbito adejar ou bater de asas pesadas de encontro à vidraça da janela. Levantei-me cautelosamente e, pé ante pé, fui me ocultar num dos lados da veneziana. Fazia então um luar esplendoroso e eu pude verificar então que aquele reiterado farfalhar de asas era produzido por um gigantesco morcego, que voava em círculos a frente da janela (…).

Em tempo: você já conhece a Caixa Especial Horror? Além do clássico de Bram Stoker, ela reúne Frankenstein, de Mary Shelley, O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson, Contos de fantasmas, de Daniel Defoe e A tumba, de H. P. Lovecraft. Imperdível para os fãs da literatura de terror e suspense 🙂

Das páginas do livro para a vida real

Você já teve certeza de que era o personagem de um livro? Pois saiba que isso tem nome. Depois de uma série de experiências com amantes da literatura, psicólogos americanos chegaram à conclusão de que, ao ler um livro, o leitor não apenas visualiza o ambiente descrito pelo autor como consegue se transportar para a história e inserir-se no enredo. E mais do que isso: eles concluíram também que algumas pessoas levam o que vivenciaram para a sua vida.

Os pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio examinaram o fenômeno conhecido como “tomada de experiências”, que acontece quando o leitor incorpora emoções, pensamentos, hábitos e crenças de um personagem como se fossem suas.

O estudo publicado pela revista “Journal of Personality and Social Psychology” descobriu que, em algumas situações, esse fenômeno leva a reais mudanças de comportamento, ainda que sejam temporárias. E, segundo eles, quanto mais fraca a personalidade, mais suscetível ela está para tais “incorporações”.

 “A tomada de experiências pode ser uma maneira poderosa de mudar nossos comportamentos e pensamentos de forma significativa e benéfica”, afirmou Lisa Libby, uma das autoras, em material divulgado pela universidade.

Se pensarmos que muitos já se sentiram como Sal Paradise, personagem de On the Road, e sairam pela estrada afora em busca de aventura depois de lerem o livro de Kerouac, veremos que o fenômeno é bem mais comum do que imaginamos… Sorte é que, até onde a gente sabe, ninguém incorporou os hábitos de Drácula de Bram Stoker. Aliás, nossos pescoços agradecem.

Assustadoramente Smurfs!

Já imaginou os Smurfs, estas criaturinhas divertidas e adoráveis, fazendo maldades e assustando pessoas em histórias de terror? No site de compras eBay, encontramos os Smurfs metamorfoseados nos mais terríveis personagens da literatura de horror. Mas diga a verdade: você teria medo de um Drácula azul? E de um Frankenstein com gorro branco? 😉

Ok… Ok… Os Smurfs até tentaram, mas mesmo fantasiados para a festa de Halloween, não deixaram de ser adoráveis e engraçadinhos!

Mas se você é fã do tipo ortodoxo, que prefere os personagens da forma como eles vieram ao mundo, não deixe de ler as histórias do Smurf Repórter e do Bebê Smurf, que a L&PM publica em formato pocket ou convencional.

O conde Drácula e suas bonecas

O Conde Drácula e suas noivas são objeto de desejo de muitas meninas. Calma, calma, nada de se escandalizar… Estamos falando das bonecas estilo Barbie que a Integrity Toys colocou este ano no mercado. Criadas pelo designer Vaughn Sawyers e a equipe da IT, as bonecas são tão lindas que dá vontade de morder… o pescoço delas (brincadeirinha!). As garotas vampiras são primorosamente maquiadas, enfeitadas e vestidas com brincos, botas, cílios longos e, claro, têm caninos charmosamente protuberantes. Já o mestre das trevas, usa um terno chiquérrimo, sapatos feitos à mão e ostenta o cabelo puxado para trás e amarrado em um rabo de cavalo. Se você é fã da história original de Bram Stoker, vai ficar “morrendo” de vontade de ter essa turma em casa…

A morena é "Mina"

A loira é "Contessa"

A ruiva é "Lucy"

Aqui, as garotas reunidas com seu mestre

Autor de hoje: Bram Stoker

Dublin, Irlanda, 1847 – † Londres, Inglaterra, 1912

De família modesta, Stoker frequentou o Trinity College em sua cidade natal. Embora atraído pelo jornalismo e pela poesia, especialmente a de Walt Whitman, com quem chegou a manter correspondência, estudou ciências exatas. Funcionário e crítico teatral, esteve na Irlanda em 1876 como secretário e representante do ator inglês Sir Henry Irving, com quem dirigiu o Lyceum Theatre de Londres. Juntamente com outros literatos da época, como Stevenson, Yeats, Conan Doyle, Rider Haggard e Arthur Machen, participou de uma sociedade esotérica e ocultista, cuja temática está presente em sua obra. Sua fama internacional deve-se, sobretudo, ao romance Drácula, que narra a história do conde Drácula, da Transilvânia, um vampiro obcecado pelo amor de sua esposa, morta e reencarnada. Esse enredo tem servido, ao longo do tempo, como inspiração para filmes e romances.

OBRA PRINCIPAL: Drácula, 1897

BRAM STOKER por Rafael Bán Jacobsen

Bram Stoker é um desses autores que garantiu sua imortalidade no panorama da literatura ocidental com apenas uma obra. Apesar de ter escrito e publicado vários romances, contos e até mesmo uma coletânea de histórias de fadas para crianças, seu nome é hoje conhecido como o autor de Drácula. Indagar a respeito da importância de Stoker para as letras é buscar compreender as razões do fascínio exercido por Drácula no imaginário coletivo. Graças, fundamentalmente, às muitas adaptações cinematográficas, todos conhecem bem a história de Jonathan e Mina Harker, Van Helsing e demais membros do grupo que enfrenta e derrota o velho vampiro transilvano obcecado pela busca da reencarnação de sua amada; porém, até mesmo pelo desgaste desse tão repetido enredo, torna-se pouco aparente a riqueza subjacente a ele.

Chama a atenção a grande originalidade da obra, obtida a partir de elementos já conhecidos, a começar pelo seu mote principal, o vampirismo, que, tendo origem na mitologia da Suméria e da Mesopotâmia, já há muito fazia parte do folclore europeu, personificado mesmo em figuras históricas como a condessa Erzsébet Báthory, que, conta-se, banhavase em sangue de mulheres jovens para conservar sua beleza, e o príncipe romeno Vlad Tepes, conhecido pela crueldade de seus atos. Além disso, a decisão de contar a história por meio do testemunho de múltiplos registros – diários, cartas, notas, recortes de jornais, gravações – partiu, provavelmente, da leitura dos livros de Wilkie Collins (The Moonstone, The Woman in White). Essa estrutura narrativa, essa alternância de pontos de vista das diferentes personagens têm a propriedade de conservar intacto o mistério de Drácula, dado que este é sempre aproximado do leitor de forma indireta.

Negando-se uma voz narrativa ao conde, é reforçado textualmente seu papel como o outro, o estrangeiro, a criatura das trevas. Mesmo o estilo do romance, apelando para o sombrio, o sobrenatural e o etéreo, está vinculado à chamada literatura gótica, vertente bastante comum na Inglaterra do século XIX, da qual também fazem parte livros como Frankenstein, de Mary Shelley, e os trabalhos de Edgar Allan Poe. A própria figura de Drácula é construída sobre os dois alicerces básicos de toda literatura: eros e tânatos (amor/sexo e morte em grego). Esses elementos são fundamentais para o entendimento de nossa civilização, e a figura do vampiro surge como a síntese deles, permitindo o pleno desfrute do binômio sangue-sexo e respondendo, ainda, ao anseio da imortalidade. Sombra especular de nossos egos, com todos os seus medos e desejos, a figura do vampiro propicia a conjunção das múltiplas facetas de uma personalidade pluripotente em um ser uno e eterno, não mais dividido e fragmentado, não mais perecível ao tempo. Por trabalhar diretamente com pulsões tão básicas e universais, a saga vitoriana de Bram Stoker, narrada com fluidez e suspense constantes, além de agradabilíssima leitura, torna-se uma obra atemporal e de inegável importância.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

O dia em que Bonnie & Clyde enfrentaram Drácula

A pergunta é: de onde veio essa ideia? Afinal, juntar a dupla Bonnie & Clyde com Drácula não é, digamos, algo que passaria pela cabeça de qualquer um. Mas a questão é que alguém não só teve essa ideia como ela virou o filme “Bonnie & Clyde vs Drácula” com direção de Timothy Friend. Na película de horror, os gânsters acabam indo parar na mansão do vampiro e, como não poderia deixar de ser, despejam uma rajada de balas sobre ele. Veja o trailer, visite o site oficial e, quem sabe, chegue à conclusão: “como eu não pensei nisso antes?”

Agora, se você, como nós, prefere as histórias originais, nossa sugestão é que leia Drácula, de Bram Stoker, que agora também faz parte da nova Caixa Especial Horror. Já a verdadeira aventura de Bonnie & Clyde está em Cenas de uma revolução, livro que conta toda a história do filme com Faye Dunaway e Warren Beatty.

Terror quadro a quadro

"Black Swan" em versão Lego

O cartaz de "Black Swan", vencedor do Oscar 2011, em versão Lego

Faz tempo que os divertidos brinquedos Lego deixaram se ser somente coisa de criança e foram apropriados por criativos de todos as áreas. Reproduzir cartazes e cenas de filmes, por exemplo, já virou praxe. Desde os clássicos até os recém-lançados que concorreram ao Oscar este ano, vários já ganharam a sua versão montável.

Um pouco mais raro – devido, certamente, ao longo e minucioso trabalho que demanda – são os stop motions, animações feitas à mão, geralmente com fotografias quadro a quadro. Imagine o trabalho que teve o autor do vídeo a seguir, com mais de 8 minutos sobre a história do Frankenstein:

Para os amantes das histórias de terror, esta animação em Lego do Drácula também impressiona:

O livro fashion

Ainda no clima da premiação do Oscar, encontramos esta foto da ganhadora do prêmio de Melhor Atriz, Natalie Portman, no dia da estreia de Cisne Negro (2010), em que o figurino e o penteado básicos jogam luz sobre um acessório inusitado.

O livro (!) que ela carrega é, na verdade, uma bolsa criada pela designer francesa Olympia Le Tan, que se inspira em clássicos da literatura para fazer suas peças. Além de Lolita, de Nabokov, obras-primas de Salinger, Conrad e Melville também viraram bolsas.

Mas o nosso preferido é, sem dúvidas, o modelo inspirado no Drácula, de Bram Stoker. E você? Com qual visual combinaria o acessório?

Frankenstein está mais vivo do que nunca

A primeira vez que o mundo ouviu falar nele foi em 1818, quando o livro de Mary Shelley foi lançado. Quase dois séculos depois, o monstro criado pelo Dr. Victor Frankenstein continua totalmente cool e talvez só perca no quesito “popularidade do horror” para Drácula. Se bem que alguém lembra de ter visto o conde como estrela de comercial de medicamentos para as articulações? Já o nosso querido Frankenstein

A L&PM publica Frankenstein em pocket e acaba de lançar a Série Ouro – Clássicos do Horror que reúne Drácula, O médico e o monstro e… Frankenstein.

Zé do Caixão é primeira atração do Salão de Ideias

Até parecia piada, como disse um colega jornalista da Folha, mas não era: pouco antes do início da palestra de Zé do Caixão, às 13h de uma sexta-feira 13, a Bienal ficou às escuras pela segunda vez no mesmo dia – a primeira havia sido pouco mais de meia hora antes. 

Plateia espera no escuro início da palestra de Zé do Caixão / Foto: Cristine Kist

Nada que desanimasse a plateia que lotou o Salão de Ideias para ouvir as histórias de um dos personagens mais tradicionais do Brasil. 

Zé do Caixão fala para uma plateia lotada / Foto: Cristine Kist

A próxima mesa do Salão, prevista para às 15h, continua num clima terror:  André Vianco, Martha Argel e Giulia Moon discutem o vampirismo na ficção brasileira. Já a palestra de Dacre Stoker, sobre a qual falamos aqui, foi cancelada. O sobrinho-bisneto do autor de Drácula não pôde viajar por motivos pessoais. A organização está tentando remarcar.