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Alice por Dalí

Já parou para imaginar como seria a Alice, de Lewis Carroll, se tivesse sido criada por Salvador Dalí? Do país das maravilhas ao país do espelho, Alice já vem de fábrica com uma aura de psicodelia e surrealismo. Bastaria acrescentar as cores e o traço inconfundível do pintor catalão para transformá-la em candidata forte ao posto de oitava maravilha do mundo!

Mas devaneios à parte, agora você já pode dar uma folguinha para sua imaginação, porque o próprio Salvador Dalí já fez isso por você. Em 1969, ele criou 12 ilustrações para uma edição especial de Alice no país das maravilhas. A coleção está em exposição permanente na William Bennett Gallery, em Nova York, sob o título de O Universo Surreal de Salvador Dalí e acaba de ganhar sua versão digital. São 13 desenhos em tinta guache: a capa e um para cada um dos 12 capítulos que compõem o livro.

Ilustração do primeiro capítulo do livro: "Descendo pela toca do Coelho"

Arte da capa da edição de 1969 que leva a assinatura de Dalí

As clássicas cartas de baralho aparecem na ilustração do capítulo "O campo de croqué da Rainha"

Gostou? Estes e os outros 10 desenhos estão aqui.

Quem estiver em Nova York pode conferir todos estes desenhos de pertinho! A William Bennett Gallery fica no número 65 da Greene Street.

Bem-vindos ao mundo de Alice!

O país das maravilhas já tem endereço! Na verdade, não é bem um país, mas um restaurante da rede japonesa Dimond Dining, em Ginza, no Japão, que se inspirou na história de Lewis Carroll para decorar seus vários ambientes. Já na entrada, garçonetes vestidas de Alice recebem os convidados numa sala com livros gigantescos:

O local tem até um labirinto igualzinho àquele onde Alice e o Coelho Branco se encontram pela primeira vez:

Também não podia faltar nesta história um ambiente inspirado no exército de cartas de baralho da Rainha de Copas:

A decoração foi concebida pelo estúdio Fantastic Design Works Co., de Tóquio. Tem mais fotos do ambiente aqui.

via Zupi

O livro-escultura

O livro pode ter diversas funções além da leitura. Há quem use como peso de papel, apoio para o monitor do computador e até enfeite de estantes, dando um ar cult para a decoração da sala. Mas alguns artistas viram nos livros uma outra utilidade talvez tão nobre quando a leitura: a escultura. Só que atenção: não tente fazer isso em casa! Até porque você certamente não vai conseguir chegar no resultado da norte-americana Jennifer Khoshbin e do alemão Alexander Korzer-Robinson:

Jennifer Khoshbin

Jennifer Khoshbin

Alexander Korzer-Robinson

Outro estadunidense que faz verdadeiras obras de arte com livros é Brian Dettmer. Com ou sem ilustrações, quanto mais páginas tiver o livro, melhor:

Brian Dettmer

Brian Dettmer

Via Zupi.

Literatura em códigos

Literatura digital é a bola da vez. Em breve, os e-books L&PM já estarão disponíveis e as iniciativas independentes também não ficam para trás. O projeto books2barcodes, mantido pelo site Wonder-Tonic, transformou 12 clássicos da literatura em QRCode, uma espécie de código de barras que pode ser lido por celular. A ideia é “tornar a literatura de ontem acessível às tecnologias de hoje”. Alguns dos títulos disponíveis no books2barcodes são Alice no país das maravilhas, Sherlock Holmes, Orgulho e preconceito e Guerra e paz.

O formato alternativo, no entanto, apresenta alguns problemas como a baixa capacidade de armazenamento: cada código contém apenas de 800 caracteres, o que pode tornar a leitura um pouco trabalhosa. Os QRCodes que compõem Guerra e paz, por exemplo, se impressos, caberiam em 343 páginas formato A4. Tudo bem que os 4 volumes do clássico de Tolstoi, somados, têm 1492 páginas, mas se a ideia é inovar no formato, o resultado teria que ser, no mínimo, mais prático.

As pílulas de texto podem ser baixadas em qualquer celular com câmera fotográfica que tenha instalado um aplicativo que lê código de barras, como o RedLaser, ou ainda o Google Goggles. Não há entraves técnicos para a maioria dos smartphones, o problema realmente é a paciência para baixar o livro de 800 em 800 caracteres.

Era uma vez uma infância…

Paula Taitelbaum

As histórias que minha avó me contava para dormir eram repletas de medo e dor. Havia um caçador prestes a arrancar o coração de uma jovem inocente, meninas malvadas que cortavam os dedos e calcanhares só para que seus pés coubessem dentro de um sapato e, para completar, um pai que abandonava seus filhos na floresta para que morressem ao relento. Em Branca de Neve, Cinderela e João e Maria, as histórias preferidas da minha avó, a pitada de suspense era o que fazia com que elas tivessem mais graça – pelo menos pra mim. Mas no quesito horror infantil nada se compara a um livro que, há uns dois anos, encontrei nas livrarias e, sem nenhuma maldade, comprei. Falo de O triste fim do pequeno menino ostra e outras histórias, escrito e ilustrado por ninguém menos que Tim Burton, o diretor do mais popular filme do ano: Alice no País das Maravilhas. Pois no livro, Burton apresenta pequenos contos em versos que trazem personagens bizarros tentando se enquadrar na sociedade “normal”. Até aí tudo bem, mas na história do título, o menino ostra, rejeitado por todos, acaba sendo literalmente devorado pelo pai que andava meio desanimado para cumprir suas tarefas conjugais. Isso depois do progenitor procurar ajuda médica e escutar do doutor que “ostras são ótimas para o seu caso”. Escondi o livro da minha filha, coloquei lá em cima da prateleira. Por mais que as crianças de hoje já não sejam mais como as de antigamente, prefiro que ela siga com os Irmãos Grimm e suas “inocentes” histórias. Até porque a L&PM tem traduções ótimas para esses clássicos.

Puffin elege os 70 melhores livros infanto-juvenis

A Puffin, selo infantil da Penguin, comemorou seus 70 anos com a divulgação dos 70 melhores livros infanto-juvenis de todos os tempos. A lista está dividida em categorias que vão de “Poesia” a “Guerras e conflitos”. A diretora da Puffin, Francesca Dow, disse que “as categorias foram escolhidas para mostrar que há livros para satisfazer todos os gostos, daqueles que adoram ação e aventura aos que trazem contos sobre família e amizade e até um ou dois de vampiros”. Três títulos da Coleção L&PM POCKET estão entre os melhores: Drácula, O cão dos Baskerville e Alice no País das Maravilhas. Para ver a lista completa, clique aqui.

Duas opiniões sobre a Alice de Burton

O frenesi para ver a adaptação de Tim Burton de Alice no País das Maravilhas levou a Paula, coordenadora do núcleo de comunicação da L&PM, e a Tássia, assessora de imprensa, ao cinema no final de semana de estreia do filme no Brasil. As impressões das duas a gente publica agora:

Que país das maravilhas é esse?

Por Paula Taitelbaum
Eu juro que fui preparada para assistir a uma versão da história. Juro que eu sabia que, para gostar do filme, teria que deixar o mundo literário e entrar de cabeça no mundo visual (e virtual). Eu já tinha sido avisada – e bem avisada pela mídia – de que a Alice de Burton era outra. Mesmo assim, não adiantou. Como grande amante do livro, não consegui gostar do filme. Acho até que prefiro a primeira versão da Disney.
Mas nem tudo me desagradou, é claro. O figurino de Alice é dos melhores. E desde que a moça entra na toca do coelho, troca de roupa cada vez que diminui ou aumenta de tamanho, o que acontece várias vezes. Até a armadura com a qual ela enfrenta o dragão malvado é digna de uma diva pop. Mas tirando isso, saí com a sensação de que é muito marketing para pouco enredo.
Na minha humilde opinião (essa pseudocrítica não passa de algo pessoal com a qual você tem todo o direito de não concordar), o que mais me irritou foi a luta do bem contra o mal. Enquanto no livro não há mocinhos e bandidos, no filme há heróis e vilões. No País das Maravilhas original todos são malucos, mas em suas maluquices ironizam o mundo real de forma inteligente. É impossível não rir quando se lê o livro. No País das Maravilhas de Tim Burton, os loucos, com destaque para o Chapeleiro Johnny Deep, são melancólicos párias dignos de pena. E piedade não me parece um sentimento que Lewis Carroll quisesse estimular. Mas daí voltamos ao início: o filme propõe-se a ser uma versão, não uma adaptação.
Só que a adaptação de Burton, volto a repetir, não me convenceu. Mesmo sendo gótico, o diretor é norte-americano demais para a inglesa Alice. Na verdade, acho até que ele se enganou de filme: o que Burton fez foi filmar O Mágico de Oz. Assista ao filme e depois me diga: Alice não está mais pra Dorothy? O Chapeleiro não está a cara de um espantalho? A Rainha Branca não é igualzinha à Bruxa Boa do Leste? A Rainha Vermelha não poderia ser a Bruxa Má do Oeste?
Mas não desanime: minha filha de nove anos gostou…


Alice para crianças. Só para crianças.

Por Tássia Kastner
Na edição de bolso de Alice no País das Maravilhas, publicada pela L&PM, a obra é apresentada como “O mais estranho e fascinante livro para crianças (só para crianças?)”. O sucesso da história através dos séculos, entre adultos e crianças, está em não ter solução para as perguntas. Tim Burton, em sua adaptação para o cinema, tem uma resposta: sim, só para crianças.
Porque a história que nos conta o aclamado diretor é uma narrativa linear, permeada por todos os principais elementos já consolidados no imaginário popular sobre o que é a história da Alice de Lewis Carroll. Uma menina, um coelho branco, um chapeleiro, um gato risonho, rainhas, charadas. Tudo isso está lá, devidamente organizado. Para Tim Burton, Alice tem 19 anos, está prestes a ser pedida em casamento, diz que precisa de um tempo para pensar e sai a perseguir um coelho – aquele coelho que todos conhecemos. O caminho, como também sabemos, a levará ao buraco “porta de entrada” do mundo que teimava em existir em seus sonhos desde os cinco anos – primeira vez que estivera no País das Maravilhas.
A partir daí, muitas cenas de ação, típicas dos clássicos infantis e infanto-juvenis da Disney. O visual, todos sabem, enche os olhos, a linguagem 3D é muito bem explorada e sem excessos. A queda de Alice no buraco é um brilhante jogo de perspectiva e faz o 3D finalmente ser mais do que uma profusão de objetos saltando da tela em direção ao espectador.
Quem pouco aparece é o Senhor Tempo, com exceção da cena do chá, quando à mesa, todos dizem que aguardavam Alice para a batalha que os libertaria daquele dia em que ela estivera lá pela última vez. Alice mal sabe que está atrasada. Responde sem dúvidas à pergunta da lagarta azul: Sou Alice. A charada insolúvel vira quase um bordão repetido ao longo do filme, e ela não ter resposta já não é uma perda de tempo.
Com um roteiro desprovido da fantasia do original de Carroll, restam apenas as perseguições e as atuações cuidadosamente afetadas de Johnny Depp e de Helena Bonham Carter. Já Tim Burton está ali quase que somente pelas peles pálidas e olheiras, sua herança expressionista, como se o excesso de cores do País das Maravilhas tivesse tirado as formas e a estética que consagraram o diretor. As árvores e seus troncos retorcidos são o que de mais próximo há na linguagem tradicional do cineasta (bem parecido com Noiva-Cadáver, animação de 2005).
A beleza do cenário e o uso das cores são o mais interessante das duas horas de filme. Ainda que não seja o melhor de Tim Burton, a estética do diretor ainda faz valer o ingresso do cinema. Já o onírico e fantástico mundo de Alice, esse é melhor buscar nos livros.

Biblioteca Britânica disponibiliza manuscrito original de Alice

Para quem não aguenta mais esperar a estreia da versão 3D de Alice no País das Maravilhas, boas notícias. Não, não fomos a uma pré-estreia gravar o filme para exibir clandestinamente no blog. Mas a Biblioteca Britânica está dando um presentão a todos os fãs de Alice: na página da instituição, é possível folhear o manuscrito original do livro, com o texto e as ilustrações feitas por Lewis Carroll em 1862. Há ainda a opção de ouvir a narração do livro (em inglês, é claro) e programar as páginas para que virem automaticamente na velocidade que o internauta leitor preferir. 

Página da biblioteca oferece vários recursos aos leitores / Reprodução

Para ver a versão em flash, clique aqui. E para ver o trailer de Alice no País das Maravilhas em 3D, aqui.
Fazem parte da Coleção L&PM Pocket os livros Alice no País das Maravilhas e Alice no País do Espelho.