George Bernard Shaw e o teatro brasileiro

A comédia Pigmaleão, uma das peças mais famosas do Prêmio Nobel de Literatura George Bernard Shaw, inspirou o musical “Minha querida dama”, que fez sucesso nos palcos brasileiros nos anos 60. Com Bibi Ferreira e Paulo Autran no elenco, o espetáculo marcou época na história do teatro brasileiro.

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Além do casal, outro grande nome integrava o elenco: Jayme Costa. Bibi conta que várias vezes viu seu pai, o ator e diretor Procópio Ferreira, nos bastidores do teatro assistindo discretamente à peça. Certa vez, quando foi agradecer a ilustre audiência, ele respondeu: “Filha, você e o Paulo estão muito bem, mas na verdade eu venho aqui para assistir ao Jayme Costa”.

O musical deu origem a um disco, que eternizaria este grande momento do teatro brasileiro em vitrolas saudosas pelo mundo.

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Outra adaptação famosa do texto de Bernard Shaw foi o filme “My fair lady”, em 1964, com Audrey Hepburn no elenco, sob a direção de George Cukor. Na L&PM, o celebrado texto faz parte da Coleção L&PM Pocket e tem a tradução do mestre Millôr Fernandes.

Andy Warhol não perde a majestade

É fato conhecido que a Fundação Andy Warhol, responsável pelo legado e o espólio do pai da pop art, está vendendo boa parte de seu acervo para se manter em funcionamento. O último leilão, que começou em abril deste ano, colocou à venda 125 peças a preços relativamente acessíveis, a partir de US$ 1.500 (falamos dele aqui no blog). Mas o que espanta é que essa “popularização” não prejudicou, de uma forma geral, o valor da assinatura de Andy Warhol no mercado das artes.

Ao mesmo tempo em que muitos questionam até mesmo a legitimidade das centenas de peças semelhantes umas às outras espalhadas pelo mundo, a reprodução em série é justamente o que caracterizava boa parte da obra do artista.

Diante disso, é possível concluir que este aparente paradoxo é, na verdade, o retrato fiel da personalidade e do legado de Andy Warhol. O próprio artista era controverso no que dizia e fazia e sua obra quebrou diversos paradigmas clássicos do mundo das artes. Até agora, ninguém conseguiu explicar este fenômeno. O que se sabe, apenas, é que os anos passam e o rei do pop não perde a majestade.

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via Guardian

 

A grande queima de livros

Por Fernanda Scherer*

Na minha visita a Berlim no início de julho, fiz uma clássica caminhada guiada pela cidade, daquelas que a gente absorve 1.000 anos de história em uma tarde. Depois de passar pelo Portão de Brandenburg e pelo “Memorial aos judeus mortos”, eu olhava distraída para Humboldt-Universität zu Berlin (Universidade Humboldt de Berlin), pensando que ali estudaram grandes figuras como Einstein, Schopenhauer e Marx. Quase não percebi que estava no centro da Bebelplatz, a antiga Opernplatz (Praça da Ópera). Foi quando a guia chamou a nossa atenção para uma placa no chão da praça.

Imagine 20 mil livros, entre eles grandes obras de Thomas Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Alfred Kerr,  Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx e outros escritores importantes, todos alimentando uma grande fogueira em praça pública com 70 mil pessoas assistindo orgulhosas. É de arrepiar, não é mesmo?

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Foi o que aconteceu em 1933, logo após a chegada de Adolf Hitler ao poder. Uma campanha, promovida principalmente por estudantes, recolheu de livrarias e bibliotecas particulares e públicas os livros que “mereciam ser queimados”. Todos os autores “inconvenientes” ao regime nazista estavam nesta “lista negra”. A queima foi justificada pelo poeta nazista Hanns Johst como a “necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura”. Uma das queimas de livros foi feita no dia 10 de maio de 1933, bem ali onde eu estava, na Opernplatz.

Passados mais de 80 anos, Berlim ainda relembra este episódio com um memorial de estantes vazias e uma placa no chão. E continua sendo de arrepiar.

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A placa que marca o local na Opernplatz. Foto: Fernanda Scherer
O texto à direita, em tradução livre: “No centro deste lugar, em 10 de maio de 1933, estudantes nacional-socialistas queimaram as obras de centenas de escritores, editores, filósofos e cientistas.”

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Estantes vazias simbolizam a destruição de milhares de livros. Foto: Divulgação

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Imagem de estudantes no dia da queima, em exposição no museu Topographie des Terrors. Foto: Fernanda Scherer

*Fernanda Scherer é gerente de marketing da L&PM e esteve em Berlim, de férias, no início do mês.

Snoopy é o novo smile

Snoopy é o novo smile. Ou quase isso: agora você pode usar “adesivos” do Snoopy para expressar o seu humor no chat do Facebook. O aplicativo gratuito foi lançado na semana passada pela Peanuts Worldwide e o Brasil já é o terceiro no ranking de downloads, ficando atrás somente do México e dos Estados Unidos. Sim, nós amamos o Snoopy! 😀

Para baixar, é bem simples: no canto inferior direito da janela de conversa do chat, ao lado do ícone da máquina fotográfica, tem um smile. Clicando sobre ele, vão aparecer as opções-padrão de adesivos e um ícone que parece uma cesta de compras. Clique sobre a cesta, clique no botão verde escrito “Grátis” e pronto!

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O valor de Jane Austen

A escritora Jane Austen vai estampar as notas de 10 libras a partir de 2017, o ano do bicentenário de sua morte. Ela vai substituir Charles Darwin, cujo rosto ilustra as notas de 10 pounds desde o ano 2000. A mudança foi motivada pela reivindicação de um grupo feminista sobre a rara utilização de rostos femininos nas cédulas. Desde 1970, quando figuras históricas começaram a estampar notas de dinheiro no Reino Unido, apenas duas mulheres, além da Rainha, foram agraciadas com tamanha honraria: Elizabeth Fry e Florence Nightingale. Além do baixo quórum feminino, o anúncio da substituição de Elizabeth Fry por Winston Churchill em 2016 causou revolta entre os movimentos feministas no país.

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Além do retrato da escritora, a nota de 10 libras vai exibir imagens de seu local de trabalho na casa onde morou, em Hampshire; imagens da casa de seu irmão, em Godmersham Park, que ela visitava frequentemente e de onde ela tirou algumas referências que aparecem em seus romances; e uma frase de Miss Bingley em Orgulho e preconceito: “I declare after all there is no enjoyment like reading!” (algo como “Eu declaro, afinal, que não há maior prazer do que a leitura!”.

via Guardian

Libertando livros em Ouro Preto

A livraria Set Palavras, de Ouro Preto, Minas Gerais, está promovendo em sua cidade uma ação de troca de livros, uma prática conhecida mundialmente como “bookcrossing”. Serão distribuídos 80 livros da L&PM em pontos de circulação de pessoas como bancos de praça, pontos de ônibus etc.

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A ação faz parte da rede Bookcrossing Brasil, que promove a “libertação de livros” pelo país. Para libertar um livro, basta deixá-lo em algum lugar público ou entregá-lo em mãos a alguém, mas sempre dando as instruções: a pessoa deve ler e passar à frente. É importante deixar claro que ao receber um livro do projeto bookcrossing, a pessoa não está ganhando um presente. O livro não deve ir para a estante após cumprir sua finalidade, ao contrário: deve continuar circulando.

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Para saber mais sobre o Bookcrossing Brasil -> http://www.bookcrossing.com.br

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Angeli é destaque no Prêmio HQMix 2013

É inegável que o cartunista Angeli é um dos nomes mais queridos e admirados entre os desenhistas e quadrinistas no país. Prova disso é o destaque o criador da Rê Bordosa ganhou na edição deste ano do Troféu HQMix: ele levou o prêmio de “Desenhista de Humor Gráfico” e o de melhor exposição pela mostra “Ocupação Angeli“. Além disso, a estatueta do Troféu HQMix é uma réplica de Los Três Amigos, a cria coletiva dos amigos Laerte, Angeli e Glauco.

 

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A cerimônia de premiação acontece no dia 3 de agosto, em São Paulo.

A turma do Snoopy vai ao cinema!

Agora é oficial: as tirinhas do Snoopy, de Charles Schulz, vão virar filme 3D! O anúncio foi feito pela Fox e o lançamento do longa, com direção de Steve Martino (o mesmo de “A Era do Gelo 4″), está previsto para novembro de 2015. Foram mais de dois anos de negociação entre o estúdio e a família Schulz, que, felizmente, chegaram a um acordo na semana passada.

O filme ainda não tem título, mas chega para celebrar o aniversário de 65 anos da primeira tirinha da turma do Snoopy e os 50 anos da lendária série de TV, ”A Charlie Brown Christmas”.

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Um papo sobre Eduardo Galeano no Festival de Inverno de Porto Alegre

A programação de literatura do Festival de Inverno de Porto Alegre recebe nesta terça-feira, dia 23 de julho, o escritor e tradutor Eric Nepomuceno para uma conversa sobre Eduardo Galeano e Gabriel García Márquez. Nepomuceno é o tradutor dos livros de Eduardo Galeano publicados pela L&PM, entre eles Os filhos dos dias, O livro dos abraços e Mulheres.

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Eric Nepomuceno e Eduardo Galeano

O encontro “Sangue Latino” desta terça, dia 23 de julho, acontece na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Érico Veríssimo, 307) a partir das 19h30. O ingresso custa R$5.

Cinco curiosidades sobre Júlio Cortázar

julio-cortazar1. Cortázar começou a escrever aos oito anos de idade, “com uma novela que está guardada com cuidado (por minha mãe), apesar de minhas tentativas desesperadas de queimá-la”. Certa vez, um parente descobriu alguns de seus poemas e disse à sua mãe que “obviamente, esses poemas não eram dele”, o que causou uma grande tristeza no garoto.

2. Ele era fã de boxe e jazz e isso aparece em muitas de suas histórias, como “O perseguidor” e “Fim de jogo”. No caso do esporte, a relação extrapola a arte: houve uma época em que ele trabalhou como comentarista de boxe numa rádio, mas foi demitido porque ficava tão animado durante as transmissões a ponto de não ser compreendido pelos ouvintes! Mas voltando à literatura, os termos do boxe foram usados por Cortázar para explicar o que fazia: “a novela se ganha por contagem de pontos, já o conto, por nocaute”.

3. Não gostava de literatura “cabeluda” (como se referia à literatura erótica). Ele considerava “sujos” os seus contos “Tu más profunda piel” e “La señorita Cora” e sobre eles disse: “em toda a minha obra não fui capaz de escrever uma só vez a palavra buceta, que pelo menos em duas ocasiões me fez mais falta do que cigarros”.

4. Julio nunca parou de crescer – literalmente. Sofria de acromegalia, doença semelhante ao gigantismo, mas que se manifesta na idade adulta. Aos 60 anos, Cortázar continuava crescendo, tinha pés e mãos disformes. Ao morrer, com 70 anos, media 2,14m. Além disso, envelhecia lentamente, sempre aparentando ser mais jovem. O amigo Carlos Fuentes contava que, certa vez, quando foi visitá-lo, quem abriu a porta foi um rapaz que aparentava ter 20 e poucos anos. Ele pediu ao garoto que chamasse seu pai, mas era o próprio Cortázar (já com 50 anos de idade!) quem o recebia.

5. Devido aos lugares onde viveu nos primeiros anos de vida, Julio não conseguia pronunciar o “r” do castelhano e então falava tudo com “r” mais gutural, como os franceses.