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Poirot, quem diria, já foi galã

Desde o final da década de 1920, o famoso detetive belga criado por Agatha Christie vem ganhando diferente rostos no teatro e no cinema. Foram mais de 40 atores com diferentes nacionalidades e bigodes (ou até sem bigode) que ajudaram a desvendar os crimes criados pela Rainha do Crime.

Um dos Poirots mais lembrados é, sem dúvida, aquele que está na mais célebre adaptação de Assassinato no Expresso Oriente, de 1974. Ele foi eternizado por Albert Finney.

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Este é o célebre Poirot de Albert Finney

Quando o britânico descendente de irlandeses Albert Finney foi escalado para ser Poirot, a primeira impressão foi de estranheza. O galã de 38, bonitão e de porte atlético, não parecia se encaixar no perfil atarracado e gordinho de um detetive cinquentão.

Olha o Poirot sem maquiagem!

Olha o Poirot sem maquiagem nos bastidores do filme!

A caracterização exigiu horas de maquiagem diárias. Todas as manhãs, muito cedo, Finney era pego em sua casa e ficava dormindo no trailer enquanto os maquiadores começavam a trabalhar em sua transformação que incluía um nariz falso e um estofamento na barriga.

A maquiagem dava trabalho, mas ajudou Finney a concorrer ao Oscar de melhor ator

A maquiagem dava trabalho, mas ajudou Finney a concorrer ao Oscar de melhor ator

Finney foi o único ator a interpretar Hercule Poirot que recebeu uma indicação ao Oscar pelo papel, embora não tenha levado a estatueta. Alguns idolatram sua interpretação do detetive, outros a consideram caricata demais, mas todos concordam que sua caracterização física e seu figurino são obras-primas.

E vem aí mais um Hercule Poirot! Em 23 de novembro deste ano estreia a nova adaptação de Assassinato no Expresso Oriente com direção de Kenneth Branagh e o próprio no papel de Poirot.

A L&PM publica Assassinato no Expresso Oriente nas versões impressa e e-book.

Que tal uma visitinha à bela casa de Agatha Christie?

Um dia, fiquei sabendo que uma casa que conhecera na infância estava à venda: a Greenway House, próximo ao Dart, uma casa sobre a qual minha mãe sempre comentava — e eu concordava — ser a melhor casa das várias que existiam na região.

— Vamos dar uma olhada – falei. – Será um prazer revê-la. Não voltei mais ali desde os tempos de menina, em que ia visitá-la com minha mãe.

Fomos então a Greenway House e verificamos que a casa e os terrenos à volta continuavam maravilhosos. Era uma casa branca da época georgiana, contruída entre 1780 e 1790, com um bosque que descia suavemente até o rio Dart entre várias árvores e arbustos. A casa ideal. Como tínhamos autorização para visitá-la, perguntei o preço, embora não tivesse grande interesse em saber. Quando revelaram o preço, julguei ter ouvido mal:

— Dezesseis mil, foi o que disse?

— Seis mil.

— Seis mil?

Eu não podia acreditar. Na volta, comentei com Max:

— É incrivelmente barato. Tem 33 acres. Nem parece estar em mau estado de conservação. Só precisa de alguns reparos, nada mais.

— Por que não compra essa casa? – Perguntou Max.

(Trecho da Autobiografia de Agatha Christie, publicada pela L&PM Editores)

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Agatha Christie e seu marido Max Max Mallowan na Greenway House (clique na imagem para ampliá-la)

Agatha Christie realmente comprou a Greenway House. Ela fez algumas alterações, derrubando a parte que foi acrescentada posteriormente e deixando só a casa original construída em 1790. “Quando, por fim, as alterações foram feitas e a casa pintada toda de branco, mudamos para lá. Todavia, ainda exultantes com nossa nova casa, veio a Segunda Guerra Mundial.”, escreveu também ela em sua autobiografia.

A Greenway House e seus jardins permanecem abertos para visitação. Administrada pela National Trust — organização dedicada à preservação do patrimônio cultural de várias regiões da Europa —, o interior da casa ainda oferece aos visitantes a oportunidade de conhecerem a vida privada da Rainha do Crime. É possível ver de perto artefatos trazidos que Agatha e seu marido Max trouxeram de escavações arqueológicas, roupas usadas pela escritora e móveis e fotos originais.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Greenway House foi requisitada pela Guarda Costeira dos EUA por seis meses. A lembrança disso permanece por meio de uma friso que foi pintado na parede da biblioteca como mostra essa foto em que Agatha Christie aparece com a pintura ao fundo:

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Mathew Prichard, neto de Agatha Christie, lembra-se com carinho de passar as tardes na sala de Greenway onde sua vó muitas vezes se mostrava ansiosa para testar o enredo de um novo livro na frente de um público ao vivo. Ele se lembra especialmente de Agatha recitando Um Punhado de Centeio e encorajando a família a adivinhar a identidade do assassino.

Greenway House também foi o cenário inspirador para alguns romances da escritora como A Extravagância do Morto.

Greenway House, Galmpton, near Brixham, Devon, holiday home of Agatha Christie, Georgian

Para descobrir mais sobre essa casa e agendar sua visita, basta acessar o site www.nationaltrust.org.uk/greenway

Ariadne Oliver, o alter ego de Agatha Christie

Ariadne Oliver é mais do que uma personagem presente em alguns livros da Rainha do Crime. Ela é, na verdade, considerada seu alter ego. Mrs. Oliver é uma escritora de meia-idade, bem-sucedida, criadora de histórias policiais e de um detetive estrangeiro (como Poirot), o finlandês Sven Hjerson. Ela tem horror a jantares literários, não suporta fazer discursos e não gosta de escrever com outros autores. No livro Cartas na mesa, em que é personagem, a escritora criada por Agatha Christie está escrevendo um romance policial chamado Um corpo na biblioteca – título que foi aproveitado pela própria Agatha para um livro que ela lançou anos mais tarde – e que é publicado na Coleção L&PM Pocket.

As semelhanças de pensamento entre criador e criatura são impressionantes e não resta dúvida de que, muitas vezes, quando Mrs. Oliver fala, é a voz de Agatha Christie que se ouve. A escritora personagem também funciona como um alívio cômico das histórias, pois ao tentar ajudar o amigo Hercule Poirot, muitas vezes usa a “intuição feminina” e chega a conclusões erradas.

Abaixo, os livros em que Ariadne Oliver aparece. A L&PM já publica todos:

O detetive Parker Pyne (de 1934)
Cartas na mesa (de 1936)
A morte da Sra. McGinty (de 1952)
A extravagância do morto (de 1956)
O cavalo amarelo (de 1961)
A terceira moça (de 1966)
A noite das bruxas (de 1969)
Os elefantes não esquecem (de 1972)

Hercule Poirot e Ariadne Oliver na famosa série da BBC que explora os mistérios de Agatha Christie. A atriz Zoë Wanamaker é quem dá vida ao alter-ego da Rainha do Crime

Hercule Poirot e Ariadne Oliver na famosa série da BBC que explora os mistérios de Agatha Christie. A atriz Zoë Wanamaker é quem dá vida ao alter-ego da Rainha do Crime

 

“A casa torta”, de Agatha Christie, vai virar filme

Lançado em 1949, este romance de mistério é um dos títulos favoritos da própria autora. A adaptação para os cinemas, ainda sem data definida para a estreia, terá no elenco Glenn Close, Christina Hendricks e Gillian Anderson. A direção será do francês Gilles Paquet-Brenner (“Lugares Escuros”) e o roteiro de Julian Fellowes (criador da série “Downton Abbey”) e de Tim Rose Price (“Rapa Nui”).

A Casa Torta é publicada na Coleção L&PM Pocket e uma das poucas histórias de Agatha Christie que nunca foram filmadas. Foi o diretor Neil LaBute quem iniciou o projeto, encomendando o roteiro para Fellowes em 2011, mas essa configuração não foi adiante.

O livro é uma história clássica de mistério com a marca da escritora. Na trama, o detetive Charles Hayward tem a missão de descobrir quem foi o responsável pela morte do milionário Aristide Leonides, patriarca idealizador da famosa “casa torta”, curiosa moradia que dividia com filhos, netos, noras, cunhada e sua jovem esposa.

Além desse projeto, estão atualmente em desenvolvimento novas adaptações de Testemunha de Acusação e Assassinato no Expresso Oriente, que já foram transformados em filmes clássicos.

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BBC revela a primeira imagem de “Testemunha de Acusação”

Depois de levar ao ar E não sobrou nenhum, o canal BBC está adaptando mais uma história famosa de Agatha Christie: o conto Testemunha de Acusação. E a primeira imagem da série que será exibida em dois episódios acaba de ser revelada:

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Ela mostra a atriz Kim Cattrall (a Samantha de Sex and the City) como Emily French, uma viúva rica e glamourosa que é a vítima do assassinato da história. Em Testemunha de Acusação, Leonard Vole está sendo julgado pela brutal morte de Emily, que deixou para ele toda a sua fortuna sem saber que o cara era casado. O acusado alega inocência, mas o julgamento toma um rumo inesperado quando a mulher de Leonard se apresenta como testemunha de acusação.

Publicado originalmente em 1925, Testemunha de Acusação tornou-se um dos contos mais conhecidos da Rainha do Crime por ter sido adaptado para o cinema em 1957, pelas mãos do genial diretor Billy Wilder e tendo Tyrone Power como Leonard Vole e Marlene Dietrich como sua esposa.

A adaptação para a BBC foi feita pela roteirista Sarah Phelps, a direção é de Julian Jarrold e a produção de Colin Wratten. Só não nos pergunte quando poderemos assistir. Porque isso ainda é um mistério para nós. Por enquanto, você pode ler o livro que, além de Testemunha de Acusação, traz mais dez histórias de mistério.

 

 

 

Johnny Depp, Daisy Ridley e Michelle Pfeiffer no Expresso Oriente

Confirmado: Johnny Depp estará no remake de Assassinato no Expresso Oriente, filme baseado na obra de Agatha Christie. E além dele também tem Michelle Pfeiffer, Daisy Ridley e grande elenco.

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Johnny Depp, Daisy Ridley e Michelle Pfeiffer

Ah, sabe quem será o detetive Hercule Poirot? Ninguém menos do que Kenneth Branagh que, aliás, também assina a direção do filme. A produção é da 20th Century Fox’s e as filmagens estão marcadas para começar em novembro, em Londres.

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Kenneth Branagh vai dirigir o filme e interpretar o detetive mais famoso de Agatha Christie

“Assassinato no Expresso Oriente”, publicado em 1934, é considerado uma das histórias mais engenhosas de Agatha Christie. A L&PM publica em o livro em pocket e formato convencional.

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Os novos selos comemorativos de Agatha Christie

A página oficial de Agatha Christie anunciou esta semana que, para celebrar o centenário de lançamento do primeiro romance policial da Rainha do Crime (O misterioso caso de Styles) e da criação de Hercule Poirot, o Royal Mail do Reino Unido vai lançar seis novos modelos de selos que trazem cenas de seis romances importantes: Assassinato no Expresso Oriente, O Misterioso caso de Styles, E não sobrou nenhum, Um corpo na biblioteca, O assassinato de Roger Ackroyd e Convite para um homicídio. Além dos selos, também serão lançados cartões postais com as mesmas ilustrações.

O lançamento oficial vai acontecer em 15 de setembro (dia do aniversário de Agatha Christie), em Torquay, durante um evento exclusivo que acontecerá em parceria com o Royal Mail. A partir deste dia, será possível comprar o conjunto dos seis selos com um carimbo especial, o conjunto dos seis cartões postais, além de um pacote especial apresentado por Mathew Prichard, neto da escritora, que traz textos e fotos de Agatha Christie sobre sua família, sua vida e sua obra e também reflexões intrigantes sobre seu personagem mais famoso, Hercule Poirot.

Lá no site do Royal Mail você encontra mais informações. Conheça os selos:

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80 anos de “Morte na Mesopotâmia”, livro inspirado em uma amiga de Agatha Christie

[Este livro é] “Dedicado aos meus muitos amigos arqueólogos no Iraque e na Síria”. A homenagem é de Agatha Christie e está na folha de rosto de Morte na Mesopotâmia, obra lançada originalmente em 6 de julho de 1936. Ou seja: há exatos 80 anos. Este livro é um dos que nasceu da paixão da Rainha do Crime pelo Oriente Médio, onde ela esteve algumas vezes a partir de 1928, após divorciar-se de seu primeiro marido. Ao chegar na Mesopotâmia pela primeira vez, a já famosa escritora foi recepcionada pelo casal de arqueólogos Leonard e Katherine Woolley, que estavam à frente de uma escavação em Ur. E foi através dos Woolley que ela conheceu seu segundo marido, o arqueólogo e especialista em história do Oriente Médio, Max Mallowan.

Agatha no Iraque 1936

Agatha Christie em uma escavação no Iraque, em 1936, ano em que foi lançado o livro “Morte na Mesopotâmia”

Katherine Woolley tornou-se uma das melhores amigas de Agatha Christie e a personagem principal de Morte na Mesopotâmia, Louise Leidner, foi inspirada nela. No livro, Poirot fica fascinado pela personalidade da esposa do arqueólogo-chefe, exatamente como Agatha ficou ao conhecer Katherine.  As pessoas ficavam sempre divididas entre detestarem-na com ódio feroz e vingativo, ou ficarem fascinadas por ela – possivelmente por mudar tão rapidamente de disposição que tudo nela era imprevisível (…) Os assuntos que ela falava nunca eram banais. Tinha capacidade de estimular o intelecto dos outros, encaminhando-os por veredas que antes jamais lhes haviam sido sugeridas” escreveu Agatha Christie sobre a amiga em sua Autobiografia

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O casal Leonard e Katherine Woolley

Katherine em ação

Katherine em ação

A L&PM já publica Morte na Mesopotâmia em pocket e em quadrinhos. Mas breve chegará também no formato 14cm x 21cm.

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“Dance bem, dance mal, dance sem parar”

Já diziam As Frenéticas em sua música: “Dance bem, dance mal, dance sem parar, dance bem, dance até, sem saber dançar…”. Pois então aproveite que é Dia Internacional da Dança, comemorado em 29 de abril, para invadir as pistas e deixar o ritmo tomar conta do seu corpo. Dança é ritual, dança é arte, dança é celebração, dança é sedução. Pois então… Inspire-se em alguns famosos das fotos abaixo e: dance sem parar!

Agatha Christie em uma aula de dança em Torquay, ela é a bailarina do centro

Agatha Christie em uma aula de dança em Torquay, ela é a bailarina do centro

Allen Ginsberg na sua célebre dança beat

Marilyn Monroe e Arthur Miller dançam no set de filmagem de “The Misfits”

A escritora Anais Nïn adorava dançar flamenco

O Dia Internacional da Dança é celebrado em 29 de abril porque esse dia marca o nascimento de Jean Georges Noverre (* 1727 | + 1810), considerado o  criador do ballet moderno. A data foi escolhida em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO com o objetivo de despertar a atenção das pessoas para a importância da dança.

“O caso dos dez negrinhos” por Martha Medeiros

(Crônica publicada no livro Montanha Russa que acaba de chegar em uma nova e linda edição)

Se existe uma culpada pela minha quedinha por romances policiais, acuso: chama-se Agatha Christie. Foi através de seus Assassinato no Expresso OrienteCipreste triste O caso dos dez negrinhos que me rendi ao gênero e que mais tarde aprendi a gostar também de Patricia Highsmith, outra dama da literatura de suspense. Pois um amigo que mora na Alemanha e com quem troco correspondência virtual me informa que a revista Der Spiegel noticiou que os herdeiros da escritora decidiram proibir a utilização do título O caso dos dez negrinhos nas futuras reedições. Esse título é ofensivo, uma vez que negro é uma palavra pejorativa, argumentaram eles. A partir de agora o romance se chamará E não sobrou nenhum.

E não sobrou nenhum livro com o título "O caso dos dez negrinhos"

E não sobrou nenhum livro com o título “O caso dos dez negrinhos”

Com todo respeito: é levar demasiadamente a sério essa febre do politicamente correto. Se a moda pega no Brasil, alguns livros poderão sofrer rebatizados semelhantes. O Navio negreiro, de Castro Alves, e a lenda do nosso Negrinho do pastoreio poderão entrar na mira dos defensores de um vocabulário menos ultrajante e virar Navio com passageiros de cor O afro-americaninho do pastoreio. Clássicos como A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, e O mulato, de Aluísio Azevedo, com sorte, escaparão ilesos.

Esse não precisa mudar... ufa.

Esse vai escapar… ufa.

É bom lembrar que a lista de termos considerados incorretos não se restringe às classificações de raça. Notas de um velho safadode Charles Bukowski, poderá se transformar em Notas de um indivíduo de idade avançada com atenção fortemente voltada para o sexo, e a obra-prima de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, poderá trazer em suas novas edições o título Ensaio sobre o desprovimento de capacidade visual.

Será que o velho safado vai ter que mudar?

Será que o velho safado terá que se comportar melhor?

A gente poderia ficar aqui até amanhã se divertindo com essas traduções. Não nego (do verbo negar) que a expressão negrinho só é simpática para nominar aquele doce também conhecido como brigadeiro, pois ele tem um oponente, o branquinho, e assim ninguém se sente diminuído. Até pode ser que a troca do título de um livro ajude a melhorar as relações entre pessoas de raças diferentes, vá saber. Mas, sinceramente, acho uma forçação de barra, uma patrulha que cada vez mais nos enquadra num comportamento padronizado e  nos impede de ser politicamente alegres e sem ranço.